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Capítulo 7

POV do J.V.

Os treinos de quarta-feira eram famosos dentro do clube, e não por motivos bons. Se sentindo extremamente exausto enquanto saía do banheiro do vestiário, J.V. contemplou dormir em um dos bancos que ficavam em frente aos armários.

Não seria de todo ruim: os bancos eram duros e desconfortáveis, é verdade, mas podia usar a sua mochila de travesseiro. Tinha algum dinheiro nos bolsos que de certo daria para comprar algum lanche na máquina que ficava próximo à saída do vestiário, e, além disso, estava com o seu carregador e podia usar a internet do clube.

Teria acesso à comida, banheiro e internet. Alguém realmente precisa de mais do que isso para viver?

Ainda estava pensando sobre isso quando um tapa forte no seu ombro o fez dar um pulo.

— Cara, você tá com toda cara do mundo de quem vai dormir em pé. — Liam zombou, dando em seguida um grande bocejo. — Eu odeio quartas-feiras.

— Nem me fala. Tá indo para casa agora?

— Bem que eu queria, mas não. Tô indo na casa do Enzo, ficamos de discutir algumas coisas para a Feira de ciências desse ano. — soltando outro bocejo, Liam se espreguiçou. — Depois disso é que vou para casa, e nem me lembre da montanha de tarefas que nós temos para fazer.

— Final de semana tá quase aí. — brincou J.V., soltando um suspiro. — Embora eu, provavelmente, vá passar o final de semana estudando e treinando, então não vai fazer muita diferença.

— Ah é, você vai fazer aulas com a Aspen, né? Já marcaram de começar? — Liam perguntou, parando para encarar a máquina de bebidas que ficava na porta do vestiário. Escolhendo um gatorade, eles pararam para esperar a boa vontade da máquina entregar a bebida.

— Sim, vai ser amanhã. — Explicou, soltando um bocejo. — Aspen me disse hoje na escola que terminou de oficializar tudo ontem, e como hoje era quarta e eu sabia que o treino ia ser puxado, pedi para começarmos amanhã.

— Ah, sim. Não sei se sinto inveja de você ou pena. — Liam admitiu, dando uns tapinhas gentis na máquina, que continuava a fazer barulhos altos, mas não dava sinais de entregar a bebida que Liam tinha comprado. — A Aspen é um gênio, você vai aprender muito com ela, mas só a ideia de ter mais um tempo de aula me faz querer chorar.

— Isso é porque você é um preguiçoso. — zombou J.V., assistindo Liam cruzar os braços e bater o pé com impaciência. — Cara, melhor chamar alguém. Eu acho que essa máquina finalmente bateu as botas.

Das quatro máquinas de comida e bebida que ficavam próximas à porta do vestiário, aquela era definitivamente a mais antiga. Ela até que tinha lutado bravamente, mas eventualmente...

— Ei, mais respeito com a Gertrudes. — resmungou Liam, que agora deu tapinhas de leve na máquina. — Vamos lá, Gertrudes. Eu sei que você é capaz de me entregar a minha bebida, eu to morrendo de sede, não faz isso comigo...

Rindo de Liam, J.V. começou a se virar para chamar o treinador quando ouviu um ruído alto e se virou para ver o sorriso vitorioso de Liam.

— Eu sabia que ela conseguiria. — mostrando a garrafa de gatorade para J.V. como se fosse uma espécie de troféu, Liam sinalizou para que eles fossem embora. — A Gertrudes nunca decepciona.

*

Se despedindo de Liam no ponto de ônibus, J.V. atravessou a rua e foi para o parque da cidade. O seu corpo parecia estar pesado, parte devido ao treino e parte devido a ainda estar se recuperando da gripe, provavelmente. Checou o celular mais uma vez e soltou um suspiro: eram quase seis horas da noite, mas de certo ainda tinha alguns minutinhos para relaxar antes de voltar para casa.

Se voltasse naquela hora, o seu pai de certo o colocaria para treinar mais um pouco e ele simplesmente não queria fazer isso.

O parque de Felicidade não era lá muito grande, mas J.V. gostava de caminhar por entre as altas árvores e ficar observando o laguinho com alguns peixes que ficava no centro do parque. O movimento das árvores embaixo da brisa suave, os peixes nadando em paz dentro do lago e o som baixinho de pessoas conversando ao seu redor sempre lhe trazia um pouco de paz.

Olhando para o lago, sentiu a sua mente viajar. As imagens do dia anterior voltaram a sua mente: as músicas que tinha tocado, o panfleto que Nath lhe tinha dado, a conversa com a sua mãe... Era como se, de súbito, alguma coisa estivesse mudando ao seu redor e ele simplesmente não conseguisse entender o que exatamente estava acontecendo ali.

Fechou os olhos e respirou fundo, tentando se acalmar. Nem toda mudança é ruim, pensou, abrindo os olhos mais uma vez para encarar o lago. Talvez ele realmente devesse se apresentar. Seria divertido, e, já que ele provavelmente nem passaria da primeira fase, bem, o seu pai nunca ficaria sabendo.

Para seu pai, todos os males do mundo nasciam dentro daquele Centro Cultural e, algumas vezes, J.V. jurava que o tinha visto fazer o sinal da cruz quando passava na porta. A música que vinha de dentro daquele lugar incomodava o seu pai, assim como as risadas (muito escandalosas), as peças (sem sentido), as pessoas se equilibrando nas pernas de pau (e tumultuando a calçada para entregar panfletos.), as roupas (muito espalhafatosas), os cortes de cabelo (de pessoas sem noção do ridículo)...

Seu pai odiava aquele lugar e tudo o que saía dali.

Isso sempre lhe incomodou um pouco, mas, J.V. pensou, enquanto colocava as mãos no bolso da calça, isso também significa que ele nunca saberá se eu participar do concurso.

Como não teria muito tempo para participar, ele dificilmente passaria da primeira fase, disso J.V. tinha certeza. Como competir com pessoas que fazem aulas e se apresentam por anos, sem contar tem bastante tempo para praticar?

Não haveria como, então, de certo, o seu pai nunca saberia da sua participação. Além disso, se ele participasse, a sua mãe e Nath ficariam exultantes.

Sua mãe queria tanto que ele participasse que ela estava até mesmo se propondo a ajudá-lo a enganar o seu pai.

Não que ela não fizesse de vez enquanto, era seu jeitinho de driblar as exigências sem sentido e o comportamento agressivo dele. Era claro para qualquer um que assistisse os dois juntos que ela não o amava mais, e que a relação dos dois era, em grande parte, baseada no medo.

— Por que você não pede o divórcio, mãe?— um J.V. de nove anos havia perguntado a sua mãe na cozinha, depois que o seu pai havia gritado com ela e saído de casa com raiva. — A mãe do Igor pediu, e eles parecem bem mais felizes agora.

Com um sorriso triste, a sua mãe havia se aproximado dele.

— Eu precisaria de dinheiro, meu amor. Eu teria que pagar um advogado para me divorciar e... — os seus olhos se encheram de água.— e... você é tão pequeno...

Haviam levado anos para J.V. entender que a sua mãe tinha medo de perder a sua guarda, uma vez que o seu pai, rico e influente, usaria de todos os seus recursos para que eles continuassem juntos, já que ele tinha talento.

Colocando a mão no bolso, J.V. retirou mais uma vez o panfleto do concurso. O prêmio, eles prometiam, era uma grande quantia em dinheiro.

O suficiente para o divórcio da sua mãe? Para garantir que ela pudesse, finalmente, ter a possibilidade de fazer uma escolha?

Riu baixinho, meneando a cabeça. É, ele provavelmente não chegaria nem perto, mas se ele tentasse as pessoas que ele amava poderiam ficar felizes, certo?

Colocando o panfleto novamente no bolso, J.V. começou a caminhar para fora do parque, os seus pés o guiando automaticamente pelo caminho. Não adiantava ele ficar divagando, sonhando com coisas que ele sabia que nunca teria coragem de fazer. Nunca teria coragem para enfrentar o seu pai frente a frente, J.V. sabia disso.

Mas então, o que ele estava fazendo ali?

Levou um susto ao notar que estava na frente do Centro Cultural, mas não conseguiu conter o impulso de continuar andando enquanto os seus pés o guiavam pela porta que, em sua visão, sempre fora de certa forma 'proibida.'

Se surpreendeu ao entrar e, ao invés de ver o centro de perdição que o seu pai sempre acusava o lugar de ser, ver diversas pessoas conversando, cantarolando e até mesmo dançando pelos corredores.

O local era tão vivo que quase parecia respirar, o que era algo que J.V. nunca havia experienciado. Era tudo tão curioso... e tão estranho. As pessoas naquele local eram vibrantes, coloridas, quase como se a própria vida pulsasse por eles, como se houvesse algum tipo de magia inexplicável que trouxesse sentido para o mundo.

Seus olhos encontraram o mural, uma explosão de panfletos nos mais diferentes tons e algumas cores que ele nem achava possível. Havia anúncios de concursos, aulas, prêmios, cursos, palestras, apresentações...

Era como se existisse um mundo dentro do mundo.

Aquele mundo parecia tão... feliz. Tão vivo. Era quase como se a porta daquele lugar fosse algum tipo de porta mágica, e, ao abri-la, ele descobriu um lugar mais... feliz.

Lendo os panfletos, J.V. logo descobriu que existiam muitas coisas que ele queria fazer: uma trilha na floresta. Um curso para falar bem em público. Participar de uma banda. Tocar no coral. Assistir uma apresentação de balé — Nath ficaria tão feliz. Um concerto de piano.

O mundo era tão maior do que ele sabia.

Numa explosão de ânimo, J.V. abriu a mochila e começou a procurar por seu estojo e caderno, para que ele pudesse anotar as coisas que ele queria fazer. Fazer uma lista seria o primeiro passo, certo? Se ele realmente queria mudar a sua vida, se ele realmente queria colocar um pouco daquela explosão de cores na sua vida, a primeira coisa que precisava fazer era uma lista.

Na sua euforia, J.V. quase não viu um envelope de carta que caiu do seu caderno.

Epa, um envelope? Pensou, estranhando tudo aquilo. Quem escreve cartas hoje em dia?

Abaixou-se no chão e pegou a carta, examinando o envelope com atenção. Não havia nada escrito do lado de fora, mas aquilo apenas aguçou a sua curiosidade.

O que seria aquilo?

A cara não estava selada, então a abriu com certa facilidade. Dentro, algumas folhas de papel saíram e a primeira coisa que lhe chamou a atenção foi a letra.

De tamanho irregular e escrita com a nítida dificuldade de quem ainda estava aprendendo o alfabeto, aquela letra certamente era de criança, mas depois de tentar por alguns minutos, J.V. finalmente conseguiu ler o que estava escrito.

Querido futuro marido,

Não sei bem se você existe. Na verdade, quem quer ser princesa de conto de fadas é a Camila, mas eu não quero ser a chata que destrói a brincadeira, então se você não existir, não tem problema. Vou só fazer de conta.

Bem, se você existir, você vai ser uma pessoa bem legal. Do tipo que gosta de ajudar os outros e que não zomba das meninas nem atira bolinhas de papel na gente. Também não vai gostar de coisas chatas e vai ser bem inteligente.

Já que eu quero ser uma astronauta ou advogada, bem espero que você saiba cozinhar. Gosto de comer bastante, mas não de fogo, porque teve uma vez que o idiota do Enzo colocou fogo no meu cabelo e disse que não fazia diferença porque ele já parecia estar pegando fogo antes.

Espero que você não seja como ele... e que se for eu tenha... bem, que você não exista mesmo. Até porque, bem, eu disse que não quero ser a princesa.

A princesa tem que ficar esperando para o príncipe salvar ela. Isso é muito, muito, chato. Por que ficar esperando? Não quero esperar. Odeio esperar.

Não, eu quero fazer. Eu vou estudar, vou ser a maior advogada-astronauta que o mundo já viu. E se tiver que ser salva, bem, eu quero salvar eu mesma.

Já pensou se eu for depender do Enzo ou alguém como ele pra me salvar? Não, nem pensar.

Preciso encontrar a coragem dentro de mim para que eu possa enfrentar qualquer dragão que apareça e salvar a mim mesma. Esperar é contar com a sorte e–

Procurando pela continuação da carta, J.V. se sentiu desapontado ao notar que não existia uma. Era engraçado porque, por alguns segundos, J.V. sentiu que a escritora da carta estava falando diretamente com ele.

O que ele estava esperando? , pensou, segurando a carta com força. Aquele não era um conto de fadas, não apareceria uma fada com uma varinha de condão que tornaria a vida dele algo que ele quisesse que fosse. Não existia alguém que, com um passe de mágica, resolveria todos os seus problemas. Se ele continuasse vivendo do jeito que estava, ele de certo continuaria vivendo exausto, vendo a sua mãe sofrendo sem poder fazer nada, se escondendo no parque na cidade porque não queria ter que enfrentar o seu pai. Ele provavelmente ficaria famoso e teria muito dinheiro, mas seu pai de certo controlaria toda a sua carreira e, provavelmente, até mesmo escolheria com quem ele teria de se casar. Talvez, no futuro, J.V. até mesmo se tornasse alguém igual a ele — amargurado, criticando tudo o que via pela frente.

Mas será que isso realmente era o que ele pensava? Ou será que seu pai sentia inveja daquelas pessoas?

Será que, assim como ele havia criticado Aspen por sentir uma pontada de inveja dela, será que o seu pai também invejava as outras pessoas?

Mas, no fim das contas, nada disso importava. Aquela garotinha, seja ela quem fosse, estava certa.

"Preciso encontrar a coragem dentro de mim para que eu possa enfrentar qualquer dragão que apareça e salvar a mim mesma. Esperar é contar com a sorte."

E ele estava cansado de contar com a sorte.

E era irônico que tivesse sido uma menina quem não podia ter mais do que sete anos que o fizera enxergar tudo aquilo.

Pegando o panfleto mais uma vez dentro do bolso, J.V. guardou os seus pertences dentro da mochila e rumou para a sala indicada no papel para fazer a sua inscrição.

Estava na hora de mudar seu destino.


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