Vinte e cinco: Sentimento tangível
— Certo, você está apaixonada pelo Campbell, grande novidade todo mundo já sabe.
— Como assim todo mundo já sabe? — Maya arregala os olhos.
— É uma forma de expressão! — Bec revira os olhos. — E então? Você não vai fazer nada?
— O que você quer que eu faça? Eu não vou me declarar para ele, Becca! Não sou uma idiota. E se ele disser não? Eu fico com cara de tacho?
— Ele não vai dizer não Maya! Por Deus!
— Como você sabe? Agora tem bola de cristal?
— Ele foi te ver no dia da enfermaria, e eu disse a ele que eu sabia que ele gostava de você e que já estava na hora dele fazer alguma coisa!
— Você fez O QUE?
— Turma, bom dia, eu me chamo Ohana e irei hoje dar uma aula de ensaio de dança para o baile. A essa altura do campeonato todos já devem ter seus pares, então formem duplas que logo iremos começar. — disse a professora de pele parda e cabelo crespo em corte degradê. Ela usava uma flor que parecia ser natural entre os pequenos cachos, e se equilibrava em um alto salto, que estava quase escondido sob o vestido longo estampado.
— Bom dia! — Maya respondeu em coro junto com Rebecca e a turma. Voltando a olhar feio para a amiga, ela respirou fundo. — Bec, não acredito que você fez isso. Porque não me contou ontem na ligação?
— Porque já era tarde e eu tinha que dormir!
— Ele respondeu? Que gostava de mim? — Maya a olhou esperançosa.
— Bom, assim, em palavras não, mas...
— Bec! — Maya engoliu uma saliva, decepcionada por ter criado esperanças.
— Quem cala consente!
— Ah é? Então aplique a mesma lógica ao Jim.
— Maya olhou para o ruivo e Becca sentiu o rosto corar.
— Não misture as coisas. O fato é, May, o Nicholas gosta de você. Rompa o que nem começou ainda com o Scoot, e conte para ele o que sente.
— Não estou misturando. Se quer que eu tome uma atitude, tome também. Não acredito que você vai ser o par do Norman. Bec, ele solta muito pum!
— O Norman tem alguns problemas gástricos, mas no fundo ele é um rapaz interessante! — Rebecca procura o garoto gordinho com o olhar e o vê no canto da sala enfiando o dedo no nariz. — Ele é incompreendido.
— Ok, boa sorte.
— Oi May. — Scoot apareceu bem na hora, estendendo a mão com um sorriso no rosto. — Vamos?
— Sim. — ela sorriu e olhou com cara feia para Bec, que devolveu o olhar mortal de volta.
A professora bateu palmas e chamou Jim para demonstrar os passos da valsa. Todos os garotos gritaram zoando por ele ter ido dançar com a professora, e ele apenas sorriu ignorando. Para a surpresa de todos, ele se saiu um ótimo dançarino.
— Aprendam mais com o James! — disse Ohana, sorrindo para o ruivo que fez uma reverência para zoar com os colegas. — Podem começar!
A valsa Waltz of the Flowers de Tchaikovsky começou a tocar e Nicholas entrou na sala, como sempre, atrasado. Ohana perguntou se ele já tinha par, e como ele disse que não, ela o colocou para dançar com Bright, que também estava sozinha. Maya viu os dois dançando de longe, e engoliu uma saliva.
— Qual vai ser a cor do seu vestido? Se você quiser eu posso conseguir uma gravata que combine. — Scoot tenta puxar assunto, vendo que Maya estava distraída.
— Eu... ainda não sei. — ela respondeu, tentando olhar para o lado. Os dois estenderem os braços, e ela girou para dentro dos braços de Scoot. Nicholas, do outro lado, tentou desviar o olhar da cena e quase deixou Bright cair.
— Obrigada por ter dançado comigo, Nick. Você sempre foi um ótimo dançarino.
— Nós nunca dançamos, Bright.
— Ai! — disse Becca, sentindo Norman ter pisado em seu pé pela décima vez. O garoto segurou na cintura dela nervoso, e sorriu mostrando o dente da frente que carregava um pedaço pequeno de alface.
— Foi mal.
— Troquem os pares! — Ohana disse alto, e as garotas giraram. Maya foi parar nos braços de Dominic, Scoot nos de Amber, Nicholas nos de Sarah, e Becca nos de Jim.
— Oi chokito. — disse James, puxando forte o corpo de Becca para perto dele. Ela deu um tapa em seu braço.
— Não precisa de toda essa proximidade!
— Claro que precisa. — ele disse no ouvido dela, a causando um arrepio que a fez ficar com ainda mais raiva.
— Oi gatinha. — disse Dominic, descendo as mãos da cintura de maya para baixo. Ela pisou forte em seus pés.
— Tire suas mãos daí!
— Nós temos uma química especial. Eu sou o leite do seu café. — ele piscou. Maya abriu a boca em estado de choque e deu uma joelhada em suas partes baixas.
— Troquem de novo os casais! — Ohana disse sorrindo, vendo Dominic de longe agachado sentindo dor. Ela respirou fundo. Sempre acontece.
Maya chegou aos braços de Nicholas, Scoot começou dançar com Bright, e Jim girou Becca e segurou em sua cintura de novo, não trocando de par.
— Sabia que seu amigo está te traindo? — diz Bright, arqueando as sobrancelhas para Scoot.
— Do que você está falando?
— Nicholas e Maya. — ele ergueu o rosto na direção deles. — Estão ficando pelas suas costas. Se eu fosse você, abria os olhos.
— Você é maluca.
— Oi. — Maya disse a Nick.
— Oi. — ele respondeu de volta.
Os dois dançaram em silêncio, sentindo o ar escasso. A comunicação dos dois era através do toque. Maya colocou os braços ao redor do pescoço de Nicholas, e ele tocou de forma suave a cintura dela, acariciando devagar a sua pouca parte de pele exposta da blusa, que havia se levantado alguns centímetros. Ambos sentiram as respirações perto, e se moveram com os olhos perdidos um no outro.
— Era para ter trocado de par! — enquanto isso Becca xingava Jim, que tinha as mãos entrelaçadas as dela.
— Não estava a fim.
— Você é insuportável. Se quiser ir ao baile comigo, me convide, idiota!
— Não. — ele virou o corpo dela para baixo sob seus joelhos no passo da dança, e disse a poucos centímetros da boca dela. — Não preciso convidar, você vai comigo.
O último toque da valsa tocou, e todos os casais se olharam atordoados, cada um a sua forma.
— Chega de ensaio por hoje, pessoal. Vocês foram ótimos, parabéns. — disse Ohana sorrindo e todos bateram palmas. — Vai ser um baile perfeito!
Maya voltou para casa atordoada, confusa com o que havia acabado de descobrir em relação aos seus sentimentos por Nicholas. Ela tinha vários pontos a considerar. O primeiro deles, era que ele não era cristão, o que se configuraria como julgo desigual.
O segundo ponto era que, depois da dança, ela havia tido certeza que talvez ele ainda tivesse sentimentos pela Bright. Os dois dançaram juntos, isso significava que ele a havia convidado para o baile. Pensar nisso quase a fez chorar.
Chegando na calçada de casa, Maya pegou as novas correspondências da caixa de correios e entrou em casa, pensando no terceiro e último ponto: Scoot. O que ela sentia por ele simplesmente desapareceu?
Ela estava tão confusa! Faltava pouco tempo para o baile e ela não sabia o que fazer. A garota respirou fundo e entrou em casa, vendo o pai na cozinha terminando o almoço.
— Oi filha, como foi a escola?
— Legal. — ela sorriu fraco, colocando a mochila no sofá.
— Que ânimo! Com essa resposta tão alegre você poderia ser até comediante.
— Pai! — ela sorriu, colocando as cartas no balcão da cozinha.
— O que chegou aí? Mais contas? Eu só não vendo meu cabelo para pagar porque até ele já caiu.
— O senhor é demais. — Maya começou a olhar os envelopes, balançando a cabeça. — Água, luz, internet... tem uma diferente aqui.
— O que é?
— Ai meu Deus pai! É de Harvard! — ela gritou, colocando a mão no coração.
— Abre!
— Não sei se consigo.
— Então eu abro. — ele tomou o envelope da mão dela e levantou para cima, começando a abrir.
— Não pai, não faz isso! Me dá.
— Querida Maya, o comitê de admissão informa que...
— O quê? — ela quase gritou quando ele parou. Samuel olhou com um semblante triste para a filha. — Pai?
— Você passou! — ele gritou sorrindo junto com ela, a girando em um abraço.
— É mentira...
— Você passou filha, parabéns. — ele a olhou orgulhoso. Maya sentiu uma lágrima descer.
— Mas pai, tem os gastos...
— Não se preocupe com nada disso, nós daremos um jeito. Ninguém irá te impedir de ser a maior astrônoma que os Estados Unidos já conheceu.
Os dois se abraçaram de novo e Samuel a deu um beijo na testa. Subindo rápido as escadas, ele desceu com um presente na mão: uma camisa moletom escrita Harvard.
— Pai! É linda, quando o senhor comprou?
— Quando você mandou a carta. Eu sabia que passaria. — ele disse com os olhos cheios de água.
— O senhor está chorando?
— Claro que não menina, está doida? Eu não choro. — ele diz coçando a garganta e erguendo a postura. Maya sorriu e o abraçou.
Interrompendo o momento, a campainha tocou.
— Será que é a Becca? Talvez ela também tenha passado... — a garota para de falar assim que abre a porta. Um silêncio se instaura.
— Filha, quem é? — Samuel aparece na porta atrás de Maya, e a vê paralisada. A mulher à porta possuía pele negra, olhos verdes, altura média e usava um blazer e calça bege sociais.
— Mãe?
— Você aceita um suco, ou um café? — diz Samuel, depois dos quinze minutos de silêncio em que todos estavam sentados à mesa. Hattie colocou o cabelo liso escuro curto para trás, e sorriu fraco.
— Não, muito obrigada. — ela passou as mãos nos braços, como se estivesse com frio. — O clima está frio, não é? A previsão diz que os primeiros flocos de neve irão cair ainda essa semana.
— A senhora não veio aqui para falar sobre o tempo. O que quer? — disse Maya, se repreendendo mentalmente por ter sido tão grossa. Ela não entendia o porque da mãe estar ali, depois de tantos anos, e isso a fez ficar com raiva. Estar com raiva a deixou com mais raiva ainda.
— Eu vim te ver. — Hattie tentou tocar a mão da filha, que recuou. — Maya, eu sei que não tenho sido presente, mas já está na fase de você ir para a faculdade e eu gostaria de ajudar...
— Não. — ela a interrompeu, engolindo uma saliva. — Não quero a sua ajuda.
— Mas eu tenho dinheiro agora...
— Ela aceita sim. — Samuel a interrompeu, deixando Maya de boca aberta.
— Pai!
— Talvez ela ainda precise de um tempo para entender o que conversamos Sam...
— Como assim o que vocês conversaram? — ela olhou confusa para os dois. — Pai, o senhor tem falado com ela e não me contou?
— Filha, se acalme...
— Não me chame de filha! — Maya soltou, com lágrimas nos olhos. — Meu pai que me criou, não a senhora.
— Não fale assim com a sua mãe, Maya. — Samuel a repreendeu, sentindo o coração cortado ao ver a filha naquele estado.
— Porque o senhor a defende?
— Você não sabe a história toda...
— Claro que eu sei! Eu me lembro. A senhora nos deixou!
— O seu pai me traiu. — Hatiie soltou, deixando Maya sem fala. Samuel abaixou a cabeça.
— O que? Isso é mentira! Pai fale que é mentira!
— Filha, eu sinto muito...
— Não! — Maya se levantou da mesa, olhando para os dois. — Como puderam mentir para mim esse tempo todo?
— Eu não queria que você tivesse raiva do seu pai...
— E por isso foi embora? Foi embora e me deixou? — Maya disse com a voz embargada.
— Você era mais apegada a ele, tinha seus colegas, seus amigos, sua vida aqui...
— Isso não é desculpa! — Maya chorou ainda mais. — Você nunca nem ligou! Nem para dar um feliz aniversário!
— Foi um erro, eu sei, eu e o seu pai erramos, me perdoa. — Hatiie respondeu, também chorando.
— Eu te perdoei mãe, a muito tempo, mas isso agora é... demais...
— Você irá morar com a sua mãe.
— Samuel! — Hattie o repreende.
— É melhor ela saber tudo de uma única vez. — ele também se levanta.
— O quê? — Maya disse, sentindo o nó em sua garganta aumentar.
— Eu tenho uma casa em Massachussetts, você pode ir fazer a sua faculdade morando comigo, conhecer o seu irmão e...
Maya não terminou de ouvir. Ela pegou a mochila de volta do sofá e saiu de casa, batendo a porta. Atordoada, ela pegou um ônibus e foi até a casa de Rebecca.
Olá queridos leitores🤍
Então bem?
Vim aqui avisar, rápido e diretamente que a história está na reta final.
Simmm eu sei, meu coração também está partido mas eu estou ansiosa por esses últimos capítulos. Espero que gostem, e de coração, não fiquem tristes.
Para quem não me segue, me sigam no Instagram: andressaribeiro.autora
Aguardem os últimos capítulos, amo vocês🤍
(não esqueçam de dar a estrelinha e comentar)
Beijos e estrelas de Andrêssa⭐️
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