Entre Lobos - Capítulo 18 - Nossa Desarmonia
"POSSO SER A SOLUÇÃO DOS SEUS PROBLEMAS. OU O COMEÇO DELES."
— Sua tia foi muito rude com você, seu tio... deixe-me ver... um tipo condescendente, quase insultante. Seus pais foram mais agradáveis, apesar de parecerem preocupados assim que o viu chegar acompanhado por uma humana. E tem aquele tal Lycan metido então, nem se fale!
— Lúcios, humana Amora. O nome dele é Lúcios Marters, ele é um dos Ômega do nosso regente, está aqui para supervisionar os nossos trabalhos junto ao seu povo.
— Pois ele me parecia embriagado. — Ela olhou para Ethan alarmada. — Você disse Lúcios Marters? O mesmo que ordenou que fossemos administrados por líderes Lycans?
— Exato. E a história não é bem assim.
— Aquele Lycan devia estar atrás das grades! Ele e sua maneira de governar estão destruindo esta parte do nosso mundo com seus loteamentos e terras baratas. Mas por que razão estava naquela festa?
— Alguns daqueles Lycans eram amigos de meus tios, outras têm negócios com ele. Como lhe expliquei anteriormente, não é só o meu pai que foi enviado para organizar os assentamentos humanos.
— Você não participa das negociações?
— O que acha? A sua opinião é que me importa.
— Bem, o que eu sinto é que há muitas perguntas sem resposta. Por exemplo, o que você está fazendo a frente das negocoações entre nós humanos e a sua raça quando poderia longe desses conflitos todos, já que é um dos Alfas Supremo de sua raça e viver dos quadros que pinta?
Ethan beijou-a de leve.
— Minha fã número um. Que bom ouvir isso, mas por se tratar da minha raça, aí sim um Alfa como eu deve sempre estar a par dos problemas e conflitos. Essa foi as ordens de nosso Soberano.
— Não tenho competência para julgar, todavia percebo em seus trabalhos uma sensibilidade e um talento raros. Você me contou que estudou no continente Lycan e em algumas cidades humanas e eu presumo que tenha sido arte. Por que desistiu, Ethan? Seus pais o desencorajaram?
— Não, eles jamis fariam isso. Meu pai são diferentes na verdade. — Ele respondeu secamente virando os olhos em outra direção.
— Então o que foi?
— O que a faz deduzir que fui desencorajado?
— É a única explicação que encontro para que um Lycan com o seu talento e sensibilidade como você trabalhe naquele lugar.
— Será que não perde a mania de tirar conclusões apressadas, Amora? Aposto que sei quais foram as primeiras palavras que aprendeu a falar: "Eu tenho razão".
— Eu "sei" que tenho razão. — Ela confirmou.
— O quê?
— Foi a minha primeira frase. Eu sei que tenho razão.
— Não duvido. Vocês humanos já estranhos e muito fascinantes ao mesmo tempo. Nosso Soberano sempre afirmou isso. — Ethan caiu na gargalhada, e ao fazê-lo seu corpo todo colocou-se ao de Amora. — Você é incrível, humana Amora. Consegue ser segura e vulnerável ao mesmo tempo.
— Quando você me olha assim, me faz sentir mais vulnerável do que nunca, Ethan.
— Imagine então se soubesse o que estou pensando... — Ele murmurou com voz rouca, percorrendo o contorno do rosto de Amora com os lábios. Ao se aproximar da boca, provocou-a durante alguns segundos, antes de beijá-la.
Amora sentiu as mãos dele deslizarem sob o casaco macio e não protestou quando Ethan o abriu para acariciá-la com mais intimidade. Os lábios gananciosos, agora desciam pelo seu pescoço, saboreando cada centímetro da pele aveludada com tal ímpeto que ela não conteve um gemido de prazer. Arqueou o corpo de encontro a ele, fechando os olhos ao sentir o hálito quente desvendando a curva dos seios.
Ethan abraçou-a mais apertado. Podia sentir todos os contornos do corpo dele junto ao seu, e sabia exatamente o efeito que aquela proximidade provocava nele.
Pouco a pouco Amora percebia a mudança que se operava nela. Nada do que Ethan fazia lhe parecia errado. Era tudo tão natural, tão perfeito... Pela primeira vez tomava conhecimento do poder de uma mulher diante de um macho Lycan dominado pelo desejo. Era maravilhoso, e ao mesmo tempo cruel!
Assustada com aqueles pensamentos, Amora escorregou para o lado deitando-se silenciosa por algum tempo.
— Eu a assustei? — Ethan indagou preocupado. — Peço-lhe desculpas por isso, minha raça pode ser impetuosa quando se trata de acassaalar.
— Não. Eu mesma me assustei. Não queria que parássemos. — Amora o fitou pelo canto dos olhos e percebeu que, apesar da aparência tranquila, Ethan esforçava-se para conter o nervosismo. — Sinto muito, Ethan.
— Não acredito que esteja se desculpando também.
— Não gosto de começar o que não posso terminar.
— Não se preocupe. Eu já conhecia as regras antes mesmo de começarmos. — Ele passou o braço sob o pescoço de Amora fazendo-a pousar a cabeça em seus ombros.
— Não esperava que ficasse tão calmo assim. — Amora comentou, espantada com a reação dele. Há poucos instantes se desculpara e agora zangava-se por Ethan se mostrar conformado.
— Que mais posso fazer? Alguém tem que manter-se calmo e certamente essa criatura não é você. — Ele fez um movimento para afastar-se, mas Amora o impediu.
— Sinto muito, Ethan.
— Já notou quantas vezes você tem que se desculpar, humana Amora?
— Eu sei. Mas é que me sinto frustrada.
— Não me diga. É mesmo? — Ele falou sarcástico.
— Nunca fiquei assim antes. Não sei o que fazer.
— Um mergulho no lago resolveria, mas como isto está fora de questão, sugiro ficarmos aqui e contarmos as estrelas.
Amora chegou mais perto dele, percebendo que Ethan ainda estava magoado.
— Eu tive medo, Ethan. Todas estas emoções são novas para mim e...
— Você ficou assim apenas porque era eu quem a tinha nos braços. Como pode a idealista humana Amora Lushton apaixonar-se pelo vilão Ethan Dimitrescu, o Lycan que está querendo tirar as terras do seu pai? Você está sempre tão ocupada em defender suas próprias ideias que não ouve ninguém. Não consegue entender o lado da minha raça. — A voz dele soou firme e autoritária.
Aquela era uma das facetas de Ethan que Amora ainda não conhecia. No fundo sabia que todas aquelas palavras eram verdadeiras.
— Se este é o conceito que tem de mim, por que se preocupa tanto comigo?
— Apesar de tudo, admiro a forma como vê a vida, humana Amora. — Ethan falou mais calmo e sem emitir nenhum rosnado. — Você luta pelo que acredita e isto é maravilhoso. Não nego que algumas vezes descarrega sua raiva nas criaturas erradas. Todavia é tão vibrante e cheia de energia que faz todos a sua volta parecerem pequeninos.
— Não você, Herdeiro Ethan. Um Lycan que fala a verdade mesmo em prejuízo de seus interesses é raro hoje em dia. E estava certo não só quando afirmou que me apaixonei por você como também que isto me deixa confusa e com medo.
— Amora, por favor...
Ela colocou o dedo nos lábios dele, silenciando-o.
— Não quero mais tocar neste assunto esta noite. Vamos apenas ficar juntos, abraçados.
Ethan beijou-lhe o dedo e puxou-a para junto de si. Os raios prateados da lua iluminavam seus corpos entrelaçados. Durante algum tempo eles se entregaram àqueles momentos de magia, cada um imerso em seus próprios pensamentos.
— Como se sabe quando é verdade, Herdeiro Ethan Dimitrescu? — Ela indagou quando ele sentou-se com intenção de descer e ligar o motor para voltarem à marina.
— Que verdade, humana Amora? — Ele voltou-se intrigado.
— Que se está apaixonada.
— Meus pais, na verdade minha m~e sempre me disse que é quando não há necessidade de se perguntar se a emoção é verdadeira ou não.
— E como você sabe que ela está certa sobre isso?
— Porque nunca precisei me perguntar. Soube desde o início e ela também... Quando minha mãe conheceu o meu pai ambos não tiveram um encontro muito feliz, mas ambos já sabiam que se amavam demais. Tanto que o lado mais selvagem do meu pai aflorou de um jeito jamais visto. Também acredito que isso não seria tão complicado assim se ambos fossem da mesma espécie. — Ele falou muito sério, olhando-a bem dentro dos olhos. — Não existe engano, humana Amora. Estar apaixonado é como flutuar nas nuvens... E despencar delas sem medo algum para mergulhar de cabeça.
— Como assim não são dá mesma espécie? Ela indagou abismada.
— MInha mãe é uma vampira do antigo clã Dimitrescu, filha bastarda de um regente banido. Ela fugiu de seu mundo Eras atrás, Marlóvia se não me engano. E jamis poderá voltar pra lá, acho que nem ela mesmo deseja fazê-lo na verdade.
— Uma vampira? Perguntou assustada.
— Exatamente, humana Amora. Eu carrego o sangue de duas criaturas misticas e poderosas, eu sou a mistura de um Lycan Supremo com uma vampira original. Talvez seja por isso, que tenha tanto medo de me amar. Explicou ele olhando a lua sumindo sobre grossas e pesadas nuvens de chuva.
— Eu... Bem... Eu acho que...
— Venha humana, ora de voltar pra sua realidade!
1489 Palavras
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