A discussão
Beatriz
Termino de arrumar minha última mala. Minha irmã só chora, está sendo bem difícil para ela aceitar à minha mudança.
- Não chora, Dani! Eu só vou me mudar para São Paulo, não é tão longe do Rio. Você vai poder me visitar quando quiser- Olho nos olhos dela para mostrar que vai ficar tudo bem.
- Não é a mesma coisa, Betty. E eu te conheço, você começa a trabalhar e esquece de tudo, inclusive de mim- Fala ela chorando.
- Juro que vai ficar tudo bem.
- Promete?
- Prometo!
A Dani é minha irmã mais nova, no auge dos seus 15 anos, é a típica adolescente dramática. E por sermos muito ligadas, acaba que ela fica um pouco dependente de mim e mudar para São Paulo, apesar de não ser grande coisa, é algo que está afetando bastante ela.
Mas apesar de eu odiar vê-la sofrer, é algo que eu preciso fazer. Não posso continuar aqui no Rio, não depois de tudo que aconteceu. Depois de ter sido abandonada no altar e ainda por cima ter perdido meu emprego, mudar para São Paulo é a melhor alternativa para mim nesse momento. E eu sei que as pessoas vão dizer que eu estou fugindo, mas eu só quero recomeçar.
Sou tirado dos meus pensamentos, quando minha mãe aparece me dando um susto.
- Mãe, você aqui! Pensei que você não viria.
- Eu vim tentar colocar um pouco de juízo nessa cabeça oca. Eu não te crie para ser o tipo de mulher que foge quando tem um problema, Beatriz- Minha mãe me olha com típico olhar dela que é capaz de colocar medo até em um marmanjo.
- Eu não vou mudar de ideia, mãe. Não importa o que você fale, nem o que você faça.
- Você me envergonha! Desistir de tudo por causa de um homem. Destruir sua carreira por causa de uma traição. Você não pode ser tão burra assim.
- Eu não tenho mais nada o que fazer aqui. Não é por causa do cachorro do Carlos e a vaca da Nicole. Eu pedir meu emprego e não tenho mais nada para fazer aqui.
- A sua vida está aqui, Beatriz. Os seus amigos, a sua família, a sua carreira que você demorou tanto para construí-la. Como pode ter coragem de jogar tudo isso fora?
- Que amigos, os mesmo que estão falando de mim pelas costa, aquele que estão zombando de mim, aqueles que me traem? Porque eles não são meus amigos, são abutres. E minha carreira está jogada na lama. Nos últimos tempos passei da melhor advogada do Rio de Janeiro, para à noiva abandonada- Respiro fundo - Eu preciso recomeçar e não pode ser aqui.
- O seu problema é viver em mundo encantado, ninguém tem amigos de verdade, são só pessoas prontas para atacarem. Mas nem tudo está perdido, vai atrás do Artur, se desculpa pelo jeito que tratou ele e pedi seu emprego de volta. Ele te adora, ela vai te perdoar.
- Não posso acreditar que estou ouvindo isso. Você sabe que eu sinto nojo desse homem, eu jamais vou me humilhar para ele. Mãe, ele é louco e está obcecado por mim. O Artur acha que é meu dono. Eu quero distância dele- Falo indignada com ela. Eu prefiro morrer, do que pedir perdão a ele pelas verdades que eu disse.
- Chega, Beatriz! Esse homem é apaixonado por você e ao invés de dar uma chance para ele, você ficar com suas frescuras. Já imaginou que você pode ser dona de uma enorme fortuna. Minha filha ele vai te tratar como uma rainha, vai dá a você e sua família uma vida maravilhosa.
- Eu não o amo!
- O amor não importa. É só uma bobagem de adolescente. Você tem que pensar no que é conveniente para você. Você quis se casar por amor e foi humilhada na frente de uma igreja toda. Eu não intervir antes, mesmo sendo contra, mas não vou permitir que você cometa outra burrice- Fala ela apontando o dedo na minha cara.
- Amar não é burrice. Eu sinto nojo só de ficar perto dele. Ele é preconceituoso, trata as pessoas igual lixo, me trata como se eu fosse uma propriedade. Mãe, o olhar dele é nojento. Nada nessa vida me fará casar com ele.
- BURRA. Mas não posso obrigá-la a casar com ele, mas você não vai se mudar.
- Eu não sou a Patrícia que você controla. Você perdeu seu poder sobre mim a muito tempo.
- Você tem razão. A Patricia só me dá orgulho. Ela se casou com um homem rico britânico, mora na Inglaterra, me deu uma neta linda. Enquanto você é uma mulherzinha que mal consegue segurar um homem.
- Sinto muito se eu só significo isso para você. Mas eu não vou me torna a Patricia para te agradar.
- Eu estou cansada de discutir. A escolha é sua, mas não vou deixar que você influencie a Daniela. Quero você longe dela.
- Isso não, mãe!
- Calada, Daniela!
- Você não vai conseguir me afastar da minha irmã- Aviso ela.
- Está avisada! E esqueça que tem mãe.
- Se deseja assim, que seja.
- Que decepção, Beatriz!- Fala minha mãe me olhando triste - Vamos embora, Daniela.
- Agora não, mãe.
- Eu não vou repetir, Daniela!
- Está tudo bem, meu amor- Falo acalmando minha irmã - Eu te amo!
- Eu também te amo, Betty- Minha irmã chora e me abraça.
Elas vão embora e finalmente eu me permito chorar. Conviver com o ódio da minha mãe é o preço que eu preciso pagar. Meu táxis chega e eu vou embora.
Partiu São Paulo!
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