Surpresas no caminho
" ... E quando o inesperado lhe sorri. Como não lhe sorrir de volta? "
Adam
- Está bem? - Pergunto oferecendo ajuda ao vulto de uma mulher à minha frente.
Ela recua ainda caída no chão, a vejo passar a mão pela perna e retirar uma adaga.
Já em sua mão o metal afiado reluz, à medida que os poucos raios de luar tocam a lâmina.
- Hey, acalme-se! - Afasto e com minhas mãos, faço sinais para faça o que pedi.
- Q-Quem é você? - Sua voz sai firme, porém insegura quando se levanta.
- Eu quem deveria perguntar, você é que esbarrou em mim. - Falo, mas logo me arrependo ao ver a adaga apontada na minha direção novamente.
- O que quer? - Diz entre dentes e vem ao meu alcance.
" Essa garota só pode estar louca. "
- Adam. Meu nome é Adam. - Tento amenizar, dando passos de costas na direção de meu cavalo, minha única chance de fuga.
- Pare! Não faça isso! - Fala percebendo a minha intenção - Vou lhe dar mais uma chance de me responder. O que quer? - Indaga.
- Só estou conhecendo novos lugares. - Minto.
- Tenho a impressão de que está mentindo - Diz e em um rápido movimento, vejo seu vestido branco esvoaçar quando se põe ao lado de Apolo. - Se eu fosse você, falaria a verdade. - Seu tom de voz é ameaçador, mas de alguma forma sei que não seria capaz de qualquer atrocidade.
- Quer saber a verdade? - Me aproximo e abaixo sua mão com a adaga. - Guarde a arma.
- Porque eu faria isso? Não lhe conheço.
- Para podermos conversar e quem sabe eu poder lhe mostrar que não sou um monstro. - Digo rispidamente.
Estou extremamente esgotado pela viagem, já que depois que passei por Wenchester, o caminho foi difícil de se enfrentar. Pouca comida, noites mal dormidas e ainda ter de lidar com... isso.
Ela finalmente compreende e guarda a lâmina no que me parece ser sua bota. A visibilidade não ajuda muito, mas sei que sua expressão deve estar mais tranquila.
- O que o trouxe aqui "Adam"? - Diz dando ênfase ao meu nome.
- Estou à procura de um amigo - Cedo a implicância da garota. - Raymond Nenrinspell, o conhece?
- Sim - Sua resposta me surpreende. - Mas não me recordo de Ray me contar que tinha um amigo.
- E você, o que é dele?
- Amiga.
- Pois bem, eu também não me recordo de ouvir sobre você e afinal, sabe onde ele está? - Digo desafiando-a.
- Siga por este caminho - Diz áspera, mostrando a direção. - Tenho certeza que o encontrará. Passar bem, "Adam".
Ela passa por mim, seguindo majestosa na direção contrária a que havia me indicado e vagarosamente sua silhueta começa a desaparecer se juntando com as sombras da floresta.
Não sei o por que de me importar tanto, mas quando dei por mim, já estava no dorso de meu garanhão, acompanhando a moça.
- Aonde a senhorita vai? - As palavras saem de minha boca instintivamente assim que me aproximo.
- Olha só quem voltou - Brinca. - Ray está no vilarejo e me pediu para buscar algo em sua casa.
- Você iria mesmo me matar? - Mudo de assunto.
- Se as circunstâncias pedissem - A vi maneirar os passos e parar. - Aqui estamos.
Desço de Apolo e com as rédeas em mãos o conduzo até estarmos próximos a garota. A clareira envolvia a cabana e esta estava sendo banhada pela luz da lua, assim como a louca que eu insistia em acompanhar.
Sinto meu coração acelerar quando pude finalmente ver suas feições.
Mestiça, de olhos e cabelos castanhos e um rosto que me dizia não ter mais que dezessete anos. Sua pele contrastava com o vestido branco de veludo e uma joia adornava seu pescoço.
- Qual é seu nome? - Pergunto vendo que ainda desconhecia.
Os olhos da estranha se chocaram com os meus. Eram olhos castanhos, vivos e penetrantes.
- Beatrice. - Um lindo sorriso surge em seus lábios.
O doce silêncio reinou entre nós, enquanto a vi fitar meus olhos, assim como também fizera. Até mesmo o som das rajadas de vento e o chacoalhar das folhas das árvores cessaram, para que aquela troca de olhares se prolongassem por mais tempo.
A profundidade de seu olhar, substituía qualquer palavra que poderíamos ter dito. Eu não a conhecia, ela não me conhecia, no entanto, parecia que não era nescess...
O som abafado de objeto caindo, vindo de dentro da casa, foi mais que o suficiente para que finalmente pudéssemos desviar o olhar e me tirar do transe que me possuíra.
Nossos passos iniciaram uma corrida involuntariamente na direção da cabana, mas antes que nos aproximássemos um estrondo. Um barulho ensurdecedor seguido por um relincho que não era de Apolo.
Estagnamos ao ver uma silhueta surgir e contornar a casa. Vejo Beatrice correr em direção a casa que era iluminada por uma luz alaranjada em seu interior. Não era preciso muito para saber do que se tratava.
Fogo.
Monto em meu cavalo e o instigo para perto da porta, que se encontrava arrombada.
- Consegue contê-lo. - Grito para a senhorita.
- Acredito que sim - Responde enquanto procura algo, provavelmente algum odre ou jarra com água para conseguir conter as chamas que alastravam-se rapidamente. - O que pensa em fazer?
- Eu já volto. - Instigo o animal.
Ouço sua voz ser encobrida pelo som dos cascos, à medida que Apolo galopava.
As árvores foram surgindo e tive de dar adeus a claridade e espaço que a clareira oferecia. A visão de um vulto enegrecido surgi juntamente com uma vegetação mais espessa. Apolo correu em disparada, até estarmos próximos a figura misteriosa. Um capuz cobria o rosto do ladrão e sua montaria negra era maior que a minha.
Nunca vi algo parecido, seu cavalo era uma fera selvagem. Uma fera robusta que identifiquei, mas que desejei não estar certo. Um cavalo de Armórica.
O vulto foi se distanciando e senti o extremo cansaço se apossar de Apolo. Eu não poderia exigir tanto dele, depois de uma viagem tão exaustiva. Puxei as rédeas o fazendo parar.
Quem quer que fosse já estava longe.
Voltei a clareira e adentrei a moradia.
Uma pilha de cinzas jazia no meio da casa, ainda se via uma pequena brasa consumir a caligrafia de um livro. Páginas rasgadas compunham o resto da destruição.
Beatrice estava de costas, observando os destroços do que presumo ter sido um fogão, ele estava em pedaços. Provavelmente o responsável pelo estrondo. Caminho até ela, me desvencilhando dos obstáculos que estavam espalhados pela casa.
- Como alguém é capaz disto - Diz sem tirar os olhos de vários pãezinhos lançados ao chão - Eu realmente não compreendo. - Seus olhos me encaram em busca de uma resposta.
Sinto a necessidade de reconfortá-la ao ver uma lágrima riscar seu rosto. Uma lágrima que carregava um misto de emoções, angústia, raiva e indignação por tamanha injustiça. No entanto, minimizo-me a apenas enxugá-la com meu polegar.
Como queria ter certeza do que vi.
- É melhor irmos. - Seu rosto estampa um sorriso singelo.
Me lanço no dorso de Apolo e ajudo-a subir na sua garupa. Suas mãos envolvem meu corpo e mais uma vez um estranho sentimento surti em meu peito.
O caminho foi acompanhado por um silêncio sepulcral. Ao longe, pude ver casas surgirem por trás das árvores e um vilarejo se formar aos poucos.
- Bem vindo à New Paradise! - Murmura em meu ouvido, assim que deixamos a floresta.
Amarro meu cavalo a uma árvore e Beatrice me guia por entre as casas. Realmente não imaginava encontrar um vilarejo nesta região.
Uma melodia vagarosamente começou a ecoar suave e alegre em meus ouvidos. A luminosidade e empolgação de inúmeras vozes surge, à medida que nos aproximamos.
Aos poucos, vislumbro uma, duas... três pessoas e logo uma multidão ofusca minha visão.
Agitados, felizes e dançantes, os aldeões parecem celebrar com muita música e comida algo que não sei do que se trata, mas tenho certeza de ser único.
A sigo em meio as pessoas, com muito cuidado para não perdê-la de vista. Nem parece que a pouco, ela mantinha uma adaga apontada para mim. Seus passos param ao chegar perto de uma grande mesa e em questão de segundos um amaranhado de pessoas se lançam sobre ela.
As perguntas variavam de "onde você esteve?", "está bem?" e "o que aconteceu com você, olhe seu vestido?". Beatrice se retinha calma, sendo sufocada por abraços e resolvi me manter um pouco afastado.
Seu vestido branco, estava sujo e seu penteado, agora continha medeixas soltas. A garota mantinha em seu rosto uma serenidade que jamais vi em qualquer outra pessoa.
Sem perceber sou empurrado por uma mulher e esta também envolve Beatrice em um longo abraço.
- Trice, você está bem? - A mulher diz, soltando-a do aperto.
- Estou bem, minha irmã. - Ela responde apenas.
Não pude deixar de notar a semelhança entre Beatrice e ela.
- Adam. - Sua voz me chama e vejo não só seus olhos em mim, como também de muitas outras pessoas.
Me dirijo até ela, sendo escoltado por muitos olhares.
- Vem, Ray está por aqui.
Acompanho-a e em poucos passos me vejo frente a frente ao senhor que procurava. Antes que eu pudesse dizer algo e que Beatrice pronunciasse qualquer palavra, ele me puxou para seus braços.
- Adam! - Ele se afasta, mas mantém suas mãos em meus ombros. - Você está idêntico ao seu pai.
Tais palavras me deixam em choque e Beatrice se encontra estupefata por Raymond me conhecer.
Nunca ninguém havia me comparado com meu pai.
- Como se conheceram? - Diz desviando seu olhar para a senhorita, já que me mantive em silêncio.
Beatrice conta-lhe detalhadamente nosso encontro, a aparição do encapuzado e o estado da casa. Suas feições mudam, demonstrando certa angústia.
- Bom, amanhã conversamos - Raymond exibe um sorriso fraco. - Vamos aproveitar a festa!
Apesar de muitas perguntas estarem sendo formuladas em minha cabeça, que eu necessitava que Raymond me respondesse, o vinho estonteante, a música alegre e o cheiro maravilhoso de comida...
Era o que eu mais precisava.
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Hello people!!!
Primeiramente nos desculpem pela demora. ☺☺
Temos uma novidade para vocês...
Vamos ter Book trailer!!!
Bom, aqui está nosso garanhão, Apolo:
Fofo, não?
Esperamos que tenham gostado, não se esqueçam de deixar estrelinhas.✮✮✮
Só para avisar, não percam os próximos capítulos.
Eles prometem.
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