Decisão
Pra quem gosta de ler com música, no início do capítulo tem uma música que descreve muito bem esse capítulo.
Foto da Diana para quem tem curiosidade em saber como ela é
Artur
A dor é temporária. Ela pode durar um minuto, ou uma hora, ou um dia, ou um ano, mas finalmente ela acabará e alguma outra coisa tomará o seu lugar. Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre.
Lance Armstrong
Beatriz
Entro no hotel extremamente luxuoso em Miami. O lugar tem uma arquitetura muito chique e moderna. Deixo Luciano resolvendo todas as burocracias. Resolvi vir a essa viagem, manter seu inimigo perto sempre é bom.
--- Vamos subir --- Luciano fala se aproximando de mim e de Diana que se mantém calada ao meu lado.
--- Claro --- Nós duas respondemos em uníssono.
Entrámos no elevador e vamos direto para nossos quartos. Entro no meu impressionada com todo o luxo e com a vista espetacular de Miami. Resolvo ir tomar banho para relaxar e dormir um pouco, foi uma viagem demorada. Entro no banheiro lindo e logo encho a banheiro. Tiro minha roupa e entro nela sentindo a água morna me relaxa. Penso em tudo que vem acontecendo em um intervalo de tempo tão curto. Dias atrás estava chorando desolada nos braços de Renato e agora estou aqui em pedido do mesmo.
Saio da banheiro e pego uma toalha. Logo estou deitada com uma camisola na cama macia. O sono me leva para vários pensamentos perturbadores. Acordo com batidas na porta, ainda confusa e tonta me levanto e vou até ela abrindo.
--- Luciano --- Digo ainda sonolenta.
--- Desculpa te incomodar --- Ele fala sereno --- É que já é um pouco tarde e quero saber se você aceita jantar comigo? --- Ele pergunta me olhando.
--- É.é.q....qui...
--- Diana também vai --- Ele fala percebendo meu desconforto com seu convite. Aceno em confirmação, não sei como negar.
--- Espero você em 30 minutos no restaurante do hotel --- Ele fala e eu concordo.
Luciano sai e fecho a porta ainda com sono. Vejo em meu celular que já é 8h. Como eu dormir! Penso.
Visto um vestido vinho não muito curto e com um decote discreto. Prendo meu cabelo em rabo de cavalo alto. Passo uma maquiagem um pouco forte nos olhos, mas uso um batom claro para não ficar exagerado. Uso um salto de tira. Coloco alguns acessórios. Pronta vejo que já passou os 30 minutos que Luciano falou. Ignoro pegando minha bolsa e saindo em direção ao restaurante.
Chego no lugar tão lindo por sinal. Uma mulher me leva até Luciano que bebe seu vinho distraído.
--- Desculpa pelo atraso --- Digo roubando a atenção total dele. Ele se levantou sorrindo.
--- Tudo bem --- Ele diz calmo --- Você está deslumbrante!
--- Muito obrigada! --- Digo te mando ficar mais serena --- Também está muito bem!
--- Obrigado! --- Sua voz sai baixa e rouca. Sento na cadeira que ele puxa para mim. Ficamos frente a frente. Não sei sobre o que falar com ele então só bebo o vinho que ele colocou para mim.
--- A audiência do processo será no final do mês --- Digo quebrando o silêncio. Luciano acena em concordância.
--- Beatriz, não precisamos falar de trabalho agora --- Ele rir.
--- E vamos falar do que? Desculpa, mas não temos sobre o que conversar --- Digo nervosa.
--- Sobre qualquer coisa --- Diz ele --- Não é possível que sua vida gire só em volta do seu trabalho.
--- E sua gira em torno do que? --- Pergunto com um certo sarcasmo. Tudo que ele faz é querer me destruir e é em torno dessa maldita vingança que ele se foca.
--- Gira em torno de fazer justiça a minha irmã --- Ele fala amargo --- Perder minha irmã em minha frente é cruel, mas o pior é saber que o assassino saiu impune --- Possui tanta dor nessas palavras e ódio --- E você acredita que é justo um assassino continuar livre? --- Pergunta ele frio e filtra bem meu olhar.
--- Claro que não! --- Digo abismada. Não aceito o que meu pai fez. Sou tão vítima quanto todos.
--- E você acha justo que uma...
Antes que eu possa terminar minha pergunta perigosa, Renato aparece atraindo nossa atenção.
--- Boa noite! --- Ele fala calma e com um sorriso enorme no rosto.
--- Ninguém convidou você para esse jantar! --- Luciano fala nitidamente irritado.
--- Mas imagino que não terá problemas se eu me juntar a vocês? --- Ele pergunta cinicamente. Só aceno em negação, na verdade é melhor que ele fique aqui. Ele se senta me encarando.
--- Beatriz --- Ele diz meu nome sorrindo --- Lindíssima como sempre! --- Seu elogio é sincero e eu sorrio em agradecimento.
--- Quando chegou aqui? --- Pergunto bebendo o vinho.
--- Cheguei ontem --- Diz ele.
--- Não acho necessário sua presença aqui --- Luciano fala quebrando o clima entre nós.
--- Gosto de resolver assuntos importantes pessoalmente --- Seu tom é muito calmo.
--- Você já veio aqui antes? --- Minha pergunta é tão idiota que sinto vontade de me afundar em um buraco. Burra! Claro que ele já veio aqui se é o dono desse hotel.
--- Não venho muito, só às vezes --- Ele diz ignorando minha vergonha.
--- Boa noite! --- Essa voz é tão conhecida e semelhante. Quando me viro deparo com ele, meu ex chefe nojento.
--- Sr.Magno! --- Renato fala com espanto pela aparição desse homem.
--- Vir jantar e para minha surpresa estavam todos aqui reunidos tão animadamente --- Ele sorrir e sinto ânsia --- Posso me juntar a vocês? --- Diz ele observando a todos.
Esse diabo tinha que sair do inferno só para me atormentar? Penso. Realmente hoje não é meu dia.
--- É um prazer tê-lo conosco --- Renato diz com um sorriso forçado.
Meu ex chefe vai se sentando sem esperar pela resposta minha de Luciano que o olho com ódio. Fico curiosa com isso, mas resolvo ignorar.
--- Beatriz! --- Meu ex chefe diz com uma alegria doentia e sinto raiva por tudo que ele me fez passar durante todos aqueles anos de assédio no trabalho.
--- Artur! --- Minha voz é incrivelmente fria e possui uma clara repugnância que não passa despercebida a todos da mesa.
--- Não sabia que já conhecia ele, Beatriz? --- Renato pergunta curioso.
--- Ela foi minha ex funcionária, por sinal excelente --- Ele diz com um sorriso pervertido --- O jeito que ela saiu foi um pouco conturbado, mas não guardo mágoa.
Minha vontade ao ouvir isso é de expor tudo que ele me fez passar e fazer esse infeliz ter seu nome sujado. Só que me controlo. Estar nessa mesa com eles me faz me arrepender profundamente de não ter ficado no Brasil. Realmente é infernal estar em um mesmo lugar com um homem que me odeia e deseja me matar, com um assediador nojento e com Renato. Não na verdade ter Renato aqui é bom, ele é o único normal e mentalmente saudável.
--- Vejo que as coisas estão animada --- Diz Diana com a voz doce e sexy. Ela usa um vestido esmeralda e seu cabelo mel está solto com ondas nas pontas. Ela usa um salto assustadoramente enorme. E seu rosto possui pouca maquiagem, mas a boca tem um batom velho chamativo. Vejo a reação de todos, Luciano tem um olhar de desejo e sua boca está aberta em admiração, já Artur lança um olhar nojento a ela que conheço bem e me causa repúdio. E Renato, ele me surpreende, seu olhar é doce sem malícia.
--- Como é bom tê-la aqui --- Luciano diz sorrindo --- Linda como sempre --- Ele diz e tem amor em sua voz.
--- É bom revela --- Renato diz doce --- Está muito bonita!
--- E qual qual o nome da bela mulher? --- Artur fala com malícia. O que não passa despercebido a Luciano que lança um olhar matador em sua direção.
--- Diana --- Ela fala delicada.
--- Lindo nome como sua dona --- Artur fala beijando a mão dela --- Sou Artur Magno, mas me chame só de Artur --- Ele diz piscando pra ela que não finge notar. Senta ao meu lado ficando de frente para meu ex chefe.
--- Vamos pedir a comida? --- Renato fala quebrando o clima horrendo instalado entre nós.
Conversamos e pedimos a comida. O jantar é até calmo. Fico muito calada e só respondo uma pergunta ou outra que me fazem com poucas palavras. Fico pensativa e só querendo que isso acabe logo.
--- Foi ótimo o jantar, mas preciso ir --- Diana fala querendo fugir dali e aproveito para fazer o mesmo.
--- Também vou me retirar --- Digo sorrindo.
--- É uma pena perder a companhia de duas lindas mulheres --- Artur fala e reviro meus olhos.
Saio desse restaurante seguindo Diana. Ela vai em direção ao elevador, mas eu resolvo ir dar uma volta pelo hotel que possui uma área de lazer incrível.
A brisa é maravilhosa e ajuda a eu ficar mais calma. Tenho tantos pensamentos com tudo que aconteceu agora pouco. Nunca mais pensei que ia encontrar Artur.
--- Beatriz --- Diz o homem que conheço tão bem --- Por que saiu tão rápido? --- Sua voz é serena e seu sorriso cínico.
--- É que existe pessoas que conseguem estragar qualquer diversão --- Digo muito fria agora olhando para ele.
--- Calma, também não precisa machucar --- Ele rir e olho com desgosto.
--- Já chega! --- Digo sem paciência. Começo a andar querendo simplesmente me manter afastada dele.
--- Não fuja! --- Ele diz ríspido segurando com força meu braço.
--- SOLTA! --- Grito com ódio.
--- Não antes de você me dar um beijinho --- Ele fala me segurando com força contra seu corpo e tentando beijar minha boca.
--- SOLTA EU! --- Grito desesperada tentando fugir de qualquer forma desse doente.
--- SOLTA ELA DESGRAÇADO! --- Pela primeira vez sinto felicidade de ouvir essa voz. Os olhos verdes intensos de Luciano olha Artur com muito ódio.
--- Calma, só estávamos nos entendendo --- Ele fala se afastando de mim.
--- Não, você estava tentando beijar ela aforça --- Ele diz com um tom muito raivoso.
--- Impressão sua --- Ele sorrir tentando fugir que nada estava acontecendo.
--- Mentiroso, você queria me forçar a fazer algo que eu não queria --- Digo com raiva e medo. Saio de perto dele ficando ao lado de Luciano.
--- Quero você bem longe dela e de qualquer outra funcionária minha --- Luciano diz tão frio que até eu me arrepio --- E saiba que a partir de agora o contrato entre nossas empresas será rompido, não faço negócios com uma pessoa que tente abusar de mulher! --- Luciano termina de falar totalmente seco. A expressão de Artur é de terror e só sorrio de satisfação.
--- Na... não faça isso! --- Artur diz assustado --- Vamos negociar, isso nunca mais vai acontecer.
--- Não vou resolver nada com você, nossa parceria acaba hoje e assim que estivermos no Brasil vou concretizar isso --- Luciano é imponente em sua postura e tem um sorriso gélido.
--- Isso não ficará assim --- Agora Artur tem um tom de ameaça e ódio na voz.
--- Não tenho medo --- Luciano fala sem expressar nada.
Artur sai rapidamente daqui, sem falar mais nada. Luciano volta seu olhar para mim mais sereno.
--- Tudo bem? --- Ele pergunta calmo.
--- Sim --- Digo um pouco nervosa --- Obrigada!
--- Não tem que agradecer --- Ele fala sem emoção --- Minha irmã passou por isso e sei o quanto ela sofreu, não posso tolerar que façam algo assim para qualquer mulher que seja --- Diz sem me olhar.
--- Mesmo assim obrigada! --- Digo realmente agradecida e atordoada com ele sendo gentil.
--- Tudo bem --- Sua voz é suave --- Boa noite! --- Ele fala se retirando.
Fico parada respirando profundamente ainda me recuperando do susto. Quando estou prestes a voltar, acabo me deparando com Renato que tem um olhar sereno para mim.
--- Aqui é um lugar lindo --- Ele diz sorrindo.
--- É sim --- Também sorrio tentando esquecer o que aconteceu agora pouco.
--- Luciano me disse o que Artur te fez --- Ele suspira --- Espero que esteja bem.
--- Agora estou bem --- Minha voz é baixa e sincera.
--- Saiba também que não vou ter mais nenhum envolvimento com ele, nem profissional --- Renato diz filtrando meu rosto.
--- Para ele será o pior castigo --- Digo sorrindo. Artur vai pagar muito caro, perder a parceria com duas grandes empresas é catástrofe.
--- Para pessoas como ele é a única coisa que importa --- Renato diz sem emoção alguma. Olha para o céu estrelado e tem um olhar tão distante.
--- Está pensando nela? --- Minha pergunta é serena. Sei que é nela que seus pensamentos estão voltados agora.
Artur não conseguiu fazer nada comigo porque tive a sorte de ter quem me ajudasse. Mas Luz sofreu sozinha e não teve ajuda, pior ainda é saber que foi meu pai que faz isso a ela.
--- É difícil não lembrar dela em situações assim --- Ele diz com dor na voz e isso me deixa triste --- Sabe, mesmo depois de anos as lembranças que estão tão vivas. Lembro da voz, da risada, dos beijos... dói muito saber que nunca mais vou ter isso --- Ele termina de falar com a voz embargada.
--- Eu tinha um namorado que amava muito --- Respiro fundo antes de continuar a falar. Depois de tanto tempo a dor se torna saudade, é isso que fiz com esse amor que tive no passado --- Ele morreu em um acidente de carro --- Minha voz é bem baixa --- É difícil, mas se aprende a viver com isso e só guardar as lembranças --- Digo o olhando.
--- Não tem como fazer isso, não posso fechar essa página da minha vida enquanto quem fez isso com ela continuar livre --- Ele respira pesado --- No dia da morte dela eu a pediria em casamento, amava tanto e queria ter uma vida com ela --- Seu olhar possui tanta triste e mágoa --- Desculpa falar essas coisas para você --- Ele diz.
--- Não, tudo bem --- Digo triste. É impossível não lembrar que foi meu pai que acabou com a vida dela e causou todo essa dor nele --- E ela tinha vindo alguma vez aqui?
--- Não, não tivemos tempo --- Ele sorrir tristemente --- Mas ela sempre gostou muito de Miami e com certeza ia gostar daqui --- Ele me olha intensamente.
--- Sim, acho que ela ia amar aqui --- Sorrio sincera.
--- Já pensou na minha proposta? --- Ele pergunta aflito e meu coração aperta.
--- Só preciso de um pouco mais de tempo para assimilar isso --- Digo tensa ao lembrar do que ele me propôs.
--- Você não é tão diferente dela --- Ele fixa seu olhar no mundo --- Então mesmo que tenha medo, sei que vai aceitar.
--- Não, ela era uma menina incrível e eu sou patética --- Digo rindo amargamente --- Fui enganada a vida toda e nem percebi, e agora sei o que devo fazer, mas fujo porque sou covarde ---- Digo sem o olhar --- Nem consigo te olhar de tanta vergonha.
--- Não tenha vergonha --- Ele segura meu queixo e faça eu olhar em seus olhos --- Quem tem que ter vergonha é o Otávio --- Ele sorrir gentilmente.
--- Eu sou filha dele --- Digo baixa.
--- Mas não é ele --- Ele diz sereno --- Suas atitudes fazem de você completamente diferente do monstro quer ele é, pare de abaixar a cabeça como se fosse responsável pelo atos do seu pai --- Ele é sincero em suas palavras.
--- Por isso ela te amou tanto --- Sussurro --- Você não tenta aliviar sua dor nas pessoas --- Sorrio docemente.
--- Não, já fiz muito mal a pessoas incríveis. A dor da perda e da forma que ela foi tão bruscamente me fizeram odiar o mundo. Às vezes estive tão imerso na dor, que descontei todo meu ódio em todos que aparecerem em minha frente --- Ele diz desconcertado --- A única coisa que me salvou foi ela, lembrei de uma coisa que ela disse " A dor pode fortalecer ou destruir, é uma escolha nossa como vamos lidar com ela". Quando decidir vir para cá, escolhi que não deixaria que ela me destruísse, peguei todo amor por Luz e dele tiro forças para fazer justiça --- Ele termina de dizer com tom doloroso.
--- Luciano escolheu o caminho da destruição --- Digo triste.
--- Sinceramente, não posso sacrificar ele --- Diz --- Ele a amava intensamente, apesar da forma estranha dele de mostrar amor. Ela foi tirada dele de uma forma cruel. Ele só não sabe lidar com tanta dor e se afunda nesse desejo doente de vingança, achando que isso vai curar o abismo que a falta dela causa. Eu mesmo já desejei muito a vingança, mas isso só me fez mal --- Termina de dizer suspirando pesado.
--- Tudo é questão de escolha --- Digo respirando fundo --- Ele escolheu se afundar e não vou ter pena dele, é questão de sobrevivência --- Digo fria. Claro que posso imaginar a dor dele, mas nada pode justificar tudo ele já me fez e com certeza ainda vai fazer.
--- Tem razão --- Diz em um sorriso triste --- Vamos voltar o hotel?
Aceno em concordância. Ele sai e sigo ele.
Penso em tudo dito aqui e chego a conclusão que tenho que deixar o medo de lado. Não é justo toda a dor causada pelo meu pai e preciso me unir a Renato para de uma vez acabar com toda essa loucura e recomeçar.
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