(Prólogo não editado)

Em um dia monótono como qualquer outro, um simples camponês circulava tranquilo pelos arredores da capital, nada estava diferente do comum, talvez por esse motivo todos tenham se assustado ao ouvir o soar de uma trombeta anunciando um decreto real. O camponês estranhou a multidão repentina que se aglomerou, mas segundos depois notou o motivo daquela comoção, espantando-se com o que viu, o pobre homem não conseguiu evitar a surpresa nítida em suas expressões faciais. Ele já ouvira histórias, mas nunca havia visto um antes, um ser que facilmente seria confundido com um homem, mas suas características eram dignas de um Deus, sendo ele alto e belo, com grandes asas brancas saindo de suas costas, ostentando uma envergadura extraordinária, trajava uma armadura prateada, cuidadosamente lustrada, sem sequer um arranhão, em seu peito esquerdo o brasão da família real ganhava destaque, brilhando dourado. Era impressionante, um nefilim. Frente a frente com uma multidão boquiaberta, apesar de incrível o sinal de perigo era evidente, anjos raramente têm contato direto com humanos e quase nunca aparecem tão abertamente, sendo assim, tal situação incomum só poderia significar duas coisas: uma declaração de guerra ou um milagre. Todos estavam perdidos em suas próprias especulações e murmúrios, mas o anjo os calou com um simples coçar de garganta, surpreendendo a todos a voz do anjo ecoou.

   — Ouçam todos, cidadãos de Arcade. O rei dentre os reis, Apolo I anuncia com profunda tristeza a morte de sua esposa, Magnolia, Sullis arcana, durante no parto de suas duas filhas, cuja uma será sacrificada para honrar os Deuses, já a outra criança fora batizada Sigel, princesa do reino dos céus. Tanto os humanos como os celestiais estão de luto com tal fato, poisa morte de nossas duas rainhas é uma terrível e memorável tragédia, pedimos a colaboração de todos, pois mesmo com esse terrível acontecimento devemos seguir fortes, por isso os impostos serão recolhidos amanhã sem falta. — A vasta multidão estava em choque tanto com a tragédia como com a frieza imaculada na voz do anjo. Não demorou até o falatório voltar, alguns lamentavam a morte da rainha Magnólia, outros praguejavam sobre a frieza do anjo em anunciar uma coleta de impostos após declarar luto. Mas de longe esse seria o acontecimento mais chocante daquela manhã. De Repente, surpreendendo a todos, inclusive o anjo, uma mulher misteriosa surgiu, trajando uma capa vermelha que cobria cada centímetro de pele em seu corpo, trazendo consigo uma brisa quente, ela não hesitou em tomar o lugar onde o anjo estava antes, chamando a atenção de todos ela começou.

   — Não o ouçam! Ele mente, eu profetizo a volta da princesa da noite, ela voltará e assumirá seu trono entre o céu e a terra, em época de trevas ela será a luz! Uma Deusa entre os homens, abençoada pela noite e pela verdade. — A mulher de rosto coberto pela capa faz uma pausa, apontando para o anjo que a olhava nitidamente irritado. — Você cairá! Assim como seu exército e seu reino. Ela está viva, e vai destruir todos os pecadores alados. — O anjo rendeu-se a ira empurrando-a com força ao chão, mas novamente, a profetisa vermelha surpreendeu a todos. A mulher sequer chegou ao chão, transformou-se em poeira e foi levada pela mesma brisa quente vinda do Oeste que a cercava. O anjo possuía um olhar incrédulo, tal como a multidão perplexa. O silencio pairava sobre toda a multidão que ainda tentava assimilar o que havia acontecido. Exceto pelo corajoso homem que gritou com toda a revolta amargurada em seu peito.

   — Vida longa à Deusa entre os homens! — Inspirando e motivando o restante da multidão ainda enfeitiçada pelas palavras da profetisa, todos gritaram em uma só voz. — Vida longa à Deusa entre os homens! - O anjo desdenhou da esperança momentânea daqueles camponeses iludidos, sendo assim, apenas arqueou as asas e levantou voo deixando a multidão comemorar sozinha contra a tirania real.