Capítulo 12 - Luz e Sombra
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O jardim mágico de Alfea parecia um pedaço de outro mundo. As flores brilhavam em tons de dourado e prateado, enquanto árvores imponentes exalavam uma energia calma e reconfortante. Derek e Serena caminhavam lado a lado, o som suave de seus passos ecoando pelo chão de pedras cintilantes.
Derek estava como sempre: atento, os olhos analisando cada canto do jardim, em busca de qualquer sinal de perigo. Serena, no entanto, estava diferente. Seus ombros estavam mais relaxados, sua expressão serena enquanto absorvia a magia ao seu redor.
"Você não precisa estar sempre tão tenso," Serena quebrou o silêncio, seu tom leve, mas com um toque de provocação.
Derek ergueu uma sobrancelha, lançando-lhe um olhar de lado. "Ficar tenso é parte do pacote."
Ela riu suavemente, mas logo seu sorriso se suavizou. "Às vezes, parece que você carrega o peso do mundo nos ombros."
Derek hesitou, e Serena parou de andar, virando-se para ele. "Não precisa fazer isso por mim," ela disse, sua voz baixa. "Você já faz tanto. Nunca te agradeci o suficiente. Por estar aqui. Por me proteger."
Ele a encarou por um longo momento, como se estivesse ponderando suas palavras. Finalmente, ele respondeu, a voz mais suave do que ela estava acostumada. "Não é um fardo. Não quando se trata de você."
As palavras dele a atingiram como um soco no estômago. Serena sentiu o coração acelerar, mas antes que pudesse responder, Derek continuou, a voz carregada de emoção. "Você significa mais para mim do que deveria. Eu não sou bom nisso, Serena. Não sou bom em deixar as pessoas se aproximarem, mas você... você conseguiu."
Serena sentiu o peito apertar. "Eu sinto o mesmo," ela confessou, seus olhos brilhando com as lágrimas que ameaçavam cair. "Desde que isso tudo começou, você tem sido a única coisa que me faz sentir segura. Não sei o que é isso, mas é real. E é a única coisa que me mantém de pé."
Derek deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. Ele ergueu a mão, hesitante, mas finalmente a pousou no rosto dela, os dedos roçando sua pele. "Você merece muito mais do que eu posso te dar," ele sussurrou. "Mas eu não consigo ficar longe."
Serena não esperou mais. Ela se inclinou, seus olhos fechando enquanto seus lábios encontravam os dele. O beijo começou suave, mas rapidamente se transformou em algo mais intenso. Derek puxou-a para mais perto, segurando-a como se ela fosse a única coisa que o ancorava ao chão. Serena sentiu o mundo ao seu redor desaparecer – as estrelas, o jardim, tudo – exceto Derek.
Quando finalmente se separaram, ambos estavam ofegantes, mas nenhum dos dois se afastou. Derek ainda segurava o rosto dela, seu olhar queimando com uma intensidade que fazia o coração de Serena disparar.
"Isso é loucura," ele murmurou, mas havia um sorriso nos lábios.
"Talvez seja," Serena respondeu, sorrindo de volta. "Mas não me importo."
Eles ficaram ali por mais alguns momentos, o silêncio entre eles preenchido apenas pelo som do vento através das árvores.
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Serena estava sentada no salão de estudos de Alfea, rodeada por velas flutuantes e livros antigos empilhados em todas as direções. O Livro dos Guardiões estava aberto à sua frente, irradiando uma luz lilás que parecia pulsar em sintonia com sua magia. A sala estava silenciosa, exceto pelo som suave das páginas, virando conforme Serena passava os dedos pelas runas complicadas.
De repente, um calafrio percorreu sua espinha. A sala parecia mais fria, e o ar se tornou pesado, como se uma presença invisível estivesse se movendo ao seu redor. Serena ergueu os olhos, sentindo os pelos de sua nuca se arrepiarem.
"Tem alguém aí?" sua voz ecoou, mas não houve resposta.
As velas começaram a tremeluzir, a luz diminuindo gradualmente até que toda a sala mergulhou na escuridão. Serena tentou conjurar um feitiço de iluminação, mas nada aconteceu. O pânico começou a subir enquanto ela se levantava, olhando ao redor.
Quando Serena deu um passo à frente, o chão desapareceu debaixo de seus pés. Ela caiu, mas não no vazio – estava em uma floresta sombria e sufocante. As árvores ao seu redor eram altas e retorcidas, e uma névoa espessa cobria o chão, dificultando a visão.
Então ela os viu.
Scott estava caído no chão, imóvel, o sangue manchando sua camiseta. Serena sentiu o coração parar enquanto seu olhar se movia para os outros corpos. Liam, Isaac, Malia e todos os outros membros da alcatéia estavam espalhados ao redor, mortos. Seus olhos estavam abertos, mas sem vida.
"Não... Não!" Serena sussurrou, cambaleando para trás. "Isso não é real!"
Ela caiu de joelhos, lágrimas escorrendo por seu rosto enquanto olhava para os rostos daqueles que se tornaram sua família. "Vocês não podem estar mortos. Isso não pode estar acontecendo."
Uma risada baixa ecoou entre as árvores, fria e cruel. A voz de Farah Dowling surgiu, mas soava diferente – fria, quase desumana.
"É claro que está acontecendo, Serena. E é tudo culpa sua."
Serena levantou a cabeça, os olhos arregalados de medo. "Farah?"
"Você os trouxe aqui," continuou a voz. "Você os condenou. Desde o momento em que decidiu envolver a alcatéia nisso, você assinou a sentença de morte deles."
"Não... Não é verdade," Serena balançou a cabeça, tentando bloquear as palavras. "Isso não é culpa minha!"
As sombras ao seu redor começaram a se mover, assumindo formas grotescas. Caçadores das Sombras emergiram da névoa, seus olhos brilhando com uma malícia cruel. Eles cercaram os corpos caídos, como predadores brincando com suas presas.
"Não! Saiam de perto deles!" Serena gritou, tentando se levantar. Ela tentou conjurar sua magia, mas nada aconteceu. Sua mente estava em pânico, e o desespero a consumia.
"Você nunca será forte o suficiente," sussurrou uma voz, como um eco em sua mente. "Você está condenada a falhar, assim como todos antes de você."
As sombras riram, o som vindo de todos os lados. Os Caçadores estenderam as mãos para os corpos, arrastando-os para a escuridão.
"Por favor, parem!" Serena gritou, soluçando. "Eu faço qualquer coisa! Apenas parem!"
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As sombras hesitaram, mas apenas por um momento. Elas continuaram a se mover, aproximando-se de Serena, até que uma explosão de luz lilás e prateada emergiu de dentro dela. A energia era tão intensa que dissipou toda a escuridão ao seu redor, empurrando as sombras para longe.
Quando a luz desapareceu, Serena estava de volta ao salão de estudos, ofegante e tremendo. As velas flutuavam novamente, e o livro ainda estava aberto diante dela.
Mas algo dentro dela estava diferente. A culpa, o medo e as palavras das sombras continuavam ecoando em sua mente: "Você nunca será forte o suficiente."
Ela abraçou os próprios joelhos, tentando recuperar o fôlego, mas as lágrimas continuavam caindo. Pela primeira vez, Serena sentiu que talvez não pudesse resistir.
Algo dentro dela havia se quebrado naquele momento.
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Horas depois, Derek encontrou Serena no jardim, sentada sozinha sob uma árvore. Ele sentou-se ao lado dela, sem dizer uma palavra, esperando que ela falasse.
Finalmente, ela murmurou: "Eles brincaram com a minha mente de novo. Me fizeram ver coisas que eu nunca quero ver."
Derek estendeu a mão, tocando seu ombro. "Eles estão tentando te quebrar. Mas você é mais forte do que isso, Serena."
Ela balançou a cabeça, os olhos cheios de lágrimas. "Já quebraram...Se eu falhar, todos vão morrer por minha causa."
Derek virou-se para ela, segurando seu rosto com as mãos. "Você não vai falhar. Eu não vou deixar. Você não está sozinha nessa, Serena. Nunca esteve."
As palavras dele trouxeram um conforto que ela não sabia que precisava. Pela primeira vez, Serena sentiu que talvez pudesse resistir às sombras – desde que Derek estivesse ao seu lado.
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