Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 38

POV do J.V.

J.V. nunca se considerou alguém especialmente corajoso.

Não sabia se teria coragem de entrar em um prédio em chamas para salvar alguém. Em um assalto, de certo seria o primeiro a entregar as suas coisas e, em casa, nunca tivera coragem de enfrentar o seu pai, mesmo quando achava que era necessário.

Então ele não sabia explicar muito bem o que tinha acontecido.

Era como se, de alguma forma estranha e assustadora, ver o líquido vermelho-escuro descendo pelo rosto de Aspen tivesse o transformado em uma pessoa completamente diferente.

Ela não parecia ter percebido — como, ele não saberia explicar. Ela não teria sentido algo quente e viscoso descendo pelo rosto? Como? Sangue não era como água, não era tão diluído nem muito menos refrescante.

Como é que ela nem ao menos se deu conta de que, a cada minuto que se passava, ela se parecia mais e mais como um personagem de filme de terror?

Talvez fosse esse o motivo, a razão — quando viu o rosto sujo de Aspen, quando notou que o sangue pingava em um ritmo frenético no chão ao redor da menina — começou a pensar em todos os filmes de terror e as reencenações de crimes que já tinha visto em sua vida.

Ela não está sangrando demais?, o pensamento fez com que cerrasse os punhos, pânico e adrenalina começando a pulsar em suas veias. Meu Deus, é muito sangue...

Ele não se lembrava de ter visto tanto sangue na vida, e se questionou se não devia fazer alguma coisa qualquer coisa. Afinal de contas, não era nenhum mestre em biologia, mas tinha certeza de que as pessoas podiam morrer por perder sangue demais.

Aspen podia morrer.

E foi naquele momento, exatamente naquele momento, que viu de canto de olho a menina cair no chão como se fosse um saco de batatas — seu coração parou, seu estômago se contorceu.

Ela não tinha morrido, tinha?

Em meio a um desespero cego, J.V. se jogou em cima de seu pai — sem nenhum plano além de mantê-lo longe de Aspen a qualquer custo, usando o peso de seu corpo para tentar empurrá-lo no chão.

100% coragem cega e desespero, 0% lógica e razão.

É claro que aquilo não podia terminar bem.

*

— Sabe garoto, o que você fez foi muito irresponsável.

Dando um sorriso sem graça, J.V. assentiu, olhando fixamente para o copo de café em suas mãos.

A bebida quente parecia estar trazendo vida de volta aos seus dedos dormentes — mas só isso mesmo, porque ele mal conseguia beber de tão ruim que era o gosto.

Até que, considerando tudo o que podia ter acontecido, as coisas não tinham terminado tão mal assim: tirando alguns arranhões e hematomas e, bem, o seu pé que definitivamente não tinha melhorado, J.V. estava se sentindo bem.

Já Aspen...

Ele realmente queria ter notícias dela.

— Eu sinto muito, — respondeu, tentando focar no homem na sua frente e sentindo a sua boca arder. Em algum momento durante o seu desentendimento com o seu pai, o seu lábio tinha rompido e estava particularmente inchado naquele momento.

Talvez fosse por isso que o café estava com um gosto tão ruim, pensou, se forçando a tomar mais um gole. Ou talvez café de delegacia seja ruim mesmo.

Não era a primeira vez que ele pisava na delegacia de Felicidade, mas, de certa forma, era ainda mais intimidante do que a primeira vez.

Se afundou ainda mais na poltrona.

Na sua frente, o delegado em pessoa o encarava com um misto de preocupação e irritação — o que era em parte preocupante. Até onde ele sabia, o delegado e seu pai eram amigos de infância, algo do qual seu pai parecia ter muito orgulho e se gabava frequentemente.

E era esse um dos motivos pelo qual ele nunca tinha sequer cogitado pedir ajuda policial.

Em todo caso, o homem a sua frente tinha o levado pessoalmente ao legista, aguardado a documentação das suas feridas e o tratamento médico que se seguiu. Depois tinha lhe trazido de volta à delegacia, o colocado dentro da sala naquela poltrona estranhamente confortável com um cobertor em volta dos seus ombros que parecia ter um milhão de anos a julgar pela forma como cheirava, e, é claro, tinha lhe dado um copo de café e alguns biscoitos de polvilho que estavam murchos, mas ajudavam a beber o café.

Espirrando mais uma vez, J.V. soltou um suspiro.

— Eu entendo querer proteger a sua amiga, mas você não estava sozinho lá. — o delegado afirmou, afagando o cabelo do rapaz. — Tínhamos seis policiais uniformizados na localidade. Não achou que era melhor deixar que eles lidassem com a situação?

Sem graça, J.V. respirou fundo.

Pensando agora, é claro que sabia que o delegado estava certo. Sabia que devia ter esperado, ainda mais considerando que os policiais já estavam lá... mas ainda assim, não conseguia explicar o que o tinha levado a agir.

Ele simplesmente tinha.

Como se entendesse o rapaz, o delegado claramente desistiu de lhe chamar atenção e voltou a se sentar em sua cadeira atrás da velha mesa de mogno — que rangeu alto, como que reclamando do súbito aumento de peso.

— Posso ir pra casa agora? — pediu, a voz baixa e cansada.

Não era exatamente o que mais queria pedir, o que ele queria mesmo eram notícias de Aspen, cuja a imagem de seu corpo batendo subitamente no chão continuava passando em sua mente repetidamente em um looping aparentemente infinito.

Em todo caso, eles já haviam deixado claro que não tinham notícias da ruiva além de que ela havia sido levada para o hospital — e os seus pais já haviam sido avisados.

Eu nem conheço os pais da Aspen, e eles já tem motivos para me odiar, pensou J.V. , uma onda de desânimo preenchendo o seu ser e puxando o cobertor com força ao redor de seus ombros — o que logo lhe garantiu uma crise de espirros.

Com certa dificuldade, o delegado levantou de sua cadeira e ofereceu uma caixa de lenços para J.V., que aceitou ainda sem graça.

— Infelizmente, João, você não vai poder ir direto para casa, — ele explicou, soltando um suspiro. — vai ter que ficar em um abrigo por alguns dias, até que a assistente social possa vir para a cidade conversar com a sua mãe e visitar a sua casa...

J.V. queria gritar, o cansaço e a frustração preenchendo o seu corpo.

— Um abrigo?

O delegado pareceu preocupado, mas soltou um suspiro.

— É porque você é menor de idade, então precisamos que a assistente social dê uma olhada para ver como é a sua casa, se é um ambiente legal para você ficar... por causa de todos os problemas com o seu pai.

— Mas ele não vai ficar preso? — J.V. subitamente sentiu todo o seu sangue se esvair do corpo. — Vocês vão deixar ele ficar sozinho em casa com a minha mãe?

Os olhos do delegado se fixaram em J.V. por um longo momento, e ele teve a impressão de que o homem via muito mais do que ele gostaria que visse. Mas então o delegado colocou uma mão em seu ombro e deu alguns tapinhas reconfortantes.

— Sim, ele vai ficar preso, sim, pelo menos por algum tempo. — respondeu, soltando um suspiro. — Vou entrar em contato com a sua mãe também, ter certeza de que está tudo bem, pode ficar tranquilo.

J.V. subitamente quis rir, mas se segurou para que o homem não achasse que estava sendo desrespeitado; mas de fato, era hilário a ideia de que ele pudesse ficar 'tranquilo'. Quando foi a última vez que ele tinha ficado tranquilo mesmo?

Ele nem ao menos se lembrava.

Ainda frustrado, tentou se confortar com pensamentos de que, no fundo, talvez fosse melhor assim. Tudo ia ficar bem.

— Sabe, João, eu sinto que tenho que te pedir desculpas. — o delegado subitamente falou, voltando para trás de sua mesa. — Poderia te explicar mil coisas sobre o porquê eu nunca suspeitei que o seu pai fosse capaz de ficar bêbado assim, te contar um milhão de histórias sobre o porquê eu nunca cogitaria a possibilidade dele machucar uma adolescente, mas ainda não acho que seria o suficiente...

— Não é culpa sua, — J.V. respondeu, respirando fundo. — Nós nunca falamos com ninguém, então não tinha como saber e—

— É sim, culpa minha. Eu devia ter notado o que estava acontecendo, só não entendo porque Isadora nunca mencionou... — o homem se interrompeu, soltando um suspiro, parecendo subitamente uns dez anos mais velho. — mas é gentil de sua parte falar que não é. Obrigado, João.

J.V. assentiu, franzindo o cenho e sentindo que estava deixando alguma coisa passar ali — o delegado conhecia a sua mãe? Até onde ele sabia, ele era apenas amigo do seu pai...

Queria perguntar para sua mãe, mas aparentemente, isso teria que esperar.

— Então eu vou ter que ir para um abrigo... — murmurou, baixando a cabeça.

— Não vai ser tão ruim, — o delegado prometeu, embora claramente também se sentisse desconfortável com toda aquela situação. — e vai ser apenas por alguns dias...

J.V. assentiu, repetindo as palavras do delegado em sua mente por algumas vezes enquanto os dois ficavam em silêncio.

Em algum momento, J.V. cochilou e quando acordou notou que o pote com biscoitos de polvilho havia sido trocado e que o seu copo de café havia desaparecido misteriosamente, assim como o delegado.

Ele ainda estava meio grogue e tentando entender o que estava acontecendo quando a porta da sala abriu e o delegado entrou por ela, parecendo muito mais animado do que antes.

— João, tenho boas notícias, — ele disse, sorridente. — A mãe de um dos seus amigos aceitou que você ficasse na casa deles por alguns dias. Como ela é voluntária no abrigo onde você ia ficar, consegui uma autorização para deixar a sua guarda com ela, temporariamente, é claro.

Uma onda de alívio tão grande que quase sufocou J.V. preencheu o seu ser.

— Sério? Quem?

— O nome dela é Filipa Mendes, e ela e seu amigo já estão te aguardando na entrada da delegacia. Se você se sentir seguro com ela, já posso te liberar para ir para casa.

Não se lembrava do nome Filipa, mas naquele momento, com os seus ossos protestando veementemente todo o tempo que ele passou deitado naquela poltrona, J.V. apenas assentiu, ansioso para sair daquele lugar e deitar em uma cama de verdade...

Até mesmo um colchonete já bastaria.

Além do que...

Dificilmente essa Filipa vai ser pior de conviver do que o seu Jorge, pensou, se levantando e se espreguiçando. Vão ser apenas alguns dias também e assim eu não vou precisar ir para a cidade vizinha ficar em um abrigo.

As coisas finalmente pareciam estar melhorando para ele.


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro