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CAPÍTULO ÚNICO

Daniela estava entediada, ainda não sabia por que tinha aceitado ir naquela viagem com seus amigos, afinal, Carnaval não era uma data que ela tinha tanto apreço, exceto a folga, afinal, não dava para ser hipócrita e dizer que não gostava do descanso que aquele feriado trazia.

As aulas da faculdade ainda não haviam começado, e mesmo que Daniela ainda estivesse de férias, o feriado ainda lhe trazia uma sensação diferente, como se indicasse que a rotina das aulas, seminários e trabalhos curriculares estava batendo na porta, marcando o fim definitivo do descanso.

Mas, diferente de Daniela, seus amigos preferiam aproveitar aquela folga nos blocos de rua, nas festas lotadas e no barulho intenso que parecia não ter fim.

Naquele feriado, a garota e seu grupo de amigos partiram para o interior da Bahia para aproveitarem um Carnaval mais calmo e com seus blocos de rua que eram famosos pelo país, e depois de quase 5h de uma viagem animada, o grupo chegou à casa que eles haviam alugado.

A turma consistia em cinco pessoas incluindo Daniela, sendo ela a única que foi para a viagem apenas para descansar da loucura que Salvador se transformava naquela época, diferente dos outros quatro — Laura, sua melhor amiga, o namorado dela, Zeca, Felipe e Camila — que não viam a hora de sair explorando a cidade e aproveitar os blocos de rua e todas as festividades do local.

Felipe estacionou o seu carro na frente da casa, e eles logo avistaram o proprietário os aguardando com as chaves da moradia. O rapaz, mais centrado do grupo, trocou algumas informações com o locador, e depois de acertarem tudo, o homem lhes desejou um bom feriado, e saiu dali deixando o grupo sozinho.

Eles então pegaram as suas malas e as levaram para dentro do ambiente. O local já estava devidamente limpo e mobiliado, e eles então partiram para escolher seus quartos e assim descansar da viagem antes de saírem para explorar a cidade.

A casa era bem espaçosa, fazendo com que cada um ficasse com um quarto, com exceção de Zeca e Laura, que dividiram o cômodo. Além dos dormitórios, havia uma varanda grande com redes penduradas, e uma piscina, que apesar de não ser grande, ainda era de tamanho adequado para o grupo usufruir. Daniela avistou aquela área de lazer e logo pensou que ali seria o lugar perfeito para ela ler o seu livro e escapar da agitação, enquanto seus amigos partiam para as festas.

As horas se passaram, e já era fim de tarde quando as garotas apareceram arrumadas na varanda, os rapazes já estavam esperando por ela, e logo Laura direcionou a fala para Daniela.

— Dani, vamos com a gente? Estamos indo dar uma volta no centro. — A garota hesitou um pouco e Laura a puxou pelo braço. — Vamos, chata. Não vamos pra nenhum bloquinho, vamos passear e tirar fotinhas.

Daniela olhou para a melhor amiga. Mal chegaram, e já estavam indo para o primeiro rolê, ela então respirou fundo e pensou mais uma vez, talvez dar uma volta naquela noite não fosse tão ruim.

— Tá, eu vou — ela respondeu, e saiu em direção ao quarto para trocar a blusa, voltando minutos depois.

O grupo então saiu da moradia, e foram caminhando pelas ruas de pedra do Centro Histórico, que apesar de ser pequeno, ainda mantinha o seu charme. O local estava decorado com guarda-chuvas coloridos, e os enormes casarões deixava o lugar mais encantador, com suas fachadas coloniais iluminadas por luzes amarelas.

Daniela caminhava ao lado das amigas, enquanto observava tudo com admiração. Apesar de não se sentir totalmente animada com Carnaval, ela não podia negar que a cidade tinha um encanto próprio, e com todas aquelas decorações, tudo se tornava mais cativante. Diferente das festas caóticas de Salvador, ali o clima parecia mais calmo e acolhedor, como se cada canto da cidade contasse uma história.

O grupo continuou o passeio e tiravam várias fotos, querendo gravar cada momento daquela viagem em amigos, mas não demorou muito e a turma parou em um casarão antigo que mantinha um bar rústico, eles logo escolheram uma mesa vaga e se acomodaram nas cadeiras, fazendo com que um garçom chegasse perto deles, e enquanto o grupo verificava o cardápio, ele sorriu e comentou.

— Nunca vi vocês por aqui? São turistas?

— Sim! — Laura respondeu, animada. — Mas já viemos na cidade uma vez, mas não no Carnaval.

— A época aqui é bem festiva, muitas pessoas que não querem o caos da cidade grande acabam vindo para Ilhéus.

— Ilhéus é linda — Daniela comentou com um sorriso. — E Jorge Amado morou aqui, né!? Só deixa a cidade mais encantadora.

— Exatamente — o garçom assentiu enquanto anotava os pedidos. — Esse casarão aqui tem mais de cem anos. Dizem que, antigamente, esse casarão era de uma poetisa que recebia artistas e viajantes para as suas mais belíssimas festas. Hoje, nós mantemos a tradição com boa música, e momentos marcantes.

Os amigos sorriram com a história, e logo viram aquele garçom curioso sair em direção à cozinha. Enquanto esperavam as bebidas, eles observaram a decoração do local, quadros e fotos antigas estavam pendurados nas paredes, além de móveis de madeira que deixavam o ambiente rústico.

— O que tem escrito ali? — Felipe perguntou depois de avistar um quadro empoeirado com uma frase quase apagada.

O garçom, que tinha levado as bebidas do grupo, virou o rosto para onde o rapaz estava apontando, e respondeu com um sorriso.

— "Quem bebe aqui, leva uma lembrança eterna."

Os amigos riram, concordando com o rapaz, e ele logo saiu de perto do grupo que começou a conversar animadamente, comentando sobre o charme e sensação de aconchego que aquele lugar trazia para cada um ali.

— Imagina quantas pessoas já passaram por aqui — Camila falou com um sorriso. — Quantas conversas, segredos esse casarão já ouviu.

— E as promessas de amor que foram feitas aqui? — Laura comentou e virou o rosto para o namorado. — Faz uma promessa de amor pra mim para o casarão ouvir.

O grupo riu alto, enquanto Zeca dava um sorriso de canto, fingindo um ar pensativo.

— Deixa eu ver — ele comentou, dramatizando. — Já sei, prometo te amar até que esse casarão possa contar a nossa história de amor para as próximas gerações.

Os amigos aplaudiram e assobiaram, e Laura sorriu com uma mão no peito fingindo estar emocionada.

— Muito bem, poeta — Daniela brincou. — Agora o casarão tem mais uma promessa para guardar.

— E nem dá pra culpar a bebida. — Felipe comentou arrancando uma risada sincera dos amigos.

— Claro que não — Zeca se fingiu ofendido e beijou os lábios da namorada. — Minha promessa foi super verdadeira.

— Eu sei, isso é só inveja.

O grupo sorriu e eles voltaram a conversar, Daniela, mesmo tendo uma personalidade mais calma, estava gostando de estar ali com seus amigos onde cada um contava suas histórias que eram misturadas com o som de uma melodia nostálgica que vinha de um violão vindo do fundo do bar.

— Estão animados para os bloquinhos? — Camila pergunta com animação.

— Bastante, e você vai, viu? — Laura respondeu e apontou o dedo para Daniela.

— Ah não, não sou fã de Carnaval.

— Tu que deveria ser a maior fã de Carnaval, mano — Laura comentou com convicção. — Afinal, teu nome é em homenagem a uma das maiores cantoras do Carnaval.

Daniela sorriu, afinal a sua amiga estava certa. Sua mãe sempre foi uma grande admiradora de Daniela Mercury, a ponto de escolher o seu nome em homenagem à cantora. Na época que ela engravidou da garota, os sucessos de Daniela Mercury dominavam o Carnaval, com músicas que marcaram gerações, e que até hoje embalam as festas, e se tornaram hinos da folia.

Apesar de gostar dos hits de Daniela Mercury, e crescer ouvindo as músicas que fez com que, de certa forma, o Carnaval sempre estivesse presente em sua vida, ela ainda não era tão apaixonada por aquela data festiva como a sua mãe.

— Ela vai adorar saber que estamos falando nisso — Daniela comentou, rindo. — Ela sempre diz que eu tenho que honrar meu nome e pular o Carnaval como se fosse a última festa da minha vida.

— E ela tá certa — Camila concordou com a cabeça. — Não tem festa melhor, acho que só perde pro São João, mas Carnaval é vida.

— E tá no sangue, né — Laura brincou. — Querendo ou não, você nasceu pra essa festa.

— Pra ouvir e respeitar, pular bloquinho é outra conversa — Daniela rebateu, e completou. — Do Carnaval, só gosto do feriado e do descanso.

— Impossível descansar no Carnaval, querida — Felipe zombou, dando um sorriso.

— Eu consigo, não gosto da bagunça dos bloquinhos. Prefiro esses passeios mais calmos, tipo esse, aproveitar os lugares mais tranquilos.

— Ah, mas você vai pelo menos em um — Laura insistiu, e brincou depois. — Depois você vira a mãe do grupo e espera a gente chegar bêbados em casa e cuida da gente de ressaca.

O grupo riu alto com a fala da morena, e Daniela revirou os olhos, fingindo indignação e cruzando os braços.

— Ah pronto, vou virar babá de adulto, agora?

— Alguém tem que ser a responsável do grupo, e no nosso é você — Felipe brincou.

Daniela sorriu, e eles logo continuaram a conversar enquanto viam o bar ganhar mais vida com a música e as pessoas chegando no lugar. A viagem mal havia começado, mas eles já sentiam que aquele Carnaval seria inesquecível.

Logo todos ergueram seus copos, e brindaram a vida e a amizade que eles tinham, e a noite seguiu animada com as risadas e as conversas que ecoavam no local, além das novas histórias que estavam sendo ouvidas pelas paredes daquele casarão.

🎭

Os dias se passaram, e em todos eles, a turma, com exceção de Daniela, aproveitou bem o Carnaval e todas as festas que aconteceram pelas ruas de Ilhéus, e quando chegou o último dia do feriado, todos ainda estavam dormindo quando a garota acordou. Ela, se espreguiçou e tentou ouvir algum barulho vindo do lado de fora, mas a casa estava em um completo silêncio.

Ela então se levantou e saiu em direção à cozinha, não encontrando ninguém pelo caminho, e em uma calmaria, ela começou a preparar um café da manhã reforçado para ela e seu grupo de amigos que ela teria a certeza de que eles acordariam com ressaca. O cheiro do café logo começou a exalar pelo local, e pouco a pouco, a vida foi surgindo na casa.

Felipe foi o primeiro a aparecer na cozinha, seus cabelos bagunçados indicavam que ele havia apagado assim que caiu na cama, e tinha dormido de qualquer jeito. Seus olhos pesados mostravam que ele ainda estava com sono, mas o cheiro do café parecia que estava lhe despertando aos poucos.

— Não falei que você era a responsável do grupo? — ele brincou e deu um beijo no rosto da amiga.

— Bom dia, folgado — Daniela sorriu enquanto via o amigo se sentar à mesa. — Toma esse café pra ver se cura essa ressaca.

Felipe deu um sorriso e encheu a xícara de café, logo eles ouviram passos se aproximando e viram Camila aparecendo no local com um coque alto no cabelo.

— Bom dia, gente — a loira os cumprimentou, dando um bocejo. — Nossa, o dia de ontem foi maravilhoso, mas o pós é sempre mais difícil.

— Até que você não com tanta ressaca assim — Daniela comentou enquanto enchia a sua xícara com café. — Diferente desse bonito aí que eu tenho certeza de que misturou tudo.

Felipe fez um bico e voltou a tomar o seu café em silêncio, tentando lutar contra a ressaca que ainda insistia em permanecer ali e não queria ser vencida tão cedo.

— Você é um anjo — ele falou com um sorriso. — Nunca critiquei sua decisão de não gostar no Carnaval.

— Não gostar, não, eu gosto. Só aproveito de uma forma diferente.

Os dois amigos riram e o trio de amigos tomaram o seu café em silêncio, todos com a mesma expressão de sono. O aroma do café quente parecia ser a única coisa que os estavam trazendo de volta ao mundo real. Logo eles ouviram passos, e viram o casal aparecer na cozinha com um sorriso no rosto.

— Bom diaaa — Laura os cumprimentou, alegre.

— Animada a essa hora? — Camila comentou com sarcasmo.

A morena deu um sorriso e olhou para o namorado que continuou calado, e sem responder nada, eles se serviram do café preparado por Daniela, e Laura virou a palavra para a amiga.

— Hoje você vai para o bloquinho, hein!?

— Não! — Daniela resmungou e baixou os ombros.

— Vai sim, você não foi em nenhum, e hoje você vai ser obrigada a ir pelo menos no último.

— Livre arbítrio foi com Deus, né!?

Laura fez sinal de confirmação para a amiga, enquanto dava um sorriso sarcástico, e logo começou a tomar o seu café da manhã enquanto conversava animadamente com os seus amigos, e naquela manhã, eles fizeram a programação do dia, com a promessa de que aquele último dia de Carnaval seria marcante.

🎭

Depois do almoço, todos foram descansar por algumas horas, e quando deu 16h, eles já estavam prontos para o tradicional bloquinho de rua que ocorria todos os anos e percorria as ruas de Pontal.

Cada um estava caracterizado com uma fantasia, Camila usava uma roupa de fada em tom de lilás com brilhos, que incluía um biquini com detalhes brilhantes combinando com uma saia rodada de tule com uma barra rendada. Nas suas costas havia asas de fada na mesma cor da roupa, e para completar, ela usava uma tiara com borboletas e estrelas, deixando o look mais característico.

Felipe usava um short branco estampado com bolinhas coloridas e alças suspensórias brancas. Além da roupa, o rapaz também usava uma gola volumosa de plumas amarelas, dando um toque extravagante ao visual. Seu corpo também estava coberto por glitter, e ele usava um nariz de palhaço.

Já Laura e Zeca usavam uma fantasia de casal onde ele usava uma camiseta branca com uma gravata preta e uma saia de tule verde, já a garota usava um cropped amarelo e uma saia rodada de tule rosa. Nas suas cabeças havia tiaras de coroas e os dois seguravam varinhas feitas com papelão e EVA.

Daniela vestia a fantasia mais simples, usando um vestido quadriculado nas cores preto e branco e algum pompons presos no seu ombro que davam o charme para a fantasia. No seu rosto uma maquiagem com brilhos foi feita por Camila, e um coração preto foi desenhado na sua bochecha.

O grupo logo saiu em direção às ruas de Pontal, e não demorou muito para que eles chegassem ao local. Uma multidão se divertia e dançava as músicas cantadas pela banda que estava animando o bloco de rua, e a turma logo se inseriu entre eles e começaram a dançar, também.

Mas, enquanto todos pulavam e dançavam ao som da cantoria, Daniela observava tudo com calma, ela viu seus amigos pulando e se divertindo, achando tudo aquilo maravilhoso, mas ela não conseguia se encaixar. Ela caminhou um pouco mais pelas ruas lotadas, se sentindo deslocada, e decidindo se afastar um pouco daquela confusão, Daniela entrou em uma rua mais tranquila, mas que ainda havia pequenos grupos se divertindo entre si.

Os enfeites carnavalescos deixavam o local mais bonito, e as luzes coloridas piscavam ao longo do caminho. Ali, Daniela se sentiu mais relaxada, o barulho era bem menor, e não havia aquela multidão que a sufocava. Ela parou em uma barraquinha onde vendia bebidas e pediu uma caipirinha, e depois que a recebeu, ela começou a dançar timidamente enquanto bebia o líquido, e vidrada na marchinha que tocava, Daniela não reparou quando um rapaz esbarrou nela.

— Desculpa, Colombina — ele falou causando um arrepio inesperado na garota.

Daniela se virou rapidamente, surpresa com o apelido que recebeu naquele momento. O rapaz à sua frente sorriu para ela, e ela reparou que os seus olhos brilhavam, mesmo com o rosto coberto pela máscara que ele usava. Coincidentemente, ele vestia uma fantasia simples de Pierrot, com detalhes em preto e branco.

— Sem problemas, Pierrot — ela sorriu ao ver ele fazer uma reverência exagerada, representando o personagem que estava fantasiado.

— Sozinha no bloquinho?

— Agora sim, mas estava com amigos que agora não sei por onde andam.

— Se a senhorita permitir, posso ser pelo menos seu parceiro de dança na música que toca agora.

Daniela olhou para aquele Pierrot de cima a baixo, algo nele a envolvia, e ela não sabia o que, talvez fosse o brilho travesso nos seus olhos, ou então a maneira que ele a chamou de Colombina, como se a conhecesse de outros carnavais.

— E então, aceita dançar comigo? — ele perguntou com um sorriso malicioso nos lábios.

— Aceito, Pierrot — ela disse, quase sem pensar.

O rapaz estendeu a mão para Daniela, e ela a segurou enquanto sentia o seu coração acelerar, naquele momento uma familiaridade inexplicável se apossou dela, e ela sentiu que poderia confiar naquele Pierrot desconhecido.

Ele a puxou para o meio da folia, e entre giros e risadas, Daniela percebeu, pela primeira vez, que o Carnaval talvez fosse mesmo uma festa que ela pudesse ter um certo apreço, e por mais que tentasse, ela não conseguia desviar o olhar daquele rapaz misterioso.

— E então, você é uma grande fã de Carnaval assim como eu? — ele perguntou com curiosidade.

— Acho que tô começando a gostar de verdade.

— Como assim gostar de verdade?

— Não sou muito fã de Carnaval — ela confessou causando um espanto no rapaz. — Vim porque meus amigos insistiram.

— Mas por que você não gosta? — ele questionou a girando ao som da música. — É uma festa sensacional.

— Gosto mais da calmaria, não gosto de lugares muito lotados com gente esbarrando em mim o tempo todo.

— Mas é esse caos que faz o Carnaval ser especial — ele comentou com um brilho nos olhos. — Todo mundo junto, cantando, se divertindo e esquecendo os problemas da vida por um instante.

— Talvez eu só não tenha encontrado um motivo para gostar ainda — Daniela respondeu com um sorriso no rosto.

O Pierrot a olhou, mantendo um sorriso de canto, e chegando mais perto dela, ele anunciou.

— Quem sabe eu não consiga te convencer até o final da festa?

Daniela sentiu seu corpo arrepiar, e tomou mais um gole da sua caipirinha. Não conseguia evitar a energia que aquele momento estava lhe causando, não sabia se era pelo calor da festa ou pelo olhar intenso do Pierrot.

— É, quem sabe.

— Então, você é daqui de Ilhéus, mesmo? — ele perguntou mudando o assunto.

— Não, sou de Salvador. E você?

— Também sou de Salvador — o rapaz respondeu com calma. — Inclusive, o Carnaval de lá é surreal, mas esse ano, eu decidi por algo mais calmo.

— Lá o Carnaval é de outro mundo.

O Pierrot concordou com a cabeça e tomou um gole da sua cerveja, e querendo saber mais da Colombina ao seu lado, ele perguntou sobre a sua vida, as suas paixões, e ouviu atento a tudo que ela respondia. Diferente dele, que gostava da intensidade da vida, Daniela gostava de quietude, música calma e café forte.

— Você gosta de observar as pessoas? — ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Sim, gosto de imaginar histórias e inventar vidas para elas — Daniela respondeu com um sorriso. — Meio doido, né!?

— Um pouco, mas quem não é, né!?

Daniela o olhou com calma, e só então percebeu que ele ainda não havia tirado a máscara, e decidida a ver o rapaz que se escondia por trás daquele Pierrot misterioso, ela estendeu a mão lentamente para tocar na borda do enfeite. Ele percebeu o seu gesto, e segurou na mão dela com delicadeza.

— Deixa eu ver seu rosto. — Ela pediu com calma. — Até agora só conheço os seus olhos.

O rapaz sorriu ouvindo a música ao redor se misturar com a sua respiração pesada, e os foliões dançavam sem perceber o momento de suspense que ocorria entre os dois.

Daniela sentiu o seu coração acelerar. Quem seria aquele rapaz que a fez questionar o gosto pelo Carnaval? O que havia nele que a prendia tanto?

O Pierrot sorriu mais uma vez, e soltou a mão dela, permitindo que Daniela retirasse a máscara que ele estava usando, e com um movimento lento, ela começou a retirá-la, revelando por fim, o rosto por trás daquele homem misterioso.

— Você é bem mais bonito do que eu pensava — os dois sorriram, e ele se aproximou mais da garota.

— Você também é linda. Me encantei desde o primeiro momento que te vi.

Daniela sentiu o seu rosto corar, e logo viu o rapaz a puxar para dançar mais uma vez. A música envolvia os dois, e a garota se deixou levar pelo ritmo, sentindo a leveza daquele momento que ela nunca pensou que teria. O Pierrot a guiava com confiança, e na maioria das vezes, os seus olhares se cruzavam entre risadas e giros, como se nada ali ao redor existisse.

Daniela nunca imaginou que se sentiria à vontade naquela festa que, até então, a deixava tão deslocada, mas ali nos braços daquele Pierrot, tudo parecia fascinante e diferente. O Carnaval, que antes parecia ser algo tão caótico para ela, agora tinha um brilho especial, como se cada batida da música a convidasse a aproveitar o momento sem medo.

Enquanto eles dançavam, ela percebeu que não se importava mais com a multidão e com o desconforto que ela trazia. Havia algo mágico naquele encontro, algo que fazia seu coração acelerar de um jeito novo.

Talvez fosse a energia do Carnaval, ou aquele Pierrot.

Sem parar de dançar e conversar, eles não perceberam quando a noite começou e bloco seguiu pelas ruas de Pontal. Algumas ruas estavam começando a diminuir o fluxo de pessoas, e eles então decidiram caminhar até a praia para aproveitar o restante da noite com mais calma.

Com os pés cansados, mas com os corações ainda vibrando com a energia do bloco, eles pisaram na areia, e o som da música começou a ficar mais baixo à medida que eles se afastavam da rua principal. A brisa do mar lhes causou uma sensação de tranquilidade, e o céu, agora mais escuro, brilhava com suas infinitas estrelas. Eles se sentaram na areia e observaram as ondas quebrando suavemente criando uma melodia relaxante.

— Bem, eu já sei muita coisa de você, mas não sei seu nome, Colombina — ele comentou arrancando um sorriso dela.

— Daniela — ela respondeu, calmamente. — E o seu, Pierrot?

— Renato.

— É um belo nome.

— Sim, meu pai era um grande fã de Legião Urbana, e colocou meu nome em homenagem ao Renato Russo.

— Nossa, nada a ver com Carnaval. — Daniela constatou, surpresa.

— Nem um pouco, e eu gosto muito mais de Carnaval do que de rock, mas gosto de rock, também.

— Percebi mesmo que você curte demais essa data.

— E você? — Renato perguntou, travesso. — Conseguiu gostar um pouco mais de Carnaval?

— Acho que sim — ela respondeu com um sorriso. — No começo eu pensava que era barulho demais, mas confesso que o clima me contagiou. Mas ainda não troco minha calmaria pela agitação.

Renato riu alto, lançando um olhar de sarcasmo.

— Ok, um passo de cada vez. Mas quem sabe eu ainda consiga te convencer do contrário.

— Quem sabe. — Daniela o olhou mais uma vez.

Ela percebeu que ele não parava de lhe encarar, Renato tinha um olhar intenso, que parecia lhe devorar toda vez que ele a olhava. Daniela sentiu um frio na barriga, mas também uma curiosidade crescendo dentro dela, ela então desviou o olhar, e um sorriso escapou dos seus lábios.

— Você vai pra onde depois daqui? — ela perguntou, curiosa.

— Pra casa, chega de festa por hoje — Renato respondeu com calma. — Amanhã volto pra Salvador, e eu preciso descansar. E você?

— Pra casa, também — Daniela respondeu. — Espero que minha turma já tenha chegado, aposto que amanhã vão estar com ressaca.

— Será se ainda vamos nos encontrar mais uma vez?

— Eu iria adorar — ela falou com um sorriso.

— Eu também.

Renato se aproximou da garota, e como se pedisse permissão, levou uma de suas mãos para lhe fazer um carinho no seu rosto. Daniela sorriu e se aproximou, também, sentindo o seu coração acelerar. O rapaz estava perto demais, e ela não pode deixar de sentir a respiração pesada dele.

Ela levou os olhos até a boca dele, e sem pedir licença, seus lábios se encostaram se transformando em um beijo intenso e cheio de significado, Renato a pegou no colo e tomou a boca dela em uma explosão de sentimentos contido. Daniela sentiu o calor do corpo dele, a força com que ele a segurava, e por um momento, tudo ao redor pareceu desaparecer.

Renato a abraçou com firmeza, querendo guardar cada parte dela. O beijo se intensificou, como se ambos estivessem buscando por algo mais, algo além daquilo que as palavras poderiam expressar, e Daniela se entregou ao momento absorvendo cada detalhe e urgência que vinha do rapaz.

Quando o beijo cessou, ambos estavam sem fôlego, mas com um sorriso largo no rosto e com o coração acelerado. A noite ainda estava no começo, e o mar parecia acolher a sensação do que acabara de acontecer.

Daniela olhou para o rapaz, ainda extasiada com o momento, as palavras se tornaram desnecessárias, e pela primeira vez, ela quis descobrir até onde aquela noite poderia levá-la.

🎭

O campus parecia diferente depois do Carnaval, como se tivesse sido congelado com as férias e agora estava despertando com o retorno dos alunos. As conversas ecoavam pelo ambiente, reencontros de amigos aconteciam, e tudo parecia estar voltando ao cotidiano habitual.

De volta à rotina, Daniela encontrou o seu grupo conversando em um dos bancos da faculdade, e ela logo se aproximou deles os cumprimentando com um sorriso.

— Olha ela aí — Laura comentou e brincou com a amiga. — Como você sobreviveu pós Carnaval, Dani?

— Normal. — Ela deu de ombros. — Inclusive, adorei que o caos já passou.

— Pois é — Felipe concordou com a cabeça, ajeitando a mochila no ombro. — Nem parece que passamos quase dois meses longe.

— Nem me fale — Camila anunciou. — É bom estar de volta, mas não nego que queria mais uma semana de folga.

Os amigos sorriram, e eles logo pararam em frente ao grande mural que estava no pátio, e que mostrava as salas que cada um ficaria pelos próximos seis meses.

O grupo era dividido entre os cursos, com exceção de Felipe e Zeca que estudavam na mesma turma de Direito, Camila cursava Biomedicina, Laura era da turma de Psicologia e Daniela cursava Arquitetura.

Depois de ver quais salas eles ficariam, cada um partiu em busca dela, mas não antes de prometerem se encontrar depois da aula. Daniela seguiu para o segundo andar, e não demorou muito para que ela encontrasse a turma, e revendo seus amigos de curso, ela foi os cumprimentar com um sorriso no rosto.

— Prontas para surtar com mais projetos nesse semestre — ela perguntou, se sentando ao lado da sua amiga Marina.

— Claro que não, né!? — ela gargalhou arrancando uma risada dos amigos. — Mas fazer o quê?

Antes que pudessem continuar a conversa, a porta se abriu, revelando o novo professor que entrou no lugar ao mesmo tempo que cumprimentava os alunos. Daniela, que estava de costa para a porta, virou o seu corpo e quase não acreditou quando viu o homem na sua frente.

— Não acredito — ela falou quase em um sussurro.

O professor deixou seus pertences na mesa e virou o corpo para ficar de frente para a turma que estava vidrada nele, e passando o olhar pela classe, seus olhos pararam em Daniela, e ele não pode deixar de ficar surpreso, mas tentando não transparecer, ele começou a se apresentar.

— Bom dia, pessoal — ele começou com calma. — Eu sou Renato, professor de Planejamento Urbano e Regional, e espero que possamos ter um semestre produtivo juntos.

Daniela não pode deixar de sorrir, e enquanto Renato fazia aquela típica apresentação de começo de semestre, seu olhar cruzava com o dela, e ela pensou naquela coincidência surreal que aconteceu ali no começo da aula.

A horas passaram rapidamente, e quase duas horas de aula, Renato finalizou o conteúdo do dia, e tirou as dúvidas que os alunos tinham no momento, e depois de dispensá-los, ele os viu saindo da turma para que pudessem arejar para a próxima aula.

— Vem, Dani. — Marina chamou a amiga.

— Vou já, só terminar de arrumar aqui.

Daniela viu os amigos saindo, e quando passou perto da mesa de Renato, ele a chamou e lhe entregou um bilhete discretamente, ela pegou sentindo o calor da mão dele, e logo o Carnaval inesquecível que os dois tiveram voltou à sua mente.

Com o coração acelerado, Daniela saiu dali e foi para o andar de baixo, ela então pegou o bilhete e quando o abriu, ela viu o recado que Renato havia escrito.

"Me encontra na praia às 18h, Colombina. Assinado, seu Pierrot."

Daniela sorriu, e naquele momento ela sorriu se lembrando mais uma vez do beijo que eles tiveram em Ilhéus. Ela guardou o bilhete no bolso, e voltou para a sala. A garota não sabia o que a esperava, mas uma coisa era certa: às 18h ela estaria na praia em buscas de respostas.

Ooi. Obrigada por terem chegado até aqui.

Espero que tenham curtido do conto que eu amei escrever. ✨❤️

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