09

170 dias desde a noite do acidente. 45 dias desde o início do verão. 39 dias desde que cheguei a Ginwest.

— E como estão as coisas na sua casa, amor? — Nádia pergunta do outro lado da linha. Sinceramente? É um alívio ouvir a voz dela

— Saya está mandando dinheiro para mamãe. Ela ainda não conseguiu outro emprego e tampouco faz esforço para isso.

— Posso mandar algo para sua conta.

Suspiro, encarando o teto do meu quarto com a tinta já descascando ou manchada por infiltração.

— Não. Não tem que fazer isso.

— Prometi que cuidaria de você. E mesmo se não tivesse.

— Já fez muito em ficar comigo na primavera, não é sua obrigação.

— Tasha, não fala assim! Sabe que ficaria com você até a maioridade se pudesse.

— É. Eu sei.

Nádia parece mais a minha mãe do que a mulher que me pariu. Depois que meu pai morreu, ela me abrigou em casa para que terminasse as aulas e em momento algum negou ficar comigo, pelo contrário.

— E o seu último ano?

— Não tenho ideia — respondo, passando a mão no rosto.

— Quer continuar na Huntels? Porque eu posso tentar conversar com sua mãe para deixar que fique comigo no seu último ano. Depois você iria para a faculdade mesmo, então eu pensei que...

— Seria ótimo, Nádia! Mesmo. Mas acho pouco provável de acontecer.

— Mas é o que você quer?

Não respondo de imediato, não por dúvida, eu sei o que eu quero, hesito por medo.

— É. Eu quero.

— Tudo bem. Então damos um jeito nisso. Mas agora me conta de você, quero saber de tudo.

Sorrio antes de contar os últimos acontecimentos. Não escondo nada do que aconteceu desde a sua última ligação. As visitas de Farrah, Saya estar na mesma, conto até mesmo sobre Leon.