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Capítulo 29 | [Novas alianças, novos conflitos]-parte 2

🔶 6 de abril de 2149
🔸 Quarta | 15:38

- Miguel! Que bom que conseguiu vir! - Lara exclama, o rosto iluminado de alegria ao ver o adolescente se aproximar. No entanto, Trey, que estava ao lado dela, lança-lhe um olhar de confusão.

- É... mencionei que teria um compromisso mais tarde na cidade, e, por sorte, seu pai me liberou mais cedo para eu não precisar ficar até a noite no centro. - Ele explica, enquanto se acomodava entre Ayla e Jeff, ficando de frente para os outros três na roda.

Miguel vestia uma jaqueta jeans oversized desbotada sobre uma camiseta justa com estampa vintage. Ele usava calças jeans azuladas e um par de tênis branco retrô.

- Miguel... Você também foi parasitado por ele? - Ayla sussurra, a voz trêmula, finalmente revelando uma fração do seu medo quanto àquele cenário.

- Parasitado? - Miguel a encara, visivelmente confuso. - Ah! O Trey... Acho que posso dizer que eu sou um caso à parte.

Lara solta um discreto suspiro de alívio. Ele havia se lembrado da história.

- Mas ele tá te controlando ou não? - Jeff pergunta quase de forma retórica, analisando Miguel com desconfiança.

- Não. É complicado de se explicar, mas... Ele não é esse tipo de metamorfo que vocês estão imaginando. Confiem em mim, vocês estão mais seguros do que imaginam. - Miguel afirma com um leve sorriso, com uma confiança e conforto que só ele conseguia passar. Ayla e Jeff trocam olhares surpresos, pegos de guarda baixa pela tranquilidade que ele exalava.

Lara esboça um pequeno sorriso com a confiança que Miguel possuía em Trey, e ela sabia o quão importante era mantê-la dessa forma. Observando seu amigo, percebeu-o cabisbaixo, os olhos fixos no mapa, como se procurasse por respostas que ainda não estavam claras para nenhum deles.

Quanto antes ele dizer a verdade, melhor será para todo mundo, principalmente quando a estabilidade das habilidades dele depende do estado mental... E as coisas não têm andado bem desde segunda.

- Você pode prosseguir, Lara. - Miguel dá a deixa após conversar com os novatos.

- Ah, sim! Vamos lá!

Lara pega o marcador azul e circunda rapidamente a área leste no mapa estendido.

- Como já sabemos, a área leste está em quarentena por conta da presença dos metamorfos. Portanto, a menos que alguém tenha permanecido lá - o que é bem improvável -, podemos eliminar essa parte da cidade da nossa busca. - Ela traça um risco decisivo sobre a região.

- Então restam só três áreas para investigar... - Miguel reflete, observando as anotações espalhadas pelo mapa.

- Exatamente. - Lara responde, inclinando-se sobre o mapa com uma expressão pensativa. - Pensei muito sobre quem poderia ser o infiltrado, alguém capaz de ajudar metamorfos sem levantar suspeitas. O problema é que ninguém se encaixa perfeitamente nesse perfil. No entanto, acredito que sei o tipo de pessoa que ele seria. - Ela levanta o marcador, apontando diretamente para Miguel e Ayla. - E é aí que vocês entram.

Ambos a observam, ainda confusos.

- Eu e Jack discutimos bastante sobre isso - Lara prossegue - e chegamos à conclusão de que essa pessoa estaria em um meio-termo. Não seria de uma classe tão baixa a ponto de não ter influência alguma na cidade, mas também não seria alguém poderoso o suficiente para atrair toda a atenção.

- Então podemos descartar o prefeito e os representantes? - Ayla pergunta, lentamente se envolvendo na discussão.

- Talvez... - Lara responde, pensativa. - Mas prefiro deixá-los de lado por enquanto, em vez de excluir completamente. - Ela empurra as anotações para o lado. - Devido ao histórico dos dois, eu sei que vocês conhecem muito bem as pessoas da cidade.

Lara surpreende Ayla ao apontar o marcador somente para ela. - Miguel me disse, você ajudou muito o seu irmão com as coisas do blog, e pelo jeito que você investigava o Trey, imagino que você fazia um excelente trabalho.

Ayla pisca, envergonhada com o elogio.

- E você - O marcador mira em Miguel. -, sua reputação de "amigo de todos" o precede, sabia? - Lara brinca, tirando algumas risadas do loiro.

- Não duvido! - Diz meio sem graça ao passar a mão na nuca.

Lara dá continuidade. - Esses são os motivos pelos quais vocês são os melhores para orientar a gente quanto às pessoas da cidade...

Ayla levanta a mão, como se estivesse em uma sala de aula. - Uh, eu não acho que alguém aqui protegeria metamorfos. As pessoas são muito... - Ela franze o cenho, tentando encontrar a palavra certa. - Cruéis ou desconfiadas, quando se trata deles.

- Mas tem. - A voz de Bruno interrompe a conversa, surgindo ao lado deles.

- AH! - Ayla solta um grito agudo, instintivamente se escondendo atrás de Miguel, enquanto observa, apavorada, o filhote.

Logo depois, Mari desfaz sua invisibilidade, lançando um olhar repreensivo para Bruno, antes de se virar para os novatos.

- Nosso pai adotivo, um humano, estava em busca da localização da colônia de metamorfos por aqui. Antes de desaparecer, ele deixou um papel com a localização da cidadela anotada - ela retira um pedaço de papel do bolso, erguendo-o - e também algumas pistas sobre como encontrar o informante.

- "Desaparecesse"? - Bruno murmura apenas para ela, a questionando por usar o termo que julgava ser errado. Sua irmã faz cara feia, mas se mantém quieta.

- Hm... Olha, a Ayla está certa sobre como as pessoas daqui tratam metamorfos, mas nada garante que o informante esteja mentindo. - Miguel troca olhares entre Ayla e Lara. - Mas o que poderia diferenciar essas pessoas do verdadeiro infiltrado?

- A profissão. Não é um fator definitivo, mas é o melhor que temos. - Lara responde com firmeza. - Eu dividi algumas opções nos últimos dias. O primeiro grupo é composto por pessoas que tiveram muita interação com o lado de fora e, de certa forma, envolvimento com metamorfos. O segundo grupo engloba profissões que lidam diretamente com vidas, assim nos dando mais possibilidades com pessoas que são mais empáticas.

- Certo. - Miguel examina a lista, pegando uma caneta que Jack lhe oferece. - Combatentes e guardas, podemos deixar de lado. Enfermeiros e médicos de combate são possibilidades interessantes, engenheiros talvez, psicólogos são uma boa opção, cozinheiros menos provável e... - Ele faz uma pausa ao ver a opção de "professores" já riscada.

- Eu risquei porque não achei que nenhum tivesse o perfil de "infiltrado" ou oportunidades para explorar o lado de fora. - Lara explica.

- Você pode ter razão... Mas há algo. - Miguel pensa por um momento. - Existe um programa de viagem, que permite viajar para colônias ou grupos isolados na superfície. Eles auxiliam com estudos e fornecem materiais educativos, além de fazer a doação de livros. Alguns professores participaram desse programa, se não me engano. Isso daria abertura para algum deles ser o possível infiltrado.

- Eu não acho que o senhor Bill é uma boa pessoa para ajudar metamorfos, ele é mal até com humanos. Como que ele acha que a gente vai resolver cinquenta questões difíceis de física em um dia? - Ayla choraminga, ganhando a concordância dos mais velhos.

- Certo, então essa é a nossa lista de pessoas que tentaremos abordar. Eu posso tentar interrogar as pessoas do hospital, Miguel com os professores, engenheiros... Jack?

O olhar dele abaixa para o chão, visivelmente desconfortável. - Eu posso falar com o meu padrasto, o Vincente.

- Ele é o seu padrasto?! - Miguel pergunta, surpreso.

Assente com a cabeça. - Como um dos representantes da cidade, ele deve conhecer um bom grupo de pessoas, já que ele trabalha na organização da barreira e de outros mecanismos da cidade.

- O Vincente? - Ayla pergunta, com desconfiança. - Ele é estranho, um verdadeiro esquisitão. - Ela observa Jack abaixar ainda mais o olhar. - Com todo respeito, é claro.

Jack permanece cabisbaixo, o que leva Lara e Miguel a trocarem olhares preocupados.

- Qual será a minha função? - Ayla interrompe o momento.

- Você poderia ir com o Jack para ajudá-lo, se for necessário. Já Trey e Jeff... - Lara faz uma pausa, percebendo que os dois estavam ausentes, assim como os filhotes.

Todos olham ao redor e encontram Trey e Jeff sentados em um canto da floresta, jogando em um dispositivo.

- Não é possível isso! Você tá roubando! - Trey acusa, perdendo claramente a paciência com um simples jogo da velha.

Jeff e Bruno não conseguem conter as risadas, achando a cena hilária. Mari, por outro lado, tenta ajudar Trey a ganhar ao menos uma partida, mas também parecia estranhar o funcionamento do aparelho.

- Trey. - Miguel chama, seu tom firme indicando que era hora de voltar ao foco.

O metamorfo para de reclamar, lança um último olhar desconfiado para Jeff, como se questionasse a integridade do aparelho, e retorna ao círculo.

- O que eu perdi?

Lara passa a mão pelo rosto. - Você e o Jeff vão inspecionar a área dos psicólogos e tentar encontrar alguém infiltrado lá.

- Por que eu tenho que ir com ele?! - Trey pergunta, incrédulo. - Não posso ir com... Você?

- A área que vou visitar é restrita, entendeu? - Explica, ainda um pouco aborrecida com a distração dele. - Além disso, é mais seguro que você fique com ele.

Ele arqueia uma sobrancelha, olhando novamente para o jovem deitado na grama, com a cabeça apoiada em um tronco, jogando algo em seu aparelho estranho.

- Tá... Mas como que eu vou saber quem é a tal pessoa?

- Você pode falar com a senhorita Akemi. Ela gosta muito de você e talvez consiga te dar uma pista. - Miguel sugere enquanto observa o mapa. - Mas, se quiser, posso ir com vocês...

- Não! - Trey interrompe imediatamente. - Duas pessoas já são mais do que suficientes; três é demais.

Miguel o observa seriamente, analisando o evidente nervosismo em seu rosto. - Tudo bem, então... - Ele suspira, pegando as anotações de Lara para se distrair. - Uau, Lara! Isso aqui tá incrível! Eu não sabia que você gostava dessas coisas.

- É um hobby que eu tinha quando criança. - Ela diz, sorrindo com certa melancolia.

A garota observa a cena à frente com certo orgulho. Miguel, Ayla, Jack, Mari e Bruno pareciam realmente investidos nas anotações, compreendendo toda a situação atual com o material que ela havia elaborado nos últimos dias, com a ajuda de Jack.

Ela respira o ar fresco da floresta, muito mais agradável do que a sensação sufocante do subsolo. Boceja, lembrando que deveria retomar sua rotina de sono normal após a série de pesadelos que teve nos dias posteriores ao ataque. Ao menos as noites em claro haviam valido a pena, resultando em uma investigação produtiva.

Apesar dos últimos acontecimentos, tudo estava se endireitando novamente. Seus pais estavam bem e sem qualquer sinal de infecção, e o mesmo valia para os seus irmãos. Ela ainda ficava entristecida por não ter mais a presença deles em casa, em vista de que sua mãe achou melhor mantê-los no subsolo com uma babá, mas reconhecia que era mais seguro dessa forma. Com isso, ela tem muito mais tempo agora para focar na situação dos filhotes, conforme a segurança aumenta, é só uma questão de tempo até algum combatente descobrir a existência deles.

Ela observa os novatos, tentando imaginar como eles poderiam ganhar mais confiança com eles para contar a verdadeira realidade da situação atual.

Acredito que a Ayla irá se adaptar rapidamente a tudo para confiar na gente, principalmente com o Miguel por aqui agora. O único problema é o Jeff, aquele garoto está despreocupado demais para alguém em sua situação...

Seria essa uma tática de combatente ou um traço de personalidade? Terei que ficar observando isso.

Quando vira a cabeça para olhar o menino, Lara leva um susto ao se deparar com Trey a encarando intensamente, com uma expressão neutra.

- Você conseguiu voltar a dormir? Sem pesadelos, quero dizer. - Sussurra.

Ela coloca a mão em seu peito, sentindo seu coração acelerado. - Mais ou menos, e você não está me ajudando ficando desse jeito.

- Que jeito? - Ele entorta levemente a cabeça.

- Esquece... E você, tem conseguido recuperar mais memórias?

Ele franze o cenho, olhando rapidamente para os outros, e, sem aviso prévio, agarra seu pulso, levando-a para longe dali.

- Para onde vocês estão indo? - Miguel questiona, misturando desconfiança e preocupação em sua voz.

- Uh... Conversar! - Responde, desaparecendo logo em seguida com Lara.

🌕🌗🌑🌓🌕

- Tá, eu lembro de você ter falado sobre de alguma forma conseguir controlar seus sonhos nas últimas semanas, o que por si já é bizarro. Agora, ser morto por você do passado no sonho? Isso já tá passando dos limites, Trey.

- Sim! Você acha que é alguma coisa do meu consciente-sub? Algo pra impedir eu de lembrar?

- Seu "subconsciente"? Talvez, mas por que ele estaria fazendo isso? - Se pergunta, se sentindo um pouco boba pelo nível da pergunta e da loucura da situação.

- É isso que eu tô tentando entender também! Realmente não sei o que pode ser, vou esperar o próximo sonho e pegar o Tampinha desprevenido dessa vez! - Trey diz por fim com movimento de garra com suas mãos. - Só tenho que descobrir como dar um jeito nele sem as minhas habilidades...

Lara observa Trey com uma expressão pensativa, refletindo sobre como as coisas mudaram desde a conversa que tiveram após o ataque. Por mais que tentasse ignorar, tudo isso a deixava ansiosa. A ideia de que, por todos esses anos, um predador - que possivelmente ingeriu carne humana em excesso - esteve vivendo discretamente na cidade sem que ninguém percebesse, a fazia estremecer.

Sempre encantada demais com
as flores para notar os espinhos.

Antes que pudesse se aprofundar nisso, sua mente logo a lembrava de quem estava falando: Trey.

Ele era, sem dúvidas, atípico em comparação com os filhotes. Havia uma sensação instintiva, um desconforto, que sempre a acompanhou na presença dele, mas que, com o tempo, se tornara quase inexistente.

O que a preocupava ainda mais, no momento, eram as consequências disso. Todo predador com hábitos alimentares como os dele apresentava algum tipo de deficiência. Lembrando da metamorfo do ataque, Lara se recorda de como ela era completamente insana. Embora não considerasse Trey louco, ele também não era a pessoa mais estável. Se perguntava se essa instabilidade era consequência de seus hábitos ou do parentesco com a carniçal.

- Lara - ele a retira de seus pensamentos -, por que você chamou o Miguel? - Pergunta em voz baixa. - Você não sabe que as coisas estão... Você sabe. Ele vai ficar enchendo meu saco para eu contar o que tá acontecendo. Ele já tá enchendo desde que falei que "esqueci" do assunto.

Ela cruza os braços. - Que razão eu teria para não chamá-lo agora que ele sabe sobre os filhotes? E outra, de uma forma ou de outra você vai ter que contar a verdade, eu só estou agilizando o processo. - Responde com um tom provocativo. - Na verdade, eu deveria tê-lo chamado muito antes! Pelo menos ele presta atenção no que eu explico!

Ele fica boquiaberto, se sentindo ofendido. - Ei! Eu sempre presto atenção! - Se defende imediatamente. - Só dessa vez foi diferente, e tudo por causa daquele moleque! Ele me desafiou e roubou o jogo inteiro!

Lara suspira. - É, só dessa vez, Trey.

- Não vale aquela vez no abrigo! Eu tava com muito sono!

- Nem é como se você estivesse dormindo quase o dia inteiro naquela época, né? - Deixa escapar uma leve risada ao ver Trey passando as mãos no rosto para se esconder.

- Me dá um desconto... É difícil acompanhar uma das garotas mais inteligentes da cidade! - Ele diz, sem pensar.

- O quê? - Ela para de rir, mantendo apenas um sorriso tímido. - Você... Acha isso?

- A Poppy também é muito inteligente, mas... Não sei, é diferente. Você é diferente, e eu gosto mais de você...

Trey fecha a boca ao perceber a expressão surpresa de Lara.

- Por que... Somos amigos! HA! HA! É claro! Eu mal falo com ela, então... - Sua voz diminui gradativamente. - Nós somos amigos, né? - Pergunta com certa insegurança.

- E por qual motivo não seríamos? - Questiona, surpresa, que ele não tinha certeza disso, mesmo depois de tudo que passaram juntos.

- Eu não sei... - Diz, desviando o olhar pela floresta. - O que é um amigo pra você? - Ele senta na grama, encostando as costas em uma árvore.

Lara pensa por alguns instantes e logo se senta ao seu lado.

- Eu vejo como um amigo aquele em quem eu posso confiar nos momentos mais difíceis, alguém que eu me importo e busco reciprocar os mesmos atos.

Trey fica em silêncio.

- Você não acha que se encaixa nisso? - Seu tom era para ter sido descontraído, mas a preocupação tomou a sua voz.

- Não, eu não acho que seja isso. É mais complicado do que parece, eu acho.

- Complicado?

Ele assente, rindo brevemente. - É algo idiota, sabe? Eu só... Não sinto que eu... Mereço...?

Lá vamos nós...

Descobrir que um metamorfo vivendo sob a pele do filho real de uma família humana possuía diversos problemas quanto a si e sua relação com os outros não era nada surpreendente. Era dolorosamente previsível.

No início, quando se conheceram, Trey parecia inabalado quanto a isso. Estava tão focado em se manter distante dos outros após o acidente, tão esquecido - tão drogado -, que deixou enterrado aquilo que mais importava.

Agora, Lara sentia que estava começando a conhecer o verdadeiro Trey. Quando ele não estava falando ou fazendo coisas mórbidas, ele se apresentava extremamente prestativo e amigável. Ela nunca admitiria, mas ela passou a achar fofo esse lado menos monstruoso.

Mas vê-lo desse jeito doía seu coração, não havia nada que ela pudesse fazer a não ser ouvi-lo e confortá-lo com algumas palavras.

- Trey...

- N-não no sentido que você tem falado, o da baixa estima! Mas... É como se fosse um... - tenta pensar em uma palavra. - Presságio? Só que no passado.

Ela franze o cenho, tentando entender o enigma de Trey. - Você tem um mau pressentimento por conta de algo do passado?

- Isso! É mais ou menos isso!

- Hm... Você acha que isso vai se resolver quando você recuperar suas memórias?

- Sem dúvidas! Eu vou ser o metamorfo mais feliz desse mundo! - Exclama com um largo sorriso e o peito estufado.

Ela ri da empolgação dele, mas logo volta a ficar séria.

- E sobre ela? Até onde sabemos, a metamorfo é sua irmã.

Trey abaixa o olhar por alguns instantes, até em seguida a encarar. - Não acho que vai mudar muita coisa. Miguel vai continuar sendo o meu irmão, meus pais vão ser meus pais e eu vou continuar morando aqui. Eu não quero ir para lugar nenhum com ela.

Ela se surpreende com sua reação fria. - Trey, você não acha que está subestimando muito isso? E se vocês tiverem um laço igual você tem com o Miguel? Você realmente não se importaria?

O metamorfo pensa por alguns instantes. - Ela me deixou, Miguel nunca faria isso comigo. Eles não são o mesmo tipo de pessoa.

- Ainda assim... Nada é preto e branco, você ainda não sabe o que realmente aconteceu no passado, talvez ela tivesse um motivo muito bom para tomar tal atitude. - Diz, mas as palavras parecem não comover Trey.

- Lara, ela é um monstro. Ela foi uma das responsáveis pelo ataque! Por que eu me importaria com alguém assim? - Questiona, um tanto confuso por ela defender de tal forma a possível irmandade dos dois.

A jovem abre a boca para dizer algo, mas desiste. Seus desejos fúteis novamente tirando a sua noção da cruel realidade.

- Desculpe, você tem razão. - Ela olha para o céu, conseguindo ver a silhueta de uma lua apagada no meio da tarde. - O melhor que você pode fazer é se manter distante dela. - Diz com sinceridade.

Trey a encara, confuso pela expressão entristecida dela. Os dois caem em um silêncio por um tempo, até Trey ter uma ideia.

- Eu posso ver... A sua árvore? - O jovem mantém seus olhos focados no seu tênis. - Acho que você provavelmente já viu a minha, se já passeou por aqui, aquele ipê gigante... Mas eu nunca vi a sua, eu acho. - Finaliza seu pedido, a ansiedade começando a devorá-lo por dentro conforme o silêncio se estendia.

O pedido a pega desprevenida, como se ele estivesse pedindo para que ela revelasse um segredo.

- M-mas se não quiser mostrar, tá tudo bem também. É um pedido bem estranho de se fazer, né? - Trey fala com um sorriso nervoso, se esforçando para romper o clima do tópico anterior.

Apesar dos seus receios quanto aquilo, ela dispersa seus medos, colocando acima a amizade entre eles. Ela entrelaça seu braço no dele e o dá impulso para levantar.

- Sim! Ela está por ali.

🌕🌗🌑🌓🌕

Pelos feixes filtrados através das copas densas da floresta, uma luz alaranjada banhava o chão e as pessoas que ali estavam, proporcionando uma tonalidade quente, próxima do final da tarde, que contrastava com a frescura do ar.

Assim como as outras, sua árvore não era tão especial, apenas uma muda padrão entre tantas, mas Lara havia se esforçado para torná-la única.

- Lara... - Trey diz, parando em frente à árvore, boquiaberto.

- Gostou? - Pergunta, um sorriso iluminando seu rosto.

- Aham! Foi você que fez isso?

Assente com a cabeça, desviando o olhar para sua criação com um brilho de orgulho.

No chão, próximo à raiz da árvore, se espalhava um pequeno campo de flores azuladas. Cada flor exibia delicadas pétalas de um azul vibrante, formando pequenas estrelas que pareciam brilhar sob a luz suave do sol. As flores tinham um formato arredondado e eram cercadas por folhas verdes, que contrastavam com o tom azul profundo. Seu aroma leve e adocicado se misturava ao ar fresco da floresta.

- Essas eu nunca vi por aqui. - Trey se agacha, curioso, para apreciar melhor a beleza única daquelas flores.

- São não-me-esqueças. Lindas, não são? - Sorri, acariciando uma das pétalas macias como se fosse uma joia rara. - Pedi a meus pais para que me deixassem plantá-las na nossa árvore.

- Eles não gostam de flores?

- Não, não! É só que... não é exatamente para eles. São para outras pessoas.

Trey franze o cenho, desviando o olhar para a gravura na árvore: um simples coração, dentro do qual estão as iniciais de cada membro da família de Lara.

- Essa é mesmo a sua árvore? - Pergunta, claramente confuso.

- Por que não seria...?

- Eu lembro dela no primeiro sonho que eu tive meses atrás... Ela tinha... - Se levanta, examinando ao redor do tronco. - Uma flor e um número... Duas flores e dois números... - Sussurra, perdido em seus pensamentos. - Ou três flores e... três iniciais?

Ela paralisa, um arrepio de compreensão percorrendo sua espinha, mesmo que boa parte do que ele havia dito não fizesse sentido.

- O quê...? - Diz, mais perplexa do que confusa.

Trey se abaixa no lugar exato, afastando cuidadosamente um emaranhado de flores para revelar uma parte específica da base da árvore. Três flores, semelhantes aos não-me-esqueças que cresciam ao redor, estavam gravadas na madeira, escondidas sob as delicadas pétalas. Nenhuma delas exibia uma inicial ou número.

Como ele sabe...? Ele já me viu por aqui? E mesmo se tivesse, isso não faz o menor sentido!

Ele se inclina para tocar nas gravuras, como se o contato pudesse conectar os pontos, mas, antes que pudesse fazer isso, Lara agarra seu pulso com força.

Os dois se encaram intensamente.

- Como você sabe disso? - Pergunta, seu medo disfarçado por uma ameaça.

🌕🌕

Onde eles foram?!

Miguel caminha apressadamente pela floresta, lançando olhares por cima do ombro para verificar se os cinco ainda o seguiam. Alguns haviam pedido para permanecer no ponto inicial, mas ele nunca os deixaria sozinhos, consciente do perigo de um ataque.

- Devem estar no clima de namorico os dois. Não se desgrudam desde que o infectado atacou. - Jeff comenta com sarcasmo, sem desviar os olhos do seu jogo.

Miguel franze o cenho por um instante, quase parando sua caminhada, mas decidiu não focar no comentário.

- Eca! Namorar um metamorfo?! Que nojo! - Ayla exclama, arrepiando-se ao imaginar a cena de beijar uma das criaturas.

- Ah, não exagera, né? - Jeff retruca, já sem paciência com o drama da Ayla. - Humanos e metamorfos nem são tão diferentes assim. Só muda que um pode te matar na hora que quiser e vestir sua pele. - Ri, debochado com a morbidez do comentário. - Tem uns sortudos que até parecem totalmente humanos.

- Você é bem sensível pra quem vai ser combatente, viu? Parece até que tá cego pra não enxergar o tanto que eles são monstruosos! - Ela rebate, visivelmente incomodada.

- Ah, claro! - Zomba, juntando as mãos e imitando uma voz melosa. - E humanos são uns anjinhos vindos lá do céu, né? Nunca fizeram mal a ninguém, segundo a dona da razão!

- ME POUPE, seu moleque! - Ayla bufa, indo para cima dele, irritada.

- Ei, ei! - Miguel se coloca entre os dois. - Bora manter a calma!

- Mas, Miguel! Ele tá sendo um tremendo de um babaca desde que a gente chegou aqui! - Ela estica a cabeça para achar o jovem problemático atrás de Miguel.

- Eu sou babaca só porque não concordo com a madame? - Jeff aparece de trás do maior, o sorriso em seu rosto fazendo a menina ficar vermelha de raiva.

Ayla ia disparar outra resposta atravessada, mas Miguel segura seu ombro com firmeza.

- Ayla, eu sei que as coisas estão estressantes desde o ataque, mas você não pode perder a cabeça assim. Cléber não ia gostar disso. - Aconselha calmamente, preferindo deixar o tópico dos metamorfos de lado por agora.

A ruiva abaixa o olhar e cruza os braços, relutante, mas obedece.

- Tá vendo? - Jeff sorri, todo vitorioso, mas logo o sorriso vira uma careta ao encontrar o olhar de reprovação de Miguel.

- Beleza, Miguel. - Jeff revira os olhos, entediado. - Você e a Eli nasceram um pro outro, nenhum dos dois sabe se divertir um pouco!

- O-o quê?! - Miguel tropeça nas palavras, sentindo o rosto esquentar.

- Ih! Peguei no ponto fraco ao falar da Elizinha? - Jeff ri alto, satisfeito com a reação dele.

- Já chega, Jeff. - Miguel ignora a provocação, seguindo em frente. - A gente tem que focar em achar os outros.

Enquanto os filhotes assistiam à briga em silêncio, Jack se afastou um pouco para procurar Lara, mas logo voltou para o lado de Miguel quando retomaram a busca, buscando apoio.

- Você acha que eles estão na árvore deles? - Jack pergunta, sua voz baixa, enquanto seus olhos se moviam desconfiados de um lado para o outro. - Ou será que algo aconteceu?

- Tenho certeza de que estão bem. Se algo tivesse acontecido, nós teríamos ouvido. - Responde, mais para acalmar a si do que a Jack. O rapaz ao seu lado parecia relaxar um pouco após suas palavras.

Eles se aproximaram da primeira árvore no caminho, a de Miguel. O ambiente ao redor parecia intocado; não havia sinais recentes de presença humana, além de algumas pegadas quase imperceptíveis de botas no chão úmido.

Miguel levanta os olhos para a árvore, observando-a de cima a baixo. O enorme ipê-amarelo permanecia sólido e inalterado, exceto por um detalhe...

- Engraçado... - murmura Jeff, em seu habitual tom despreocupado. - Não lembro de ter visto aquilo ali.

Jack e Ayla trocam olhares confusos antes de seguirem o olhar de Jeff. Havia uma grande abertura na parte do tronco onde uma gravura costumava estar.

Cauteloso, Miguel se aproxima a passos lentos, mantendo-se em alerta caso um fragmento de metamorfo surgisse de surpresa. Se agacha, seus dedos traçando o contorno da fissura que atravessava o tronco bem na área onde havia uma lua esculpida anteriormente. Ele estuda o buraco, observando que o dano parecia ser antigo, mas não o suficiente para passar despercebido no dia do tour.

- Uma adaga de luz. - Sussurra para si, intrigado com o motivo por trás daquele estrago.

- Miguel? Tá tudo bem? - Jack dá alguns passos à frente, hesitante, sua preocupação evidente.

De repente, Miguel se levanta com um movimento brusco. Seu rosto foi tomado por uma expressão de fúria, como se tivesse chegado a uma conclusão que não queria aceitar. A raiva que transparecia não deixava dúvidas de que ele sabia, ou ao menos suspeitava, quem era o responsável.

- Você sabe onde fica a da Lara? - Pergunta a Jack, ignorando completamente o que tinha acontecido com sua própria árvore.

- É... É por ali - Jack responde, apontando na direção, claramente desconcertado com a brusquidão de Miguel.

A caminhada até a árvore de Lara foi silenciosa, o vento soprando calmamente através das copas das árvores, fazendo as folhas farfalharem suavemente. Mesmo o leve som do vento não era capaz de acalmar o turbilhão de pensamentos na mente de Miguel.

Ele não queria acreditar, mas as evidências estavam ali, todas apontando para a mesma pessoa: seu pai. E era claro para Miguel que aquilo não era um simples arranhão. Era uma ameaça. Uma advertência direta, um atentado à vida de seu irmão.

- Lara! Você tá aí! - Jack exclama, sua voz repentinamente leve e feliz.

Miguel foca na cena à frente, sua expressão endurecendo ao notar algo incomum. Lara e Trey estavam agachados lado a lado, próximos demais, como se compartilhassem um segredo. Porém, o que o deixou mais intrigado não foi a proximidade deles, mas a expressão no rosto de Lara.

Ela não parecia nem um pouco confortável ou envolvida em algo íntimo. Na verdade, seu olhar parecia ameaçador, mas ainda recheado de medo, como se estivesse prestes a confrontar Trey.

Os dois saltaram de imediato ao notarem a presença do grupo, erguendo-se como se fossem pegos no meio de algo que não deveriam estar fazendo. No entanto, nenhum deles disse uma palavra sobre o que estava acontecendo.

Enquanto isso, Jeff e Ayla continuavam a fazer piadas sobre "namoro", as risadas de Jeff ecoando pela floresta, em contraste com a demonstração de desgosto de Ayla.

Miguel não tinha mais tempo - nem paciência- para aquilo. Deu alguns passos à frente, seu sorriso típico, embora forçado, escondendo a turbulência interior.

- Podemos voltar? - Diz, com um tom tranquilo, mas carregado de uma autoridade implícita. - Acho que ainda temos algumas coisas para organizar, né?

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