Capítulo 75 | Quer Dançar Comigo?
Isaque Campbell
Ajustei os punhos da camisa e me encarei no espelho. O terno azul-cinza parecia ser feito sob medida. A gravata de seda escura, a camisa branca impecável e os sapatos polidos fechavam o visual. Sim, estava pronto. Mas não era só a cerimônia que me fazia contar os minutos. Havia algo — ou melhor, alguém — que tornava essa noite ainda mais especial.
Estacionei em frente à casa de Anne pontualmente e toquei a campainha. Antes mesmo que o som desaparecesse no ar, ela abriu a porta. E, cara, que visão. Por um instante, minha concentração, que eu achava inabalável, foi embora.
Anne estava estonteante. O vestido verde-esmeralda de cetim fluía pelo corpo dela, como se tivesse sido feito só para ela. Pequenos brilhos no tecido captavam a luz de uma maneira quase imperceptível, mas suficiente para transformar aquele vestido em algo hipnotizante. Cada movimento parecia carregar uma intensidade que desafiava as leis do normal.
O cabelo loiro estava preso num coque baixo, algumas mechas soltas ao redor do rosto. Aquela simplicidade calculada destacava ainda mais o brilho dos olhos azuis dela, que me observavam com um misto de expectativa e tranquilidade. O perfume suave dela, um toque delicado e fresco, preenchia o espaço entre nós. Ela estava perfeita demais, e mesmo eu sendo homem, eu conseguia captar cada detalhe seu.
— Você está linda — soltei, direto, sem filtro, porque era verdade.
Ela sorriu, e não era um sorriso qualquer; era o tipo de sorriso que me deixava sem rumo.
— E você... — Ela deixou o olhar descer por mim, devagar. — Está perfeito.
Sem dizer nada, estendi o braço e, quando ela aceitou, senti o toque leve da mão dela no meu antebraço. Um toque simples, mas que fez meu peito aquecer.
No carro, fomos o percurso inteiro escutando louvor. Fiquei escutando a Anne cantar com alegria enquanto eu a acompanhava e fingíamos que estávamos em um show. Mas não podíamos negar: havia uma faísca ali, uma quentura que eletrizava o ar, algo intenso demais para ser controlado. A cada curva do caminho, o perfume dela parecia flutuar no ar, me distraindo entre o volante e a presença dela ao meu lado.
Ao chegarmos, as luzes do salão refletiam nos carros ao redor. Entreguei a chave ao manobrista e dei a volta para abrir a porta para Anne. Quando ela saiu, o vestido dela deslizou como água sobre a pele, chamando os olhares ao redor.
Ela parou ao meu lado, nossos olhares se encontrando.
— Pronto para a sua grande noite? — A voz dela era baixa, só para mim, como se estivesse me desafiando em meio a esse turbilhão de desejos que havia dentro de mim, e eu estava quase cedendo.
Apoiei a mão na cintura dela, puxando-a para mais perto, sem pressa.
— Com você aqui? — Sorri, sem disfarçar o quanto eu estava atraído por ela. — Nunca estive tão pronto.
Subimos as escadas de mármore lado a lado. Ao cruzarmos as portas, senti os olhares de todos sobre nós. Eles esperavam ver um líder. O que talvez não soubessem era que, naquela noite, o poder mais forte na sala não estava só no título de CEO, mas na mulher que caminhava ao meu lado. A futura CFO, mas ela ainda não sabe.
— Olha só, o cara mais charmoso da festa chegou! — disse Marcos, apertando minha mão e me dando um tapinha nas costas. — Uau, Anne, você está deslumbrante — ele disse com um sorriso genuíno.
— Obrigada, Mark — Anne respondeu, sorrindo.
— Valeu, Mark — respondi, devolvendo um tapinha em seu ombro. — Vou cumprimentar algumas pessoas na festa.
Eu caminhava pelo salão com Anne ao meu lado, sentindo os olhares e os murmúrios ao redor. Era impossível não notar como ela atraía atenção. Cada passo dela exalava elegância e confiança. Sim, o ciúme ardia dentro de mim, mas eu não iria ser o típico cara ciumento possessivo. Não. Deus a preparou para mim, assim como me preparou para ela. Eu sabia que não deveria deixar algum sentimento estragar isso.
Cumprimentamos nossos amigos, acionistas, diretores e funcionários. Meus pais, meus sogros estavam lá também, inclusive Layla e Samuel, nos recebendo com abraços calorosos e apertos de mãos firmes.
Em seguida, nos servimos de petiscos, coquetéis sem álcool, sucos e outras bebidas frescas, como de costume em todas as festas que vamos, enquanto uma música clássica suave preenchia o ambiente, elevando ainda mais a sofisticação da festa. Meus olhos estavam presos em Anne, mesmo com uma nova pessoa para cumprimentar a cada minuto, minha atenção permanecia nela.
— Pose de CEO, mas o coração vive derretido pela Anne — Samuel disse, se aproximando. Eu sorri, meneando a cabeça, percebendo que era verdade.
— Como está a vida de casado? Daqui a uns dias, serei eu, então me dê uma prévia — brinquei, rindo.
— Cada dia melhor, cada dia mais louco por essa mulher — ele respondeu, procurando Layla com os olhos.
— Depois desse casamento, sinto que tudo mudará para melhor — falei, olhando em volta, observando Anne ao longe enquanto ela conversava com algumas pessoas.
— E já está mudando, Isaque — ele disse com um sorriso sutil.
— Tudo o que eu mais quero é dar o melhor para ela — respondi, sentindo meu estômago gelar quando ela me olhou com aquele olhar profundo como o mar azul.
Conforme a noite avançava, a tensão entre nós parecia se intensificar, uma faísca constante que tentávamos disfarçar com uma postura profissional. Mas em cada troca de olhar havia algo implícito — a ansiedade e o desejo pelo nosso casamento.
Eu sou louco pela Anne, isso já não é mais segredo para ninguém, mas cada dia que se passava, quanto mais se aproximava o nosso casamento, mais ela mexia com a minha cabeça e com todos os meus sentidos. A expectativa de tê-la, de conviver com ela, de poder amá-la sem limites, estava queimando dentro de mim, ainda mais por faltarem poucos dias.
Depois de alguns minutos, a conversa no salão diminuiu quando o presidente do conselho subiu ao palco, ajustando o microfone. Eu estava encostado no balcão, com Anne ao meu lado. Quando ele me chamou, todos os olhares se voltaram para mim. Aquele era o momento em que eu assumiria o novo cargo oficialmente, em que cada palavra precisava ser exata e verdadeira.
Respirei fundo, deixei a taça de coquetel no balcão e ajeitei o paletó. Anne segurou minha mão, um toque leve que me ancorou. “Vai dar tudo certo”, diziam aqueles olhos azuis, intensos e cheios de confiança.
Subi ao palco com passos firmes, segurando o microfone. O salão ficou em silêncio, todos os olhares sobre mim. Respirei fundo e deixei as palavras fluírem.
— Boa noite a todos. Agradeço primeiramente a Deus, ao conselho e a cada um de vocês por esta oportunidade. Assumir este cargo é uma honra, mas também uma grande responsabilidade.
Fiz uma pausa breve, para que o efeito das palavras assentasse.
— Liderar é mais do que um título; é um compromisso. E nada disso seria possível sem o esforço de cada pessoa aqui. Desafios virão, é inevitável. Mas são justamente nesses momentos que mostramos nossa força.
Meus olhos percorreram a sala até encontrar Anne, que me olhava com aquele brilho que me dava paz.
— Vamos encarar essa nova fase juntos, e eu garanto: com dedicação e coragem, não há limites para o que podemos conquistar. Sei que Deus sempre estará conosco, nos dando bom êxito em nossas ações, e tenho certeza de que, com Ele, iremos prosperar!
Finalizei com um sorriso.
— Obrigado a todos.
Depois dos longos aplausos que preencheram o ambiente, assinei os documentos da transição. Desci do palco com a adrenalina percorrendo o meu corpo e fui até a Anne, que me esperava com um sorriso no canto dos lábios.
— Parabéns, meu amor, foi incrível.
— Obrigado, amor. Você é minha coragem — respondi, dando-lhe um beijo na testa.
Ela sorriu, pegando seu copo e dando um gole, com um brilho nos olhos.
— Acho que vamos ter uma celebração ainda melhor em poucos dias — ela disse, brincando.
Eu estava contando os segundos para isso. Anne estava perfeita; a cada vez que eu olhava, fazia meu coração acelerar. Me fazia perder os sentidos, e o meu corpo queimava feito brasa viva.
— Vai ser a melhor comemoração da minha vida — murmurei, sorrindo, e ela desviou o olhar, sorrindo também.
Levantei-me do banco e caminhei até ela, que estava sentada, radiante. Estendi minha mão e, quando nossos olhos se encontraram, senti-me completamente perdido naquele azul profundo e hipnotizante. Ela colocou a mão sobre a minha, os olhos cintilando com um brilho que mexia comigo, enquanto seus lábios, com aquele toque sutil de brilho, me tentavam a ponto de me fazer esquecer tudo ao redor. Eu só queria beijá-la. Meu desejo era encerrar essa noite com chave de ouro, com a mulher que eu amo em meus braços.
Então, sorri, tentando controlar todos os desejos que queimavam em mim desde o início da noite. Com uma suavidade que só ela despertava em mim, sussurrei:
— Quer dançar comigo?
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