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172 dias desde a noite do acidente.

Resmungo após levar o café a boca e queimar a língua, Leon ri de mim. Espero um pouco mais com o copo de isopor na mão antes de outra tentativa de tomá-lo.

Estamos caminhando juntos a algum tempo, lado a lado. Conversando sobre tudo e nada. É legal ter alguém para passar o tempo e fugir da loucura que é a minha casa enquanto estou nesse verão.

Não conto nada detalhado sobre a minha vida, mas acho que bati um recorde em me abrir com as pessoas. Quero dizer, ele sabe o básico sobre mim, isso conta.

— Você dizer que Marvel é melhor que DC sangra os meus ouvidos — falo, encarando seu rosto por alguns segundos antes de olhar para frente.

— Então prefere Clark Kent em vez de Steven Rogers?

Eu paro para pensar.

— Os dois me irritam — concluo. —, e confesso que nessa a Marvel ganha. Super Homem é um porre e pura apelação.

Com o café nas mãos, o garoto ao meu lado aponta o dedo indicador na minha direção como se concordasse com meu ponto. A caminhada segue num silêncio agradável por alguns metros antes do meu vizinho voltar a tagarelar.

— Ei, não quer jantar lá em casa amanhã?

— Com seus avós? Sei não, Leon.

— O que você tem a perder? — Paro a fim de achar uma justificativa, mas meu silêncio me entrega. — Vai, prometo que vai ser legal.

— Tá booom — respondo, entrando em outra discussão sobre gostos.

Dessa vez o assunto era bem mais complicado. Enquanto teimava que salgado sempre seria melhor que doce, Leon usava de argumentos e contra argumentos para me contestar.