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Capítulo 82 | Jardim Encantado

Anne Green

A grande mesa estava impecável, coberta com uma toalha branca que realçava a delicadeza das flores brancas e tons pastéis no centro. Cada prato, cada talher, estava meticulosamente posicionado. Estávamos na nossa casa de campo – eu, Isaque e nossa pequena Claire – aguardando ansiosos a chegada dos nossos amigos e familiares. Hoje era especial: celebrávamos o terceiro mês de vida da nossa princesa. Para marcar a data, organizamos um almoço aconchegante e planejamos encerrar o dia com um bolo delicioso, bem recheado, no tema "jardim encantado".

Enquanto Isaque ninava Claire, tentando fazê-la adormecer, eu ajustava os últimos detalhes da decoração. Havíamos contratado chefs para cuidar do buffet, mas a expectativa de receber nossos convidados deixava meu coração acelerado. Desde que Claire nasceu, fazíamos questão de comemorar cada mês de sua vida, sempre com temas criativos e cheios de carinho. Desta vez, escolhemos a casa de campo por sua harmonia com o tema floral, cercados pela beleza da natureza.

Entre risadas, fotos e momentos únicos compartilhados com aqueles que amamos, sabíamos que esses momentos seriam guardados em nossos corações para sempre.

Ao ir para a sala, me deparei com uma cena que me deixou sem fôlego. Isaque, com Claire em seus braços, cantava baixinho uma música de adoração, sua voz suave como uma brisa, embalando-a para dormir. Encostei no batente da porta e fiquei ali, apenas observando. Meu coração transbordava de gratidão e amor. Quando a música cessou, ele inclinou-se e depositou um beijo delicado na testa dela. Foi então que notou minha presença, sorrindo de leve, como só ele sabia fazer.

— A princesa dormiu — murmurou para não despertá-la. — Ela adora dormir com o papai.

— Ela tem sorte de ter um pai tão maravilhoso — respondi, admirando-o.

Ele olhou para Claire, seus olhos brilhando de ternura.

— Ela é tão linda, amor... Puxou a mim, sabia? — brincou, arrancando uma risada controlada de mim. — Olhos castanhos, cabelo castanho... Igualzinha ao papai.

— Você realmente é incrível — falei, aproximando-me, e ele retribuiu com um beijo suave na minha testa.

— Vou colocá-la no bercinho moisés.

Com delicadeza, ele a acomodou no bercinho, onde ela dormiu tranquilamente, como um anjinho. Quando voltou para mim, envolveu minha cintura com suas mãos firmes. Seus olhos encontraram os meus, e ele ficou ali, me olhando em silêncio, como se cada segundo fosse precioso.

— Você está deslumbrante, sabia? — disse ele, com um sorriso que fazia meu coração disparar, mesmo depois de tanto tempo juntos.

Eu usava um vestido branco com estampas florais em tons de rosa pastel, de alças delicadas e um decote em formato de coração, que caía um pouco acima dos joelhos. Meus cabelos estavam levemente ondulados, e uma maquiagem suave realçava meu rosto. Ele, como sempre, estava impecável: uma camisa branca de botões que destacava seu porte atlético, bermuda preta e chinelos de couro. O simples nele se tornava extraordinário.

— E você está irresistível, como sempre — murmurei antes de beijá-lo, sentindo o calor do seu sorriso se espalhar por mim.

— Amo quando você diz "irresistível" — provocou ele, e eu ri baixinho.

— Sempre falo o que sinto — respondi, piscando para ele, enquanto o amor entre nós enchia o ambiente de uma doçura única.

Não demorou para que a nossa casa de campo começasse a ganhar vida com a chegada dos amigos. Pela grande janela da sala, vimos os primeiros carros estacionando. Layla e Samuel chegaram na frente, seguidos por Marcos, Melissa, Gabriela, Liam e o pequeno Ben. Logo depois, vieram Esther e Caleb. Assim que os carros pararam, eu e Isaque saímos para recebê-los enquanto Âmbar, nossa babá, ficava cuidando da Claire.

A alegria tomou conta assim que eles desceram dos carros, carregados de presentes e sorrisos. Os abraços foram imediatos, e cada um já tinha algo especial para a nossa pequena.

— Gente, olha isso! — exclamei enquanto desembrulhava os presentes. Layla e Samuel trouxeram uma manta de tricô branca; Gabriela e Liam apareceram com uma pulseira delicada com o nome da Claire gravado; Marcos e Melissa chegaram com sapatinhos adoráveis; e Esther e Caleb completaram com vestidinhos e tiaras.

— Amor, dá uma olhada nesses mimos! — chamei Isaque, que se aproximou, sorrindo ao ver o carinho.

— Tudo com muito amor, viu? — Layla disse, me abraçando. — Essa manta é a cara da Claire.

— Eu amei demais! — respondi, retribuindo o abraço. — Aliás, sua barriga está linda, Layla.

— E pesada — ela disse, suspirando. — Você não tem ideia.

— Claro que tenho! Olha a Claire aqui — brinquei, e ela revirou os olhos com um sorriso.

— Verdade... Minha memória anda tão ruim que até esqueço as coisas. Culpa da gravidez.

— Sei bem como é — confessei, rindo. — Uma vez, esqueci completamente de ir trabalhar no início da gravidez. Sorte que Isaque me lembrou, ou teria perdido uma reunião importante.

Seguimos conversando e nos aproximamos da mesa, onde o restante do pessoal estava reunido. Layla, ainda de braços dados com Samuel, olhou para ele com aquele olhar apaixonado e comentou:

— Mas não posso reclamar. Tudo está maravilhoso, né, amor?

Samuel, o poeta do grupo, sorriu e disparou:

— Me sinto o homem mais feliz do mundo, vivendo ao lado da mulher que amo e esperando pelo fruto desse amor.

Todos pararam para encará-lo, impressionados, até que Marcos quebrou o silêncio com uma risada.

— Poxa, Samuel, agora você me quebra! Minha esposa vai querer saber por que eu não falo assim com ela.

Melissa gargalhou e balançou a cabeça.

— Mentira, gente. Marcos é romântico, sim.

— Às vezes, é raro, mas acontece — Isaque provocou, piscando para o amigo.

— Sempre fui romântico! — Marcos se defendeu. — Semana passada, levei a Melissa para uma noite especial no campo.

— Isso é verdade — Caleb confirmou, rindo. — E fui eu que indiquei o lugar.

— Precisou de ajuda pra escolher, irmão? — Isaque cutucou, divertido.

— Calma aí! Foi só porque eles já tinham ido lá e eu queria saber se o lugar era bom.

Aproveitei a deixa e virei para Isaque.

— Bem que você podia me levar lá, amor.

Melissa sorriu de canto, apontando para Isaque.

— Tá na sua conta agora, hein!

— E como fazemos isso com a Claire? — Isaque perguntou, rindo, mas claramente cogitando a ideia.

— Quando ela estiver maiorzinha — Liam sugeriu.

— Ben fica com meus pais quando eu e Liam saímos, e dá super certo — Gabriela completou.

— Mas o Ben já tem 1 ano — Isaque argumentou, cruzando os braços.

— 1 ano passa voando, Isaque — Liam disse, e eu assenti.

— Passa mesmo... Parece que foi ontem que a gente estava se casando — falei, sorrindo, enquanto a nostalgia do momento enchia o ar de leveza.

— Não, um dia desses você estava dizendo que era impossível ter alguma coisa com Isaque — Layla disse, e todo mundo começou a rir.

— Ela era difícil demais, nossa! — disse Isaque, com aquele sorriso encantador. — Sempre que eu tentava me aproximar, Anne dava um jeito de fugir.

— E o mais engraçado é que Isaque fazia tudo isso sabendo que ela era promessa de Deus na vida dele, enquanto Anne não fazia ideia de nada! — Marcos acrescentou, provocando risadas.

— Ele também era promessa na minha vida — confessei, lembrando dos planos de Deus. — Quando eu era adolescente, Deus me disse que eu faria a obra d'Ele ao lado de alguém especial.

— Lembra daquele dia no estacionamento do mercado, quando você ficou morrendo de vergonha? — Isaque perguntou, sorrindo com a lembrança. Eu não pude evitar o sorriso tímido e assenti.

— Lembro muito bem... — respondi.

— Você estava linda. Eu não tirei você da cabeça pelo resto do dia — disse Isaque, e Marcos, não perdendo a chance, acrescentou:

— Não só naquele dia, mas em todos os outros dias também, né, Isaque?

Todos rimos, e Esther aproveitou para entrar na conversa:

— Todo mundo sabia que esse amor ia acontecer. Estava estampado na cara de Isaque que ele era apaixonado por Anne, e eu torcia muito pelos dois.

— E olha só, depois de anos, Isaque rebelde reaparece na igreja do nada. Efeito Estrelinha — Caleb brincou, arrancando gargalhadas.

— Minha Estrelinha — Isaque disse, olhando diretamente para mim. E, claro, fiquei vermelha na frente de todo mundo.

— Vale lembrar de Layla e Samuel também! — disse Esther, mudando o foco.

— Ah, esses dois eram campeões em provocações — falei, rindo. — Mas se amavam tanto que todo mundo torcia por eles.

— Samuel era tão cobiçado na igreja que eu nem sonhava que ele poderia olhar pra mim, ainda mais porque éramos tão amigos — Layla confessou, e Samuel não perdeu a chance de mostrar o lado romântico, indo até ela.

— Eu nunca olhei pra nenhuma outra além de você — declarou, surpreendendo a todos.

— Poxa, Samuel, assim não dá! — Marcos protestou, arrancando risadas.

— Ele ficava tocando bateria e olhando pra Layla o tempo todo — contei.

— Verdade! E quando ela demorava pra chegar, ele ficava procurando por ela na igreja — Esther completou, e Layla ficou visivelmente vermelha.

Marcos apontou para Liam e Gabriela, rindo:

— Agora, o casal mais improvável aqui: quem imaginava?

— Eu nunca imaginei — disse Isaque.

— Mas a Gabi já me falou que achava "o Liam da igreja" bonito — Melissa revelou, fazendo Gabriela sorrir.

— Quando a Melissa me arrastava pra igreja, na época em que eu detestava tudo isso, eu ficava admirando ele. Não vou mentir, sempre achei o Liam muito bonito. Mas, como sabem, eu era rebelde demais — Gabi disse, rindo junto conosco.

— Lembro quando Liam me perguntou: "Caleb, quem é aquela ruiva ao lado do Marcos?" — Caleb começou, rindo com a lembrança. — Eu disse: "Gabriela, cunhada dele." E Liam respondeu: "Cara, ela é linda. Será que é solteira?" E eu só disse: "Ela não é pra você, cara."

— Olha só, Caleb! Tá vendo que você estava errado? — brincou Gabriela.

— Na época, você era o oposto dele, Gabi. Era doidinha! — provocou Marcos, e as risadas foram inevitáveis.

— Sem juízo nenhum — Isaque concordou. — Enquanto Liam sempre foi certinho.

— Mas eu podia ser uma influência boa pra ela, né? — Liam tentou justificar, rindo.

— Cara, nenhuma influência boa era suficiente pra Gabi naquela época — Melissa brincou, arrancando gargalhadas.

— Valeu, irmã! — Gabriela respondeu, entrando na onda.

— Mas vamos admitir, Gabriela está incrível hoje — disse Esther, orgulhosa.

— Soltou os dons que estavam escondidos — Layla concordou.

— Nunca imaginei que um dia eu estaria pregando em igrejas como faço hoje — Gabriela disse, com um sorriso de orgulho.

Marcos aproveitou para mudar de assunto:

— Falando nisso, Isaque, lembra que vamos cantar domingo?

— Lembro, sim — Isaque respondeu, e então olhei para o grupo.

— Que tal nos ajeitarmos na mesa? — sugeri.

— O Ben pode ficar na cadeira de alimentação — Isaque comentou para Liam e Gabi, que assentiram enquanto todos começavam a se organizar, ainda com sorrisos estampados nos rostos.

Ben, no alto de sua energia de bebê, adorava interagir com todos. Mesmo no colo, ele tentava participar da conversa, soltando gritos animados que arrancavam risadas gerais. Claire, por outro lado, ainda dormia tranquilamente na sala, sob os cuidados atenciosos da babá.

A mesa, montada na varanda, era uma obra de arte em si. De lá, a vista dos campos verdes parecia uma pintura viva, e o dia estava perfeito, com o sol dourando a paisagem. Estávamos celebrando os três meses de vida da nossa pequena Claire, e eu queria que cada detalhe fosse um reflexo do amor que sentíamos por ela e da gratidão por estarmos cercados por pessoas tão especiais.

As entradas abriram o apetite e deram o tom da festa. Os pães artesanais vieram acompanhados de manteiga de ervas frescas e uma pasta de alho assado que conquistou até os mais resistentes. A salada caprese desconstruída, com tomates-cereja marinados, mussarela de búfala cremosa e manjericão, foi um sucesso absoluto, enquanto as águas aromatizadas com limão-siciliano, laranja e hortelã davam um toque refrescante à mesa.

O almoço foi um verdadeiro banquete. Os medalhões de filé mignon ao molho de vinho competiam em sabor com as batatas rústicas assadas com alecrim, enquanto os aspargos grelhados traziam um toque sofisticado. O arroz de amêndoas arrancou elogios imediatos, e as travessas que passavam de mão em mão criavam um clima acolhedor e familiar, com risos e histórias fluindo naturalmente.

Isaque, como bom anfitrião, circulava entre os amigos, garantindo que todos estivessem bem servidos e felizes. Depois de um tempo, ele levantou com um sorriso e foi até a sala buscar Claire. Quando voltou, ela já estava acordada, com os olhos brilhando de curiosidade, observando tudo ao redor. Ao vê-la nos braços do pai, uma onda de ternura tomou conta de todos. Ela parecia um presente, como se aquele momento fosse eternizado na memória de cada um de nós.

Para encerrar o almoço, servi uma torta folhada de maçãs caramelizadas, com creme inglês feito em casa. O aroma doce e convidativo pairava no ar enquanto os risos ecoavam pela varanda. Entre goles de café fresco e conversas animadas, a festa se transformou em um verdadeiro festival de gratidão, amizade e amor – exatamente como eu havia sonhado.

No final da tarde, quando nossos pais chegaram, a festa ganhou um toque ainda mais especial. Reunimos todos na área externa para cantar parabéns à pequena Claire, e o clima era de pura celebração.

O jardim parecia ter saído de um sonho. Havíamos transformado nossa casa de campo em um verdadeiro "jardim encantado", onde lanternas de papel balançavam suavemente entre as árvores, e pisca-piscas envolviam o espaço, iluminando o gramado enquanto o céu se tingia de laranja e rosa no pôr do sol. Flores silvestres estavam por toda parte: guirlandas decoravam arcos, enquanto arranjos delicados adornavam as mesas e cantos estratégicos.

No centro, a mesa principal chamava a atenção. Um bolo branco decorado com borboletas de açúcar e flores comestíveis era o grande destaque, cercado por bandejas de cupcakes e doces em tons pastéis. Pequenas borboletas artificiais davam ainda mais charme ao cenário. Almofadas macias e coloridas estavam dispostas sobre um tapete de palha, criando um espaço aconchegante, e cadeiras de madeira formavam um círculo perfeito para o momento de oração.

Os amigos se espalharam pelo gramado, aproveitando o fim de tarde. Layla, exibindo sua barriga já evidente, estava sentada perto da mesa principal, conversando com Samuel, que não desgrudava dela. Gabriela e Liam brincavam com Ben, que, com passos desajeitados, explorava o jardim sob os olhares atentos dos pais. Marcos e Melissa estavam de pé, comentando sobre a decoração com Caleb e Esther, que gargalhavam de uma das histórias exageradas de Caleb. Nossos pais e sogros estavam emocionados, claramente felizes por verem todos reunidos.

Quando todos se acomodaram, meu pai, o pastor Ethan, pediu a palavra. Ele segurava Claire nos braços enquanto falava debaixo do arco de flores. A luz suave do pôr do sol parecia emoldurá-lo, e sua voz ecoava com serenidade e gratidão:

— Senhor, nós Te agradecemos por esta criança tão preciosa que trouxeste para nossas vidas. Que Claire cresça em graça e sabedoria, cercada por amor, e que estejamos sempre prontos para guiá-la em Teus caminhos. Obrigado por cada pessoa presente aqui hoje, por esta família e amigos que são um reflexo do Teu cuidado por nós. Pedimos Tua bênção sobre esta casa e sobre cada um que nela entra. Te agradeço por tudo o que vivemos até aqui e por tudo que tens preparado para nós. Que o futuro da Claire seja um futuro de bençãos e prosperidade, de paz e alegria, ao lado dos seus pais, seus familiares e seus amigos; sempre em Tua presença que é o que mais vale nessa vida e em toda a eternidade. Em nome de Jesus, amém.

O "amém" foi quase uma música, entoado por todos, e alguns olhos brilhavam com lágrimas de emoção. Era um instante único, cheio de significado, que nos conectava a Deus e uns aos outros.

Logo após, puxamos o tradicional "Parabéns". Ben, fascinado pelas velas acesas, começou a bater palmas entusiasmado, arrancando gargalhadas de todos. Claire, no colo de Isaque, olhava para o bolo como se entendesse que toda aquela festa era para ela. O corte do bolo foi o ponto alto da noite, seguido por conversas animadas e muitos abraços.

Após um momento descontraído de conversas e risadas, o pastor Jean chamou Isaque, eu, Marcos, Melissa, Gabi e Esther para uma conversa particular. Havia uma tensão evidente em seu semblante, algo que nos deixou apreensivos assim que nos reunimos na sala de jantar. Claire ficou do lado de fora com minha mãe, e o ar pareceu pesar assim que fechamos a porta.

— A noite está animada, não é? — Jean começou, mas sua voz entregava o nervosismo.

— Pela sua expressão, pastor, parece que algo importante está acontecendo — disse Marcos, cruzando os braços.

— Se for sobre a empresa, não dava para deixar para amanhã? — Isaque questionou, já alerta.

Jean suspirou profundamente antes de responder:

— Eu esperei o quanto pude, mas me vi sem escolha. Preciso contar a vocês agora para que não sejam pegos desprevenidos amanhã.

— É tão sério assim? — Gabi perguntou, a voz carregada de preocupação.

O pastor assentiu lentamente.

— Como vocês sabem, Thomas, o ex-sócio, faleceu há alguns meses — disse, e o frio na minha barriga se intensificou.

— Sabemos — Melissa respondeu, o tom cauteloso.

— E ele deixou herdeiros, dois filhos, como todos sabem. — Jean nos observou atentamente, e todos nós assentimos. — Um deles assumirá a parte dele na sociedade.

Senti meu olhar se cruzar com o de Isaque, que estava pálido. Ele parecia já ter compreendido o desfecho daquela conversa, assim como eu. O ar ficou pesado, e um silêncio incômodo se instalou.

— Não pode ser o de menor — disse Marcos, mexendo nos cabelos, tentando aliviar a tensão.

Jean continuou, com a voz firme:

— A filha mais velha de Thomas assumirá a parte da sociedade.

Melissa arregalou os olhos.

— Ela não tem nenhuma experiência em gestão, nunca sequer apareceu na empresa desde que... tudo aconteceu. Isso é um absurdo! — exclamou.

— Ela pode arruinar tudo — Gabriela disse, cruzando os braços, visivelmente irritada.

— Não há nada que possamos fazer para impedir? — perguntei, aflita.

Jean balançou a cabeça.

— Está no testamento, e não há brechas. A única coisa que podemos fazer é nos manter vigilantes. Somos majoritários, mas precisamos redobrar a atenção a qualquer movimento dela.

Melissa respirou fundo.

— Precisamos orar sobre isso.

— Orar? — Marcos respondeu, tentando aliviar o clima tenso. — Precisamos de uma campanha inteira de oração, isso sim.

Apesar do momento, ninguém sorriu. A tensão permanecia, e Isaque, sempre tão tranquilo, estava com o maxilar travado, os olhos fixos no pastor.

— Ela quer uma reunião com você amanhã, Isaque — Jean finalmente disse, e eu revirei os olhos, incrédula.

— Claro, ela já começou com as manobras, não é? — comentei, minha voz carregada de sarcasmo.

Isaque tocou minha mão e falou com firmeza:

— Amor, todas as reuniões que eu tiver com ela, você estará ao meu lado. Como sócia, como diretora e, acima de tudo, como minha esposa.

Assenti, mas o frio na barriga continuava.

— Acho que ela está vindo com tudo, Isaque. E não será só pela empresa — Gabriela disse, a voz tensa.

Esther concordou, dizendo:

— O alvo dela não é apenas a sociedade. É vocês dois.

Marcos suspirou, um toque de irritação em sua voz:

— Eu não tenho dúvidas disso. Ela quer mexer com vocês, Isaque e Anne.

— Se for preciso, eu compro a parte dela nem que custe bilhões — Isaque disse, sua determinação evidente.

Jean balançou a cabeça, preocupado.

— Não será tão simples. Ela herdou milhões de Thomas. Se ela não quiser vender, vocês precisarão se preparar para um longo confronto.

Isaque não hesitou.

— Então que venha o confronto. Eu não vou perder para ela.

Marcos, sendo prático, perguntou:

— Por que o senhor aceitou Thomas como sócio, pastor? Isso nunca fez sentido para mim.

Jean suspirou, pensativo.

— Porque ele era um homem íntegro e confiável. O erro da filha não deve manchar o legado dele.

— Thomas era realmente um bom homem — Isaque disse, ainda firme, mas com um tom de respeito.

Melissa se aproximou.

— Então, temos que nos fortalecer. Não podemos dar brechas. Amanhã, voltamos à empresa com a cabeça erguida e preparados para o que vier.

Abracei Isaque, sentindo a tensão em seus ombros.

— Vamos orar sobre isso, buscar sabedoria em Deus. Ele nunca nos abandonou — murmurei.

Mas, no fundo, uma pergunta ainda ecoava em minha mente: o que ela realmente quer? E quão longe ela está disposta a ir?

Enquanto voltávamos para a área externa, Isaque segurou minha mão e me puxou suavemente para a sala de estar. Seus olhos encontraram os meus, firmes, mas cheios de uma ternura que parecia tentar dissipar a tensão que pairava sobre nós. Ele se aproximou, entrelaçando seus dedos nos meus, como se quisesse me ancorar naquele momento.

— Amor, escuta — ele disse, com aquela voz grave e serena que sempre conseguia me trazer paz. — Quero que você saiba de uma coisa.

Engoli em seco, ainda processando tudo o que tínhamos acabado de ouvir.

— Pode falar.

Isaque respirou fundo, e então começou:

— Eu te amo. Mais do que tudo. E nada, absolutamente nada, vai abalar o que Deus construiu entre nós. Olha lá fora, Anne. — Ele apontou para a varanda, onde Claire estava nos braços do meu pai, rindo com ele. — Nossa filha, nossa família, nossos amigos. Tudo isso é a prova das bênçãos de Deus sobre nossas vidas.

Minha visão embaçou com lágrimas, mas ele continuou, apertando levemente minhas mãos.

— Você é a mulher pela qual orei a Deus durante anos. Hoje, você está ao meu lado, como minha esposa, mãe da minha filha, e minha maior companheira. Eu sou completamente apaixonado por você, e vou lutar com todas as minhas forças para proteger o que temos.

Senti um nó na garganta, mas ao mesmo tempo uma onda de paz invadiu meu coração. Antes que eu pudesse responder, Isaque inclinou-se e me beijou. Seu beijo era firme, mas cheio de ternura, como se ele estivesse reafirmando tudo o que acabara de dizer. Era a certeza de que, mesmo em meio à tempestade, estávamos juntos. Sempre estaríamos.

Quando nos afastamos, ele tocou meu rosto com carinho, e nossos sorrisos se encontraram. De mãos dadas, voltamos para a festa. O som das risadas ecoava ao longe, e observei nosso pequeno mundo: Claire sendo amada, nossos amigos conversando, a noite envolta por uma alegria inconfundível. Meu coração se aqueceu.

Olhei novamente para Isaque e encontrei nele a mesma determinação que sempre admirei. Seu sorriso de tirar o fôlego iluminou aquele momento, e seguimos juntos, sabendo que Deus estava conosco e que, independentemente do que viesse, enfrentaríamos tudo lado a lado.

Mas, mesmo com toda essa paz, um aviso persistente ecoava no fundo da minha mente: as palavras do pastor Jean. Ela não era apenas uma ameaça à empresa. Ela era uma sombra do passado, e aquela sombra parecia disposta a fazer de tudo para entrar no nosso presente.

Será um novo capítulo, e eu estava disposta a vivê-lo com garra e fé.

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