Entre Lobos - Capítulo 30 - Seu Real Poder
"POSSO SER A SOLUÇÃO DOS SEUS PROBLEMAS. OU O COMEÇO DELES."
Ela elevou os olhos castanhos escuros e focou-os na lua. Brilhante e distante, testemunhando tudo que acontecia ali. De mãos amarradas e amordaçada, ela fez uma prece. Um último pedido de socorro a deusa mística da Lua que era protetora dos Lycans e das bruxas como havia lido dias atrás.
"Lua... Seu nome jamais deveria ser dito sem propósito verdadeiro, nossa guia iluminada. A protetora dos lupinos. Aquela que é a fonte de inúmeras crenças pelos clãs do continente Rivian, aquela pela qual diversos Lucans tem fé. Aquela que rege os instintos e destinos, eu te peço... Dá-me forças... Torna-me forte... Ajude-me a saciar meu ódio e salvar minhas irmãs! Sei que és a Deusa do impossível. Sei que pode nutrir o meu corpo frágil e fraco de humana com a sua força de justiça. Desperte essa estranha força que possuo dentro de mim!"
O rosto delicado estava molhado e sujo, porém seu semblante era duro e rancoroso. O calor que antes ja sentia, aumentava e se espalhava como chamas multicoloridas por toda sua pele, a energia iniciou nos pés descalços, se espalhando por todo o corpo miúdo. Desta vez ela não reprimiu, respirou fundo inflando seus pulmões, sentindo algo inflamar de dentro pra fora. Ela alimentou toda essa energia com a sua fúria humana, toda essa força que nascia em si com seu ódio, com sua sede de vingança e por que não dizer, justiça. Ela gemeu quando se tornou insuportável, e mordeu o pano sujo atado em sua boca com afinco. Os olhos castanhos arderam, e ela os comprimiu o quanto pôde, até que os abriu focados na lua, e pouco a pouco eles se transformam. As íris antes castanha escura tornaram-se azuis como duas esferas de gelo que brilhavam incandescentes na escuridão. A esclera de seus olhos antes humanos se tornou negras como o mais profundo abismo.
As cordas se apertavam em seus pulsos finos quando seus braços se fortaleceram e garras longas e afiadas surgiram de suas unhas sujas e quebradas durante a luta, as costelas estralaram e se comprimiam esticando seu tronco assim como sua coluna vertebral. Os cabelos curtos e escuros foram se alongando e embranquecendo, até alcançarem seus quadris. Os pés delicados mudaram adquirindo uma força jamais vista antes, dando brilhando da mesma cor que os seus olhos. Sua regata se esticou com seu tamanho era a energia que fluía sobre os seus músculos agora. Ela arrebentava as cordas, uma a uma, oculta na sombra, enquanto alheios os demais lupinos permaneciam. Rompeu as ultimas amarras em suas mãos com muita facilidade, e agoniada pela dor que conseguiu sentir que vinha de suas irmãs lupinas, arrancou arfando a mordaça da sua boca, enquanto o delicado rosto feminino aquirirá uma expressão feroz.
O fôlego era curto quando a energia terminou de fluir por seu corpo humana equilibrando os pontos necessários, mas ela sentiu um poder tremendo dentro de si. Se sentiu capaz... imparável e antes de mais nada, faminta. Faminta como uma besta feroz que acabava de sair de seu cativeiro. Faminta pelo ódio que a havia despertado sem ao menos perceber.
Ouvindo um ruído e vendo uma movimentação vinda do lugar de onde a menor das prisioneiras estavam, Rondon resolveu averiguar, ou quem sabe, arrumar alguma maneira de se divertir com aquela adorável humana assustada. Ainda de longe, tentou apurar a visão noturna e ver a humana encolhida debaixo da árvore, mas viu apenas o corpo embolado, parecia meio estranho, mas julgou que ela estava se escondendo junto a folhagens troncos secos.
— Ei! Humana! Não está tentando escapar outra vez né? Olha que dessa vez não vou ser tão bonzinho com você ou melhor talvez desconte a minha frustração e raiva em suas amigas Lupinas...
Vinha comentando satisfeito, mas o sorriso debochado murchou e franziu o cenho quando chegou mais perto, e notou que algo não estava certo ali. Na penumbra, o corpo feminino foi se erguendo, e as duas esferas azuis cintilantes brilharam na direção do lupino.
Seu instinto o parou na mesma hora, e sentiu o corpo travar. A criatura que soltou um som diferente lembrava um pequeno mais paralisante rosnado de lobo, tinha no mínimo um e noventa de altura, e ele podia sentir o cheiro de ódio emanado dela.
— O-oque é você?... — Murmurou o Lycan amedrontado. — Uma Enuciadora de magia ou Peeira.
Num flash o lycan renegado se lembrou de uma antiga cântiga cantada pelos mais velhos, eles a contavam em noite de lua clara como essa e avisa aos jovens Lycans diante de uma enorme fogueira que a protetora dos lobos estava sempre a observá-los por isso, eles deveriam tomar muito cuidado para não atiçar a ira de tal entidade.
E sem perceber a cântiga soou de seus lábios pálidos como um alerta aos mais desafizados.
"Peeira : A Fada dos lobos
Uma verdadeira Peeira corre sozinha diante dos infortúnio e dos perigos do mundo, Sem nenhum lobo para proteger, até que a sua ira seja despertada.
O vento bate de mansinho, quando seus olhos cintilam pelas noites claras de lua nova.
O que ela quer é correr e encontrar a sua verdadeira alcateia.
Peeira é uma fada dos lobos?
Não, ela é mais que isso na verdade!...
A lua é o seu amor nas noites claras de Lua Nova.
Com ela estão protegidos, daquele que fazem o mal contra o seu próprio sangue. Pois todos os clãs são irmãos, filhos da Lua.
A lua é um encanto da noite, e a Peeira é o encanto dos lobos!
A lua com as Eras se encantou com o deleite da peeira, e a Peeira escolheu ser o encanto de todos os lobisomens.
O vento, para o calor abrandar visita seus cabelos prateados.
As matas para os lobos viverem livres e sem correntes.
A lua cheia para a noite clarear, a lua de sangue pra Peeira caçar.
As peeiras para os lobos protegerem... E apenas um para o seu coração amar por toda a eternidade!"
Não houve tempo para outra fala ou resposta depois dessas lembranças todas, pois no minuto seguinte, a dor dilacerante lhe invadiu o abdômen, o impedindo de proferir coisa alguma. Ele emanava Pânico, e a última coisa que viu, foram as íris azuis focadas em seu rosto.
As longas garras de Amora transformada rasgaram a carne do abdômen do lupino profundamente, rasgando os músculos e entranhas. Sem nenhum suspiro e com uma torrente de sangue ele caiu morto a seus pés. Amora olhou para sua mão ensanguentada e em seguida admirou suas pelas unhas afiadas como facas, e não sentiu nada além de prazer em ter matado aquele ser desprezível. Naquele momento, ela não era nada além de uma força sobrenatural descontrolada, afim apenas de vingança.
— O que está acontecendo ali?
Ela ouviu alguém questionar, ergueu os olhos e via com precisão tudo a sua volta, nada parecia estar oculto a seus olhos assustadores agora, desde os animais ocultos nas árvores e moitas a quilometros de distância, até o movimento do respirar dos lupinos que abusavam das suas irmãs.
Ela saiu das sombras e ouviu, notando o olhar de espanto vindo de todos os lados, inclusive das prisioneiras do clã Garras de Sangue.
— Mas que diabos é isso?
O lupino assombrado perguntou largando o corpo desfalecido e nu de Set. Amora rosnou alto dessa vez fazendo diversos pássaros pela floresta levantarem voou fugindo dali, mostrando fileira garras afiadas, estava ansiosa, ansiosa pra matar novamente.
— Matem ela! Matem esse monstro! Seja lá o que ela for, apenas matem! Ordenou o Beta aos seus subordinados ao notar o corpo de Rondon caído ao fundo. Os demais invasores logo se transformaram na forma de lobo, e o primeiro avançou correndo na direção de Amora, ela flexionou as suas pernas reluzentes e esticou as garras, um sorriso sádico cortou os lábios da fada dos lobos, pensamentos sanguinários invadiam sua mente. O lobo saltou rosnando e mostrando a mandíbula pronta para morder, mas Amora foi muito mais rápida indo na direção do lobo, e quando esse estava a seu alcance, ela esticou as garras num golpe rápido e violento, rasgando a barriga do animal, expondo suas costelas, o lamento canino foi seguido do corpo caindo no chão ja imóvel. Ela não conseguiu evitar o próximo ataque, no qual uma ampla mordida foi dada em seu braço direito, o lobo sacodiu violentamente a mandíbula, e rasgou a carne e tendões dela, que rosnou com uma dor dilacerante. Ela sem se render, usou o outro punho e golpeou a cabeça do lobo, a arrancando uma orelha dele no processo. Ele a largou sangrando e os demais lobos a cercaram. Restavam quatro incluindo o Beta, todos transformados em rosnados terríveis e ameaçadores.
O sangue descia e pingava do braço ferido com uma grande abertura, ela segurou o braço e rosnou sem se intimidar atenta ao próximo ataque. Tama tentava se soltar, e sair do torpor da imagem que via ali. Tinha certeza que a criatura diante de seus olhos de loba era Amora, e estava em desvantagem. Aproveitando que ninguém as vigiava, ela rolou no chão até uma das prisioneiras e de costas com ela tentava desamarrar as cordas do pulso da ex de seu irmão Ethan.
— Rápido Tama... — Murmurou Lexa. Elas não conseguiam se transformar ainda, mas podiam lutar.
— Estou tentando! Onde você se meteu afinal?
— Foi capturada por um segundo grupo de invasores quando tentava alertar os outros.
Os lobos rosnavam ferozmente ao redor de então transformada humana, que com seu braço dilacerado sangrava, enchendo as folhas secas pelo chão com o sangue rubro. O Beta retesou o corpo, ampliando as garras e preparado para dar o próximo comando de ataque contra a fera desconhecida, porém se deteve quando notou que algo diferente acontecia. O ferimento grande de Amora, começou a se fechar mais rapidamente do que um ferimento de um Lycan, movendo a carne rasgada, juntando o nervos de maneira rápida, colando as extremidades e estancando o sangramento. Aquilo era magia ancestral usada apenas por feiticeiros. Em questão de segundos não havia mais ferimento ali, ela esticou o braço o sentindo seu movimento perfeitamente bem outra vez, balançou a mão e suas garras grandes e afiadas.
Amora estava pronta outra vez para o combate, ela olhou para o lobo Beta e sorriu mostrando a fileira de dentes brancos. Os antes delicados lábios, agora demonstravam um prazer sádico e terrível.
O Beta sentindo-se provocado, uivou e saltou na direção da estranha figura feminina enfurecido, ela não se abateu e o agarrou no ar pelo pescoço peludo, outros dois lobos atacaram e ela os recepcionou pegando um com a outra mão e batendo com ele mesmo no próximo atacante, os lançando longe, os fazendo bater na rocha deixando escapar um lamento de pura dor e ossos não apenas quebrados, mas moídos pela extrema força do impacto.
1710 Palavras
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