ZAC

Eu me sinto o maior filho da puta, quando conto a Katy o que fiz. Sinto nojo de mim mesmo. Eu acordo completamente atordoado, e sinto que minha cabeça lateja devido ao álcool. Eu levanto, e decido tomar novamente um banho, por mais que tenha sido somente um beijo, me sinto sujo. Enquanto a água escorre pelo meu corpo, penso na reviravolta, que a minha vida deu. Descobri que não sou filho da mulher que desprezo, sou filho da mulher que sempre considerei minha mãe. Gal e eu sempre tivemos uma ligação, e agora entendo o porquê. Mas ela viu o tanto que sofri por toda a ausência, dos meus pais, minha falsa mãe, nem sei descrever o que eles realmente são. Sei que tenho que escutar o lado da Gal, ela é uma boa pessoa, sei que deve ter um bom motivo para isso. Ainda mais pelo fato, de ser filho dela com o Gibson, um cara que jamais a mereceria. Penso em Katy. Ela se acha tão imperfeita, tão quebrada, como ela diz, tão metade para mim, que hoje vejo que eu sou menos que metade. Minha vida foi uma mentira. Mas ela tem sido a única coisa boa nela, o que eu sinto por ela é de verdade, e a forma como ela me perdoou também, deixa claro o quanto ela me ama e confia em mim. E agradeço aos céus por isso. E prometo que jamais vou magoá-la novamente. Quero que ela seja completamente feliz, e eu quero ser o motivo dessa felicidade, e já sei o que vou fazer, para provar a ela o quanto a a amo. Saio do banheiro, e me deparo com ela sentada na cama, ela parece cansada, esse fim de semana, foi cheio. Eu olho para ela envergonhado ainda pelo que fiz. Ela me olha, e por mais que sei que ela me perdoou, vejo a magoa em seus olhos.

-Você está bem? - Ela me pergunta.

-Estou sim. Sinto muito por tudo.- Ela acena em afirmativa. Sinto que ela está fria. Mas não vou forçá- la a nada. Ela precisa do tempo dela.

-Eu não sei se você quer falar sobre isso, mas você precisa falar com Gal. - Eu olho para Katy, e realmente não tenho certeza se quero falar sobre isso.

-Eu não tenho certeza se quero falar com ela. Ela mentiu minha vida toda. - Ela se levanta, e vem até mim, e me enlaça, com seus delicados braços.

-Ela me contou tudo Zac. Não precisa ser agora, mas você tem que falar com ela. Vai ser melhor para você, acredite ela teve um bom motivo. - Eu a abraço, e apoio meu queixo, em sua cabeça, acariciando levemente suas costas. Ela me solta, e diz que vai tomar um banho. Fico receoso em sair do quarto, e encontrar Gal. Mas sei que preciso falar com ela. E o quanto antes fazer isso, mais rápido, essa angustia vai acabar. Saio porta a fora, e não a encontro. Abro a porta da sala, e sento no pequeno degrau da varanda. Fico repassando, a minha vida toda na cabeça, e em nenhum momento dela, eu lembro de algum momento amoroso com Tereza, da mesma forma que não lembro de nenhum ruim com Gal. Sinto que alguém senta ao meu lado, e não preciso olhar para saber quem é. -Será que podemos conversar. - Gal me diz, com a voz carregada de melancolia.

-Porque você mentiu para mim Gal? Porque você escondeu tudo isso de mim?- Questiono olhando firme em seus olhos. Olhos, que já estão marejados.

-Eu nunca te contei, porque queria te proteger. Eu sempre amei você, e sofri por ter que esconder isso a vida toda de você.

-Me proteger? Do que? De ser feliz? De ter uma mãe? De poder chamar a minha mãe como gostaria? - Ignoro as lagrimas que querem cair. - Então me conta, me explica sobre o que você quer me proteger!

-Zac, eu era muito nova quando conheci seu pai. Era mais nova que você. Ele me ofereceu o serviço de empregada na casa deles, nós nos apaixonamos. Ficamos cada dia mais próximos, Tereza era igual é hoje, só se importava com viagens, luxo e sobrenomes. Gibson e eu combinamos de fugir, mas descobri que estava gravida. Ele não quis assumir. Eu não sabia nem como ia conseguir criar você, mas não desisti. Um pouco depois, Tereza desconfiou, e me encheu de ameaças. - Ela me conta a história toda. Eu fico chocado com o que ela me conta. Fico frustrado por nunca ter desconfiado de nada, uma mãe de verdade, jamais abandonaria seu filho. E se antes sentia um pingo de amor que seja por Gibson, ele se transforma em um completo desprezo e ódio. Eu consigo entender o porquê ela fez o que fez. No fundo eu fiquei chateado com a mentira da Gal, mas me sinto aliviado, por ser filho de uma pessoa tão incrível como ela.

-Eu peço que perdoe Zac. Sei que não é uma mentira qualquer. Eu entendo também se você não me perdoar, mas quero que saiba que fiz o que fiz, por amor. Para proteger você e o Dhylan. Eu amo você Zac. - Ela me olha com expectativas, e eu não correspondo. Ela lentamente se levanta, respira fundo, e quando ela se vira para voltar para dentro, eu me levanto, e a puxo para um abraço. Ela praticamente se desmancha em lágrimas.

-É claro que te perdoou Gal. Você sempre foi minha mãe. Só queria que você tivesse me contado antes. Eu amo você Gal. Como mãe, e você sempre soube disso. - Quando percebo estou chorando. - Obrigado por me proteger, por cuidar de mim. - Seguro seu rosto, entre as minhas mãos, e recolhendo uma lágrima sua com o polegar, eu digo a ela. - Obrigado por tudo, Mãe.

-Zac, meu menino. Você não sabe o quanto eu esperei por isso.

KATY

Eu estou exausta, nem parece que se passaram somente dois dias. Nem mesmo o banho, me ajuda a relaxar. Resolvo dar uma volta, caminhar um pouco. Saio sem que Zac perceba, e vou caminhando. Fico pensando em meus pais. Sinto tanta falta deles. Fico imaginando, como eles se sentiriam, vendo onde eu cheguei. Me pego pensando, o que eles diriam de Zac, será que eles o aprovariam? Com certeza sim. Zac é carismático, é bondoso, esforçado. E beijou minha melhor amiga. Eu acreditei nele. Acreditei que ele realmente não a beijou porque quis. Mas me pego pensando, o que Hanna estava fazendo no mesmo bar que ele. Ela parece sempre ter a mania, de estar no lugar errado na hora certa. Lembro da foto do Zac, que ela tirou com a amiga dele, agora o bar. E meu sexto sentido, entra em alerta, dizendo ter algo errado aí. O ar úmido e gélido de Forks, me faz tremer de frio. Quando me dou conta, estou na rua da casa dos Trampells, e decido ir me despedir deles. Não pretendo voltar a Forks, tão cedo. Toco a campainha, e a Sra. Trampell, vem abrir a porta, ao me ver, ela me dá o seu melhor sorriso. Eu entro na casa, e tento sentir como se estivesse de volta ao lar, mas não é isso o que eu sinto. O único lugar, que me faz sentir em casa, é nos braços do Zac.

-Querida, achei que vocês já tinham ido embora para Londres. - Ela diz me envolvendo em um abraço materno.

-Não tivemos um contratempo, e perdemos o voo. Mas vamos amanhã cedo. Vim me despedir de vocês. Sinto tantas saudades.

-O meu amor! Eu também. Sinto tanto sua falta. Você sempre foi mais próxima, mais carinhosa. Não é fácil, ver você longe da gente.

-Elizabeth, você acha que meus pais iriam ter orgulho de mim? - Pergunto a ela. Toda a confusão com o Zac, me deixou saudosa.

-Eu tenho certeza que sim querida. Olhe a mulher que você se tornou. Está estudando, é completamente esforçada, independente. Eu tenho certeza que sim. Assim como nós estamos muito orgulhosos de você. Mas porque você está me perguntando isso? Aconteceu alguma coisa?

-Não está tudo bem. É que sinto falta deles. - Ela me abraça novamente.

-Eu imagino meu amor. De onde eles estiverem eles estão cuidando de você.

-Obrigada. Digo a ela, com os olhos marejados. Hanna está?

-Não meu amor, ela saiu já tem um tempo. Estamos tão envergonhados com o comportamento dela. Não sei o que Hanna tem, ela é revoltada com o mundo. Não consigo nem explicar, o porquê de ela ter agido daquela forma.Não sei onde Greg e eu erramos, sempre tratamos todos vocês de maneira igual. Espero que Zac nos perdoe.

-Ah por um lado foi bom. Toda aquela confusão, trouxe uma grande verdade à tona. - Ela me pergunta, o que houve e conto tudo a ela. Ela fica completamente chocada e preocupada com Zac.

-Ele está bem. Ele vai ficar bem. Ele tem um coração bondoso, sei que vai perdoá-la.

-Você ama ele não é querida? - Ela me pergunta, e eu sorrio como boba.

-Sim. Muito. - Ela sorri, e antes que possa responder alguma coisa, Steven aparece, me cumprimenta com um aceno de cabeça, bebe um copo de água e sai. Ele parece doente, com os olhos fundos, e uma tristeza digna de um funeral.

-Katy, você sabe de algo que possa ter acontecido com ele? Ele está assim desde o casamento, e não fala com ninguém, não quer comer.Não saiu do quarto.

-Não sei, mas posso tentar falar com ele.

-Se você puder descobrir ficarei grata. - Sorrio para ela, e subo até o quarto do Steven. Bato na porta, e ele não responde. Bato novamente, e ele abre.

-Oi Katy, precisa de alguma coisa?

-Sim preciso falar com você. - Digo a ele, ele parece contrariado, mas me deixa entrar, eu entro e ele fecha a porta logo em seguida.

-O que você precisa falar comigo pirralha?

-Vim saber o que você tem. Sei que não éramos melhores amigos, mas me preocupo com você.

-Eu estou bem, é só ressaca do casamento. Não quero falar sobre isso. Não agora Katy. - Fico preocupada com ele, ele não está bem.

-Tem certeza que não quer falar comigo? Ele senta na cama, e me olha revirando os olhos.

-Você não vai desistir enquanto eu não contar, não é? - Dou risada da cara de criança contrariada que ele faz.

-Você sabe que não! - Ele revira os olhos contrariados.

-É uma garota. Eu perdi a garota que amo. - Abro a minha boca em surpresa. Steven sempre foi tão liberal, o famoso pega e não se apega, ouvir sua confissão me deixou completamente surpresa.

-Steven, eu sinto muito. Mas como assim perdeu? Ela faleceu? - Ele me olha assustado.

-Não, não pelo bom Deus Katy, não. Ela só está com outra pessoa agora.

-Eu sinto muito Steven. Mas se ela está com outra pessoa, você não a perdeu. Se ela sente algo por você, você ainda tem alguma chance com ela. - Ele se joga na cama, e esfrega o rosto demonstrando nervosismo.

-Se você soubesse a história toda, você não estaria falando isso. Eu não quero falar sobre isso Katy, por favor. - Sinto pena dele, mas não vou força-lo a falar.

-Tudo bem, não vou falar sobre isso, mas quando você quiser falar comigo, eu estou aqui.

-Obrigada Katy. E você e Zac? Estão bem? - Sei que ele quer desviar do assunto, mas a sua pergunta me deixa desconfortável.

-Sim claro. Bom não sei. Steven, aconteceu uma coisa. - Ele me olha preocupado.

-O que houve? Zac machucou você? - Ele levanta rapidamente e se senta na cama, e eu sento ao seu lado, ficando de frente a ele.

-Não, ele não me machucou não. Mas ele passou por um dia difícil, e bebeu muito, então... - Não sei se devo contar a ele, mas preciso desabafar com alguém. Mesmo que esse alguém seja Steven.

-Então? - Ele me tira dos meus pensamentos. Respiro fundo e continuo.

-Então, ele ficou completamente embriagado, e beijou uma garota. Ele disse que me viu, ao invés da garota, e a beijou, mas logo percebeu que não era eu.

-Puxa Katy. Que vacilo dele. Mas ele te contou isso, ou você descobriu?

-Não, ele me contou. - Ele segura em minhas mãos.

-Se ele te contou é um bom sinal. Katy, eu não sou a melhor pessoa para te dar conselhos, sobre amor, mas, todo mundo sabe o quanto ele é louco por você. Ele ama você, e se esse beijo foi sem significado nenhum, você deve perdoa-lo.

-Eu o perdoei. Mas não sei. Acho que o perdoei, porque ele também me perdoou, quando beijei Alex.

-O que?? - Ele grita assustado, com cara de diversão. - Katy Morgan, eu achei que você fosse a garota mais inocente da face da terra, como assim beijou Alex? - Ele pergunta divertido, e vejo brilho em seus olhos. Dou um tapa em seu ombro, e ele finge que doeu muito.

-Steven fala baixo! Não foi nada disso que você está pensando. Eu não estava bem, e no meio da conversa acabou rolando, mas Alex e eu sabemos que não teve importância. Ele me perdoou.

-Katy, você ama Zac. Se isso não vai afetar o relacionamento de vocês, deixa pra lá. Começa do zero. - Meus olhos começam a ficar marejados. - Quem foi a vadia que ele beijou, eu conheço? - Olho para ele, e fico tensa em responder.

-Foi a Hanna. - Ele me olha e sua expressão fica completamente irritada.

-Droga. - Ele sussurra algo como, ''agora faz sentindo'', enquanto parece buscar alguma lembrança em sua mente. - Katy, não deixe isso abalar vocês. Você ama o Zac, e ele ama você. E sei que ele odeia Hanna. E Hanna ama o Rush. Foi só um mal-entendido mesmo, efeito do álcool. - Ele tenta parecer, convincente, mas sei que tem algo que ele está escondendo.

-Tem alguma coisa que você quer me contar Steven? - Ele me olha, completamente sem graça.

-Não. É que queria ter a sorte de vocês dois. - Ele sorri carinhosamente.Mas não me engana.

-Obrigada por tudo Steven, vim aqui pra tentar te ajudar, e olha só. Acabou que você me ajudou.

Meu celular toca, e vejo o nome de Zac na tela. Ignoro a chamada.

-Preciso ir. Ele deve estar preocupado, deve achar que fui para Londres.

-Eu no lugar dele faria o mesmo. Você é incrível Katy. - Ele se levanta, me abraça como antigamente. - Pirralha. - Ele diz, e rimos em uníssonos. - Só toma cuidado. Nem todo mundo é o que parece ser.

-Steven, como assim? - Eu não entendi o que ele quis dizer com isso.

-Só um conselho. - Ele diz me dando uma piscadinha. Sorrio para ele sem entender, e saio.

Quando chego de volta a cozinha, e vou me despedir da Elizabeth, conversamos mais um pouco e decido ir embora. Enquanto conversava com a Sra. Trampell, enviei uma mensagem para Zac, avisando onde estava, e que estava bem. Algumas quadras antes, encontro com Hanna. Ela me vê, e vem em minha direção, me dando um abraço. A um tempo atras, ficaria contente com o encontro, mas hoje não sei mais.

-Katy, precisava falar com você. - Ela diz, e por um segundo, sinto uma angústia no peito, e sem que consiga controlar, imagino Hanna e Zac, se beijando. Balanço a cabeça, como se a imagem fosse sumir como fumaça.

-Sim. O que você quer falar? - Não sinto vontade de falar com ela. Principalmente sobre o assunto que ela quer falar.

-Você e Zac estão bem? Sinto sua pergunta carregada de ironia.

-Você quer falar sobre o beijo Hanna? Se for sobre isso ele me contou. - Sinto sua expressão mudar rapidamente.

-Katy, eu queria te contar. Não foi nada, ele estava muito embriagado, ele me beijou, mas me chamando pelo seu nome. - Eu não suporto mais ouvir.

-Hanna pare! Ele já me contou tudo. Está tudo bem, eu entendi, que ele estava muito embriagado. Eu já o perdoei, estamos bem. Não precisa se preocupar.

-Desculpa Katy. Só não quero que isso afete nossa amizade. Você é a minha melhor amiga. - Ela me abraça. - Zac e eu somos amigos muito tempo, ele sabe o quanto Rush e eu nos amamos.

-Está tudo bem. Fiquei tranquila, confio em vocês. - Digo friamente a ela. - Preciso ir, Zac está me esperando, está tarde, e amanhã volto para Londres.

-Queria passar uns dias lá com você. Conhecer Londres. Saímos em casal, o que acha?

-Claro. Podem ir quando quiser. - Digo, e seus olhos brilham. Talvez seja bom, ver ela e Rush juntos. Talvez afaste essa sensação ruim que estou sentindo. Sei que Zac, vai ficar bravo, mas Rush vai estar junto.

- O que acha do fim de semana que vem? - Ela me pergunta entusiasmada.

-Claro perfeito. Preciso mesmo ir Hanna. - Digo a ela, mostrando meu celular tocando novamente.

Me despeço dela, e continuo andando. Quando chego a casa de Zac, ele está me esperando na Varanda. Ele me abraça forte, mais sinto que está tenso.

-Estava preocupado com você. Porque não me atendeu? - Ele me pergunta, e pela maneira que me olha, vejo que ele ainda está mal com tudo o que houve.- Fiquei com medo que tivesse ido embora!

-Eu só precisava de um tempo. Caminhar um pouco. - A insegurança brilha em seus olhos.

-Você está bem?

-Agora estou. E você? - Ele me sorri animado e me responde.

-Sim. Conversei com Gal. Bom com minha mãe. - Eu o abraço forte.

-Que ótimo. Fico muito feliz que vocês se entenderam. De verdade mesmo.

Ele beija minha testa, e ficamos abraçados, ele sussurra, mas consigo decifrar o que ele diz.

-E eu, estou feliz que você está aqui.

Oi minhas escolhas, tudo bem com vocês? Aqui vai mais um capitulo para vocês! Espero que gostem! E queria dividir com vocês, a minha alegria , Entre Escolhas alcançou o seu 1 k!!!

Agradeço de coração a cada leitor, que acompanha a história, que votam, comentam! Muito obrigado a todos! Beijinhos ♥♥♥