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Vislumbre de um final feliz

A convivência entre eles não estava sendo tão ruim, estava até divertida e prática devido a inesperada afinidade que desenvolveram entre si. Tinham muito em comum. Após alguns dias do suposto encontro, a notícia que ambos haviam sido vistos juntos no pub já havia sido arrastada por todo mundo mágico, fazendo com que recebessem algumas cartas e tomassem coragem para enviar outras. Decidiram avisar para a mãe do homem sobre a novidade, notificando em carta que a visitariam no dia seguinte após sua resposta; da mesma maneira que a mulher notificou a ida de seu companheiro no dia de Natal para seus amigos.

No mesmo dia em que enviaram as cartas, decidiram que, por hora, era melhor evitar muita exposição no mundo bruxo, pelo menos até falar com seus amigos e parentes devidamente. Com isso, lhes restavam o mundo trouxa e o divertimento em casa, que resultou em compra de diversos livros, idas a fliperamas, mais idas em cinemas - que o bruxo simplesmente estava fascinado -, na descoberta do homem para um talento nato na cozinha e na adoção de um pet, que ela insistira em ser uma doninha, o provocando com a ironia de seu quarto ano na escola.

Estava começando a entardecer quando uma coruja entrou pela janela aberta, era a coruja da família do homem. Eles se entreolharam antes de pegar a carta que ela trazia consigo no bico, dando-lhe um petisco e água para que ela descansasse antes de seguir o caminho de volta. Ainda receosos, abriram a carta analisando as palavras escritas com capricho pela matriarca da família dele, que davam ordens expressas para que fossem ainda naquela noite para um jantar e passassem a noite por lá, queria deixar tudo resolvido. A tensão entre os dois ao trocar olhares era quase palpável e ele havia percebido a hesitação na mulher ao sentir sua respiração mais descompassada e a pressão com que apertava sua mão.

Sentaram-se no sofá e discutiram sobre o que fariam naquela situação que se encontravam. Vendo o estado da mulher, ele fez questão de pegar uma xícara de chá de camomila para que ela se acalmasse e conseguisse raciocinar normalmente. Após alguns minutos de uma conversa um tanto tensa, chegaram à conclusão que não adiantaria adiar a conversa, já que o Natal estava a menos de duas semanas e o casamento supostamente a um mês. Tomando coragem, ambos se trocaram, colocando roupas um pouco mais finas que o habitual, mantendo a pose da família do homem que sempre teve um status elevado dentro do mundo bruxo.

Usaram a lareira para chegar na mansão que trazia péssimas recordações para garota, e a olhando ali daquela maneira, estando lado a lado com ele, também não conseguia pensar em outra coisa que não fosse aquele dia, o que mudara suas vidas de maneira definitiva. Foram recebidos pelo elfo-doméstico da família, que os levou até a sala onde a mãe do homem esperava com um pouco de vinho e alguns canapés de entrada, apenas algo para consumirem durante a atualização do caso atual. Sua expressão era um tanto rígida, mas ainda amável, algo que a mulher realmente não se recordara, não até se recordar das coisas que ele dissera sobre ela e o quanto ela fez por ele enquanto estava vivendo o horror de sua via em meio às trevas.

- Mãe, se lembra de...

- Oh, meu bem, como me esqueceria? Ainda sinto dores de cabeça só de lembrar do que houve quando a grande guerra ainda estava acontecendo. Acho que minha família nunca chegou a se desculpar devidamente, não é? Graças a você e seus amigos ainda a temos intacta. - sorriu.

- Ah, bem... só fizemos o que achamos certo. - disse, um tanto tímida.

Ambos se sentaram à frente da matriarca, ainda estavam de mãos dadas, não queriam quebrar a ligação causando desconforto para ambas as partes. Ela fitou os dedos entrelaçados e sorriu, bebendo um longo gole de seu vinho tinto.

- Vejo que os boatos são verdadeiros. Devo acreditar que um herdeiro está prestes a vir?

Ambos coraram com a fala tão direta e repentina. Agora a mulher sabia de onde vinha o comportamento do homem, era o mesmo que de sua mãe.

- Era sobre isso que gostaríamos de conversar, mãe. Nos casaremos em janeiro, algo para selar nossa ligação. - uma das sobrancelhas dela arqueou. - Melhor que ninguém, você sabe as coisas que passei e mal-estar pós guerra que tive. Bom, falando de maneira resumida, nós dois tivemos uma ligação mágica no dia em que sua irmã a torturou no hall de entrada. Por muito tempo achei que fosse uma maldição, mas não era bem assim, então assim que descobrimos, conversamos e vimos que seria a melhor opção.

- Naturalmente, querido. E por favor, sei que ela não era a melhor pessoa do mundo, mas continue a chamando de tia em minha frente. - serviu-os. - Um casamento neste momento seria ótimo! Ah, sim... espero um herdeiro nos próximos cinco anos, está bem? Quero ver meu ou meus netos e ainda ter energia para poder mimá-los devidamente.

- Não planejamos algo assim. - disse ele.
- O casamento foi uma opção por conta do selamento, não mais que isso. - disse ela, ainda hesitante.

- Mas vocês entendem que algo assim ocorre apenas quando há uma afinidade mágica extremamente grande, não é? Deveria começar a cogitar a ideia de um filho, pelo menos. Sabem que não poderão quebrar o vínculo sem causar estragos, pelo menos teriam algo bom além da pequena trégua dos efeitos colaterais da ligação. - suspirou. - Pensam em uma lua de mel ao menos? Temos o palácio nos alpes e um belo castelo na Noruega, se quiserem. Não é como se não estivessem fazendo nada, não é? Estão dormindo juntos, imagino.

Os olhos da mulher arregalaram e foram de encontro aos azuis do homem. Ela estava vermelha e não sabia como reagir, da mesma forma que o homem que apenas virou o vinho, secando a taça em apena sum gole. Ela tinha alguma noção sobre as riquezas e propriedades da família dele, mas não fazia ideia que eram tão extensas. Aquilo chegava a ser ridículo, um palácio nos alpes.

- Não acho que há necessidade. Não informamos ao Ministério sobre o casamento, então não pegamos folga.

- Que lástima. Sempre sonhei com o dia que eu o visse casar, meu filho, espero que ao menos se vistam a caráter. Você ficaria uma linda noiva. - disse, centrando seu olhar na mulher a sua frente um tanto desconfortável.

- Ainda estamos nos conhecendo e não sabemos como será isso, mas pensaremos a respeito. - ela respondeu. - E obrigada pelo elogio.

- Bom, agora que passamos desse assunto, isso significa que posso redecorar aquele lugar horrível que está vivendo? Não deixaria que ela morasse naquela espelunca, certo?

Ela se referia a casa do homem, a qual a mulher achava gélida e fúnebre. Aquele era um ponto que ambas tinham em comum, certamente ficaria feliz com uma decoração nova, já que haviam combinado se mudar para a casa depois do matrimonio, tendo em vista o maior espaço e conforto para ambos.

- Pode ficar à vontade, imagino. Estou morando esse tempo com ela, então faça o que quiser com a casa.

Após a conversa esclarecedora, tiveram um jantar agradável, muito melhor que ela havia imaginado para aquela noite. Diferente do pai do homem, sua mãe aceitava as circunstancias de maneira mais aberta, apesar de ainda ficar hesitante em relação ao sangue da família, mas não é como se tivessem opção naquele momento. Em toda brecha que ela via, deixava claro sua vontade de ter um neto herdeiro, algo que ia além do tradicionalismo que a família carregava, ela parecia apenas uma mãe em busca da felicidade do filho e de uma criança para alegar a família - uma que tivesse seu sangue.

A mulher se via um tanto desconfortável e dormir junto com ele na mansão de sua família, ainda mais após o comentário um tanto invasivo de sua suposta sogra. Durante a noite, enquanto ele e abraçava em meio ao sono, sua mente girava em looping nas falas da matriarca. Não era como se ela estivesse de toda errada, havia muito sentido em suas palavras, mas o quão disposta e pronta ela estaria para encarar uma coisa assim, ainda mais com aquele homem a seu lado? Será que poderia ser uma possibilidade viável? Foi com esses pensamentos que adormecera e acordou no dia seguinte.

Estavam sozinhos no café da manhã, a mãe do homem havia saído cedo para comprar algumas coisas para dar início a decoração da casa que há tempos estava tentando fazer. Foram servidos com uma mesa farta, com tudo que poderiam imaginar a sua frente, comeram tanto que manteram-se na mesa por quase uma hora antes de finalmente levantarem para seguir o caminho de casa. Diferente do que fizeram quando foram para a mansão na noite anterior, hoje decidiram passear pelos parques que haviam lá perto, fazendo o homem entrar em um momento um tanto nostálgico, falando sobre os momentos que vivera ali em sua infância.

- Meus pais costumava me trazer aqui quando era pequeno. - sorriu. - Quase quebrei meu braço caindo da vassoura inúmeras vezes, digamos que aprendi a voar na marra.

Haviam algumas crianças correndo pelo verde da grama e outra voando entre as copas das árvores, e seus pais os observavam atentos de longe em um piquenique. Ela suspirou.

- Talvez sua mãe esteja certa.

- Com a decoração? Não sabia que odiava tanto minha casa.

- Não isso, idiota. - riu. - Sobre um herdeiro. Talvez devêssemos tentar, já que nenhum dos dois conseguiria ter um filho legitimo dentro de um casamento legal.

- Eu e você? - perguntou surpreso. - Acha que realmente...? - um pequeno brilho surgiu em meio ao azul gélido, que momentos atrás estavam foscos.

- É uma possibilidade, não acha? Se não matarmos Little White até o casamento, acho que poderíamos tentar algo assim. Sempre quis construir uma família, mesmo que não ache que essa seria uma definição certa para a situação.

- Sim, acho que seria uma boa ideia.

Um sorriso discreto estava formado nos lábios rosados do homem, e assim como sua reação física, algo em seu interior demonstrava certo alívio e felicidade em ouvir tais palavras. Sua mão apertou a dela com um pouco mais de força e passaram a observar as crianças em silêncio, imaginando um pouco como seria se realmente chegassem a conclusão que conseguiriam ter um filho e não o traumatizar de alguma maneira.

- A propósito, eu realmente odeio aquela casa como está. - sorriu com um ar provocador.

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Já era véspera de Natal quando revolveram fazer algumas compras de última hora. Até então, não sabiam bem se deveriam levar presentes, mas depois de um tempo discutindo sobre, resolveram ir às compras juntos, lembrando de alguns amigos e parentes de ambos. Havia alguns anos que o homem não entrava devidamente no clima de natal, mas a convivência com a mulher o havia deixado um tanto animado aquele ano.

Foi uma manhã corrida. Passaram por todos os tipos de loja imagináveis - tanto no mundo trouxa, quando no bruxo -, buscando presentes ideais para cada pessoa de suas listas. Como esperado, estava tudo lotado. Haviam pessoas por todos os cantos das ruas e lojas, todas com roupas pesada devido ao frio que estava fazendo, e isso incluía o casal que vagava de loja em loja. Já se passava das uma quando pararam em um restaurante para comer algo, estavam famintos e cheios de sacolas e embrulhos com presentes etiquetados.

Fora o homem quem escolheu o restaurante, pois havia prometido que a levaria em uma das conversas que tiveram naqueles dias em que estiveram presos no apartamento. Era um local fino, com uma decoração vintage e um pouco rústica, mas bastante agradável. Havia uma pianista a poucos metros de distância deles e um cardápio incrível - que sequer continha os preços -. Definitivamente aquele era o lugar mais nobre que ela já havia ido.

Durante a refeição, conversaram um pouco sobre seus planos para depois que saíssem dali e qual seria o planejamento para o dia seguinte, se iriam levar algo para o jantar como bebidas ou algum prato que decidissem fazer em casa ou comprar em algum restaurante que ambos gostassem. Não demoraram muito para chegar à conclusão que seria melhor escolherem alguns vinhos, whisky e cerveja amanteigada, já que a família do amigo da mulher sempre fazia questão de fazer um banquete todos os anos, e sempre com comidas caseiras feitas por eles mesmos, como mandava a tradição.

Saíram do local satisfeitos e dispostos a mais compras. Após alguns minutos de caminhada, a mulher percebeu que estava sem seu cachecol, havia deixado no restaurante.

- Me espere aqui, volto em dez minutos.
E saiu correndo, desaparecendo no meio das pessoas que iam e vinham na rua de pedra.

Ficou ali sob o toldo aberto vendo os flocos de neve começando a cair do céu cinzento, apenas imaginando se ela estava bem e devidamente agasalhada, já que quando rompiam o toque, todos os efeitos voltavam, mesmo que com menos intensidade que anteriormente. Haviam se passado apenas três minutos e já estava impaciente, foi quando se deu conta que estava em frente a uma joalheria. Seus olhos analisaram a vitrine em busca de um presente para sua mãe, mas logo posaram sobre o par de anéis - eram alianças, muito bonitas por sinal -. Seus pensamentos começaram a vagar enquanto admirava a beleza das joias que olhava fixamente, apenas percebeu seu estado quando a mulher entrelaçou seus dedos entre os dele novamente, fazendo o calor excessivo que sentia cessar.

- O que está olhando? - questionou, curiosa.

- Apenas um presente para minha mãe, mas acho que ela já tem joias demais. Vamos indo, ainda temos muita coisa para fazer antes de voltarmos.

Passaram o resto da tarde comprando algumas decorações para casa, roupas para eles mesmos e as bebidas que comentaram para levar na ceia de Natal. Fora uma tarefa difícil, chegaram muito cansados no apartamento, porém alegres vendo que não havia faltado nada do que planejaram e ainda conseguiram comprar coisas a mais, como uma pequena roupa de inverno para Little White, a doninha.

Após arrumarem as coisas que compraram, já enviando algumas para que chegassem a tempo em seus destinatários, enfeitaram um pouco mais a pequena arvore que havia na sala de estar do local e colocaram os presentes que compraram um para o outro sob a mesma. Não fora algo planejado, apenas compraram por sentir que seria algo interessante a ser feito, algo que ajudaria a manter a boa convivência.

- Não precisava fazer isso. - disse ela, um pouco corada vendo o pequeno embrulho.

- Bom, pelo visto fez a mesma coisa e também não havia necessidade. - falou de maneira calma.

Ambos sorriram ao olhar para a arvore adornada de maneira única pelos dois, contendo dois presentes. Estava quase para virar o dia e as mãos da mulher já estavam indo na direção do embrulho que tinha ela como destinatária, mas quando estava prestes a tocá-lo, sentiu algo a puxar pela cintura a deixando contra o corpo do homem. Seus olhos subiram indo de encontro aos dele, tentando entender a situação, foi quando uma tenção começou a surgir entre eles, fazendo que novamente estivessem conectados de alguma maneira. Engoliram seco antes do silêncio ser quebrado pelo soar do relógio que indicava que já era véspera de Natal.

- Bom - ele pigarreou -, os presentes deveriam ser abertos na virada do dia vente e quatro para o vinte e cinco, mas creio que não tenha problema em fazer isso antes.

Se afastando do homem para ir de encontro ao embrulho, ela deu passos hesitantes, ainda perdida no episódio anterior. Assim que seus dedos tocaram o pequeno embrulho vermelho, sentiu algo percorrer seu interior, a deixando mais receosa em desembrulhar o objeto. Após alguns segundos o encarando fixamente, retirou a embalagem com um cuidado imenso, revelando a caixinha de madeixa negra, cravada com um pequeno corvo prateado. Seus olhos foram de encontro aos dele, que apenas fez sinal para que ela seguisse, revelando o que continha entro da caixa delicada.

- Você não... - disse, interrompendo a si mesma com a mão sobre a boca.

Havia um anel de noivado entro da caixa. Ele era simples, sua base em ouro branco bem delicada, nem muito fina ou muito grossa, e no centro, rodeada por alguns arabescos, uma pedra negra que conforme batia luz, mostrava um reflexo vermelho e azul. Era uma joia muito bonita e inesperada.

- Isso... Por que?

- Bom, teoricamente estamos noivos, achei que seria uma boa ideia lhe dar um anel, para manter a pose, entende? - passou a mão pelos cabelos um pouco maiores que o habitual. - E a pedra central me chamou a atenção, está encantada para dar ilusão de vermelho e azul, como se gelo e fogo se complementassem em uma dança dentre o negro que predomina a pedra. Combina bastante. - sorriu.

- É linda... nã- não posso aceitar isso. - tentou entregar a joia para o homem a sua frente.

- Não faça cerimônias, por favor. - revirou os olhos. - Este anel é seu desde o momento em que coloquei os olhos nele, então use-o.

Tomando a mão esquerda da mulher para si, ele encaixou o anel delicadamente em seu dedo anelar. O tamanho era exato, não havia defeito algum naquela joia que adornava agora sua mão, mostrando o compromisso que ambos haviam sido destinados a ter.

- Está vendo? Ficou muito melhor em você do que nesta caixa.

Não era como se ela não concordasse, mas não conseguia dar uma resposta à altura, não naquele momento. Seus olhos iam do anel ao presente que ela havia comprado para ele, mas um não se comparava ao outro. Tinha comprado algo simples demais.

- Não comprei algo a altura, nunca imaginaria que fosse comprar algo, ainda mais algo assim.

- Por favor, sem drama grifinório. - sorriu pegando o embrulho.

Da mesma maneira que ela, o homem retirou o embrulho com cuidado olhando cada detalhe do objeto que se revelava aos poucos em sua mão; no momento em que terminara de desembrulha-lo, um sorriso tenho se formou em seus lábios. Era o livro que havia comentado com ela após três dias de convivência, um extremamente raro de achar sobre magia antiga aplicada em poções e feitiços das trevas, algo que lhe seria muito útil em seu trabalho e para conhecimento geral.

- Feliz véspera de Natal.

Como esperado, a manhã veio com um mar branco que inundava toda a paisagem, transbordando no horizonte longínquo. Os pássaros cantavam com vontade durante todo dia, assim como as músicas natalinas tocadas nas rádios e cantadas em corais da região, que todos os anos iam de porta em porta entoar os cantos típicos da época. O cheiro de biscoitos de canela incendiavam todo o prédio onde o casal habitava, remetendo aos momentos nostálgicos que viveram na escola de magia e bruxaria que frequentaram juntos.

Fora uma manhã agradável, não havia como negar. Acordaram juntos com os primeiros raios de sol preguiçosos, que saia entre as frechas das grossas cortinas de inverno. Manteram-se ali, aninhados um no outro por mais alguns longos minutos antes de levantarem para preparar o café da manhã. Passaram o resto do dia de pijama, brincando com o bichinho de estimação, lendo, organizando as coisas para não haver imprevistos na hora de irem para a ceia tão esperada, provocando um ao outro e fazendo alguns poucos preparativos para o casamento que se aproximava.

Abriram os presentes que amanheceram sobre a janela, vindos de alguns colegas e da mãe do homem. Para ele, havia um traje a rigor bruxo muito fino, com detalhes em azul claro, e para ela, uma grande caixa com um bilhete preso a ela.

A simplicidade mostra muito mais do que imagina. Isso realçará sua beleza para o grande dia, espero que goste.
P.S. Já temos um herdeiro a caminho?

Era um vestido branco simples, de mangas longas e com um grande decote nas costas. Nada de adornos, nada de complementos. Simples.

Ela sorriu.

- Acho que ela realmente está empolgada com isso. - disse ele, olhando para a peça de roupa nas mãos dela e o pequeno bilhete.

- Está, mas eu não poderia ter escolhido melhor.

- O bom gosto está na família, meu bem.

- Meu bem? - ironizou.

- Preciso entrar no personagem, não acha? Estou indo com minha noiva para uma ceia de Natal na casa da segunda família dela, deveria ao menos chama-la de maneira intima e doce.

- Definitivamente não sai de maneira doce de seus lábios. - riu. - Continue tentando, quem sabe uma hora pareça verdadeiro.

- Não sei do que está falando, soa muito bem saindo de meus lábios.

- Oh, com certeza. - disse com ironia. - Vamos nos arrumar logo, senão nos atrasaremos.

O sol estava tocando o horizonte quando o casal posou no gramado outrora verde da propriedade. A grande casa cheia de andares e cômodos improvisados dava a impressão com cairia com um soprar do vento, mas mantinha-se ali a anos, imponente. Estavam ainda hesitantes olhando para a casa, onde enfrentaria, muito provavelmente, a maior pressão que tiveram até agora, já podiam sentir suas respirações falhando com a ansiedade que percorria em seus corpos.

Antes mesmo de chegarem a bater no batente, a por fora aberta por uma ruiva de olhos escuros pouco mais nova que mulher. A curiosidade com que analisava a cena dos dois a sua frente de mãos dadas era incomoda, e eles não sabiam disfarçar a sensação. Sem dizer uma palavra sequer, apenas pegou no pulso da mais velha e a puxou em direção a sala de jantar, onde estavam todos reunidos, e da mesma forma com que ela a puxou, a mulher puxou o que a acompanhava. As conversas paralelas que rolavam soltas no cômodos foram interrompidas no momento em que o adentraram, chamando toda a atenção para si.

- Eu disse que era verdade. - a ruiva disse cruzando os braços. - Ele te enfeitiçou, não foi?

- O que? Não! - respondeu ela, ofendida.

- Tem certeza? Talvez ele tenha colocado algo em sua bebida ou colocado um objeto que manipule suas emoções. - disse o de olhos verdes se aproximando com um bebê nos braços.

- Posso ter feito muitas coisa, mas não seria tão baixo. - replicou o homem.

- De fato. Não é como se ele precisasse de poção ou feitiços para ter alguém. - complementou ela, ainda de mãos dadas com o homem.

Em meio os olhares curiosos e aos resmungos baixos do bebê, outra cabeleira ruiva surgiu em meio a tantas outras ali no meio. Os olhos azuis e a pele pintada por sardas eram inconfundíveis, assim como sua altura e prepotência que demonstrava.

- Então o que houve? Você jamais se juntaria com esse projeto de comensal da morte. - disse o ex namorado dela, mostrando a magoa que carregava em seu peito depois de todos esses anos, mesmo mantendo a amizade.

- Por Merlin, mais respeito com meu noivo!

Todos se surpreenderam com a fala repentina, inclusive o próprio casal, que trocaram olhares no mesmo momento. Ele apertou sua mão com um pouco mais de força, balançando a cabeça de maneira negativa, tentando de alguma maneira a acalmá-la. Não queria causar tanta confusão assim, muito menos terminar a noite com alguma discussão.

- Não se estresse, pequeno corvo, era evidente que haveriam reações assim. - seu olhar foi de encontro com o do ruivo. - Para bem ou para mal, não a forcei a nada. Sua raiva é compreensiva em vários âmbitos, mas não há necessidade de falar com ela desta maneira, entendeu? Se tem problema comigo, resolva comigo.

Não houve mais nenhuma replica após a fala imponente do homem. Logo após esse episódio desnecessário, a matriarca da família surgiu de uma porta que supostamente seria a cozinha, e com a varinha em mãos, fez com que a comida surgisse sobre a mesa. Diferente de muitos, ela fora gentil com o casal, assim como o patriarca, que os cumprimentou e ajeitou acentos juntos, para que não se separassem. A bebida que levaram fora recebia de bom grado, apesar das divergências iniciais.

Ao fim do jantar, após algumas boas doses de bebidas alcóolicas, uma mulher loira de forte sotaque francês chamou a atenção de tocos com as falas analíticas que teve sobre o casal e o anel que adornava o dedo da de cabelos castanhos escuros.

- Agorra faz sentido a chamarr de pequeno corrvo.

- Perdão? - perguntou ele, com o vinho em mãos.

- O anel. - apontou para a mão dela. - Se chama The Crrow, uma peça única fabrricada porr uma joalherria francese. Dizem que a pedrra encantada passa a dualidade do animal. O verrmelho mostrrando a visão negativa que ele trraz em algumas culturras e o azul a positiva. Morrte, sabedorria, azarr, astúcia, entrre outrros; tudo isso em um vazio negrro reprresentando a vida.
Essa dualidade poderia ser aplicada aos dois de alguma maneira, não eram apenas as cores que os representavam na joia, mas o significado em si. Ele sempre foi visto como algo mau, em volto numa treva mística vinda de gerações de sua família; ela sempre vista como uma pessoa sábia e astuta, se mostrando um símbolo de esperança e positividade em meio a grande guerra.
Seus olhos se conectaram mais uma vez de maneira intensa, fazendo com que o mundo ao seu redor passasse em câmera lenta.

- Você sabia disso quando o comprou? - questionou.

- Também sabia que o leão quase foi um corvo. - sorriu.

Aparentemente nada passava despercebido aos olhos de gelo que ele possuía. Era a primeira vez que aquele olhar naquela intensidade não a fazia arrepiar pelo frio, por uma sensação ruim, mas pelas borboletas que se moviam em seu estômago ao ouvir aquelas palavras ditas em um tom grave e sincero.

A noite continuou de maneira agradável, especialmente para os dois, que de alguma maneira, haviam se aproximado mais naquele natal. O álcool fez com que qualquer resquício de ódio, rancor ou mágoa evaporasse do corpo dos amigos da mulher, que após quatro ou cinco dozes de whisky de fogo, insistiram que gostariam de ir na cerimônia de casamento deles, mesmo que simples e totalmente formal. A matriarca da família insistia em fazer um bolo para comemorar a data, pois para ela, mais uma filha sua estava casando e isso a deixava feliz de várias maneira, especialmente em ver os olhos castanhos claros com um brilho diferenciado no olhar - algo que não via há anos.

Os dias que seguiram foram uma mescla de alegria e timidez de ambas as partes, devido ao fato de não saberem como se comportar um ao lado do outro, ainda mais vivendo juntos, pareciam dois adolescente novamente. Sempre que se aproximavam demais, ou pensavam muito na situação se viam vermelhos, sem saber o que fazer na hora de dormir, passavam horas pensando em como deveriam ou não se tratar no dia seguinte, no que falar, no que não falar. Se divertiam com as gafes que cometiam entre si, apesar da situação embaraçosa em que se encontravam.

Era noite de ano novo e ele insistira em passar no apartamento, pois gostaria de presenciar a passagem de ano trouxa, já que ouvira a maneira que ela falava com tanta empolgação da contagem regressiva e os grandes fogos coloridos que explodiam no céu noturno. Todas as tradições foram cumpridas, desde as vestes brancas, o champanhe, as cores de acessórios com os significados do que gostariam de atrair até as comidas.

Já estavam na metade da segunda jarra de cerveja amanteigada, quando começaram a dançar uma música calma que tocava em uma retrospectiva na televisão. Estavam bêbados e alegres, rodando em círculos no cômodo pequeno rindo da situação e ao mesmo tempo esperando que aquilo não acabasse. Aquelas últimas semanas estavam sendo as melhores que tiveram em suas vidas, era uma opinião conjunta.

Um minuto para o fim do ano, anunciou o apresentador na televisão, enquanto a música ainda tocava ao fundo. Ainda dançando, decidiram ir para a sacada que dava para visão para rua, onde poderiam curtir a queima de fogos de maneira mais reservada. A contagem estava começando quando eles decidiram finalizar a dança com um rodopio, a falta de equilíbrio dela fez com que caísse para frente, sendo puxada pelo homem para seus braços. Ele se escoou na porta da sacada enquanto a puxava contra si, tentando ver se estava bem, e então seus olhos se encontraram.

Cinco. A mente ainda confusa de ambos tentava entender o que acontecia ali, pois só conseguiam lembrar da sensação de seus corpos se movendo juntos e o som de suas risadas ecoando por todo cômodo.

Quatro. Os olhos um do outro os traziam de volta ao momento, os fazendo sentir o contato contínuo que um tinha no outro, deixando com que sentissem a textura de suas peles e a sensação que era ter um tocando o outro de maneira tão intima e natural.

Três. Seus corações aceleravam conforme a adrenalina começava a correr por seus corpos. As pontas de seus dedos formigavam e um enxame de borboletas voavam no estômago de cada um, trazendo aquela sensação nostálgica que sentiam na adolescência, quando descobriram como é sentir algo por alguém.

Dois. As respirações pesadas e quentes se chocando uma contra a outra, exalando o teor alcóolico que haviam consumido naquela noite, que naquele momento parecia ter simplesmente evaporado do sangue, devido a temperatura alta que seus corpos estavam.

Um. Estavam se aproximando cada vez mais, seus lábios a milímetros de distância, já era possível senti-los uns nos outros. Seus olhos se fechando conforme sentiam o que estava prestes a acontecer, todas suas sensações ficavam cada vez mais apuradas e o mundo externo parecia não existir.

Meia-noite do dia primeiro de janeiro. A comemoração dos fogos não parecia ser para a vinda do novo ano, mas pelo momento em que seus lábios se juntaram em um beijo cálido e lento. Uma corrente elétrica passava de um para o outro, que os puxavam como polos opostos em busca de mais contato. Os dedos do homem se enroscaram em meio aos emaranhado de fios que era os cabelos dela, sua mão pressionava a cintura fina cada vez com mais força, mais desejo conforme se aprofundavam no beijo. Os braços dela estavam envoltos no pescoço do homem que ela beijava de maneira tão avida, mostrando o desejo que se acumulava cada dia mais, conforme conviviam juntos.

Meia-noite e um. Seus lábios se separaram por breves momentos antes de voltarem a se tocarem, mas ali viram o que aquilo tudo realmente significava, o que decidiriam e qual caminho seguiriam dali em diante. Aquela virada de ano foi muito mais do que a passagem de um ano para outro, foi o momento decisivo para o futuro de ambos.

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Era chegado o tão esperado dia. Os poucos convites haviam sido enviados, o pequeno jardim da casa onde ficariam estava decorado em branco que contrastava com o verde escuro das plantas. Os arranjos de rosas goram feitos com rosas do jardim, tudo em azul e vermelho, da maneira que haviam solicitado. Haviam pequenas velas penduradas em meio as arvores, parecendo vagalumes que brilhavam em pequenos pontinhos em meio ao cenário sob o crepúsculo.

Os noivos já estavam postos um em frente ao outro, prestes a recitar seus votos, algo que nem eles mesmos esperavam fazer. Suas mãos sempre dadas, como era desde o momento em que descobriram sobre a ligação, mostrava a proximidade que foram formando nesses últimos tempos. A felicidade de ambos era mostrada através de seus sorrisos sucintos e o brilho cintilante nas orbes de ambos, onde o azul deixara de ser um gélido cortante e o castanho parara de queimar como o inferno; eles apenas passavam o sentimento mutuo que desenvolveram um pelo outro, algo bom e puro que surgiu em meio ao caos que se sucedeu por tantos anos.

- Em meio a tanto caos você surgiu. O mesmo que me colocava em um deserto de gelo, que me cortava com uma lâmina de gelo apenas com um olhar, foi quem me trouxe a paz e os raios de sol ternos que me aquecem. O azul deixou de ser a cor fria que outrora fora, hoje enxergo apenas a tranquilidade de aguas cristalinas onde se é impossível se afogar.

- As chamas que um dia me consumiam cessaram da mesma maneira que se iniciaram, com um olhar. A profundidade de seu olhar se tornaram ainda mais significativas agora, meu pequeno corvo. Posso sentir a brisa refrescante e a calmaria chegar só de pensar nos castanhos mel que incendiou minha vida, agora vejo a doçura que há em seu olhar. Todos esses anos valeram a pena, desde que eu soube como isso findaria.

Sorriram.

A alianças negras como ônix foram levadas ao altar pela pequena doninha e trocadas com delicadeza e ternura. Os convidados olhavam a cena com ternura, vivenciando um momento que exalava o sentimento que eles tinham um para com o outro. A beleza no sorriso que formavam nos lábios dos noivos era incrível, quase surreal a maneira que apenas aquilo transmitisse a alegria deles para todos os presente.

Seus dedos se entrelaçaram e seus olhares se conectaram no momento quem o feitiço que selaria sua junção estava sendo conjurado. Uma linha dourada os rodeou, mostrando a maneira que sua magia estava conectada e como seus núcleos estavam fundidos. Era uma magia poderosa. Um calor arrebatador passou por eles, assim como um frio chegando perto do zero absoluto, e na mesma velocidade que chegaram, tudo cessou. Estava feito, ambos estavam selados e devidamente casados.

Eles sabiam que a partir dali poderiam seguir por seus próprios caminhos, ficando um longe do outro se fosse o que desejassem. Contudo, sentiam que independente do caminho que tomassem, eles se cruzariam novamente como um looping, e de qualquer maneira, não queriam seguir por um caminho em que o outro não fizesse parte. A partir daquele momento estavam fundidos um ao outro, cada um carregando pequenos fragmentos de si no outro, completando as lacunas que foram abertas com o tempo, como um quebra-cabeça. Eles estavam felizes.

- Eu vos declaro Senhor e Senhora Granger Malfoy. O noivo pode beijar a noiva.

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Notas da autora

Obrigada por chegar até aqui. Espero de coração que tenha apreciado a pequena releitura da OneShot Ice em forma de mini fanfic.

O que acharam do formato que a desenvolvi, como citei os nomes apenas no final, mesmo deixando explícito quais era os personagens?

Fiquem bem e tenham uma semana cheia de boas novas!

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