Vozes ocultas
" De repente começa a rodar umas cenas em nossa mente e os nossos olhos se fazem lágrimas sem avisar. "
Beatrice
Encarei o rosto de Bianka perplexa com a descoberta, não conseguimos tirar os olhos daquele lugar.
A rocha na verdade era uma espécie de caverna. Completamente diferente de tudo o que já vi, durante toda a minha vida. Um ambiente fascinante e surreal. Por um momento pensei que estivesse sonhando. A clareira em nossa frente era enfeitada por um tapete de grama verde esmeralda e cercada por sequoias e faias.
Aproximamos da abertura e paralisei surpresa com o que encontrava-se a nossa frente. Ainda admirada com o que situava-se diante de meus olhos, resolvi quebrar o silêncio.
- Água. - Foi o que consegui dizer, ainda estupefata pelo cenário ali dentro.
- Pelos Deuses... - Bianka diz pasma com o mesmo brilho nos olhos, que acredito estar. - Isso é lindo!
A água cristalina cobria todo o solo da caverna e permitia ver a profundidade que se atingia. Os raios do sol iluminavam a água e criavam um lindo espelho, que refletia perfeitamente o resto da caverna. Uma rocha jazia no meio, circulada por todo aquele líquido maravilhosamente límpido, como se fosse o centro de toda beleza.
Vi tons avermelhados nela. Talvez devido a luz do sol ou mera impressão minha.
Caminho até a água e me abaixo, vejo meu reflexo espelhado. Qual seria o motivo de um lugar tão lindo, estar oculto?
- Acho que já li algo parecido nos livros de Ray - Bianka diz se aproximando e mergulhando suas mãos na água. - Se não estou enganada, é uma gruta.
- Pensei que só existissem ao norte. - Confessei.
- Também, mas acredito que nem tudo é o que sabemos. - Disse com os dedos caminhando na superfície da água.
- E o que faremos agora? - Perguntei meio hesitante. - Nunca vi alguém do vilarejo falar sobre algo semelhante.
A postura de Bianka mudou rapidamente, como se pensasse sobre o assunto.
- Por hora... acho melhor somente Ray saber sobre ela.
Concordei maneando a cabeça, já que o assunto estava encerrado.
Sentei na rocha fria e apreciei a quietude. Minha irmã fez o mesmo ao meu lado e permanecemos ali, em completo silêncio.
E de repente, uma lembrança de minha infância se apoderou de meus pensamentos...
" - Bianka?! - Gritou quase choramingando. - Leo...? Duh...? Alguém...?
As lágrimas tomaram conta de Beatrice e a fizeram tropeçar em um galho e desabar no chão da floresta. As folhas e a terra grudaram em seu rosto molhado. O choro ecoou pela imensa floresta. A pequena encostou em uma árvore próxima, ainda tomada por lágrimas e desespero.
Edward se aproximou entre as árvores, acompanhado dos irmãos.
- Você nos assustou! - Disse aflito tentando limpar o rosto da irmã, que se encontrava imundo. - Você caiu? Está bem?
A criança concordou balançando a cabeça. O irmão mais velho levantou a irmã e olhou a floresta ao redor.
- Você veio longe nos procurando em? - Um sorriso se formou nos lábios do rapaz. - Acho que somos bons em se esconder.
A pequenina sorriu, ainda fragilizada com o ocorrido, mas este logo foi tomado por uma lágrima. Uma lágrima que insistia lembrá-la do episódio, da brincadeira que ela se culpava por ter degenerado.
Eles estavam no bosque fronteiriço do pequeno vilarejo. Era vez de Beatrice contar até dez e dos irmãos se esconderem. Ela até arriscou espiar, abriu os olhos vacilante, mas não viu nada além das árvores que a cercavam.
Começou a brincadeira. Ela olhou atrás das árvores que haviam no bosque e não os encontrou. Em passos incertos adentrou a floresta, pensando que talvez... Eles estariam em algum lugar ali.
- Ei... guarde suas lágrimas para outro dia, está bem agora... não está? - Ele se abaixou e secou a lágrima com o polegar - Estamos todos juntos agora, somos irmãos e irmãos não abandonam. - Edward a puxou para um abraço, juntamente com Leonard e Bianka.
- SOMOS UMA FAMÍLIA! - Eles disseram em uníssono.
A menina largou a tristeza que se apossava dela e quis naquele momento, que aquele abraço não terminasse nunca.
Eles voltaram para casa, mas Beatrice não contou a ninguém o que realmente havia acontecido... "
Sinto meus olhos umedecerem, mas trato de reprimir aquelas lágrimas imediatamente. O que aconteceu naquele dia foi mera imaginação de criança. Nada mais.
E assim guardar aquela lembrança, como uma das melhores de minha vida. Já que agora era raros momentos acompanhado deles.
A vida em New Paradise se tornou monótona. Cada aldeão tem seu dever e esse dever é passado de geração em geração. Eles são felizes, mas eu não.
- Não acredito que existem pessoas assim - A voz de Bianka interveio-me. - Ela nem parece ser de uma família como aquela.
- Juliet? - Perguntei já sabendo que era ela - Seus pais são ótimas pessoas. - Afirmei.
- E Ben, nem se compara. - Disse lembrando-me.
O Senhor e a Senhora Cornwell são grandes amigos de nossa família, desde que me lembro. Pena que Juliet é... a maçã podre entre eles, já que Benjamin é nosso amigo.
- Ele vai te acompanhar na festa? - Perguntei me recordando da implicância em saber de Juliet.
- Sim, ele me pediu para acompanhá-lo. - Diz sorridente.
- Acho que Juliet vai detestar vê-la com ele. - Sorri, imaginando a cena.
- E você? - Bianka perguntou, me encarando - Por acaso, não seria Sra. Stevenson? Seria? - Ela disse com um sorriso maldoso nos lábios.
- Bom, se você quis dizer que Peter me convidou a acompanhá-lo, a resposta é sim - Digo me levantando e limpando a saia. - Mas Peter é somente meu amigo e nada a mais.
- Sim, e de longa data - Ela diz fazendo o mesmo. - Pena que acredito, que ele não pense igual.
Bianka saiu da caverna e pude ver tons de âmbar preencher a clareira do lado de fora. Havíamos passado praticamente o dia inteiro ali.
Não quis discutir sobre Peter com ela. Ele é meu amigo, um grande amigo e não quero dele nada além de uma eterna amizade. E se fosse para falar de amor, ela e Ben formariam um belo casal. Afinal, ele foi o único garoto que conseguiu se aproximar dela com uma espada na mão e derrotá-la em um duelo. E seus olhos mostram o sentimento que nutri por ela, mesmo que minha irmã não note isso.
- Vamos Trice! - A voz de Bianka ecoou por toda a gruta, demonstrando impaciência.
- Já vou! - Gritei no mesmo tom, mas logo paralisei com um estranho ruído vindo da caverna.
Era uma espécie de murmúrios e lamentações. Não consegui distinguir nenhuma palavra. Era como vozes em tom abafado.
- Trice?! - Bianka parou na entrada da caverna. - Vamos?
Assenti e segui para fora com o estômago embrulhado. Meu coração bateu em meu peito disparado e senti um estranho arrepio, seguido pelo frio na barriga. Sorri desconfortável com a situação.
- Está bem? Está parecendo que viu um espírito. - Minha irmã perguntou, montando em Árion.
- Sim. - Menti.
Me lancei sobre o dorso de Ártemis e forcei o que tinha acabado de vivenciar, ser apagado de minha alma.
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Hi loves!!!
Aqui está uma ideia de como seria a gruta:
Não está como queríamos, mas acredite foi a melhor que encontramos.
Esperamos que gostem!!! Não se esqueçam de comentar e deixar estrelinhas!!! Até o próximo capítulo!!!
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