Vinte e nove: Dois corações
Três dias se passaram. Todos na escola haviam recebido os resultados finais, e estavam ansiosos para o baile, que seria no dia seguinte. Maya e Nicholas, desde o dia em que saíram para a patinação, não procuraram um ao outro.
Olhar machucava, e eles não queriam sair machucados dessa história. Assim, ambos passaram todas as últimas noites, cada um em sua cama, tentando não pensar um no outro.
Os dois oraram ao mesmo tempo, sem saber. Nicholas orava para que Maya fosse feliz com alguém que realmente merecesse ela, e Maya orava por ele, e para tentar entender seu próprio coração. A vida de ambos estava passando por grandes mudanças, cada um à sua forma.
A casa de Nicholas estava uma bagunça com a mudança. Os móveis estavam sendo doados, vários casais apareciam todos os dias tentando comprar a casa e Gregory estava cuidando da transferência de Dylan para outra clínica de reabilitação em Nova Jersey, clínica essa que ele também havia decidido entrar para parar com a bebida.
Maya, por outro lado, estava relembrando de como era ter uma mãe. Hattie passara todos os dias com ela, fazendo os mais diversos programas de mãe e filha: shopping, cinema, sorveteria, tudo o que dava para fazer.
As duas foram juntas escolher o vestido de Maya para o baile. Quando o grande dia chegou, elas tiverem a mais absoluta certeza de que era o vestido certo.
Maya se olhou no espelho, e sentiu que parecia uma estrela cadente. O vestido, que mesclava tons de azul escuro em ordem crescente, possuía um decote tomara que caia, que afinava a cintura de Maya e descia em um corte romântico e rodado. Hattie ajustou o grampo do penteado de Babyliss que ela havia feito na filha, e pegou o salto prateado.
— Você está tão linda, Maya. — Hattie diz, quase chorando ao ver ao olhar para ela. Seu coração nunca esteve tão alegre por presenciar esse momento da vida dela.
— Obrigada, mãe. — May sorriu, incomodada com a maquiagem. Os cílios postiços pesavam.
— Precisava mesmo desses cílios? Os meus já são grandes, não está parecendo tipo, duas vassouras...
— Você está perfeita!
— Filha? — Samuel bateu na porta, abrindo segundos depois. — Scoot cheg... Oh, querida, o que aconteceu com seus olhos?
— Eu falei que está esquisito, mãe! — Maya a olhou, vendo Hattie sorrir. A garota quase não conseguia manter os olhos abertos.
— Tudo bem, vamos tirar e colocar um menor, espera aí.
— Se apressem! O que eu vou conversar com o garoto lá embaixo? — Samuel olhou para Maya desesperado. — Gostava mais do outro garoto. O Nicolau.
— Pai! — Maya o repreendeu enquanto sentiu seu olho quase ser arrancado quando Hattie puxou o cílio.
— Ok, ok, já vou.
— Ela já vem. — Samuel disse limpando a garganta e vendo Scoot parado no fim da escada. O loiro assentiu, ajeitando a gravata azul marinho apertada.
— Ok.
— Ok.
— Quer uma água?
— Não senhor, muito obrigado.
— Ok.
— Ok.
Assim, o assunto acabou. Os dois olharam nervosos por horizontes pelos próximos quinze minutos, até que Maya e Hattie desceram. Os olhos de Maya e de Scoot se encontraram e ambos sorriram, mas o coração de nenhum dos dois acelerou.
Samuel e Hattie tiraram diversas fotos dos dois formandos, e assim, ambos saíram em direção à escola. Maya tentou puxar conversa, mas percebeu que Scoot estava estranho, então, os dois passaram o caminho inteiro ao som do carro, que tocava uma música romântica para um clima que não se parecia nada romântico. A estrada coberta de neve também não ajudou.
Quando os dois chegaram, no entanto, seguraram as mãos um do outro e entraram.
— Bem vindos ao baile de inverno da turma de formandos de 2021! — a diretora disse alto no microfone, fazendo os alunos gritarem. O Dj voltou a ligar a música, e todos começaram a dançar.
O espaço estava decorado com diversas luzes e flocos de neve de papel, como todos os bailes de formatura do colégio Warren que, indo de forma contrária à tradição nos Estados Unidos, encerrava o ano letivo em dezembro, e não em junho, como de costume. Maya ajustou a pequena flor lilás amarrada no pulso e olhou para Scoot, engolindo uma saliva.
— Você está bem?
— Como? — o loiro perguntou alto, tentando ouvir pelo barulho da música.
— Você está estranho! — Maya disse alto também, sentindo ele apertar a sua mão.
— Estou bem, só estou cansado. — ele disse no ouvido dela e sorriu fraco.
Jim apareceu no mesmo instante e o chamou para ir buscar uma bebida. Maya assentiu e ambos saíram. Sentindo uma sensação estranha no peito, ela procurou Nicholas com o olhar e, quando não o encontrou, checou o celular. Não havia nenhuma mensagem dele.
— Até que enfim você chegou! — Rebecca disse, aparecendo com um enorme sorriso no rosto puxando Norman pela mão. Maya a olhou de cima a baixo.
— Bec, você está... parecendo uma princesa. — ela sorriu, vendo o vestido rosa brilhante da amiga. Becca agradeceu com uma reverência.
— Você também amiga, esse dia está ótimo, nós estamos tão lindas que deveríamos ganhar a votação para a rainha do baile.
— Só um casal pode ganhar. — seu par diz baixinho, sentindo o terno apertar sua barriga.
— Fica quieto, Norman.
— Esse é o seu sonho Bec, não o meu. — Maya sorriu. — Meu voto é todo seu.
— Onde está o Scoot?
— Ele saiu com o Jim. Hoje está sendo... estranho. Ele está estranho. Nós quase... não conversamos no caminho para cá.
— Você já deu a resposta a ele sobre o pedido de namoro?
— Não, mas...
— Então é isso.
— Aviso! A partir de agora já estão sendo aceitas as votações para o rei e a rainha! — o Dj disse no microfone, atraindo a atenção de todos. — Vamos fazer da moda antiga, deixem seus votos na urna e, todos os casais, vão para a pista de dança!
Assim, as músicas lentas começaram. Bec saiu puxando Norman e Maya viu Scoot se aproximar com Jim.
— Sem par hoje? — Maya perguntou para o ruivo, vendo-o sozinho.
— Não preciso de par. — Jim deu de ombros, bebendo o copo de ponche e olhando de longe para Becca. Maya percebeu.
— Não estrague a noite dela hoje, por favor, ela quer ser a rainha do baile então, não invente nada.
— Porque você acha que eu estragaria? — Jim a olhou com raiva e jogou o copo no chão, saindo. Scoot respirou fundo vendo o amigo ir embora, e estendeu a mão para Maya.
— Gostaria de dançar?
— Filho? Está aí? — Evelyn bate na porta do quarto, olhando o relógio de pulso.
— Estou mãe, pode entrar. — Nicholas responde, vendo-a abrir a porta e o olhar boquiaberta.
— Você não está pronto? O baile do seu colégio não era hoje?
— É sim, mas eu não vou. — ele responde, voltando a tocar a música que ele havia feito para Maya no violão. Evelyn encarou o caos do quarto dele com as malas abertas, e se aproximou, sentando na cama ao seu lado.
— Filho, como assim não vai? Eu te comprei aquele smoking lindo, não convidou nenhuma garota? É o seu baile de formatura!
— Eu não estou a fim, mãe.
— Seus amigos vão estar lá! Jim, Scoot...
— Eu já os avisei.
— E a Bright...
— Ela é passado, dona Evelyn.
— Então quem é o presente? — ela ergue as sobrancelhas, tocando o braço do filho e fazendo-o parar de dedilhar as cordas do instrumento.
— Não quero falar sobre isso.
— Tudo bem, tudo bem, eu respeito a sua privacidade. — Evelyn levanta as mãos em sinal de rendição e se levanta, pronta para sair. — Mas saiba que, talvez, a garota do presente esteja esperando por você.
Nicholas viu a mãe sair e colocou o violão de volta na capa, terminando de arrumar também as últimas malas para a viagem. Maya está feliz agora, e isso que importa. Ela está bem, segura com o Scoot, que de longe, é o melhor cara que eu conheço. Ela não está esperando por mim.
Pegando o smoking do guarda roupa e preparando para enfiá-lo na mala, ele escuta o celular tocar. Ao ver o nome da pessoa, ele não conseguiu esperar dois toques antes de atender e, pelo menos, conseguir ouvir a voz dela, já que era a única coisa que ele teria.
— Rose?
Preparados para o último capítulo?
Gritem: SIMMMMMMMMMM!
🤍🤍🤍
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro