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Capítulo 04. Primeiro beijo (de medo)

— Atrapalhei algo? — indagou Taís com um sorrisinho malicioso.

— Não! — respondeu Maria Joana de prontidão. — Você... veio na hora certa!

Taís e Alan encararam-na com uma evidente confusão em seus semblantes. A colega de Joana, aliás, fitava ora a outra moça, ora o charmoso rapaz que ainda permanecia sentado no sofá da sala. Ao se virar para ele, não resistiu:

— E você, quem é?

Alan iria abrir a boca, porém Joana tomou, mais uma vez, a palavra de forma rápida:

— Esse aqui é o Alan. É da minha turma da faculdade.

— Oh! Que bacana! — disse Taís.

E a expressão maliciosa tornou a estampar o seu rosto. Como já conhecia um pouco o jeito de ser da outra moça, coube à Maria Joana cortar qualquer mal pela raiz:

— Ele já está de saída.

— Estou? — ele perguntou, ainda confuso.

— Sim, está! — rebateu ela.

Em seguida, fez o que jamais havia imaginado: tomou o braço do rapaz, puxou-o e, assim, ergueu o corpo dele de onde estava sentado. Alan mal tinha se levantado quando Joana praticamente o empurrou em direção à saída do sobrado. Não sabia o que estava acontecendo consigo mesma: um rasante de adrenalina simplesmente circulava por toda a extensão de seu corpo. Óbvio que houve as desculpas de um lado e as palavras quase não ditas de outro:

— Joana, mas...

— A gente se vê na Universidade.

— Mas não vai ter aula durante esses dias...

— Ótimo! Quer dizer... Se cuida!

Finalmente, estavam no portão, mais precisamente, ele do lado de fora e ela do lado de dentro. A despedida acabou em algum grau sendo cômica:

— Não morra de saudades... — Joana esboçou um sorriso amarelo.

E fechou o portão bem na hora que Alan iria tentar dizer mais alguma coisa e avançar, o que fez a estrutura feita de ferro quase trombar no nariz dele. Alheia a isso, a moça somente deu as costas e, conforme retornava para dentro da residência, balbuciou:

— ... porque eu não vou morrer...

Estando novamente em sua casa, deparou-se com uma atônita Taís, que logo questionou:

— O que foi isso que aconteceu na minha frente?

Maria Joana não conseguiu mais manter aquela pose e só faltou desabar. Incrível como o ar sofrido, os ombros caídos e o suspiro dado tomaram, em pouquíssimos instantes, o lugar daquela postura forte e que acabara de literalmente botar para correr alguém mais robusto.

Percebendo isso, Taís foi logo no auxílio da outra. De início, pegou-a pela mão, constatando:

— Céus! Você está tremendo!

Depois, fez a colega se sentar de novo no sofá. Ao verificar a respiração descompassada da outra, orientou:

— Inspire profundamente pelo nariz e expire pela boca.

Aquilo foi acatado por Joana e, em partes, a acalmou. Contudo, ela só relaxou de vez quando bebericou um copo de água com açúcar fornecido por aquela com quem dividia o sobrado.

Com a colega menos tensa, Taís perguntou:

— O que foi que aconteceu?

A dança executada pelos olhos escuros de Joana deu a impressão de que ela explodiria de nervosismo pela segunda vez. No entanto, ela apenas se levantou, estendeu a mão e decretou:

— Vem comigo.

Taís obedeceu e as duas começaram a perambular pela casa. O destino foi o quarto de Maria Joana. Dentro daquele ambiente, houve outro questionamento:

— E então?

— Preciso te mostrar uma coisa — Joana proferiu em um tom baixo, o qual não era do seu feitio.

Entregou o livro que estava lendo antes da chegada daquela visita inesperada. Taís não se pôs a lê-lo na íntegra – no máximo, bateu o olho na sinopse da contracapa – e ficou folheando-o sem compromisso. Ao mesmo tempo, Joana começou a sua explicação.

Relatou a respeito do trabalho de Literatura e da coincidência em ter caído com a mesma obra que Alan, o qual afirmara ter Noite na taverna como sua obra favorita. Também teve que contar sobre o fato de ter conhecido o rapaz no início daquele semestre e, sentindo-se um tanto acuada, confessou que nutria uma paixonite por ele. Esta última informação arrancou uma reação emocionada da parte da outra jovem:

— Bandida! Por que não me contou isso? E por que expulsou ele daquele jeito? É assim que você demonstra que gosta de um cara?

— Engraçadinha... — Joana inclinou o rosto para o lado e deu um muxoxo. Com um suspiro, prosseguiu: — Falei tudo isso porque aí é que vem a parte, digamos, dramática, para não dizer... criminosa...

A atenção de Taís fora captada assim que ouviu a última palavra. A ausência de sarcasmo na voz e nas palavras hesitantes de Maria Joana fez ela concluir que, definitivamente, o assunto era sério.

— Pode me chamar de louca, mas estou achando que as mortes que aconteceram aqui na cidade tenham alguma ligação com Noite na taverna.

Aí, ela enfatizou as epígrafes presentes no livro e que foram encontradas junto aos corpos, além da semelhança nas histórias da obra com os contextos das mortes.

— OK — ponderou Taís, ainda desconfiada —, mas... o que isso tudo tem a ver com o gatinho que estava aqui agora há pouco? Alan o nome dele, não?

Joana assentiu e deu sua resposta:

— Ele gosta desse livro, já disse...

— O que está insinuando? — a outra moça a interrompeu. — Que ele tenha cometido esses assassinatos? Não faz sentido! Imagina se me acusam de alguma coisa só por eu ser fã de, sei lá, Agatha Christie?

— Não é só sobre o gosto. Acho que as circunstâncias apontam contra ele. — Parou e, meio constrangida, disse: — Um pouco antes de você ter chegado, a gente estava quase... se beijando lá na sala...

— Minha nossa! Não era ele o grande assassino de Pedras Azuis? — ironizou Taís.

— Posso continuar, por favor? — rebateu Joana com impaciência.

Taís gesticulou com um pouco de desdém.

— Muito obrigada! — Maria Joana devolveu a ironia, inserindo alguns tons de agressividade na fala. — Como estava dizendo, eu estava prestes a beijá-lo quando... percebi uma marca atrás da orelha dele...

— E? — Mesmo com a patada recebida, a outra se manteve ligada.

— Era sangue!

— Ele pode ter se machucado.

— Não! Não se machucou! O sangue respingou na pele dele. Apesar da localização da mancha, o fato de ele ser branquelo demais o acusou... — Houve mais um suspiro. — O Ivan foi encontrado hoje cedo todo destruído e com um dos braços faltando. Concorda que, seja lá quem tenha feito isso, foi um baita trabalho sujo?

Taís a analisou por alguns segundos. Em seguida, entoou uma inesperada risada. Tentou se conter em um primeiro momento, mas chegou ao ponto de sentir seus olhos lacrimejando. Sob a indignação de Joana, justificou-se:

— Ai amiga, desculpa! É que tudo isso que você está dizendo soa muito folclórico, entende?

Maria Joana iria protestar, porém, um estalo se deu em sua mente. Em um misto de raiva e impulsividade, catou o seu celular. A colega a fitou com certa curiosidade. Com isso, houve uma nova explicação:

— Na madrugada seguinte ao assassinato daquele primeiro rapaz, o Otto, recebi essa mensagem...

O aparelho, já desbloqueado e com algo sendo exposto em sua tela, foi passado de uma para a outra. Ao conferir aquilo, Taís assumiu um ar mais sério para daí encarar a colega com uma expressão assustada.

— E então? — Joana continuou. — Tudo ainda soa folclórico para você?

— Por que não me falou disso?

— Não quis te preocupar. Achei que não era nada de mais, ao mesmo tempo, fiquei meio preocupada... Fora que a nossa vida de universitária é corrida, então não quis alimentar essa angústia.

— E você não pensou na possibilidade de isso também se referir a mim?

— Você? Quem recebeu essa mensagem fui eu.

— Moramos juntas, caramba! Se isso for sério mesmo, posso estar correndo perigo também!

Joana quis se martirizar. Ficara, de certo modo, mexida com aquilo que acabou não agindo com racionalidade. Entretanto, aquela vozinha irritante em seu interior tinha total certeza que aquilo era direcionado para e somente para ela. A grande questão era: como explicar isso para a sua amiga?

— Enfim — A outra prosseguiu —, o que importa é que, pelo menos, agora eu sei. O que podemos fazer? Concorda que, com o que temos, não dá para acionarmos a polícia, não é?

Com sofreguidão e com os ânimos abalados, Maria Joana anuiu, ao passo que Taís seguiu tentando formular alguma linha de raciocínio:

— O que temos de informações relevantes para os crimes que ocorreram? Um provável suspeito, dois homicídios que se relacionam com uma obra literária, o que pode ajudar a decifrar o modus operandi do assassino, e...

— As marcas nos corpos! — Um novo insight clareou os pensamentos da estudante de Letras, que seguiu com as suas palavras: — Na única mão no corpo do Ivan tinha uma letra A feita com alguma arma branca. Isso pode significar Alan...

— Só que não faz sentido com o M encontrado no Otto.

— É... Não faz...

De repente, um brilho se apossou do rosto de Taís. Assim, ela indagou:

— Joana, do que se trata o livro aqui? — Chacoalhou levemente o exemplar de Noite na taverna.

— Bem... Não li tudo ainda, mas, sendo uma obra da época do Ultrarromantismo, certos temas com certeza estão aí presentes. É o caso da morte e do amor impossível, ainda mais se for de um homem por uma mulher proibida ou que não pode ser alcançada.

— Entendo... — A universitária de biológicas adotou uma postura pensativa. Depois, foi a sua vez de ter um clarão na mente. — Espera aí! Você disse "mulher proibida ou que não pode ser alcançada"?

Joana acenou positivamente e com expectativa. A outra então declarou:

— Acho que sei o que pode ser aquela letra M...

— E o que é?

— Pode ser você... Maria Joana.

Uma semana se passou após a conversa entre a dupla de mulheres. Nesse meio tempo, as aulas na UPAZ retornaram, embora os casos em relação às mortes de Otto e de Ivan não tenham sido solucionados – nem tudo podia ser comprado pelo poder e pela influência...

Na faculdade, Maria Joana evitava Alan, ou ao menos, tentava não ficar a sós com o rapaz. Recordava-se do que Taís, que começou a pesquisar sobre assassinatos e crimes em geral, foi lhe relatando ao longo dos últimos dias:

— Muito cuidado quando estiver na UPAZ. Se Alan desconfiar que estamos meio que o investigando de longe, pode ser que a coisa fique feia para nós duas.

— Eu só não entendo uma coisa — disse Joana —, se ele viu que eu estava sozinha aqui em casa naquela vez, por que não... fez nada comigo?

— Pelo que vi, muitos assassinos possuem uma espécie de padrão para as suas vítimas. Ao contrário dos dois rapazes mortos, que eram homens e ricos, você é mulher e tem que ganhar a vida. Vai ver o seu perfil não seja o alvo dele, fora que você...

— Já sei... Sou a mulher idealizada dele. Parece até que ele está incorporando os personagens de Noite na taverna quando comete essas atrocidades.

Aquilo era demasiadamente doentio. Quer dizer que ele havia sido capaz de tirar a vida de alguém e ainda ter a ousadia de homenageá-la com isso?

Para tentar sanar essa e outras dúvidas mórbidas, a graduanda em Letras também não ficou parada e, finalmente, terminou a leitura da obra de Álvares de Azevedo. Admitiu para si mesma que fora o livro mais pesado que já havia tido contato, não só pelas situações absurdas em seu conteúdo, mas também pelo que estava vivenciando.

O problema residia no fato de serem muitas subtramas na história, o que dificultava prever os possíveis futuros passos do suposto ceifador de vidas. Será que alguém morreria por envenenamento tal como no capítulo narrado por Gennaro? Haveria alguma morte que lembrasse aquela do marido que acabou dando cabo na "esposa infiel" tal como foi na parte de Claudius Hermann? Fora aquele incesto abordado nos dois últimos capítulos, sendo ambos centrados no personagem Johann, que deixou Maria Joana enojada e arrepiada de pavor.

Era uma sensação terrível tentar confabular acerca do que poderia ocorrer. Nada era certo para as duas moças, sobretudo para Joana, tampouco dava para saber quem seria a próxima vítima, se é que haveria uma.

Outra coisa que reverberava nas cabeças das garotas era a motivação. Por que Alan matava? E por que aqueles dois rapazes pagaram com a própria vida?

— Vai ver existia algum elemento pessoal entre Alan, Otto e Ivan — Taís teorizou —, porque também é estranho os dois, que tinham uma ótima condição financeira, terem sido mortos daquele jeito.

— Concordo. Se o crime girasse em torno de sequestro ou de roubo seguido de morte, seria mais fácil saber qual era o pontapé para isso tudo. — Joana bufou, frustrada. — Se desse para chegarmos na polícia e contarmos sobre o que levantamos como hipótese...

— E é aqui que mora o problema: são só hipóteses, já disse — retrucou a estudante de biológicas. — Além disso, você não me disse que ele tem um tio que é policial aposentado? E é também muita coincidência, justo quando ele vai para a sua turma, todas essas coisas começarem a acontecer...

Joana fechou os olhos, fez uma breve contagem mental e assentiu. Aquela história toda era tão sórdida que quanto mais se escavava, mais podre se tornava.

E tudo isso só fazia com que ela mantivesse uma distância, que julgava como segura, do rapaz moreno.

No entanto, um dia isso falhou.

Estava Maria Joana andando pelos corredores da UPAZ entre uma aula e outra. De repente, ouviu:

— Joana!

Droga! Era ele!

Sem nem matutar muito, começou a andar apressadamente, ignorando os olhares curiosos dos outros estudantes direcionados à sua pessoa e seu nome sendo pronunciado repetidamente.

Andou tanto que, sem que quisesse muito, parou no subsolo da Universidade. Sabia que aquela parte era dedicada às aulas de Anatomia, contempladas nos diversos cursos das áreas de Biológicas e Saúde. Recordou-se de Taís, que certamente conhecia ali, ao contrário dela mesma, uma reles estudante de Humanas.

Naquele lugar, não tinha sequer uma alma viva, o que a fez ser dominada pelo receio. Uma luz no fim do túnel veio quando avistou uma brecha entre alguns armários e, mesmo hesitante, se esgueirou por ali mesmo, torcendo para que não fosse encontrada.

Ficou escondida ali por algum tempo, esperando normalizar a sua respiração ofegante. Com isso, saiu de onde estava, crente que havia despistado seu perseguidor.

Ledo engano.

Quando deu por si, havia esbarrado em algo que era duro e macio ao mesmo tempo. E também cheiroso. Sentiu então seu corpo sendo encostado na parede e uma voz sensual perguntar:

— Por que tem fugido de mim?

Céus! Alan ficava mais sexy com aquela expressão contrariada, o olhar triste e, principalmente, estando perigosamente perto de seu corpo, que, bancando o verdadeiro traidor, já entregava certas sensações involuntárias. O hálito dele, que cheirava a hortelã, completava todo o combo que deixava Joana simplesmente inebriada. Entretanto, ela se lembrou de algo dito por Taís:

— Há muitos assassinos sedutores. Como você, até então, nutria uma paixonite por ele, cuidado! Como diria a oração: não se deixe cair em tentação!

— Eu... não fugi — foi o que ela pôde responder.

— Me expulsou de sua casa daquele jeito naquele dia e tem me evitado...

Por um instante, pensou nas circunstâncias que eram desfavoráveis. Se ele quisesse fazer algo com ela ali... Teria que agir com extrema cautela.

— Estou nervosa ultimamente — interrompeu-o. — Está acontecendo muita coisa e é difícil lidar com tudo isso.

— Pensei a respeito daquela pergunta que você me fez quando estávamos na sua casa... — ele disparou.

De início, ela não soube ao que o rapaz se referia, mas o complemento que ele deu refrescou a sua memória:

— Eu... gosto de você... Aliás, acho que estou apaixonado por você.

— Apaixonado? — Joana questionou sem disfarçar o susto em sua voz.

— É... Apaixonado. Você estando agora diante de mim só me faz ter certeza.

Ela abaixou a cabeça sem saber o que fazer. Uma gama de sentimentos se passava em seu coração: medo, por ainda suspeitar fortemente do moço à sua frente; surpresa, por ele estar se declarando naquele exato momento; uma certa alegria, porque um lado seu... ainda nutria algo pelo colega de classe; e confusão, que era uma mescla de todas essas coisas.

Novamente, não pôde raciocinar muito, não quando Alan levou alguns dos dedos dele ao seu queixo, de modo a erguer a sua cabeça. Ainda estando petrificada, a moça apenas escutou:

— E é por isso que continuaremos de onde paramos naquele dia...

— O quê?

Não houve uma réplica. Seus lábios foram tomados em um beijo que, no fundo, ansiava por acontecer.

Coração bobo o de Maria Joana?

Talvez...


Notas feat. Curiosidades do capítulo:

A história vai assumindo um tom mais investigativo, representado inicialmente pela conversa entre Maria Joana e Taís. Em paralelo, a nossa protagonista vai se perdendo no que ela mesma sente em relação a Alan, principal suspeito dos assassinatos até agora. E aí? Teorias? Nos vemos em breve! :)

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