Entre Lobos - Capítulo 24 - Honra & Desonra
"POSSO SER A SOLUÇÃO DOS SEUS PROBLEMAS. OU O COMEÇO DELES."
O coração de Amora disparou dentro do peito e quando a multidão se afastou para deixá-los passar, Ethan aproximou-se lentamente, quase esbarrando nela.
— O que veio fazer aqui? — Ela indagou segurando-o pelo braço.
— Solte-me, humana Amora.
— Por que está aqui? — Ela insistiu.
Seus olhares se encontraram e por alguns instantes ela pensou ter visto mágoa nos olhos dele.
— Não acha um pouco tarde para perguntas? — Ele falou com amargura antes de virar-se e seguir em direção ao terraço.
Os guardas reais protegiam um segundo Lycan que nem havia sido notado pelos demais e que ergueu as mãos pedindo silêncio, e pouco a pouco todos se acalmaram.
Amora queria olhar para o segundo Lycan bem vestido que de repente chamva a atenção de todos, para os pais e para os irmãos, mas seus olhos não se despregavam do rosto de Ethan, que também a fitava com uma expressão indefinida.
— Quero informar-lhes que este leilão está cancelado! — O Lycan comunicou-lhes. — E mais ainda. Quaisquer vendas feitas através do Fundação Lupina ficam adiadas temporariamente por ordem do Soberano Supremo Alpha Sincler Beckembauer, governante e regente do continente Rivian.
— Quem você pensa que é afinal? Você não tem este direito! — Tristan Dimitrescu protestou. — Quem você pensa que é? Repetiu enfurecido.
— Eu sou o Primeiro Ômega Iago, procurador Geral do Soberano ao qual deve obediência. — O Lycan mostrou-lhe um documento que tinha nas mãos. — Quem discordar das minhas palavras terá todo o direito de ler esta ordem do Rei dos reis Lycan, Sincler Beckembauer.
Tristan Dimitrescu tirou o documento das mãos dele e à medida que foi lendo, tornou-se muito pálido.
— O Lycan aí pode nos dizer o que está acontecendo? — Max indagou.
— Bem, humano Max, ainda não posso lhe adiantar nada, apenas que o Fundação Lupina se envolvia em negócios sujos, burlando a lei de nosso regente depois que ficou a cargo de Tristan Dimitrescu e do Ômega Lúcius. — Ele virou-se para Tristan Dimitrescu. — E agora, se me permitem, tenho alguns assuntos a tratar com este Lycan desobediente.
— Ele vai prendê-lo! — Alguém gritou ao vê-lo afastar-se com o Lycan.
— Por que não leva o outro Dimitrescu também? — Outra voz humana sugeriu.
O Lycan vindo por ordem real se voltou com uma expressão severa no olhar.
— Vocês humanos não sabem o que estão dizendo. O mesmo sobrenome não significa o mesmo caráter! Se alguns de vocês forem beneficiados com o impedimento das negociações da Fundação Lupina, saibam que isto foi graças ao herdeiro Ethan Dimitrescu! Deviam agradecê-lo e não acusá-lo. Pois ele que conseguiu as provas necessárias para acabar com os desmandos deles. Realmente vocês humanos são uma raça ingrata. — Finalizou Iago indo em direção ao seu carro.
Amora fechou os olhos, incapaz de olhar para Ethan. Não sabia ainda exatamente o que havia acontecido, mas de uma coisa tinha certeza: enganara-se a respeito do Lycan que amava.
— Voltem para suas casas agora mesmo. Ou vou precisar dar toque de recolher para este condado também. — O Iago continuou falando.
— Amanhã ficaram sabendo de tudo o que desejam saber. Mas antes, aconselho-os a apertarem a mão deste Lycan. — Ele apontou para Ethan. — É o mínimo que ele merece.
Amora sentiu a mão de alguém em seu ombro e voltou-se com os olhos cheios de lágrimas.
— Vamos para dentro, querida!... — Sabine sugeriu ao vê-la perturbada.
— Não, Sabine. Eu não posso, eu preciso falar com ele.
— Não adianta falar com Ethan agora. Ele não vai ouvi-la, está magoado e muito ferido.
— Você sabia, não é mesmo?
— Todos nós sabíamos, meu bem. Há quase três semanas. Ethan pediu a nossa ajuda, pois sozinho não poderia lutar contra os desmandos do próprio tio. Seus pais e seu clã estavam sendo vigiados constantemente, machucaram muito uma de suas sobrinhas por ordem de Lúcius. Até Ethan foi ferido dias atrás, mas ele não é lupino comum. Todos a nossa volta poderiam ser mortos se dessemos um passo em falso.
— Mas por quê, Sabine? Por que não me contou? eu poderia ter os ajudados e...
— Eu não podia. Era preciso manter segredo e não tínhamos certeza se você conseguiria. Especialmente depois do que fez naquele leilão, Amora. Era para ter acabado tudo naquele dia, mas você atrapalhou os planos de Ethan. E se pôs em risco... Se Tristan Dimitrescu suspeitasse da investigação, daria um jeito de escapar da nossa armadilha e principalmente teria destruído as provas necessárias. Ethan estava lá para pegá-las, mas então...
— Investigação? Então, eu o atrapalhei...
— Sim, há meses ele vem sendo observado, vigiado e ameaçado. A mãe de Ethan desconfiava que desde o companheiro assumirá a presidência da Fundação LUpina, Tristan Dimitrescu vem manipulando o dinheiro de forma irregular e usou esse fato para afastar o regente Alleandro por incompetência, forçando Ethan a trabalhar para ele. A lista de transações ilícitas que ele fez é tão longa e complexa que nem mesmo eu a compreendo direito por causa das normas, regras e leis do clã Lycan. Bem, o fato é que Ethan planejou assumir um cargo dentro da Fundação Lupina a fim de verificar se as suspeitas de seus país eram corretas. Talvez Ethan sentisse que devia isto ao seu próprio clã, e assim, quando descobriu as tramoias do tio, encaminhou o caso às autoridades do continente Rivian, que ficaram aguardando uma oportunidade de indiciar Tristan Dimitresu e o Ômega Lúcius. Infelizmente este tipo de flagrante leva muito tempo. Era preciso provas concretas para serem apresentadas diante do rei deles ou nada adiantaria. Ethan arriscou sua vida e o seu clã por nós humanos.
Amora ouviu em silêncio a irmã relatar a trama que ela mesma deveria ter descoberto.
— A peça que faltava... — Murmurou em voz alta.
— Como?
— Desde o início procurei uma razão que justificasse o fato de Ethan trabalhar na Fundação Lupina num cargo tão inferior a posição dele dentro do próprio clã, mas nem por um instante imaginei que ele desejava desmascarar o tio.
E fora por este motivo que o havia achado diferente dos demais Lycans que estavam naquela festa na casa do clã Dimitrescu. Ethan a tinha levado muito próxima da verdade, porém ela não quisera ver.
— Não pode se culpar assim, Pimentinha. Suas conclusões foram compreensivas. — Sabine a confortou.
— E por que Ethan quis comprar os nossos alqueires? Se ele sabia que o tio seria pego, por que tentou nos ajudar?
— O herdeiro Ethan Dimitrescu não tinha certeza de quando Tristan Dimitrescu seria desmascarado. Quis evitar que nossas terras fossem a leilão, o que seria uma briga desagradável.
— Mas, por quê?
— Respeito por papai, talvez. Ou por sua causa. Creio que você mesma terá de perguntar a ele. Ou não notou que aquele Lycan morreria por você irmãzinha. Pelo jeito você nunca pesquisou como a raça lupina ama.
Amora forçou um sorriso amargurado.
— Ethan não parece que quer me ver... — Ela olhou em direção a ele, que caminhava para o carro do Ômega real que comandava o condado agora.
— Espere algum tempo, Amora, então vá procurá-lo.
— Quanto? Um século?
— Uma semana será o suficiente. Tenho certeza que a ira dele deverá passar até lá, Lycans são imprevísiveis.
— Sinto-me como se o chão tivesse saído debaixo dos meus pés!
Sabine tirou um lenço do bolso e entregou-o a Amora que começava a chorar sem parar.
— Lembre-se, querida, você conseguiu o que mais desejava no mundo. As terras de nossa família. Papai ainda deve o dinheiro do empréstimo, mas agora terão tempo suficiente para levantá-lo e pagar a Fundação Lupina enquanto as autoridades do soberano Alpha Beckembauer prosseguem com as investigações. É a sua chance de sair bem-sucedida disto tudo.
Sim, as terras estavam a salvo. E ela ainda podia contar com o amor da família, que naquele instante comemorava o acontecimento com uma alegria que só ela não conseguia partilhar.
Sentia-se feliz pelos pais, mas no íntimo era como se estivesse vazia. Ethan fora embora para sempre; e ela era a culpada!
Possuía as terras que tanto amava mas perdera Ethan Dimitrescu. E, com ele, sua felicidade completa.
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