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Prólogo

POV da Érica

– Eu perdi as cartas.

A frase foi dita de forma rápida, sem nem ao menos uma pausa para a respiração. O motivo, é claro, era o nervosismo perante a reação das três amigas que estavam ali.

Elas ficariam uma fera.

O que, é claro, seria de se esperar. Érica também ficaria furiosa na posição delas.

Não, pera. Ela estava na posição delas e, definitivamente, estava furiosa.

O que poderia ter acontecido, ela continuava se perguntando sem parar, o misto de culpa e irritação borbulhando no seu sangue. Como aquelas benditas cartas tinham sumido da sua gaveta?

É claro que ela não conseguia pensar em outra coisa e é claro que hipóteses e mais hipóteses tinham surgido em sua mente, mas no fim das contas, nada disso importava.

Depois de um final de semana inteiro de aflição, revirando cada cantinho do seu quarto e pensando e repensando onde ela poderia ter colocado as benditas cartas, era chegado a hora de admitir derrota.

E torcer para que as suas amigas não a odiassem por isso.

Quando conseguia afastar um pouco o medo da sua cabeça, Érica sabia que estava sendo ridícula. Ela, Camila, Aspen e Olívia eram melhores amigas desde o dia em que se conheceram, longos dez anos atrás. Não seria um mero acidente de percurso que acabaria com a amizade delas.

Ela era forte demais para isso.

Ainda assim, a longa pausa que sucedeu a sua declaração fez suas mãos suarem, então Érica as limpou na calça jeans. Tudo bem, talvez não fosse exatamente o nervoso: aquele dia estava particularmente quente e o clima dentro da quadra de educação física era bem parecido com o de uma sauna.

Isso se devia, em parte, ao fato da quadra não ser coberta e, sendo dez horas da manhã de um dia ensolarado de verão, bem, seria estranho se elas não estivessem derretendo.

Mas elas estavam no intervalo e aquele local tinha sido o mais vazio que ela conseguiu encontrar –– provavelmente porque qualquer pessoa com meio cérebro tinha optado por ficar no refeitório, onde tinha ar condicionado.

Respirando fundo, Érica forçou-se a encarar as amigas.

Não é como se elas fossem monstros, mas certamente eram intimidadoras para Érica naquele momento. Talvez porque as amasse demais, talvez porque estivesse tão assustada quanto elas, isso não vinha ao caso.

Mas por que é que elas não estavam falando nada?

Era isso que a assustava, mais do que tudo. Érica amava as amigas, e definitivamente preferiria estar brigando com Camila, ou discutindo com Aspen ou até mesmo implicando com Olívia àquele silêncio perturbador.

Será que as meninas realmente acabariam odiando ela?

Se sentindo como se estivesse aguardando um julgamento, Érica respirou fundo e focou em suas amigas, esperando que a linguagem corporal dissesse o que a verbal estava deixando passar.

Embora as mãos de Aspen parecessem estar tremendo, ela havia estreitado seus olhos, como se estivesse se esforçando para se concentrar em algo.

Já Olívia, que era a mais baixa das quatro com o seu um metro e sessenta e meio – e ai de quem não acrescentasse o meio – parecia ter ficado ainda mais pálida do que de costume... e a menina era chamada de Wandinha por aqueles meninos irritantes do nono ano.

E, por fim, Camila era o perfeito poço de elegância mesmo em uma situação como essa... Com o seu black power deslumbrante, um metro e oitenta de altura e sorriso largo, ela passaria facilmente por uma modelo. Seus olhos estavam arregalados, sua boca semiaberta, quase como uma tempestade prestes a ocorrer.

E esse era o maior medo de Érica, o temperamento quase feroz de Camila que era a maior justificativa para que elas frequentemente a comparassem a uma leoa. Certo, o olhar e a forma de andar quase felinas de Camila, além do seu forte instinto protetor, eram outros motivos, mas, no fundo, era definitivamente o seu temperamento assustador que a tinha feito ganhar o apelido.

–O que foi que você disse, Érica?

Érica encolheu os ombros, a acidez no tom de voz de Aspen trazendo todo seu nervosismo de volta. Se até Aspen, que sempre fora a mais centrada, mais tranquila do grupo, estava uma fera...

Engolindo em seco, Érica se forçou novamente a encarar a amiga nos olhos. Aspen, por si só, não era nem um pouco intimidadora: com seus cabelos vermelhos e muitas sardas, ela tinha um certo ar sonhador e inocente que era simplesmente encantador.

Quando ela não estava brava.

Se Camila era uma leoa, Aspen definitivamente seria uma raposa e Olívia... Olívia seria um esquilo fofo.

Do tipo que dá vontade de levar para casa e encher de castanhas.

– Eu disse que eu perdi as cartas, Aspen. – sua voz tremeu um pouco, mas Érica respirou fundo e se manteve focada no rosto da amiga. – Eu perdi as cartas.

– Você... perdeu as cartas? – A voz de Aspen também ficou trêmula.

– Mas que cartas? – Camila interrompeu, sua voz soando estranhamente esganiçada. – A carta com a conta de luz? A conta da internet? Me diz que foi a conta de internet, Érica Alexandra da Silva Pontine.

Érica fez uma careta ao ouvir o seu nome completo. Sim, seu nome era composto: Érica Alexandra.

Seus pais tinham péssimo gosto.

Mas independentemente disso, o fato era que a crise naquele momento era outra, e muito muito pior.

– Não. Foram as nossas cartas mesmo. – Érica admitiu, abaixando os olhos para as mãos. – Me desculpe, meninas.

– M-mas como aconteceu? – gaguejou Olívia, de longe a mais tímida das quatro. – V-você mostrou para a-alguém?

– Quê?! Mas é claro que não Olívia! – Érica disse, sacudindo a cabeça com ênfase. – É claro que não! É só que as cartas estavam na minha gaveta da cômoda e, quando eu fui pegar ontem para colocar na mochila, elas não estavam mais lá.

– Mas você deve ter mexido nelas, certo? Às vezes você tirou para limpar, e não lembra onde botou. Acontece comigo o tempo todo. – Camila disse, trocando o peso do corpo de um pé para o outro repetidamente.

– Não Mila, eu não mexi. Eu juro! – passando a mão pelos cabelos, Érica olhou para cima por alguns minutos, parecendo querer conter as lágrimas. – Eu não mexi naquelas cartas desde o dia em que nós escrevemos... Eu só fui pegar ontem porque vocês pediram. Eu juro!

– O que pode ter acontecido então Érica? As cartas criaram pernas e decidiram dar uma volta?

– Não seja cruel, Camila. A Érica não fez por mal. – Aspen soltou um suspiro, prendendo os cabelos ruivos em um coque. – Às vezes as cartas podem ter caído no chão ou algo assim e você não viu, Eri. Nesse final de semana, nós podemos ir dormir na casa da Eri e ajudá-la a procurar.

– Eu não tô sendo cruel, mas pensem só no que vai acontecer com a nossa vida se alguém da escola encontrar essas cartas!

Um silêncio voltou a cair entre as quatro, cada uma delas certamente se esforçando para se lembrar do que tinha sido escrito nas cartas.

Mas é claro, nenhuma delas se lembrava, não com precisão. Longos nove anos tinham passado desde aquele dia, e não é como se alguma delas tivesse escrito aquilo de forma séria.

Tudo havia começado numa festa de pijama na casa de Érica, onde após uma maratona de filmes, Camila tinha tido a brilhante ideia:

E se nós escrevêssemos uma carta para o nosso príncipe encantado do futuro?

Pensando agora, Érica reconhecia que tinha sido uma ideia terrível – mas quatro meninas de sete anos entorpecidas depois de assistirem horas e horas de filmes da Disney acharam aquela ideia o máximo.

Ah, se arrependimento matasse.

– Bom, nada disso estaria acontecendo se alguém não tivesse tido a ideia brilhante de escrevê-las, certo, Camila querida?

– Eu DISSE para nós queimarmos as cartas tão logo nós terminássemos de escrever, mas a Érica disse que não dava por que a mãe dela não ia deixar a gente brincar com fogo!

– E ela não ia deixar mesmo! Nós só tínhamos sete anos, pelo amor de Deus, Mila. O que você acha que ela ia fazer se visse quatro crianças acendendo o fogão para queimar cartas? Ela matava a gente.

– Então, se você ia tomar conta das cartas, era melhor tomar conta direito!

– O que você esperava que eu fizesse? Colocasse as cartas num abrigo subterrâneo? Contratasse segurança 24 horas?

– Gente, não é culpa de ninguém, só aconteceu, não é melhor a gente se acalmar e pensar em como vamos resolver os problemas? – Aspen ergueu as mãos, tentando impedir que Camila e Érica se atracassem no meio da quadra de educação física. – E fiquem calmas, não é como se a gente fosse ser presa devido a uma carta que escrevemos quando tínhamos sete anos.

– Eu não tô preocupada de ser presa! – Camila disse, começando a andar de um lado para o outro – Até porque eu fico linda em tudo o que eu uso, então sei que ia arrasar no uniforme da prisão. Mas sabe o quão embaraçoso vai ser se o que eu escrevi vir a tona? Eu tenho uma reputação a zelar, sabem?

– Você lembra o que foi? – Aspen parecia surpresa. – E eu aqui achando que eu tinha uma boa memória—

– Não, eu não lembro! – Camila sacudiu a cabeça – E não é muito pior? Eu posso ter dito qualquer coisa. Jesus, com sete anos eu gostava de rosa. De rosa!

– E não é como se alguém fosse reconhecer a sua caligrafia também, Mila. – Aspen continuou, sua voz calma e tranquila. – Ninguém vai saber que essas cartas são nossas.

– Sim, não é como se a gente tivesse assinado com o nome completo, não é mesmo? – Érica soltou um suspiro, sentando-se no chão da quadra com as costas para a parede. – Existem várias Éricas, várias Camilas nesse mundão. Ninguém que achar essas cartas por aí vai saber que elas são nossas.

– É, gênia, mas não existem muitas Camilas que são amigas de uma Érica, uma Olívia e uma Aspen. Aspen e Olívia matam a gente com esses nomes esquisitos.

– Ei, eu não tenho culpa se meus pais se conheceram e me conceberam em Aspen. – a ruiva franziu o cenho. – Na verdade, nem quero pensar nisso. Se eu tiver um filho algum dia, nem pagando eu vou botar nela o nome de um lugar e dizer 'filha, eu te dei esse nome por que foi o lugar onde seu pai e eu te concebemos'. Jesus, ela não entende que tem algumas informações que a filha dela não ia querer saber?

– Me chamo Olívia por que a minha bisavó chama Olívia. – se defendeu, abaixando os olhos para o chão novamente. – Acho o nome bonito. – acrescentou, quase num sussurro.

– Me surpreende que ninguém ainda se ofereceu para ser o seu Popeye, Olívia. – Camila riu, desistindo de andar e se sentando ao lado de Érica. – A piada tá pronta aí, como é que ninguém nunca usou?

– Se alguém usar, Olívia, pelo amor de tudo o que é mais sagrado, recuse terminantemente. – Aspen disse, lançando um olhar feio para Camila. – Você merece alguém que cite Shakespeare ou Luís de Camões, não alguém que te compare a uma personagem de desenho.

– Ei, o que tem de errado com desenho? – Camila pareceu se indignar. – Eu gosto de desenho!

– Nenhum problema com desenho, se você não se importar de ser vista como imatura. Eu não quero que a Olívia namore com alguém assim, especialmente já que ela é tão madura e sensível.

– Nada a ver, você pode gostar de desenho e ser supermadura. Eu tenho um primo que é assim.

– Sem contar, Aspen, que a Olívia deve namorar quem ela quiser.

– Desde que esse alguém seja o seu irmão, né, Eri? – Camila riu, bagunçando os cabelos curtos de Érica. – Mas você nem disfarça mais, hein amiga!

– Eu acho que eles combinam mesmo, e daí? – Érica deu de ombros, parecendo soltar um suspiro de alívio quando Aspen se sentou ao seu lado. – Olívia, superajuizada e certinha com o senhor Liam, o irresponsável.

– Quem te ouve falar, acha que você odeia seu irmão, Érica. – Aspen soltou um suspiro, encostando a cabeça na parede.

– Não, eu adoro aquele desmiolado. Na verdade–

– Mas gente. – Olívia interrompeu a conversa, colocando as mãos nos bolsos de sua calça jeans e arrastando a ponta do pé direito no chão. – Eu acabei de pensar uma coisa... E se a Érica não perdeu as cartas? E se alguém roubou as cartas?

E, como se fosse combinado, o som estridente do alarme ressoou nos corredores da escola, anunciando o final do intervalo e o início do próximo tempo de aulas... e, cada uma das quatro amigas tentava fingir que a frase de Olívia não pairava sob suas cabeças como uma guilhotina prestes a cair.

E se alguém tivesse realmente roubado as cartas? Por que fariam isso? Qual seria o seu interesse?

Uma coisa era certa: aquele ano de 2023 seria inesquecível.


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