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1 - O Frágil Corpo em Queda

***

"Você disse mesmo que preferia morrer do que viver sob a influência de uma pessoa assim, não é?" Sussurrou Berlie, numa voz baixa e rouca, que lhe soou como um vento distante, num pensamento aterrador em meio a noite obscura.

Porém, encarando o reflexo do que seria uma estranha lição de moral, não sentia sinceridade, não sentia o mínimo de eloquência. Era só um sorriso entristecido, de quem tem muito a dizer, porém não disse nada. Uma frase sem sentido ao ar, um resquício de um momento terrível e imutável, flutuando inocentemente como a fagulha de um incêndio que teimosamente se recusava a apagar. Kenny suspirou pesadamente, as mãos afundando no casaco tão fundo como se fosse achar aquelas mesmas palavras desenhadas no pedaço de papel amassado entre os dedos.

Havia horas que retornara, não sabia como manteve-se sóbrio até ali, ainda assim, sentia como se dissocia-se, porém não estava bêbado, milagrosamente. Seu corpo tremulava, mais e mais, enquanto sua mente enxergava ao longe, muito longe, como se fosse uma audiência de si mesmo. "É assim que a solidão deve se assemelhar?".

Seus olhos desviavam para qualquer lugar, através da rua, da noite estrelada, e o mundo que adormecia, círculos de luzes se tornavam faixas, então feixes finos, se unindo, ao ponto da escuridão vir e estalar ríspida como um tapa repentino.

Tudo se apaga. O mundo desabou. Kenny Saint estava ali, em carne e osso, até simplesmente não estar mais.

Mas como seria possível? Sentia-se tonto, úmido, a garganta seca de um grito seco e intenso preste a explodir. De repente ele está tão longe e tão perto, como as ondas do oceano que jamais descansam, sua mente oscila, os olhos lacrimejam, vislumbrando o mundo explodir num último segundo de terror.

Por que foi subir aquelas escadas?. O pensamento raspava na mente como bala perdida. Por que ele sempre tomava as piores decisões? Era sua essência. estar na hora certa a tornava tão errada quando a pior das decisões.

Há pouco tempo estavam fumando despreocupadamente em sua casa, ria da própria desgraça após mais uma briga estúpida com Gabriel, e Berlie chacoalhava aquela taça de champanhe como se estivesse comemorando alguma coisa, então vê um par de olhos úmidos, Berlie e Jennifer se encaram, Kenny ficou ali, estático, alternando o olhar entre as duas; num misto de desafiador e instigador, as duas manuseando aquele mistério no ar, uma bola pequena de neve com capacidade para uma tempestade. Nunca sabia o que fazer diante daquelas duas, Gabriel saberia, mas infelizmente, eles jamais seriam parecidos.

Infelizmente, ele sequer teria tempo para tentar uma segunda vez, ou diria até, uma primeira vez verdadeira.

O mundo estalava em vermelho e fumaça. Kenny rola os olhos e aperta a barriga, retornando ao presente. Constatou surpreso e confuso que Berlie não estava ali, e tampouco Jennifer. "O que estou pensando? Eu sai da casa de Berlie há meia hora atrás", riu, cuspindo sangue entre os dentes, um cuspe fino até se metamorfosear numa tosse torrente. A solidão o prensava como a neve intensa no para-brisa do carro de uma noite escandalosa. Há poucas horas eles apenas discutiam, e riam, agiam estupidamente como qualquer típico adolescente clichê. Tudo ia bem.

Berlie andava como uma sombra em suas memórias, puxando as cortinas, desorganizando os móveis, como um ruído impertinente atravessando seus pensamentos. Ele jamais a odiaria como Bárbara, mas entendia porquê. Berlie era destrutiva, escorregadia e espessa como veneno. "Mas eu sou tão diferente assim?", riu roucamente, sentindo o gosto metálico de sangue preencher a boca. A lua ouvia com atenção os últimos minutos de sua mente moribunda. Sua mente o levou até Gabriel, os olhos tão úmidos que pensou estar chovendo. "Deveria tê-lo ouvido. Ele sempre sabia de tanta coisa... Ele sempre estava disposto... A me ajudar.".

Kenny Saint, o garoto que proclamava a independência de uma família como a sua jamais deveria assumir algo assim. Precisar de ajuda ia contra a essência de toda a causa, não é? Quão infantil ele deveria desenhar-se nas paredes daquelas memórias...?

Luzes entrecortam sua mente, por um momento, parecia-lhe possível ser salvo. Sua mente retorna aquele momento devastador, de novo.. E de novo. O empurrão firme, as mãos rápidas e pequenas que mal pareciam tomar conta de si mesmas. Jamais imaginaria...

Jamais imaginaria que elas largariam de si tão facilmente. Aquele sentimento de estar pairando sobre tudo como a névoa solitária das manhãs o abrangia, e Kenny finalmente compreendeu, como um soco fundo no estômago, ah sim, aquilo era o que significava morrer, afinal.

×

×

×

A primeira coisa que fizera ao entrar foi fitar o relógio antigo na parede; meia-noite, o frio sobrepujava qualquer mínimo calor corporal, principalmente por não ser um lugar tão fechado. Entrou a passos largos, apertou o casaco entre os dedos e estremeceu uma última vez, havia tempos que não presenciava uma noite tão atroz.

Após erguer a mão, pedir a bebida de sempre, havia a névoa da observação rondando-lhe acima da cabeça, seria um ponto de interrogação ou reticências? Raphael já não saberia distingui-los em muito tempo, tudo parecia-lhe tão questionador como reflexivo. Inegavelmente a nostalgia banhava cada canto daquele lugar. A última vez soava tanto como a primeira, ambas úmidas de chuva e estranho calor corporal.

Era o mesmo lugar, mas não estava ali porque era o mesmo lugar, Raphael estava ali porque estava cansado e queria uma bebida após o fim do expediente. Repetia pra si mesmo num suspiro interior. "O mesmo lugar que o vi pela primeira vez, e daí?", cuspiu num murmúrio acompanhado por riso curto, transfigurando a simplicidade daquela memória. As coisas mais simples são as que marcam mais profundamente, pensou ter lido em algum lugar. Virou o copo, revirou os olhos, avistou as horas. Cedo demais para mergulhar em memórias.

Para mergulhar numa cena translúcida, súbita como o soluço inconsciente que saiu de sua boca, perto da porta, perto da negritude semiaberta de uma noite como qualquer outra, avistou a nostalgia melancólica de um mar azul. O azul intenso que manchou metade de sua vida. Seus olhos de oceano latente, escorregando por um sorriso quente como o sol.

Raphael apertou o copo entre os dedos, pensando estar sonolento, o riso morrendo lentamente nos lábios a medida que seus olhos estreitaram, e neblina do álcool assentou e deu-se por conta de que não era uma ilusão. Depois de tantos anos seria mesmo possível...? Apertou o pensamento entre os lábios.

Quando encarou aquela face por completo, a silhueta em meio a multidão cinzenta e fria, como se emanasse um calor próprio e luminoso, uma bolota formou-se na garganta, dura e intragável, como estar de cara com o inevitável; procurou uma saída sutil com a visão periférica, se reprimiu por ser um covarde e procurar uma fuga, então se encolheu, engolindo em seco, desviando o olhar. Tarde demais, os olhos se arrastando, os pés se aproximando, o mundo parecia se encurtar. A última vez se sentira tão próximo da parede fora quando vendera a falida loja de antiguidades.

Ainda assim, o terremoto anunciara-se com tempo de preparação, o que nunca podia ser associado aquele cara.

__ Espere__ Pousava a mão a sua frente, o sorriso bailando com maturidade no rosto ainda tão assustadoramente jovem. Estremeceu uma segunda vez, ouvindo aquela voz próxima demais, familiar demais__ Se não é o Zadig? Quanta coincidência...

Notavelmente ele parecia muito... Bem. Rolou os olhos sobre si, o vermelho do álcool mesclado com o frio de um estremecer, tinha certeza que suava frio. Rodou na cadeira, frente a frente, passado e presente se encarando no palco da melancolia. Era irritante o quanto ele parecia bem.

__ É... ele mesmo. E o que Gabriel Saint faz numa pocilga dessas?

O sorriso dele era misterioso e revelador, compartilhando da piada interna. Qual a razão daquele fantasma andar por aquelas bandas novamente? perguntou risonho, tão falso quanto os próprios sapatos, Gabriel acompanhou, a risada jovial, os braços cruzados sobre a mesa, não deixando dúvidas de que estava ali para ficar. Não era um momento isolado ou uma estranha alucinação. Raphael quase se beliscou, mas o toque dos dedos dele no seu punho foram o suficiente para certificá-lo que tudo não podia ser mais real. Oito anos não era muito tempo? Parecia uma pergunta tão inocente. Pediu uma bebida, sorrindo, sorrindo o tempo inteiro.

__ Você parece ótimo.__ Ergueu a mão pedindo um vinho. Sempre vinho. Nada mudara, o tempo parou como a neve acumulada em sua sacada.__ Como está a loja?__ Ah, você nunca se preocupou com ela.

Mencionou o ocorrido não tão recente, pareceu chocado e intrigado. Gabriel conhecera o suficiente da sua relação com os pais pra exprimir uma reação daquelas, porém Raph não queria começar aquilo prolongando num assunto que o tinha como centro. Não com ele, não dormente de bêbado.

__ É um assunto chato__ Sorriu fino e falso, dando o último gole__ Prefiro falar sobre sua viagem, e Jennifer, claro. __ Apontou um dedo para si__ Sei o quanto tudo deve tá sendo importante pra ela, ou imagino, quero dizer.

Encararam-se, talvez pra se certificar que não havia tanto cinismo naquelas perguntas quanto se pressupôs.

__ Nada sobre você é chato.__ Inclinou-se, a luz colorida tonavam suas bochechas verdes e suas sobrancelhas amarelas__ Jennifer... é Jennifer. Não sei o que mais poderia dizer sobre ela. Ela está sempre lidando com algo, às vezes nem eu acompanho todos os seus... momentos.

"A essa altura", parecia subtendido. Raph não entendeu o mistério pairando no ar, e não pensou muito sobre, que Jennifer era a pessoa mais problemática daquela cidade era um fato conhecido. Assim como era verdade que ambos sabiam que ele não tinha o mínimo interesse na relação dos dois, ambos estavam se enganando, naquele momento, antes daquele momento e provavelmente, muito depois dele também.

__ Mas ela tem você, ao menos. Mesmo depois...__ Engoliu lentamente, mastigando as palavras certas__ Bem, depois de tudo aquilo.

__ É... Claro.__ Sorriu, os olhos, entretanto, estavam gélidos. Deixando claro pra onde suas memórias o levaram. Kenny, e como isso quase os separou completamente naquela época.

Seria um ponto de interrogação. O álcool fervia nas veias.

__ Dificilmente estamos no mesmo lugar.__ Outro gole longo, já faziam uma da manhã. Raph se surpreendeu pelo tempo correr tão rápido.__ Voltar aqui nunca foi uma ideia aprazível pra ela. Não quando o noivado se alonga como a eternidade.__ Encarou o teto pensativo.

__ Por causa... __ A frase morreu, sentiu seu rosto corar pela falta de sutileza. __ A sua família... E seu pai...

__ Não. Não só isso__ Sorriu-lhe entristecido__ Hoje em dia... Acho que é mais uma birra de Catarina, mas minha mãe sempre foi muito hospitaleira com ela, com todo mundo...__ Fez um gesto de desdém, então rodou os olhos sutilmente sobre si__ Com você.

__ Acho que nunca conversei muito com ela.__ Raph se esticou na cadeira, comentou distraidamente, desviando o olhar__ Com Jennifer, quero dizer. Percebo agora.

O Saint arregalou os olhos, surpreso, então mordeu os lábios pensativo.

__ Vocês não teriam muito em comum mesmo.__ Riu entredentes. Raph apoiou o drink na mesa, percebeu que não gostou daquilo.

__ O que te faz supor isso?

__ Ah__ Gabriel suspirou, então cruzou os braços musculosos sobre a mesa__ Primeiro, não é uma suposição, segundo, Zadig, quantos amigos você tinha naquela época mesmo?

__ O suficiente pra saber como conversar com alguém.

__ Você me entendeu, por favor, não se ofenda__ Deslizou os dedos pelo seu braço de novo, num instante de segundo, enfático, sempre enfático. Raph tentou não se arrepiar, como se fosse possível.__ Jennifer era muito diferente de qualquer um de nós. Mas quando falo que você nunca poderia falar com ela, é porque eu mesmo... não sei como consegui. E também, dificilmente veria alguém mais arredio, sempre pronta pra dar no pé. Sei o que está pensando, ela era a garota popular, mas confie em mim quando digo. A primeira impressão que tive dela era... De um cachorro assustado.__ Raph arregalou os olhos__ O quê? Você achou que fosse amor a primeira vista?

Tentou não notar como a palavra amor naqueles lábios pareciam uma provação.

__ Não.__ Respondeu rápido demais, sincero demais.__ Nenhum de vocês dois parecia do tipo. Porém... __ Gabriel ergueu a sobrancelha numa interrogação demarcada.__ Não foi ela... quem chegou até você?

__ É... Tecnicamente.__ Foi a vez de Raph de erguer a sobrancelha. O Saint sorriu travesso__ Imagine uma garota pomposa como ela chegando em alguém? Eu mal notaria. Foi uma questão de momento, na verdade, de vários momentos. Se me perguntasse qual momento comecei a gostar dela, diria que não sei. Todos? Nenhum? Momentos são opacos, pessoas são complexas. É difícil discernir esse tipo de coisa quando se convive com alguém quase todo dia.

*

*

*

__ Disseram que você estava se preparando pra fugir da cidade.

A caneta batucando na mesa de madeira, tic...tic...tic... Os olhos gatunos seguiam, a vermelhidão entregando o cansaço e sono. Apertava os lábios. Advogado. Traga o advogado. "Não irão me obrigar a falar, eu sei. Jennifer me contou como isso funciona. Ninguém pode me obrigar, ninguém...". Suas preces foram para vala. O desespero saltou. O advogado entrara, puxando levemente a gravata, a expressão serena, como quem está a passeio.

__Claro, não é ele quem vai se fuder bonito... __ riu, virando a cara. Os fios de cabelo cobrindo e grudando na tez.

Cinzenta. Há quantos dias não tomava banho mesmo?

Cheirava a um banheiro mal lavado.

__Por que Kenny Saint retornou a mansão? O que ele disse depois do encontro de vocês?

Uma nuvem de fumaça espessa sobre seu rosto. O homem funga, o nariz em carne viva, sinais de um hematoma, cintilava num vermelho esmaltado, iluminado pelo pequeno feixe de luz que se estendia pelo quarto.

Os dedos tamborilando, até cessarem, juntamente do ênfase que embebera sua voz e expressão. Berlie engoliu em seco, desconfortável, desviando o olhar, Eu não sei.. rosnou entredentes.

Mais uma pergunta repetitiva... e novamente... novamente. Não tinha tal sanidade e paciência.

__Já disse que não sei...

Havia muita desconfiança em seu rosto, anormal para alguém que acabara de conhecer. Ela era realmente digna de tudo aquilo? Só porque era pobre? Tudo isso era por isso? Não se surpreenderia, até. Não seria a primeira ou última vez. Viram suas malas, sabiam o que tinha. Dinheiro.... Não havia dinheiro. Não roubara, se era o que estava pensando, apesar de ter passado em sua mente. Mas isso não importava, não é?

Retornou, em sua mente, às gavetas abertas... Documentos. Quem sabe ele fizera algo ilegal... aquele pivete louco. Kenny... Não havia nenhum resquício dele por ali. Mas quem sabe? Sua memória lhe sacaneava as vezes.

Ah, Kenny. Mesmo depois de morto lhe arrastando em suas merdas. Rangeu os dentes, prendendo a vontade de gritar.

Maldito Kenny. Maldito dia em que achou que aquilo daria em algo divertido. Por que caralhos ela teria algo a ver com aquele cara? Fumavam maconha às vezes, e daí? Eram jovens. Uma cidade minúscula. Impossível ela ser a principal suspeita só porque falou com ele aquele dia, certo?

Estúpidos. Adultos estúpidos.

Cuspiu. Sem razões. Apenas para deixar claro seu desprezo por aquele lugar e aquelas pessoas.

"O que eu tenho a ver com ele? Pois te direi.

Tudo começou naquela maldita ponte.

O cigarro no chão, pisado com força. Eu disse, sei lá... Ninguém nunca pulou no pequeno palanque, por que você não tenta?

O garoto era rico e estúpido. Como boa parte naquela ilhazinha. Melancólico, buscando atenção, amor paterno. 'Meu pai me odeia' e essas idiotices de playboy. Eu queria tirar com a cara dele.

Subi na pequena arquibancada, chegando na parte com terra, então um dois degraus, por ai, ergui a mão, desafiando escancaradamente. Fomos, em silêncio, não corremos, mas ele me seguiu rapidamente. Um cão treinado. Kenny tinha tesão por imitar. Não era admiração, só..

Queria que gostassem dele.

Subimos. Não era tão alto, ali de perto. Finquei minha mão nos bolsos. Queria mostrar que podia fazer aquilo de olhos fechados se quisesse. O cigarro na boca, eu mal tremia. Ele parecia um boneco de pano. Uns poucos passos e...

Era só ir um pouco pro lado. Mas ele tinha muito pânico. Não havia liberdade naquele olhar. Você não faz esse tipo de coisa com medo, sabe? O erro foi dele, por não controlar a própria mente. Por um momento achei que ele ia congelar ali, mas foi o contrário. Ele foi rápido, cada vez mais rápido. E óbvio; ele errou um passo. Tropeçou nos pés, cambaleou.

E foi nessa hora que Bárbara Rhett gritou como uma louca. Aquela vaca...

Depois me chamou de louca. Louca demais... Apontava pro idiota todo estirado no chão de cimento, repetindo as mesmas coisas... Então puxou o namorado como se ele fosse uma criança perdida.

Kenny era patético, sério. Achei que ele chorar. Deve ter chorado em casa, depois de ter sido chamado de estúpido àquela manhã, e ainda ter, por um pé no lado errado, quase afogado... Ele chorou. Certeza.

Andava com aquele cigarro pendendo no canto da boca, fingindo ser um delinquente com sua calça de centenas de dólares. Fingindo não querer aprovação ou pertencimento.

Se eu fosse Cláudio Saint, vendo essa cena, o cigarro límpido, o olhar inocente... Pensaria que, até para decair na vida, ele foi medíocre. Ele nunca socaria a cara de alguém, nunca cairia bêbado depois de viver uma desilusão e quem sabe fazer uma loucura. Imagine você falhar em fazer exatamente aquilo que ninguém espera que faça?

Ah, cara; cena na praia foi um espetáculo e tanto.

Kenny gritando com a voz aguda tingindo o belo dia em mediocridade. Cláudio escorado em seu belo carro, a cara incrédula e ainda elegante, assim, como só um filho da puta daquele nível conseguia ser. Ninguém assistiria um chilique com tal classe. Kenny falava, ah você não liga pra mim, você não me ama... E ele.. Ele levantou o pulso, olhou as horas, e deu as costas. Ele virou de costas pro filho chorando.

Olhei pra Jennifer nessa hora, do meu lado, ela tinha aquela atenção, sabe? De quem despreza, mas não sabe exatamente o quê. Talvez despreze tudo. Lembro de achar extremamente frio. Um nível de frio diferente, mas quase no mesmo nível do grã-fino Saint. Quando ele voltou, desceu as escadas, ela conseguiu ser mais fria do que... Eu. Em qualquer momento, antes e depois de tudo.

Jennifer o fitou, não séria e empática, amigável... Ela lhe chamou de covarde. Você - é - um - covarde.

O garoto ficou em choque. Se encararam, como duas pessoas que, eu acho, podiam julgar um ao outro. Eles eram parecidos. Deixando dinheiro de lado e essas coisas.

Ela podia chamá-lo de medíocre. Eu não. Eu era... De verdade, uma invejosa. Invejava um idiota.. Quem era o verdadeiro idiota ali, hein?

Jennifer repetia muito aquela coisa de.. Preferir morrer à viver na sombra de alguém. A gente tinha aquela ligação. Ela sabia o que era ter abdicado de si pelos desejos alheios, mesmo que raramente você a visse falando isso em voz alta. Ela é forte, né. Sempre foi. Alguém assim.. É meio que inevitável que despreze alguém como Kenny.

O que surpreende é que ela descobriu tão tarde que entre nós três, o mais desprezível... fui ele. Não porque ele se jogou daquela sacada ou o que caralhos achavam que ele tivesse feito. Foi porque ele mentiu."

__ O que quer dizer?

__ Ele era um péssimo mentiroso.__ Riu secamente, as unhas tamborilando na mesa. __ Toda essa historinha de coitado, de quem é odiado, de quem não é nada em comparação com o irmão perfeito. É mentira. Ele era só... medíocre. Fraco. Um clichê.

__ Está dizendo que Kenny Saint fingia... Fingia uma fraqueza psicológica?

__ Não, não__ O riso soou culpado__ Ele era fraco. É isso que estou dizendo. É só...

__ O que? Continue o pensamento.

__ Não era justo. Pra Gabriel, ou Bárbara. E muito menos agora, tudo parece uma encenação. Kenny não iria querer nada disso. Ele odiava perder.

__ Seja mais direta, senhorita Medeiros.

__ Estou falando das mentiras, e das verdades. E como ele as manipulou sabendo que se poria como inatingível, ou morreria tentando - com perdão ao trocadilho - e como morrer não fazia parte dos seus planos, porque se não faria sentido. Não faria sentido depois de todo esforço pra... Pra fugir. Um fraco e instável moleque de dezesseis anos, que nunca planejou nada fora uma liberdade que não saberia manusear, e achou que tinha tudo sobre controle, por causa daquela... daquela mulher.

__Mulher? Está falando de Bárbara Rhett?

__ Sim e não.__ Suspirou. os dedos parando no ar__ Porque a mentira foi pra ela. A traição. E não... Ela não era a mulher que ele pretendia encontrar aquela noite, mesmo que estivesse lá. Estou falando da secretária. Sophia. falem com Sophia.

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