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Capítulo 2: Domingo de nada

O som de risadas infantis invade o meu quarto enquanto olho pela janela. Lana e Daniel estão no jardim, correndo atrás das crianças como se fossem a família perfeita de um catálogo de shopping. Nina gargalha com os cachos voando ao vento, enquanto Gael chuta a bola com seu pai.

Ajeito meus cabelos encaracolados e coloco as roupas pretas de sempre — porque, convenhamos, eu vivo em luto eterno — ainda mais, porque hoje é domingo, e isso significa que "os velhos chatos" vêm nos visitar: Carlos e Vanda, os pais do Daniel. O que significa mais um dia tedioso pela frente.

Lembro de uma cena hilária, e começo a rir sozinha. No último natal os Srs. Navarro deram um tablet para Nina, uma bicicleta para Gael. E eu? Ganhei um conjunto de moletom ridículo, fiquei tão puta que arranhei a Ferrari do Sr. Navarro, escrevendo "seus cuzões" no capô. Foi lindo. O resultado? Ameaças de Lana, olhares de desaprovação e, claro, mais uma discussão em loop infinito.

Saio de meus devaneios e desço para a cozinha e encontro Lourdes, a empregada, e única pessoa nesta casa que eu realmente respeito. O cheiro de café fresco e pão caseiro preenche o ambiente, e ela me cumprimenta com um abraço caloroso.

— Feliz aniversário atrasado, menina Ana.

Sorrio levemente. Lourdes é dessas pessoas que sabem exatamente o que dizer e, mais importante, o que não dizer. Ela me olha por um instante, com aquela expressão de quem quer perguntar algo, mas hesita. Até que decide:

— Ana, por que você ficou tão chateada com o bolo de cenoura?

Eu suspiro. — Lourdes, eu cansei de Lana confundir os meus gostos com os da Nina. Isso só mostra o quanto eu sou uma ninguém nessa casa.

Ela tenta protestar, mas eu continuo:

— Eu nunca gostei desse bolo, nunca. Ele só me traz memórias tristes da mamãe, sabe? Quando ela fazia aos domingos.

Lourdes me olha com pena, mas não diz mais nada. Ela sabe que não adianta.

Estou sentada à mesa, distraída, quando a família margarina entra pela porta da cozinha, e meu humor azeda instantaneamente. Lana, com seu sorriso otimista de comercial, não demora para começar a distribuir tarefas.

— Ana, você pode brincar com a Nina enquanto eu dou banho no Gael? — pergunta ela, como se não tivesse acabado de me colocar no modo "babá automática".

Reviro os olhos. — Sou sua babá agora?

Ela respira fundo, tentando manter a paciência. — Ana, estou pedindo um favor. Para de sempre me tratar com pedras na mão.

Cruzo os braços, sarcástica. — Está bem, patroa. A senhora que manda.

Sem esperar resposta, pego Nina pelo braço e a arrasto em direção ao quarto.

— Amor, eu te falei que precisamos colocar limites na sua irmã — ouço Daniel dizer lá de longe, com sua voz irritante de quem acha que sabe tudo.

Antes que eu suba, ele aparece na porta, com o cenho franzido. — Ana, não puxa minha filha assim pelo braço.

Eu paro, me viro lentamente e solto o veneno:

— Ah, claro, sua filhinha. E eu? O que sou pra você, Daniel? Uma órfã pro bono pra você se exibir pros amigos? Consigo até imaginar você todo orgulhoso dizendo: "Eu acolhi a pobrezinha de uma puta que levou uma irmã a tiracolo." Vá se lascar e me deixe em paz.

Antes que ele possa responder, puxo Nina para dentro do quarto e bato a porta.

— Vamos brincar, titia? — Nina me olha com aqueles olhos grandes e brilhantes, segurando um caderno de desenhos.

Eu ignoro, coloco meu fone no volume máximo e finjo que não ouço.

— Titia, titia, titia, por favor!

Ela insiste, me cutuca, e eu tiro os fones, já perdendo a paciência.

— Eu já falei pra NÃO me chamar de tia! — grito, e ela recua, assustada.

Coloco os fones de volta, mas ela insiste novamente. E é isso. Minha paciência acaba. Empurro ela levemente, e ela cai no chão, chorando como se eu tivesse quebrado o braço dela.

Não demora muito até que Daniel apareça furioso na porta.

— O que aconteceu aqui? — Ele entra e pega Nina no colo, enquanto ela soluça e tenta explicar entre lágrimas.

A cena é tão previsível que quase dou risada.

— Ana, eu vou ser bem claro com você. Eu te acolhi, te dou tudo o que você precisa, sempre estive aqui pra você. O que você tem nessa sua cabeça rebelde?

Fico calada, olhando para ele com a maior expressão de tédio que consigo fazer.

— Estou falando com você, Ana!

Dou uma risada sarcástica. — Você acha que é quem, Daniel? Meu pai?

— Ana... — Ele começa, mas eu o interrompo.

— Você é só o cara que apareceu do nada e decidiu bancar o herói. Que bom pra você. Sério. Aposto que isso rende ótimas histórias pros seus almoços de negócios.

Ele respira fundo, claramente tentando não perder o controle.

— Chega. Lana e eu já decidimos: você vai para um internato. Não dá mais pra continuar assim.

Internato. A palavra ecoa na minha cabeça, mas eu apenas dou de ombros. É o que eu esperava.

Enquanto estou sozinha no quarto, minha mente vagueia. Penso em como tudo começou a desmoronar quando o Gael nasceu. Não que fosse culpa dele. A verdade é que Lana era jovem demais para dar conta de três crianças.

Quando éramos só eu, Lana e Nina, as coisas eram mais fáceis. Tínhamos nosso pequeno clube, fazíamos tudo juntas. Mas quando Gael chegou, Lana ficou sobrecarregada, e assim como 2 + 2 são 4, eu sobrei nessa equação.

Passeios em família? Sempre a mesma cena: Lana de mãos dadas com Daniel, Nina de um lado, Gael do outro, e eu lá atrás, segurando vela ou segurando uma criança.

Com o tempo, percebi que estava sempre nos bastidores. Ela sempre presente para seus filhos, mas nunca para mim, o que fez minha raiva crescer cada dia mais.

E agora, aqui estamos nós, presos nesse ciclo interminável de brigas, ressentimentos e desentendimentos.

Mas, quer saber? Talvez o internato seja minha chance de finalmente sair dessa bagunça e começar de novo. Ou talvez só seja mais um capítulo da mesma merda de sempre. Vamos ver.

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