Capítulo 9 - Laços que Crescem
O loft estava imerso em um silêncio tranquilo, com apenas o som suave da respiração de Serena preenchendo o espaço. Ela estava sentada no chão, as mãos erguidas em frente ao corpo enquanto tentava canalizar sua magia. Pequenos brilhos lilases piscavam entre seus dedos, mas desapareciam quase tão rápido quanto surgiam. Frustrada, ela bufou, largando os braços e olhando para as próprias mãos como se fossem culpadas.
“Você está tentando com muita força,” a voz de Derek ecoou da porta. Ele estava encostado no batente, os braços cruzados enquanto a observava. Seus olhos estavam fixos nela, atentos, mas sem julgamento.
“Se eu não tentar, como vou aprender?” Serena respondeu, virando-se para ele com um olhar exasperado. “Eu preciso disso, Derek. Preciso controlar essa magia antes que machuque alguém de novo.”
Ele deu alguns passos para dentro, a expressão séria. “Você está errada. Tentar demais é o problema. Magia não é força bruta, Serena. É equilíbrio. Quanto mais você força, mais difícil fica.”
“Você fala como se fosse fácil,” ela retrucou, a frustração evidente em sua voz. “Mas você não tem que lidar com isso. Você não tem que lutar contra algo que te consome por dentro.”
Derek arqueou uma sobrancelha, e uma sombra passou por seus olhos. “Você acha que eu não sei como é lutar contra algo que parece maior do que você? Acha que nunca me senti fora de controle?”
As palavras dele a atingiram com força. Ela abriu a boca para responder, mas nada saiu. Ele tinha razão. Ela sabia, no fundo, que ele entendia o que ela estava passando, mas era difícil admitir.
“Vamos fazer assim,” Derek disse, mudando de tom. Ele puxou uma cadeira e se sentou, batendo no chão com o pé. “Senta aqui. Vamos tentar de um jeito diferente.”
“Isso vai funcionar?” ela perguntou, desconfiada.
“Não sei,” ele respondeu com um meio sorriso. “Mas não custa tentar.”
Relutante, Serena se sentou de frente para ele, sentindo a proximidade como uma corrente elétrica. Ele estava muito perto, o que fez seu coração bater um pouco mais rápido. Ela tentou ignorar a sensação e focar no que ele dizia.
“Agora, feche os olhos,” Derek instruiu.
“Por quê?”
“Porque eu pedi,” ele respondeu, a voz firme mas calma. “Confie em mim.”
Com um suspiro, Serena obedeceu. “E agora?”
“Agora, respire. Devagar. Não pense em controlar nada. Apenas sinta. O chão sob você, o ar ao seu redor, a energia dentro de você. Deixe fluir.”
A voz dele era baixa, quase um sussurro, mas cada palavra parecia carregar um peso que a acalmava. Ela seguiu as instruções, permitindo que a tensão em seus ombros diminuísse. Pela primeira vez, ela sentiu algo diferente – uma quietude dentro de si mesma, como um lago tranquilo.
“Está funcionando?” ela perguntou, sem abrir os olhos.
“Ainda não,” ele respondeu, um leve sorriso em sua voz. “Mas você está no caminho certo.”
Quando Serena abriu os olhos, encontrou o olhar de Derek fixo no dela. O silêncio entre eles era carregado, quase palpável. Ela sentiu seu coração acelerar de novo, mas dessa vez não conseguiu desviar o olhar.
“Por que você acredita tanto em mim?” ela perguntou, a voz quase um sussurro.
Ele não respondeu imediatamente. Em vez disso, inclinou-se um pouco mais perto, os olhos nunca deixando os dela. “Porque eu vejo você,” ele disse finalmente. “Mesmo quando você não se vê.”
As palavras dele pairaram no ar, e Serena sentiu algo profundo dentro dela mudar. Era como se ele tivesse acabado de abrir uma porta que ela nem sabia que existia.
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Mais tarde, quando Serena estava praticando sozinha, Derek se afastou para a varanda do loft. O ar fresco da noite parecia não aliviar o peso que ele sentia. Ele cruzou os braços, olhando para as luzes distantes da cidade, mas sua mente estava presa em um lugar muito mais próximo.
Serena.
Desde que ela chegou à vida deles, ele se viu mudando. A princípio, tudo parecia uma responsabilidade. Proteger uma garota poderosa, mas vulnerável, dos Caçadores das Sombras era algo que ele sabia fazer. Era parte de quem ele era. Mas com o tempo, as coisas começaram a mudar. Ela não era apenas alguém que precisava de proteção. Ela era forte, corajosa, e tinha uma determinação que ele não via em muitas pessoas. E isso o atraía de uma maneira que ele não estava preparado para lidar.
“Isso não é certo,” ele murmurou para si mesmo, passando as mãos pelo rosto. “Ela confia em você, Derek. Não complique isso.”
Mas ele sabia que era tarde demais. Cada momento que passavam juntos aprofundava a conexão. Ele se pegava olhando para ela quando não deveria, pensando nela quando estava sozinho. Não era apenas atração. Era algo mais. Algo que ele temia, mas que também desejava.
Ele lembrou-se de como ela o olhou mais cedo, com aqueles olhos lilases que pareciam ver além de sua fachada. Havia algo em Serena que o fazia querer ser melhor, querer lutar mais. Mas ela também o fazia se sentir vulnerável, algo que ele sempre evitou.
“Você é um idiota, Hale,” ele murmurou novamente, mas não conseguiu afastar os pensamentos. Ele sabia que deveria manter distância, mas ao mesmo tempo, sabia que não conseguiria.
Quando voltou para dentro, encontrou Serena sentada no chão, exausta mas determinada. Ela olhou para ele e sorriu levemente, um sorriso tímido, mas genuíno. Algo em seu peito apertou.
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Serena fazia sua magia fluir pelo loft de forma calma, as ondas roxas e prateadas pairavam como se estivessem dançando
“Você está me observando de novo,” Serena disse, sem levantar a cabeça.
“Estou,” ele respondeu sem rodeios. “E você está melhorando.”
Ela riu levemente, mas o som foi cheio de calor. “Você tem essa habilidade de me fazer sentir que sou capaz, mesmo quando não acredito em mim mesma.”
“Porque você é,” ele respondeu simplesmente, sentando-se ao lado dela. A proximidade entre eles era natural agora, mas ainda carregada de algo mais profundo.
“Você acha que sou um risco?” ela perguntou, quebrando o silêncio.
“Sim,” ele respondeu honestamente. “Mas todo mundo é. A diferença é que você tem algo que vale a pena arriscar.”
Ela virou a cabeça para olhar para ele, os olhos brilhando com uma mistura de curiosidade e algo mais que ela não sabia nomear. “E o que é isso?”
Ele hesitou por um momento antes de responder, a voz baixa. “Você mesma.”
As palavras dele pairaram no ar, pesadas e significativas. Serena sentiu o coração acelerar, mas não era de medo. Era algo diferente. Algo que ela não entendia, mas que a fazia se sentir... viva.
“Obrigada, Derek,” ela murmurou, os olhos nunca deixando os dele. “Por tudo.”
Ele não respondeu, mas o olhar que deu a ela dizia mais do que palavras poderiam. Era um olhar cheio de promessas não ditas, de sentimentos que ele ainda não estava pronto para admitir.
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