Entre Lobos - Capítulo 12 - Diversos Dilemas
"POSSO SER A SOLUÇÃO DOS SEUS PROBLEMAS. OU O COMEÇO DELES."
Ela sorriu e bocejou com preguiça. Era incrível como se sentia bem ao lado de Ethan, Em outras circunstâncias teria dado uma bofetada no rosto de um Lycan tão ousado.
— Por quanto tempo dormi?
— Só até chegarmos aqui, embora admita que escolhi o caminho mais longo. Você estava praticamente desmaiada. Seu pai tem toda a razão, você está muito cansada. — Ele opinou.
Amora sabia que era melhor levantar-se, que ficar ali junto de Ethan, no escuro, de braços entrelaçados, poderia se tornar muito arriscado. Contudo seu corpo se recusava a obedecê-la, estava cansada e não queria mover-se.
— Onde estamos? — Indagou ao notar a escuridão ao redor.
— Em minha propriedade.
— Não vejo nada!
— É que ela fica no lago.
— Você mora no lago LodBrok? — Amora ergueu-se a fim de olhar pela janela do veículo.
— Tenho um barco no lago LodBrok, Luna... — Ele explicou acalmando-a.
Amora mordeu o lábio inferior sentindo um friozinho no estômago.
— Ethan...
— Hum...
— Quero lhe confessar um segredo.
— O quê? — Ele perguntou distraído enquanto brincava com uma mecha de seus cabelos.
Ela hesitou alguns segundos e então falou bem rápido.
— Tenho medo de andar de barco.
— Não acredito.
— É verdade! É meu único ponto fraco, quero dizer, fora o meu gênio ruim, é claro. Eu... eu fico enjoada. Uma vez eu...
— Luna...
— Sim?
— O barco fica amarrado nas docas. Nós não vamos sair, a menos que você queira.
Ela voltou-se para ele num movimento brusco.
— Nem pensar. Se você acha que já me viu zangada ou de mal humor não sabe como fico quando estou num barco.
— Costuma enjoar quando anda de carro ou de trator?
— Não... — Ela respondeu curiosa.
— É quase a mesma coisa. — Ethan ergueu as sobrancelhas. — A menos que tenha medo da água.
Amora prendeu a respiração. Não podia contar a ele que a razão de seus enjôos não podia revelar. Que a destemida Amora Lushton embora nadasse mais ou menos, morria de medo de se afogar desde que caíra no açude da propriedade quando criança por causa de uma das apostas idiotas que fazia com os irmãos.
— Bem... — Ela encheu-se de coragem e então decidiu expor apenas uma parte da verdade. — Não gosto muito de águas profundas. A... acho que isto tem algo a ver com meu problema de enjôo.
— O lugar onde meu barco está ancorado é bastante raso. Se você cair na água é possível que fique em pé. Sabe nadar?
— Oh, como um peixe na verdade. — Ela respondeu prontamente. — Um peixe fora d'água!
— E eu achando que você seria mais como uma sereia... Então vamos fazer uma experiência. Se você se sentir à vontade nós saímos para dar uma volta, está bem?
Ela abriu a boca para protestar mas a voz não saiu. Ethan estava se tornando cada vez mais ousado em seus afagos e ela estava gostando. Precisava sair dali o mais rápido possível, antes que ele não se contentasse mais apenas em alisar-lhe o cabelo e acariciar-lhe o rosto.
— Eu... eu penso que é melhor irmos ao tal barco de uma vez. Com certeza não será mais perigoso para mim do que se ficarmos aqui.
— Luna... — Ethan obrigou-a a encará-lo e seus olhos se encontraram na penumbra do carro. — Um beijo de boa sorte? — Murmurou com voz rouca, e aproximou-se lentamente roçando os lábios dela com delicadeza.
O beijo foi curto e casual mas causou em Amora um efeito devastador. Se Ethan Dimitrescu alguma vez a beijasse de novo, tinha certeza que jamais seria daquela forma, pois nenhum dos dois teria autocontrole suficiente para disfarçar as emoções que explodiam dentro de ambos.
— Venha... — Ethan a chamou e ela assustou-se ao perceber que já se encontrava do lado de fora do carro. — Sabia que você teve uma péssima idéia? — Acrescentou secamente ao estender-lhe a mão.
— Por quê? — Amora perguntou mesmo sabendo a resposta.
— Há certas evidências que são impossíveis de se disfarçar. — Ele falou sem soltar-lhe a mão. — Você e eu, por exemplo. Aquele beijo pedia outros. Muitos outros. Na verdade eu me sinto faminto quando se trata de você humana Amora.
Amora preferiu calar-se, uma vez que só podia concordar. Seguiram em silêncio ao longo das docas.
O lago LodBrok fora construído numa área imensa, e possuía inúmeras praias com vegetação ao redor. Formado pelas águas dos rios Lua Prateada e Encantor, o lago era uma atração recreativa para os milhões de Lupinos que o visitavam anualmente, vindos na sua maior parte dos quatro cantos do Continente Rivian. As terras de Lepiota deviam parte de sua grande valorização à popularidade do lago. Amora olhou para aquela imensidão e espantou-se por não sentir medo. Uma onda de sensualidade a invadia, apesar de saber que caminhava para uma situação de onde certamente sairia magoada.
— Há quanto tempo você mora aqui, Ethan?
— Alguns anos. Possuo uma moradia no Continente Central mas prefiro ficar no barco sempre que posso. Aqui foi dado a meu clã pelo Rei dos reis Lycan, como deve saber quem governa Rivian a mais de trezentos anos são o clã Presa de Prata. Nascemos dentro do clã Garras Vermelhas, mas diferenças de pensamentos e atitudes nos fizeram preferir separar. Na verdade o mei tio é o Alfa do clã Garras Vermelhas agora.
— Interessante, me pareceu que o seu povo também tem muitos problemas de conviveência. E por que razão resolveu morar aqui?
— Paz. Paz e solidão. E sim meu povo tem inúmeros problemas, mas resolvemos rapidamente arrancando o coração de nosso desafeto em uma luta! Disse ele com tranquilidade.
— Não precisa me olhar assim. Ele sorriu devagar. — Meu pai não arrancou o coração do meu tio, não ainda.
— Com todos estes barcos? — Ela indagou apontando para as embarcações dispostas ao longo do cais. Preferiu mudar de assunto, pois Amora jamais conseguiria entender o jeito dos Lycans pensarem. Apesar que os humanos poderiam ser bem piores com os seus desafetos.
— O lago é grande, Luna. Quando sinto necessidade de estar só, saio para longe, onde ninguém me alcance. Como deve saber os Lupinos não são muito bom nadadores. Preferimos ficar em terra firme.
Amora arregalou os olhos.
— Mas não pretende fazer isto hoje, não é? Além disso, você é um Lupino ou se esqueceu disso?
— Verdade... Eu sou um Lycan... Mas também sou bem diferente. E não se preocupe, eu lhe prometi que vamos ficar na doca.
Eles continuaram caminhando até chegarem quase ao fim do ancoradouro feito de enorme troncos de arvores nativas.
— Bem-vinda a meu lar, Luna.
Ela esperava algo pequeno e aconchegante, mas em vez disso percebeu que Ethan apontava para um barco branco enorme. A cabine era cercada por passagens estreitas, protegidas por amuradas, e tanto a proa como a popa eram tão espaçosas que certamente ali caberia uma família inteira de Lupinos!
— Minha nossa, Ethan! Mas é uma verdadeira mansão flutuante! Poderei até fingir que não estou flutuando.
— Então é o que vai fazer. — E antes que Amora protestasse ele a colocou para dentro e com agilidade saltou em seguida.
Amora agarrou-se na embarcação e fechou os olhos esperando que o enjôo começasse.
— Está tudo calmo, Luna. Você não tem com o que se preocupar.
Ela abriu os olhos devagarinho.
— Nenhum furacão à vista? Ou algo bem pior...
— Não. Ele sorriu admirando a lua no alto do céu estrelado.
— Nenhum outro barco fazendo ondas?
— Não! — Ele repetiu com vontade de rir. — Ninguém ousaria navegar sem a minha permissão. Sabe as vezes emprestos os bracos pequenos para que meu povo possa apreciar esse lago também. Mas são poucos que se aventuram, os jovens são bem mais ousados nesse quesito.
— Alguma coisa fez o barco balançar! Disse ela se assustando.
— Fui eu. Ele passou os braços ao redor dos ombros dela. — Encoste-se em mim.
Mas Amora esquivou-se rapidamente, preferindo a segurança da amurada. Duvidava que Ethan fosse o remédio indicado para acalmá-la quando tudo o que ele conseguia era deixá-la ainda mais nervosa.
— Não preciso de apoio. Você estava certo, Ethan. Já começo a me sentir segura.
Ele riu baixinho como se adivinhasse seus pensamentos e enfiou as mãos nos bolsos do sobretudo escuro.
— Se mudar de idéia, estou às suas ordens.
— Não quer me mostrar o resto da sua embarcação? — Ela sugeriu, desejando escapar do olhar malicioso dele.
Entraram na cabine através da cozinha, que era organizada de tal forma que dispunha de todos os utensílios necessários a um bom cozinheiro, o que certamente era o caso dele. O ambiente anexo, dividido do primeiro por uma porta dupla de madeira envernizada, era uma saleta espaçosa com um sofá espaçoso e aconchegante, sua cor escarlate chama bastante a atenção, no canto esquerdo duas poltronas confortáveis de cor preta. Ethan informou-a que a seguir ficava seu quarto, mas ela recusou o convite para conhecê-lo, achando mais prudente ficarem por ali mesmo.
A área de lazer possuía o chão acarpetado de vermelho, os estofados brancos com preto e as paredes forradas de madeira reluzente. Amora notou que haviam várias pinturas iguais às que vira na sala de Ethan na Fundação Lupina.
— Você possui quadros parecidos com estes em seu escritório não? — Ela comentou aproximando-se para admirá-los.
— Estou surpreso que tenha reparado em alguma coisa naquele dia. Estas são apenas replicas.
— Notei isso, pois as originais foram destruídas a muito tempo. O que temos delas agora são só fotografias em alguns museus humanos. — Ela falou sem pensar.
— O que não me pareceu grande coisa. Pois foram o seu povo que destruíram tudo alegado teor maligno. Eram obras feitas pelo meu povo e nunca fomos demônios, apenas fomos criados pela mesma força soberana que criou todo o universo.
Amora fingiu não ter ouvido para não brigarem e continuou observando as gravuras. Observou algumas feitas a carvão...
— Lycosura...? Ele ou ela é famosa? Gosto demais destes trabalhos. Mais do que dos outros.
— Não, ele não é famoso. No momento desenha apenas para si próprio e para alguns amigos.
— Você o conhece? — Ela voltou-se para encará-lo.
— Esses são meus, Luna. Sou Lycosura... — Ethan confessou meio sem jeito.
— Puxa, eu mal posso acreditar. Você desenha bem. Elas são adoráveis, Ethan. Achei que era apenas um colecionador deste artista.
— Estes quadros provavelmente não valem nem o papel que usei. — Ele sorriu com timidez.
— Está brincando. — Amora apontou para um deles onde havia uma menina abraçada a um lobo caramelo. — Aquele ali é de uma riqueza de detalhes muito grande. Será que a mãe dessa criança sabe que a filha foi retratada com tanta arte?
— Esta é minha sobrinha Tara.
— Sobrinha? — Ela perguntou sem olhá-lo.
— Tenho duas irmãs gêmeas e sou tio de quatro lindas Lupinas. Amora engoliu em seco. "Então Ethan não era filho único como imaginara!", pensou.
— Você deve estar pensando que sou uma idiota, não?
— Se estivesse, não a teria trazido aqui. — Ele murmurou atrás dela, enlaçando-a pela cintura.
Amora suspirou, abandonando-se ao abraço daquele corpo forte e aconchegante.
— Será que não há nada a seu respeito que eu não aprecie? — Ela indagou suavemente, acariciando as mãos dele. — Fora o seu trabalho, é claro.
— Que certamente é a nossa maior barreira.
— Não devíamos ter tocado neste assunto. De repente senti-me tão leviana...
Lentamente, Ethan a fez virar-se, mantendo o rosto bem próximo do dela.
— Também me sinto assim. Por alguns segundos seus olhos se encontraram mas Ethan não fez o menor movimento para beijá-la. Ficaram apenas se olhando enquanto a brisa soprava suavemente através das escotilhas, amenizando o calor que emanava de seus corpos. Nenhum deles se preocupava em esconder as emoções que pouco a pouco se tornavam mais evidentes e intensas.
Amora sabia que ao menor gesto seu, ambos perderiam o controle e ela veria sua última gota de bom senso misturar-se ia águas do lago LodBrok. Numa atitude impensada, acariciou o rosto de Ethan.
Ele fechou os olhos ao sentir o contato daqueles dedos sensuais sobre sua pele, sua boca, e Amora recuou assustada ao notar o quanto aqueles lábios a perturbavam.
— Você... você não ia me oferecer um jantar? — Perguntou com a voz tão trêmula quanto as pernas.
— Eu estava a ponto de lhe oferecer um beijo. É bem mais excitante.
— Mas eu teria recusado, Ethan Dimitrescu.
— Eu sei. Compreendo a maneira como foi criada, humana Amora, e calculo o que ainda existe entre nós dois. Nunca vou lhe pedir mais do que me queira dar. Pois temos objetivos, sonhos e desejos completamente diferentes, eu sou um Lycan e você é uma humana.
— Se é verdade... — Falou tentando quebrar aquele instante de intimidade e estranheza. —, Quero que me prepare algo para comer. Estou morta de fome. Não foi você mesmo que afirmou que sabe cozinhar.
Ela esperou enquanto Ethan foi mudar de roupa. Quando voltou, foram para a cozinha.
Juntos decidiram por bifes grelhados de caça, e enquanto Amora preparava uma salada de pepinos e tomates selvagens, ele colocou batatas para assar no forno. E foi instalar a churrasqueira na proa da embarcação.
Quinze minutos depois encontravam-se sentados no convés, apreciando a lua cheia que nascia atrás das montanhas enquanto o aroma delicioso de churrasco de avestruz espalhava-se no ar.
Ethan levantou e saiu, voltou em seguida com uma garrafa de vinho tinto seco e dois copos.
— Reservei este vinho para um momento como esse. Mas nunca imaginei que ele chegaria na verdade. — Ele falou ao servi-los.
Amora pegou a garrafa e examinou atentamente o rótulo.
— Por acaso é um vinho especial que guarda para deixar humanas inocentes perderem o juízo?
— Não... — Ele disse rindo. — Este é de uma safra de excelente qualidade, da propriedade dos Beckembauer, no Continente Rivian.
— Você já esteve em Rivian?
— Há anos atrás. Passei nove meses viajando e estudando os nossos costumes no continente. Planejava ficar mais, porém meu irmão morreu e tive que voltar para assumir seu lugar na Fundação Lupina. Eu foi praticamente criado no continente e seu um bom guerreiro.
— Oh, sinto muito. Como chamava o seu irmão? Perguntou com curiosidade.
— Ethan Salvatore Dimitrescu. É, a vida é assim mesmo. — Ele disse conformado.
— Vocês dois teem o mesmo nome?
— Os anciões decidiram assim e meus pais concordaram. Eu seria a sombra de meu irmão, o protegeria acima de tudo. Ele seria o líder Darkness...
Amora o olhou sem muito entender as suas tradições e ficou em silêncio, mas Ethan não lhe disse mais nada.
— Nunca pensou em se tornar um pintor profissional, Ethan?
— Algumas vezes... Mas... — Ele respondeu vagamente, e ela percebeu que o assunto não o agradava.
— Invejo você pela viagem que fez à Rivian. Confesso que sempre tive desejo de viajar pelo mundo, o continente Lupino dizem que tem uma belez única, e bem selvagem.
— Como produtora teria tempo disponível?
— Muito em breve poderei estar tão desocupada que não saberei o que fazer com os meus dias. É possível que fique desempregada para sempre. — Amora assustou-se com a amargura da própria voz e só então deu-se conta que Ethan era um dos diretores da Fundação Lupina que agora governava muitos territórios humanos. Colocou o copo no chão e encolheu as pernas, abraçando os joelhos junto ao corpo. — Desculpe-me. Parece que sempre voltamos ao mesmo assunto, não?
Ethan não respondeu. Apenas afastou-se, voltando pouco depois com uma bandeja de pratos e talheres. Amora o observava pelo canto dos olhos.
"Seria tão bom se pudesse adiantar ou atrasar o relógio! Se pudesse mudar o tempo para algum lugar onde a hipoteca das terras humanas não constituísse uma ameaça entre eles... Como gostaria de esquecer apenas por alguns instantes suas obrigações para com o bem-estar de sua família. Mas nada disso era possível. Nem a lua cheia, o vinho Riviano ou o charme irresistível de Ethan Dimitrescu, nada dava a realidade do que estava para acontecer", concluiu resignada.
Comeram em silêncio e quando terminaram Ethan foi o primeiro a falar.
— Tudo isto foi um erro, humana Amora. — Ele bebeu o copo de vinho de uma vez e ficou em pé, dirigindo-se à amurada. — Eu devia ter ficado sozinho em meu lugar como sempre.
— E por que não ficou? — Amora indagou levantando-se também. — Não pedi para você me procurar.
— Não, é claro que não. Aliás, cada vez que estivemos juntos você sempre fez questão de deixar bem claro que entre nós existe uma barreira intransponível. Portanto, não há o menor sentido em continuarmos nos vendo.
— Você está certo realmente. — Ela confirmou. Sabia que Ethan dissera a verdade mas foi como se o mundo desabasse aos seus pés.
— Vou levá-la para casa imediatamente. — Disse secamente e afastou-se.
Amora tentou segui-lo, mas suas pernas se recusavam a obedecê-la. Sentia-se dividida entre o bom senso e uma ansiedade terrível.
— Ethan...
— O que é, humana Amora? — Ele parou mas não olhou para trás.
— Não quero construir barreiras entre nós, mas não consigo evitar. Eu... eu gostaria de esquecer toda esta história da dívida e aproveitar estes momentos, porém é quase... quase impossível. — Ela fez uma pausa e acrescentou num fio de voz: — Ainda assim eu quero...
— O que você quer? — Ele virou-se para encará-la.
— Quero tentar... — Amora estendeu a mão.
— É loucura, Luna. — Ele tomou-a pela mão e puxou-a para perto de si.
— Eu sei. Se parasse para pensar seriamente já estaria longe daqui.
— Mas é muito orgulhosa e não pode confiar em mim, não é? Apesar de gostarmos um do outro é possível que eu venha a magoá-la e à sua família. Pois a qualquer momento serei obrigado a efetuar as leis do meu povo sobre a sua raça. — Ele falou amargurado. — Não é assim que você pensa?
— Não, Ethan... — Amora murmurou com os olhos cheios de lágrimas e então, sem vacilar, ficou na ponta dos pés e roçou os lábios dele com os seus, num beijo apaixonado e intenso.
2988 Palavras
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