Entre Lobos - Capítulo 29 - Sem Controle
"POSSO SER A SOLUÇÃO DOS SEUS PROBLEMAS. OU O COMEÇO DELES."
Sua atenção foi roubada quando ouviu do meio da mata, o som agudo criado pelo sopro em um chifre ecoar no meio da noite. Os invasores pararam no mesmo instante, deram uivos altos e logo em seguida, largaram seus oponentes caindo por entre as árvores em suas formas de fera. Dean voltou a sua forma humana, e notando a cena a seguir, franzio o cenho. Mesmo ouvindo os gritos de comemoração dos seus irmãos e irmãs lupinas, ele continuava olhando a escuridão. Isso não foi um simples recuar. Não foi uma rendição. Eles estavam esperando esse sinal. O uivo foi de comemoração. O que quer que eles tenham vindo fazer dentro da alcatéia Garras de Sangue,eles conseguiram. Sem esperar mais, o Ômega agilmente saiu a procura de sua companheira seguido de perto por seu irmão Beta e mais cinco guerreiros do clã Filhos de Gaia.
Dias atrás uma comitiva vinda do continente Rivian havia chegado no mundo humano, eles vieram acompanhando o Ômega Dean e o Beta Lucian para oficializar a união de Dean e Tama. Ambos estavam se cortejando a pelo menso dosi anos.
Amora estava cansada. Os pés descalços doíam de ser arrastada pela escuridão enquanto pisava em pedras e galhos secos pelo trieiro estreito e íngreme. Os lupinos invasores mantiveram todas elas de mãos atadas e amordaçadas, já caminhavam a no mínimo duas horas e passos rápidos, até que por fim, chegaram a uma pequena clareira onde pararam novamente. As Fêmeas foram empurradas ao chão enquanto os lupinos começavam uma discussão entre si, mais uma das muitas que tiveram pelo caminho.
— Porra! É melhor ficar na tua! Quando a gente chegar lá o alpha quem vai decidir como vai ser a distribuição delas.
— Vai se fuder! Qualquer uma delas serve... Mas gostei de cabelos encaracolados.
Hehe... A risada dos demais explodiram nos ouvidos delas.
Elas olharam entre si ao notarem o rumo da conversa. Ao que parecia, estavam disputando, e não qualquer coisa, disputavam elas.
Tama engoliu em seco, pois se era o que parecia ser, elas estavam em perigo. Antigamente, quando os clãs ainda lutavam mais ativamente entre si, disputando território e poder, era comum a captura de fêmeas de clãs rivais. Na maioria das vezes, clãs que estavam tendo mais dificuldade para procriar guerreiros fortes, ou menos fêmeas entre eles, então, na tentativa que criar filhotes saudáveis e fortes, invadiam e roubavam fêmeas fortes e férteis, para isso não importava se eram marcadas, prometidas, ou virgens, bastava apenas estar na idade fértil. Na captura, eles as imobilizavam e as forçava a beber o extrato de mandragora para evitar que elas lutassem. Eram forçadas a ter relações com outros lupinos e a darem a luz a crianças saudáveis. Depois, na maioria das vezes, eram mortas pois não sucumbiam aos seus raptores.
Por ordem do clã Presas de Prata onde nasceu o rei Supremo Beckembauer, aquela prática havia sido proibida a pelo menos mais de duzentos anos.
Não era um destino nada agradável, elas sabiam, e agora estavam totalmente incapazes de lutar contra ele.
Amora tremia tanto pelo frio quanto pelo medo. Os olhos castanhos escuros olhavam para todos os lados tentando perceber alguma brecha da parte deles, mas estava escuro dentro da mata e ela não reconhecia aquele ponto.
— Nós precisamos de ajuda... — Amora ouviu o sussurro perto de si e se virou encontrando Tama, que havia conseguido afrouxar e soltar a mordaça. Os cabelos escuros como de sua ma~e Lunnara cobriam parte do rosto. — Ouça humana Amora, não vamos conseguir sair dessa sozinhas. Se eles conseguirem nos levar daqui, será difícil conseguirmos voltar. Você é rápida na floresta na em forma humana, mais do que qualquer uma de nós, se eu criar uma distração, acha que consegue correr? Eu percebi que tem uma áurea especial que camufla o seu cheiro. E com o treinamento de minha mãe sei que é capaz de conseguir ajuda. Apenas siga a lua até chegar ao nosso clã. O resto fica com os nossos guerreiros.
Amora olhou novamente para o grupo de Renegados falando entre si, para suas companheiras amarradas de olhares tão assustados quanto o seu. Olhou novamente para a cunhada e acenou em concordância.
Tama trocou olhares cúmplices com as demais lupinas, que tendo ouvido o plano da princesa Tama, acenaram em apoio ao plano praticamente suicida.
— Assim que vierem atrás de nós, corra. Corra o mais rápido que puder para a alcateia e peça ajuda. Amora, você não pode falhar. Dependemos de você. A integridade do nosso clã depende.
Amora sentiu um grande peso ser adicionado sobre seus ombros , porém, também disse o mesmo para si. Não poderia falhar, essa era sua chance de fazer algo pela alcateia como a sua futura Luna. Acenou convicta, e se preparou para o que viria.
Tama sentiu os músculos doerem pela caminhada forçada, e também pela tensão. Finalmente havia aceitado o fato de ser a escolhida do Ômega Dean , finalmente estava se sentindo completa, estava feliz. Pensou em seu amado, em seus momentos juntos. Seus pais, sua vida até ali fora abençoada. Mas agora, era bem provável que chegaria ao fim. Mas ela não seria submissa, lutaria até o fim e cairia como uma guerreira do clã Garras de Sangue.
Estava com medo, seu corpo tremia, porém ela não tinha tempo para se deixar levar pelo pavor. Lutaria como uma princesa Lupina. Cairia como uma guerreira do clã Garras de Sangue.
Resignada, a híbrida se levantou num pulo e correu para um dos lados da mata, as demais garotas a seguiram. O ato repentino assustou os cinco raptores que atentos em ir atrás da fuga, se distraíram da única que ficou para trás. Foram meros segundos. O suficiente para amora disparar na direção contrária e correr.
Seus pés embrenhavam nas folhas secas, e as mãos amarradas não ajudavam no equilíbrio. A respiração era alta e ofegante, o sangue pulsava rápido em suas veias. Vez ou outra ela olhava para trás tentando ver se estava sendo seguida, os sons noturnos a faziam tensionar, se assustando com facilidade, porém não parava. As árvores pareciam mais altas, em maior quantidade do que deveria, formando obstáculos em seu caminho, enquanto ela orava aos deuses tanto de sua raça como os dos lupinos para estar indo na direção certa. Saltou do alto de uma pedra rumo ao chão, e na escuridão, um buraco esperava, fazendo seu pé torcer de leve, deixou o corpo cair tentando amenizar o ferimento. Gemeu enquanto tentava levantar, e continuou correndo seguindo a direção da Lua Nova. Os cabelos desgrenhados se misturavam a suor e sujeira, as pernas expostas jaziam repletas de arranhões e filetes de sangue. Mas nada disso importava.
Ao longe, finalmente reconheceu o riacho que ficava bem próximo território do clã Garras de Sangue, finalmente, sentiu-se aliviada pois estava indo na direção certa. Mas o caminho ainda era um tanto longo, mesmo assim, não deixou de escapar um sorriso de contentamento. Viu uma pedra lascada ao lado de uma junção de raízes e tratou de friccionar as cordas nos pulsos para se soltar. Depois de alguns instantes usando a força conseguiu finalmente se soltar. Arrancou a mordaça da boca sentindo o queixo e os lábios reclamarem. Esfregou os pulsos vermelhos e machucados, os molhou na água gelada o que a fez gemer de dor imediatamente e tratou de continuar sua descida ao morro. Agora ficaria mais fácil com as mãos livres. Tanto para correr como para se defender caso fosse necessário.
O segundo riacho ficava cada vez mais perto e a esperança crescia em seu peito. Voltaria com ajuda e salvaria suas irmãs lupinas. Foi tão rápido que no chão atordoada, ela tardou perceber o que tinha acontecido. Algo trombou em seu corpo com toda força, a fazendo voar para o lado e se chocar contra o tronco de uma grande árvore. Tudo girava, e ela tentava focar os olhos mas parecia ser uma tarefa impossível. Ouvia o som de passos sobre as folhas e galhos secos, mas não pôde ver nada além de vultos. A sombra alta parou diante de si, e então ela reconheceu a silhueta do lupino de cabelos cacheados que a tirou de casa.
— Sua maldita humana. Você é rápida. Mais um pouco e não alcanço você. Mas vou te ensinar a ficar quietinha. E tentar minar os nossos planos.
A voz arranhada se pronunciou. Em seguida, uma pancada forte lhe foi dada. Um soco no queixo que a fez apagar de vez. Tudo virou escuridão.
Vozes ao fundo eram ouvidas. Alguém rosnando zangada. Vozes femininas em gritos abafados. Vozes masculinas debochadas e carregadas de divertimento. Ela rolou a cabeça sentindo a terra agarrada em suas bochechas. Aos poucos abriu os olhos e viu apenas a lua nova brilhando no céu. A mente ainda estava nublada quando seu braço foi puxado com violência a obrigando a se levantar cambaleando.
— Olha só quem a acordou! A humana que tentou fugir dá gente. — A mesma voz de antes ecoou. Ela focou os olhos mais adiante tentando se situar quando a mão masculina agarrou seu queixo com força a fazendo olhar para cima.
Ela arfou quando conseguiu perceber o que acontecia mais ao fundo. Uma fogueira estava acesa, trepidando quente, iluminando a escuridão na mata. Do outro lado, as jovens Lycans amarradas estavam sendo jogadas no chão. Tama, Eset e Set, juntamente com Azma estavam amarradas a uma árvore, vigiadas por um lupino que mantinha os olhos na cena que desenrolava mais a frente.
Tama viu Amora do outro lado, e em seus olhos Amora pôde ver desespero. Amora sentiu se culpada e fracassada. Ela era a única chance das demais, e falhou ao se deixar ser pega. Se odiou imensamente, como pôde não ouvir nada, não sentir nada antes de ser atingida? Ela era mesmo uma humana inútil. Com olhar, ela pediu perdão a sua cunhada. Perdão por tê-las deixado perecer assim.
Azma chorava em silêncio de mãos atadas às costas e amordaçada. Os cabelos alvos e bem cacheados estavam revoltos e sujos. Os olhos amarelos carregados de um misto de raiva e terror. Eset sentada ao lado dela, tentava não olhar a cena que se dava início, já tendo noção de onde aquilo iria parar.
Os quatro lupinos restantes, decidiram levaram Tama e Amora para o centro da clareira, cada uma rodeada por dois lupinos. Eles as olhavam de cima a baixo, com olhares lascivos.
Cheirando seus cabelos enquanto elas se encolhiam a cada toque. Logo avançaram, apalpando seus corpos sem pudor, e quando elas resistiam ou revidavam, o golpe era certeiro.
— Não as machuquem demais! Elas vão ter muito trabalho na nossa alcateia. — Gritou o lupino de cabelos curtos que vigiava as outras Lycans. De braços cruzados ele permaneceu como se nada demais estivesse acontecendo ali.
Amora despertou do transe quando sentiu a mão áspera do lupino diante de si apertar sua cintura com violência ao ponto de sentir seus ossos estralarem. Os olhos Escuros e assustados dela se voltaram ele que deu um sorriso sádico em resposta.
— Sabe humana... Você é até bem gostosa, mas vai ser complicado acasalar contigo, seu corpo é fraco demais. Talvez por isso, o Alpha Ethan esteja demorando tanto para torna-la sua companheira. E quem sabe o mesmo até já esteja arrependido de tê-la escolhido. Afinal a nossa carona pra alcateia está demorando chegar sabe, então... nós decidimos brincar um pouco enquanto esperamos. — Os dedos dele retiraram uma mecha de cabelo colada no rosto dela com suor e sujeira. Ela tremeu com esse simples gesto, o que o deixou ainda mais satisfeito.
— Já eu acho que o Alpha Ethan até que teve sorte, apesar de você ser fraca, é bem bonita. Deve ser bem gostoso te foder. — Disse o outro Lycan e com a mão dele deslizou pelo corpo dela lhe causando repulsa, ela se debateu mas foi inútil, pois ele alcançou sua intimidade sobre o short de algodão apertando sem pudor entre as pernas dela. — Você deve ser bem apertada. Sabe pra gente humanos só serve de diversão e alimento. Estou curioso para saber se as fêmeas humanas tem algo especial no meio das pernas. Por que só isso explicaria o estranho fascínio do Alpha Garras de Sangue tem por ti... — Ela grunhiu e lágrimas começaram a brotar em seus olhos.
Ele se inclinou massageando as nádegas dela, cheirando seu pescoço. A barba rústica dele arranhava a sua pele. Sentiu a língua dele passar em seu colo enquanto ele repuxava sua regata branca tentando expor mais do corpo dela. Ele parou o que fazia e riu satisfeito quando notou que em nenhum dos ombros dela havia a marca do primeiro acasalar.
Ela não havia sido marcada na carne.
— Porra! — Ele olhou para os rosto aterrorizado dela com um sorriso de diversão. — Então é verdade mesmo que o Alpha Ethan Dimitrescu não te comeu ainda? Puta que pariu! A humana ainda deve ser virgem! — Comentou satisfeito e lambendo os lábios. — Queria ver a cara dele quando souber que quem comeu a predestinada dele foi outro Lycan. — Murmurou agarrando um dos seios dela na mão e o apertando. Amora apertou os olhos chorando e virou o rosto. Era mesmo seu fim. Seria abusada naquele momento.
— Larga ela Rondon. — A voz do lupino que vigiava as outras três foi ouvida chamando a atenção do tal Rondon que rosnou em resposta. — Ela é a fêmea do alpha Dimitrescu, e ainda por cima é virgem, quem deve ser primeiro, será nosso alpha.
— Mas...
— Sem mais... Rondon. — Rosnou em resposta em tom ameaçador. Provavelmente ele era um dos Ômegas dos Renegados, Amora pensou.
Obedecendo mesmo a contragosto, Amora foi deixada de lado, e sentindo as pernas fraquejarem, caiu no chão. Nunca havia se sentido tão impotente e tão suja como se sentia após ser tocada contra sua vontade. Mas para seu desespero, aquilo tudo era somente o começo.
Amarrada e amordaçada, Amora pôde ver ao fundo, diante da trepidante fogueira, suas duas irmãs lupinas serem tocadas como a minutos ela fora. Impotentes, nada elas podiam fazer para evitar, pois seu poder, sua força lupina, havia sido roubado delas. Logo, a cena bizarra e terrível começou a se formar, enquanto em meio a risos, palavras e gestos obcenos, os quatro lupinos rasgavam as vestimentas das guerreiras lobas, arrancando suas roupas com suas garras, ferindo sua pele no processo. Não se importaram com os gemidos de dor, ou súplicas que vieram a seguir quando as prenderam sob o chão pedregoso, nuas, humilhadas e apavoradas. Não tiveram pena do olhar de medo, ou raiva que brotou dos olhos delas quando eles mesmos abaixaram suas calças, e enquanto um segurava, ou outro se prendia no corpo delas, não tardando a invadir o corpo feminino, arrancando gritos desesperados delas, assim como das que assistiam.
Encostado numa árvore, o tal Rondon se divertia olhando a cena, era possível ver a robusta ereção que tinha em sua calça, ele não fazia questão de disfarça-la, vez ou outra dando um forte aperto em seu próprio membro. O Beta da alcateia invasora por sua vez, continuava quieto, e como se nada demais estivesse acontecendo, ele assoviava uma canção conhecida.
A cabeça de Amora girava, os sons dos gritos das suas irmãs, risos dos lupinos assim como do assovio tenebroso do Beta se misturavam numa sinfonia turva e angustiante. Amora queria desviar os olhos, mas não conseguia. Como se estacas prendesses suas pálpebras, ela nem piscava enquanto a tortura continuava. Enquanto eles empurravam os rostos delas no cascalho enquanto as invadiam sem pena por trás. Lágrimas grossas caiam dos olhos escuros, ela não conseguia fazer nada. Nada enquanto elas eram violadas de maneira violenta, sem levar em consideração que no momento as lupinas do clã Garras de sangue eram meras humanas, e a força dos lupinos eram demasiada sobre elas. Amora não podia fazer nada enquanto elas eram quebradas e sangravam ali, diante dos seus olhos. Nunca quis tanto ser salva.
Onde está meu companheiro alpha?
Onde está meu guardião para me salvar e à minhas irmãs?
Alguém! Apenas qualquer um!
Mas ninguém viria. Ela sabia. Estava sozinha. O sabor amargo da impotência subia como bile a sua boca. Então, ela desejou como nunca poder. Ser forte e poderosa, para parar o que parecia imparável. Todo o medo que sentiu até aquele momento pareceu desaparecer, sendo todo tornado em ódio. Um ódio puro, e tão latente que aqueceu seu corpo por inteiro, fazendo esquecer o frio ou quaisquer outro incômodo que sentiu antes em seu corpo machucado e cansado.
2754 Palavras
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