Capítulo 13 - Vínculos e Vulnerabilidades
O jardim mágico estava banhado por uma luz suave, quase etérea. O som das folhas balançando ao vento preenchia o silêncio, mas Serena não conseguia encontrar paz. Sentada em um banco próximo às árvores, ela olhava para as mãos, lembrando-se de como havia perdido o controle durante as ilusões dos Caçadores das Sombras. O peso da culpa e da insegurança a esmagava.
Lydia se aproximou em silêncio, observando-a por um momento antes de se sentar ao lado dela. "Você acha que está escondendo isso bem, mas não está," disse, quebrando o silêncio.
Serena olhou para Lydia, surpresa, mas não respondeu. Lydia continuou, sua voz calma, mas firme. "Você está se culpando por algo que não pode controlar. E isso está te consumindo. Eu sei porque já estive no mesmo lugar."
"Como?" Serena perguntou, sua voz baixa e hesitante. "Como você pode entender o que estou passando?"
Lydia respirou fundo, olhando para o céu estrelado. "Houve um tempo em que enfrentamos algo chamado Nogitsune. Era uma entidade de escuridão pura, que se alimentava do caos e da dor. Ele... ele me usou, manipulou minha mente e fez com que eu sentisse cada momento de dor que ele causava."
Serena arregalou os olhos, surpresa. "O que aconteceu?"
"Ele nos levou ao nosso limite," Lydia respondeu, sua voz ficando mais suave. "E no final... perdemos alguém. Allison. Ela era nossa amiga, uma das pessoas mais corajosas que eu já conheci. Ela morreu tentando salvar todos nós. E por muito tempo, eu me culpei por isso."
"Você... superou?" Serena perguntou, com os olhos marejados.
Lydia balançou a cabeça. "Não completamente. Mas eu aprendi que a culpa não traz ninguém de volta. Tudo o que podemos fazer é honrar aqueles que perdemos, lutando por aqueles que ainda estão aqui. Você precisa entender que não está sozinha, Serena. A alcatéia está com você. E eu estou com você."
Serena deixou as lágrimas caírem, finalmente permitindo-se sentir o peso de suas emoções. Lydia segurou sua mão, oferecendo conforto silencioso.
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No salão principal de Alfea, a tensão era palpável. Todos estavam reunidos – a alcatéia, Farah, Bloom e Sky – formando um círculo enquanto discutiam o próximo passo. Farah estava no centro, sua postura rígida como sempre.
"Os Caçadores das Sombras estão se organizando para um ataque direto," Scott começou, olhando para todos. "Precisamos agir antes que eles façam o próximo movimento."
"E como exatamente pretende fazer isso sem comprometer a segurança de Alfea?" Farah questionou, cruzando os braços. "Esta escola é um refúgio. Não podemos transformá-la em um campo de batalha."
"Se Serena cair nas mãos de Tenebris, não haverá refúgio para ninguém," Derek retrucou, sua voz grave. "Proteger Serena é proteger Alfea."
Farah estreitou os olhos. "E se os Caçadores atacarem enquanto estamos focados em Serena? Estaremos colocando toda a escola em risco."
O debate aumentava, mas Serena ficou em silêncio, observando. Finalmente, ela se levantou, sua voz cortando o barulho. "Chega. Eu sei que sou o alvo deles, e sei o que está em jogo. Mas não vou deixar que vocês arrisquem suas vidas por mim enquanto eu fico escondida. Vou lutar."
Derek virou-se para ela, os olhos estreitados em preocupação. "Isso não é sobre coragem, Serena. É sobre fazer o que é necessário para sobreviver."
"E o que é necessário agora é que eu me levante," ela respondeu, firme. "Não posso ser apenas um peso para vocês."
Scott colocou uma mão no ombro dela, um pequeno sorriso surgindo em seu rosto. "Você não está sozinha nisso. Somos uma alcatéia. E protegemos uns aos outros."
Farah suspirou, balançando a cabeça. "Muito bem. Mas precisamos de um plano sólido e rápido. Eles estão nos observando, e o tempo está contra nós."
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Mais tarde, Serena voltou ao jardim, buscando um momento de tranquilidade. As estrelas brilhavam acima dela, mas sua mente estava inquieta. Derek apareceu em silêncio, sua presença familiar trazendo um pouco de conforto.
"Você gosta deste lugar, não é?" ele perguntou, sentando-se ao lado dela.
Serena sorriu levemente. "É o único lugar onde consigo respirar."
Derek ficou em silêncio por um momento antes de falar. "Você foi corajosa hoje. Mas não significa que precisa carregar isso sozinha."
"Eu sei," Serena respondeu, olhando para ele. "Mas eu precisava que vocês soubessem que não vou desistir. Não importa o quão assustador seja, eu não vou fugir."
Derek olhou para ela, algo em sua expressão suavizando. "Você é mais forte do que percebe. E isso... me assusta."
"Você? Assustado? Nunca pensei que veria isso," Serena brincou, um sorriso surgindo em seus lábios.
Derek riu suavemente, mas logo ficou sério. "Eu não quero que algo aconteça com você. Você significa mais para mim do que deveria."
As palavras dele pegaram Serena de surpresa. Ela sentiu o coração acelerar, mas antes que pudesse responder, Derek se inclinou lentamente. Quando seus lábios finalmente se encontraram, o mundo pareceu parar. O beijo era intenso, carregado de emoção e desejo. Serena sentiu-se segura, como se todas as suas dúvidas e medos fossem temporariamente esquecidos.
Quando se separaram, Derek segurou o rosto dela com delicadeza. "Não importa o que aconteça, eu estarei aqui. Sempre."
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Enquanto Serena estava no jardim, a atmosfera ao seu redor começou a mudar. O ar ficou mais pesado, e uma névoa escura começou a se formar ao redor das árvores.
Ela olhou ao redor, sentindo o familiar calafrio de algo errado. "Derek... você sente isso?" ela perguntou, mas quando se virou, ele havia desaparecido.
O jardim começou a se distorcer, as cores vibrantes tornando-se sombrias. A névoa escura parecia viva, sussurrando palavras incompreensíveis.
De repente, uma voz profunda ecoou na escuridão. "Você acha que pode escapar de mim, pequena guardiã?"
Serena girou, tentando localizar a fonte da voz. "Quem está aí?"
"Eu sou o que você teme. Eu sou a sombra que nunca desaparece," a voz respondeu, e a figura de Tenebris começou a emergir da névoa, seus olhos brilhando com uma luz vermelha ameaçadora.
Serena tentou conjurar sua magia, mas nada aconteceu. Quando a escuridão começou a envolvê-la, uma explosão de luz lilás emanou de dentro dela, dissipando as sombras. Ela caiu de joelhos, ofegante e tremendo, enquanto as palavras de Tenebris ainda ecoavam em sua mente:
"Eu estou chegando."
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