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Capítulo 16

   Vlachs

 A reunião terminou, mas o oco dentro de Elizabeth parecia engoli-la aos poucos, tal qual o chão sob seus pés que parecia prestes a abrir-se e engoli-la. Um plano equivocado e cheio de furos guardava a única chance de salvar sua família, um amontoado de acasos e suposições segurados pela corda unificadora do destino. Seu coração era o único barulho na sala, ele e seus lábios entreabertos que mal pronunciavam os segundos que ela contara desde a saída de Vlad, trezentos e trinta foi o último que contou antes de perceber que seus joelhos poderiam ceder a qualquer momento, trezentos e oitenta e eles cederam, quatrocentos e vinte e três foi quando o piso frio sob seus joelhos a lembraram de seu passado. De repente ela estava 11 anos mais jovem, sozinha, em um campo de batalha segurando o próprio intestino e forcando-se a dar um passo após o outro, seiscentos e treze quando ela percebeu que contar não mudaria nada. A porta da sala de reuniões ruiu tirando-a de seu transe de estresse e pensamentos cruzados.

— Meus brincos caíram. — Foi a resposta automática.

— Claro que caíram, Liz. — Vlad não deu mais que dois passos em sua direção, parecia lutar para permanecer em pé tanto quanto ela. Ambos eram péssimos mentirosos tanto quanto eram péssimos diplomatas, palavras não funcionavam entre eles que enxergavam a alma um do outro com uma simples troca de olhar, mas Elizabeth não queria ser vista agora e de alguma forma Vlad sabia disso.

— Deveríamos ir. Você tem intimações a fazer, tropas para reunir, correspondência para entregar. — Continuou enquanto se apoiava à mesa para levantar-se. — E Haven provavelmente não vai gostar da minha visita desavisada.

— Sim, mas acho que precisamos ter esta conversa antes. — Um suspiro cansado deixou os pulmões do rei vampiro, como se aquela fosse a última coisa que gostaria de fazer no momento.

— Qual conversa? — Elizabeth nunca foi uma mulher religiosa, mas fez uma prece para que seu pressentimento sobre isso ser sobre seu filho fosse completamente equivocado.

— Lowliet. Deveríamos pedir abrigo para ele no Tártaro, Haven jamais nos negaria isso e seria temporário, uma garantia caso não consigamos lidar...— As palavras se perdiam em sua boca, assim como sua voz que no fim da frase não passava de um sussurro.

— Não, nós já conversamos sobre isso. Você sabe muito bem que ele não sobreviveria ao Tártaro sem uma iniciação e sabe melhor ainda que eu não concordo com o risco. — O pânico da incerteza em seu peito de mil duzentos e quarenta e três segundos atrás retornou, mas dessa vez sem o conforto frio do chão e do silencio esmagador.

— Quero que reconsidere. Céus, Liz. Isso é difícil demais de dizer, mas não temos quase nenhuma chance de sucesso, o plano é frágil e falho e todo o concelho só o aceitou porque preferem morrer tentando, mesmo que por uma esperança fantasiosa. Todo mundo se apegou à primeira saída senão a morte eminente, mas no fundo todos eles sabem; nós sabemos. — Mais quatro passos até ela que olha para qualquer lugar, menos para ele.

— Pode funcionar, é menos arriscado. — Ela sente aquela mentira em seus ossos, Vlad também sente, por isso ignora seu comentário.

— Ele não terá chance nenhuma em um campo de batalha com nefilins, se o iniciarmos pelo menos estaremos ao lado dele, ele não sentirá medo e... — Vlad não faz questão de olhar para ela também, está focado em seus pés e não tem um pingo de confiança em seu discurso.

— Não ouse terminar essa frase. — Elizabeth o interrompe, soando como suplica o que comumente seria uma ameaça. — Se ele receber seu sangue e não for compatível ele irá morrer, Vlad, vai morrer porque decidimos unir nossos sangues incompatíveis, porque fomos rebeldes e matamos mais pessoas que consigo contar para criar um mundo no qual uma criança como ele e Victorya podem nascer, juro a você que não tenho arrependimento algum sobre isso. — Seu silencio veio como uma faca cravada por si mesma, impedindo-a de continuar, de dizer que se ele morresse seria porque o sangue dela era diluído demais, se seu filho morresse seria porque o seu sangue não foi o suficiente para mantê-lo vivo, poque ela não pode dar a ele o suficiente pra que fosse completo. — Mas é tal qual pedir para que ele beba veneno e torcer para que ele seja mais forte do que aquilo que tenta destruí-lo. Não há segunda chance, não há remédio, magia, milagre, destino, nada.

— Eu juro que entendo, jamais te pediria para considerar iniciá-lo antes do combinado, porém não quer vê-lo morrer sem saber que fizemos tudo o possível para que sobrevivesse. — O coração de Vlad se partia ao enxergar a súplica silenciosa na voz de sua rainha, mas ele confiava nos malabarismos do destino e não aceitaria perder seu herdeiro pelas mãos de nefilins. — E se for para perdê-lo, quero me despedir.

— Não vou colocá-lo em risco, Vlad. — Agarrar-se a tudo que construiu é não aceitar a possibilidade de perder, Elizabeth jamais aceitaria.

— Ele já está em risco. — De todas as verdades cruéis que ouviu de seu marido aquela foi a única que a quebrou, não por não poder negá-la a si mesma, mas por ser inevitável. A rainha o observou, hesitante.

— Se o perdemos nada disso terá validade alguma. Além de ser um golpe covarde salvar unicamente nosso filho enquanto os outros perecem, ou acha que Haven abriria o Tártaro para todos com condições de sobreviverem a ele? O que faríamos com aqueles sem condições de sobreviver àquele lugar? Em qualquer quesito acabaremos abandonando alguém e isso vai contra tudo o que acreditamos. — Vlad sente seu olhar sobre ele e o retribui.

— Minha prioridade e tirar você e o nosso menino deste fogo cruzado eminente, mas jamais abandonarei meus súditos. Vamos conversar com Al o mais rápido possível para prepará-lo, ele é esperto e vai entender. — O âmbar dos olhos da rainha perdera o calor dourado, marejados e ainda assim tão repletos de carinho quando direcionados a ele.

— Como posso prepará-lo se nem eu estou? — Um soluço escapou de seus lábios pálidos e ele os calou por tanto tempo que Elizabeth sequer se deu o trabalho de contar. — Não é justo me pedir para me despedir dele.

— Não, não é. — Vlad foi criado para ser afiado e flexível como uma lâmina, mas Elizabeth o cegou e entortou até que estivesse tão quebrado quanto ela naquele momento. O pior é que ele tinha plena certeza que ela o assistiu se partir. O fim do final feliz que conquistaram, a única coisa que não podiam tirar deles escorrendo pelos dedos. Ambos conheciam a sensação de ter o tapete puxado sob seus pés, mas cair sozinho não era mais uma opção e isso não trazia qualquer conforto. — Porém eu preciso.

— Eu te daria qualquer coisa que me pedisse. — Disse com toda a verdade de seu ser, com a certeza de que ele enxergaria. E ele enxergou. — Me peça qualquer coisa, querido. — A súplica não era mais um subtexto para nenhum dos dois, o desespero escancarado também não. — Mas não peça a minha benção sobre isso, não posso te oferecer isso, não consigo.

E lá permaneceram eles, com o início e o fim entre seus dedos naquela sala de reuniões, protegidos enquanto lá estivessem ou até quando o mundo pudesse entrar para destrui-los, mas contra todas as probabilidades não tinham pressa alguma. Vlad mapeou todas as versões de Liz que um dia conheceu, mas hoje foi o dia em que revisitou todas elas em uma única feição, e talvez nunca a tenha amado tanto quanto agora que a possibilidade de a perder a qualquer momento paira sobre o cômodo. Ele não disse, nem precisou, Elizabeth sabia.

— Fugir não é uma opção, se esconder também não será. — Em seu amago, o rei de desculpou por não ter mais nada a oferecer como conforto. — O que nos resta, mais uma vez, é lutar contra mais um dragão.

Uma parte dela queria agradecer, mas ela não precisava, nos olhos dele, a rainha encontrou a gratidão que nenhuma palavra poderia expressar.

Aparentemente, não era uma opção viável abrir um portal para o Tártaro, então apenas uma parte da consciência de Elizabeth visitaria a rainha dos demônios infernais, em forma de projeção astral. Seu sacerdote preparou todo o ritual e tudo que ela precisava fazer era relaxar e dormir, algo que nessa situação se provou muito mais complicado do que parecia. Durante o processe ela sentia seu corpo dormente, até desconhecer o controle de seu ser e cada ato parecer tão automático quanto seus batimentos.

Quando menos esperava, abriu os olhos, e lá estava a sala de trono de Haven. Estalactites decoravam todo o teto como um lustre mortal, a luz tão escassa que sequer era possível ver além do trono no centro da sala. Nele, Haven parecia esperá-la mesmo que sem aviso prévio, a rainha não usava qualquer tipo de joia ou adereço, e suas vestes estavam longe do luxo esperado de alguém em sua posição, a rainha Bartels não precisava disso. Antes de ser a governante do Tártaro foi a maior guerreira de sua geração, o ser mais velho de Arcade, a última da sucessão e a única de seus irmãos a sobreviver a Júpiter. A rainha era uma lenda viva, pronta para assombrar o imaginário de qualquer criança arteira no continente.

— Não é do feitio de vocês, Tepes, entrarem sem convite. A que devo a honra? — Havia tanta cortesia quanto acidez em suas palavras, porém seu rosto era completamente imaculado. Haven Bartels exalava poder e nem mesmo os séculos sobre suas costas a tiraram sua beleza. Seus quase dois metros de altura não a tornavam desengonçada, o cabelo castanho avermelhado ostentava mechas grisalhas, como de costume, estava preso em uma única trança raiz do início de sua testa até o fim das pontas. A pele acobreada parecia cada vez mais clara com os anos longe da superfície, porém era seu rosto que guardava a parte mais marcante da lendária rainha, os olhos castanho-escuros sempre alertas, o nariz anguloso e repleto de sardas, sobrancelhas finas extremamente arqueadas, um rosto quadrado e um queixo forte eram um paralelo quase destoante da boca perfeitamente desenhada. E nenhum desses traços se tornaram menos espetaculares com a cicatriz que cortava todo o lado direito de seu rosto. Elizabeth não conseguia distinguir se era uma queimadura ou resultado de muitos golpes de lâmina, mas definitivamente parecia o tipo de característica que a tornava tão imponente.

— Mil perdões, minha rainha. — Ainda sem o controle direto de seu corpo, ela fez uma breve reverência, mas foi surpreendida pela névoa fina que a envolvia, mais fantasma que vampira. — Eu não viria incomodá-la se não fosse uma emergência.

— Uma emergência para quem, Elizabeth? — O tom passivo agressivo ainda estava lá. De repente a rainha Tepes estava grata por não possuir controle de suas expressões faciais também, caso contrário sua reação não seria nem de longe cordial.

— Creio que o interesse do seu povo é seu interesse também. Logo é uma emergência para você, Haven.

— Estou ouvindo, menina, mas não esqueça seu lugar. — O desdém ainda era melhor que a implicância velada, então Elizabeth continuou.

— Apolo destruiu três reinos menores, todos lycans, enquanto tentávamos ampliar nossas dependências para abrigar mais demônios. Todos receberam um ultimato exigindo rendição e submissão em troca de paz. — Antes que pudesse continuar, Haven a corta.

— Uma lastima, espero que os herdeiros de seus determinados tronos estejam a salvo, porém eles tiveram uma escolha e a fizeram. Não estou enxergando a urgência que, supostamente, me aflige. — Haven se reposiciona no trono de rocha ígnea, não parece confortável.

— Chama isso de escolha? — Ela respira fundo. — De qualquer forma, à aflige, minha rainha, porque acabamos de receber o mesmo ultimato e submissão não é uma opção. Estou aqui para pedir sua colaboração com nosso contra-ataque.

— Há quanto tempo receberam a intimação? Quanto tempo até o ataque? — Apesar do questionamento, não havia preocupação em sua voz e o máximo que podia enxergar em seu rosto era uma concentração além de sua presença.

— Hoje, não acredito que teremos mais de uma semana, isso é, comparando com os outros reinos. — Contra sua vontade, uma pontada de esperança se aproximou com a pergunta de Haven.

— É tempo o suficiente para abandonar Vlachs. Minhas portas estão abertas para todos aqueles capazes de sobreviverem aqui. Não lute batalhas que não pode vencer, Rainha Elizabeth, você já teve sorte uma vez e não é bom desafiar o destino. — Haven levantou-se de seu trono de pedra, dirigindo-se à saída, onde quer que ela a levasse. — É tudo que posso fazer por você.

— O que? — Sem consegui conter sua surpresa, o questionamento saiu como um grunhido esganiçado, porém a rainha limpou a garganta e prosseguiu. — Está me dizendo que milhares de seus súditos, vão simplesmente morrer por ou não conseguirem aguentar o ambiente inóspito que é esse lugar ou serem escravizados por Apolo?

— Fala como se fosse eu e não Apolo o executor. O que espera que eu faça, Elizabeth? Não tenho tantos sodados como um dia tive, posso oferecer alguns deles, mas não será o suficiente contra uma legião de nefilins e você sabe disso. É uma batalha perdida, isso se considerarmos que a minha ajuda direta é essencialmente uma declaração de guerra.

— A batalha será uma desculpa. Temos um plano, não é perfeito, mas há uma chance. Precisamos da sua benção para envolver a Lótus. — Haven a cortou.

— Lótus Negra? Não me diga asneiras. Como aqueles bandidinhos metidos a revolucionários poderiam ajudar? Está se ouvindo, Elizabeth? — A postura perfeita da rainha havia finalmente se rompido, nada além de sobrancelhas arqueadas e uma voz mais ríspida, mas foi o suficiente para que Elizabeth sentisse a necessidade de recuar. — Espero do fundo dos meus ossos que não esteja realmente cogitando iniciar uma terceira guerra mágica quando fui muito clara quanto contra-atacar qualquer nefilin ou simpatizante de Apolo.

— Me escute, Haven. Também não quero me envolver com aquele... grupo, porém eles podem ser uteis, ou melhor, Sunna D'luna pode ser util. Certamente também recebeu deles um convite de aliança, nós também recebemos. Ninguém em toda Arcade os vê como nada além de uma organização criminosa, eles não têm poder e muito menos credibilidade, tudo que possuem é uma suposta heroína que sequestrou a primogênita de Apolo e foi marcada por Caos. Porém, ela desafiou Apolo e saiu viva, um feito quase impossível. E não me entenda mal, não é um elogio. Mas a partir do momento que uma ninguém consegue trazer para seu lado os dois maiores inimigos da coroa eles não pensarão duas vezes antes de pedirem pela cabeça da mesma "ninguém". — A rainha parou para ouvi-la e assim Elizabeth fez, teceu seu plano falho como uma tapeçaria aos olhos de Haven e rezou para que a mesma o aceitasse. Mas ela não era costureira e há muito tempo não era uma soldada no exército de seu reino, enquanto Haven jamais deixara de exercer essa função até os últimos 10 anos. A rainha demônio aposentara suas espadas.

— Escute com atenção, menina. — Seu tom não parecia ofensivo, mas sim cansado. — Entendo o seu desespero e reconheço o esforço de elaborar um plano absurdo para se convencer de uma salvação que não vem. Mas acredite em mim quando a aviso que o risco não vale a pena. Apolo sente prazer em ver seus inimigos morrerem gritando, o melhor que pode fazer para atingi-lo é morrer em silêncio.

Ela não acreditava nas palavras de Haven, a um dia heroína do Tártaro, temida e respeitada por todo o continente. A voz morreu no peito de Elizabeth e a nevoa em seu corpo oscilava cada vez mais transparente, alertando que seu tempo estava acabando. O desespero retornara ao seu encalço.

— Supondo que seu plano funcionasse, o que viria depois? Guerra? Apolo jamais aceitaria que continuássemos existindo após nos virarmos contra ele, tudo o que ganharíamos com isso seria uma morte mais doloroso e humilhante em uma data mais distante. — Um suspiro deixou os lábios secos da rainha. — Volte para casa, Elizabeth, alerte seu povo, os traga para cá e implore para que os remanescentes se rendam. Você, sua família e sua corte são bem-vindos em minha casa por quanto tempo desejarem, então escolha partir em paz enquanto tem chance, porque se escolher morrer lutando fará isso sem qualquer ajuda minha.

— Você abandonaria sua casa, Haven? Seu povo, corte ou solo que está pisando agora por mera birra e capricho de um rei sem escrúpulos — Questionou a rainha vampira com sinceridade. Seus olhos marejados refletiam sua mente navegante em uma tempestade sem fim com seu navio prestes a naufragar. Haven não respondeu. — Abandonaria?

— Isso não é sobre mim. — Sua atenção queimava o rosto petrificado de Elizabeth que por pouco não deixava suas lágrimas passarem. Silêncio as acometeu pelo que pareciam horas, Elizabeth por estar pensando em cada passo, Haven por não conseguir pensar em uma resposta convincente.

— É por isso que se recusa a lutar? —Disse se referindo ao egoísmo e covardia exalados pela rainha, ou pelo menos o que restara de uma. A tristeza apertava seu coração, mas sua garganta ardia em vermelho ao pronunciar tão calmamente sua pergunta.

— Você sabe bem o porquê de eu parar. — As muralhas de Haven se ergueram tão rápido quanto a raiva crescente em Elizabeth. As rainhas nunca tiveram interesses ou visões em comum além de estratégias políticas e sua relação não era nada além de diplomacia, na maior parte desprezavam uma à outra por suas discordâncias quanto ao futuro de Vlachs, ou melhor, passado. Os infernais foram os últimos a reconhecerem a soberania de Vlad e Elizabeth como os novos governantes e Haven sempre fizera questão de deixar claro o quanto Elizabeth não parecia qualificada para usar uma coroa. Se a rainha vampira quisesse ser de fato ouvida teria que encontrar um ponto em que Haven não poderia se negar a ouvir e ela não apostaria na antipatia da rainha por ela, não quando havia algo maior que o fardo de uma coroa instável que as unia. Haven e Elizabeth eram separadas pela linha tênue entre um herdeiro morto e um herdeiro vivo e unidas pelo desespero de perdê-los.

— Parou porque não é capaz de lutar pelo legado de um filho morto. — A cortesia despereceu de seus rostos enquanto Haven a desafiava a continuar, estava ouvindo. — Mas iria aos confins do mundo para lutar por um vivo, não é?

— Vá embora, Elizabeth, e morra com seus sanguessugas miseráveis. — Em um piscar de olhos a rainha demônio estava frente a frente com Elizabeth, cuspindo as palavras em sua face em uma ira contida prestes a ser libertada.

— Você ameaçou todo o continente quando ele desapareceu. Todos lembram dos terremotos, você já havia armado suas tropas para a guerra, mas não avançou, por quê? — Uma engrenagem girava nos pensamentos dela, havia algo sobre o herdeiro de Haven que nunca fez sentido. Não era só sobre a ausência de notícias, provas e até mesmo um corpo, mas o fato de sua mãe jamais tomar um posicionamento, de ignorar esse fato como se não fosse de seu interesse.

— Desapareça. Agora! — Gritou, ecoando por todo o salão. Não, pensou Elizabeth.

— Haven, você ainda acha que ele está vivo? — A pergunta deveria agir como uma ofensa, mas foi nela que Elizabeth assistiu a raiva da rainha falhar. — Pelos deuses...

— Eu disse para ter cuidado com as suas palavras. — Assim como a tristeza de Elizabeth se tornou raiva, o desespero de Haven agora baixara sua guarda. Iguais e distintas, mas ainda assim iguais.

— Diga que ele está vivo e eu irei embora, farei algo com esse plano depois, mas preciso que me diga que o que a manteve quieta por todos esses anos é a possibilidade de ele estar vivo. — Foi a vez dela de vibrar em alto e bom som, compartilhando um desespero que jamais imaginou que poderia pertencer a ela.

A rainha demônio não cedeu, parecia atônita, não destruída, entretanto se recusava a encarar Elizabeth por um mínimo segundo que fosse.

— Acreditei que ele estava, ao menos chegou aos meus ouvidos de uma fonte confiável. — Sua escolha de palavres era cuidadosamente pensada, evitando qualquer informação além da necessária. — Então, Apolo libertou sua maldição e eu a reconheci. Algo como aquilo exige sangues incompatíveis, o de um nefilim e de um infernal. Não havia qualquer baixa ou desaparecimento entre os meus, com a exação de um.

— Haven eu... — A rainha a corta.

— Não. Meu filho está morto, se não naquela noite em outras anteriores a ela. Eu não recuei por chantagem, rainha Elizabeth, mas porque não havia nada em meu alcance para trazê-lo de volta. Porque um exército sanguinário destruindo cidades e matando inocentes por ego não é costume do meu povo, e mesmo que fosse, ainda não honraria a memória do meu filho. Você pode me julgar e subjugar pela minha decisão o quanto desejar, mas eu não arriscarei a segurança de uma sociedade inteira por um príncipe morto, não importa se é ou não o meu filho.

— Eu não estou pedindo para que declare guerra, estou pedindo para que finja. — A nevoa ao seu redor oscilava cada vez com mais frequência. Não havia mais tempo. — Estou pedindo que não deixe o meu filho morrer como o seu.

— Não. Você me pediu a verdade e eu a entreguei. Agora vá. — As palavras saíram rápidas e não importava o quão destruída e exposta Haven estivesse ela não iria ceder, não pela súplica, não por empatia e não por honra. Elizabeth olhou-a de cima a baixo, deixou que todos os seus títulos e histórias passassem por sua mente, mas tudo que conseguiu foi que nunca precisou da benção de uma péssima mentirosa.

— Receio que seja um adeus. — Disse sarcástica enquanto a nevoa ondulava ainda mais forte, a alertando que seu tempo a qualquer momento chegaria ao fim.

— É um adeus porque sua teimosia é maior que seu bom senso. — Haven não se deixou cair pela provocação, para sua surpresa. Mas antes de partir, de alguma forma Elizabeth atrai a atenção direta da rainha.

— Se meu filho for morrer pelas mãos de Apolo, então eu e Vlad estaremos com ele. — Dessa vez a rainha vampira não se deu o trabalho de esconder a vulnerabilidade em sua voz, Haven enxergou isso.

Haven amaldiçoo o sangue mestiço e a impertinência de Elizabeth desde que sua reputação chegou aos ouvidos dela, mas durante toda aquela discussão, pela primeira vez, a rainha esquecera a condição de secundária usurpadora de Elizabeth. Pela primeira vez, ela a viu como uma mãe. Como uma rainha.

A névoa se dissipava vagarosamente, e como se capaz de ler os pensamentos da rainha demônio, Elizabeth a ofereceu um sorriso educado, mas não simpático. Jamais uma oferta de paz, jamais um agradecimento pela atenção, jamais uma boa perdedora, não Elizabeth. Aquilo foi um aviso, uma ameaça velada à belas ações de quem aceitava seu destino com todas as consequências que ele traria, juntamente à confiança cega de quem já havia feito o impossível uma vez e pretendia repetir a dose. Haven jamais admitiria, mas poderia chamar aquele ato prepotente de coragem e ela preferiria beijar as botas de Apolo a admitir que algo naquela usurpadora a comoveu.

— Então que assim seja. 

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