Capítulo 74 | Uma Nova Trajetória
Isaque Campbell
Eu sentia um calafrio a cada minuto conforme o tempo passava na sala de reunião da CG Company. Estávamos na maior sala de reuniões da empresa, e todas as vezes que somos convocados ou convocamos para essa sala, é porque o assunto é algo decisivo, estratégico e sério. A luz do sol californiana atravessava as amplas janelas da sala, iluminando cada canto. Eu estava na cabeceira da mesa, um lugar habitual nas discussões estratégicas que meu pai, Jean, o fundador da empresa, sempre gostou de compartilhar comigo. Ele sempre disse ter orgulho de mim, e compartilhar isso com as pessoas era algo típico seu.
Admiro isso nele, e desejo grandemente ser um pai tão exemplar para os meus filhos quanto meu pai é comigo e com Esther. Aprendi isso com meu avô também, um exemplo de homem. Embora sua esposa não tenha tido sabedoria para criar meu pai, o meu avô soube exatamente como criá-lo nos caminhos do Senhor. Por isso meu pai é um grande homem. Um exemplo de pai e de pastor, e eu tenho orgulho dele.
Voltando àquela tarde ensolarada da Califórnia, devo admitir que havia algo diferente em meu pai — um ar sereno, mas um brilho que não escapou ao meu olhar.
Anne, Marcos, Melissa e a Gabriela estavam presentes na sala, me olhando com entusiasmo, enquanto eu não entendia o porquê estava chamando tanto a atenção.
Após todos se acomodarem em suas mesas — diretores, o conselho e líderes, meu pai, com seu jeito autoritário em reuniões assim, começou a falar, em pé:
— Hoje, temos um anúncio importante a fazer — disse meu pai com a firmeza característica dele, e eu ergui uma sobrancelha. Todos ficaram em silêncio, respeitando sua fala. Ele olhou diretamente para mim, um olhar profundo e decisivo, e eu já sabia que algo estava prestes a acontecer. — Depois de muitos anos à frente da CG Company, decidi que é hora de dar um novo passo.
Uma onda de murmúrios percorreu a sala. Ele pausou, como sempre fazia em momentos cruciais. Eu estava tomado de curiosidade.
— A partir de hoje, Isaque Campbell será o novo CEO da CG Company.
Os murmúrios se transformaram em aplausos. Por um momento, permaneci imóvel, absorvendo a surpresa, sem saber o que dizer. Sabia que meu pai considerava novos caminhos, principalmente com a expansão em Dallas, mas não esperava ser nomeado CEO naquela tarde, diante de todos, de repente.
Respirei fundo, tentando não parecer muito confuso e, em meu íntimo, orei a Deus:
“Pai, eis-me aqui. Se o Senhor está me colocando nesse cargo agora, é porque sabe que estou pronto. Só peço que me capacite, em nome de Jesus. Amém”.
— Vou me dedicar integralmente à filial de Dallas, uma unidade crucial para o nosso futuro — ele continuou, confiante. — E confio plenamente em Isaque para liderar a CG Company. Ele conhece cada detalhe deste negócio e está mais que preparado para esta responsabilidade.
As palavras dele ainda ecoavam enquanto eu assimilava a realidade. Cresci na CG Company, vendo meu pai transformar uma pequena concessionária em um gigante do setor. E agora, ele me confiava seu legado diante dos diretores e colaboradores que acompanharam minha trajetória. Se eu acreditei no momento? Bom, a ficha ainda não havia caído. Eu já sabia que isso iria acontecer, isso é fato, mas na prática, na realidade fora dos meus pensamentos, a sensação era totalmente diferente.
Levantei-me, com um fôlego renovado e enquanto os aplausos ainda soavam pela sala, tomei a palavra:
— É uma honra enorme receber essa confiança — disse, mantendo o tom firme. — Sempre tive como objetivo fazer a CG Company crescer, continuar o legado que meu pai construiu com tanto esforço e dedicação. Com o apoio de todos vocês, tenho certeza de que juntos podemos levar a empresa a novos patamares.
O olhar de aprovação do meu pai e os semblantes de apoio dos diretores me deram a certeza de que o momento era certo. Eu estava pronto. A transição estava feita, e agora, a responsabilidade repousava sobre meus ombros, e eu estava disposto a liderar com a mesma determinação que sempre vi no meu pai, um líder exemplar.
Anne me olhava com ternura e uma paixão inconfundível que eu já conhecia bem. Aquele olhar me trouxe uma paz imensa.
A sala ainda vibrava com os aplausos quando meu pai se levantou novamente, com o semblante sério, mas calmo, e reafirmou para todos:
— Sei que essa transição pode parecer repentina, mas a mudança é parte do crescimento. Dallas é fundamental para o futuro, e confio que Isaque, com sua visão estratégica e paixão pela empresa, vai liderar esse novo capítulo com maestria.
Olhei para Anne novamente, que sorria com orgulho. E o Sr. González, um dos diretores mais antigos, complementou:
— Jean, confiamos que Isaque está preparado. E nós, como conselho, faremos o que for necessário para garantir que essa transição seja tranquila para todos.
Assenti, tomando a palavra novamente.
— Substituir alguém como o Sr. Jean não é uma tarefa simples. Mas com a equipe que temos e com a confiança que vocês depositam em mim, acredito que podemos não apenas manter o nível da CG Company, mas levá-la a novas alturas.
Meu pai sorriu, com aquele meio sorriso que sempre vi em momentos decisivos.
— Você vai fazer um excelente trabalho, Isaque. E lembre-se, estarei apenas a uma ligação de distância.
A sala se encheu de risos, mas a seriedade daquele momento permanecia viva.
— Agora, é seu momento. A CG Company está em suas mãos.
Respirei fundo, sentindo o peso da responsabilidade e a honra de estar à altura do desafio. Olhei para cada um na sala, percebendo o apoio e as expectativas, e, ao voltar meus olhos para Anne pela milésima vez, encontrei nela a confiança que eu precisava.
— Conto com cada um de vocês para que possamos construir esse novo capítulo juntos — finalizei, encarando o conselho e os diretores. — A força da CG Company está no trabalho em equipe, e isso não mudará.
Meu pai levantou-se mais uma vez, desta vez com um tom mais emocional.
— A CG Company é uma família. Passamos por altos e baixos, mas sempre saímos mais fortes. Com Isaque à frente, não tenho dúvidas de que vamos prosperar.
Olhei para ele, com gratidão. Eu estava pronto para guiar a CG Company nessa nova trajetória, pois sabia que Deus estaria comigo me capacitando e me dando sabedoria.
— Obrigado, pai — disse, quase em um sussurro, para que só ele ouvisse. — Eu não poderia estar mais honrado.
Ao final da reunião, fui cumprimentando e agradecendo aos diretores e ao conselho da empresa.
— Parabéns, Isaque — disse o Sr. Gueller, apertando minha mão com firmeza. — Confio na sua capacidade de liderar esta empresa com sabedoria.
— Obrigado, Sr. Gueller — respondi com gratidão.
— Deus abençoe essa nova trajetória, Isaque — acrescentou o Sr. González, tocando meu ombro.
— Amém — assenti, com um sorriso sincero.
Meu pai se aproximou, com um sorriso e um brilho nos olhos, apertando a minha mão.
— Parabéns, filho. Você e Esther são o meu orgulho. Sempre esperei o melhor de vocês, e hoje estou aqui, vendo meu filho se tornar o diretor executivo da empresa que construí com tanto esforço e paixão, e minha filha se tornar uma advogada de sucesso. Parabéns, Isaque — disse ele, me puxando para um abraço apertado. — Sou o homem mais grato a Deus por ter você como filho — ele completou, me olhando com emoção.
Sentia um orgulho imenso de Esther também. Ela havia passado na OAB, e todos estávamos radiantes com essa conquista. Caleb, sem perder a oportunidade, fez um pedido de casamento a ela durante a comemoração da aprovação. Ver a minha irmã se tornando uma mulher de sucesso me fazia admirá-la cada vez mais.
— Obrigado, pai. Eu serei eternamente grato ao Senhor por tê-lo como exemplo de pai — respondi, e ele sorriu, colocando a mão no meu ombro.
— Que Deus lhe dê sabedoria para liderar, não só essa empresa, mas a sua própria família, que está prestes a começar — disse ele e eu senti um calafrio tomando conta do meu estômago.
— Amém, pai. Obrigado — respondi, sentindo a responsabilidade e o carinho nas suas palavras.
Quando ele se afastou, vi Marcos se aproximar com um sorriso aberto.
— Então, você já sabia de tudo isso, né? Por isso a pressão para que eu não faltasse à reunião — brinquei, e ele riu, assentindo.
— Seu pai me pediu segredo absoluto, e disse para garantir que você estivesse aqui hoje. Ele queria que você tivesse essa surpresa.
— E isso não é tudo! — interrompeu Melissa, sorrindo animada.
— O que mais? — perguntei curioso. Anne apareceu ao meu lado, com um olhar de orgulho que me fez sorrir.
— Uma festa em homenagem ao novo CEO — Anne disse, com um brilho no olhar.
— Festa? Quem organizou isso? Até você estava sabendo, amor? — perguntei, surpreso, e ela riu.
— Foi tudo planejado recentemente. Seu pai nos contou, e preparamos tudo para celebrar esse momento — explicou ela.
— Vamos fazer uma bela festa comemorando essa nova etapa da sua trajetória aqui na empresa — completou Gabriela, que se aproximou sorrindo. — Parabéns, Isaque.
— Obrigado — respondi com cordialidade. — É uma honra tudo isso.
— Você merece, meu irmão — disse Marcos, enquanto assentia, e eu retribuí com um olhar de gratidão.
— É... Preciso voltar pra sala, hoje tem muito trabalho pela frente — Melissa disse, enquanto Marcos arregalava os olhos.
— Ah, espera aí, amor. Preciso falar com você rapidinho — ele respondeu, nervoso, me lançando um olhar. Foi quando entendi: ele queria que eu me certificasse com o Ezra se já estava tudo pronto nas salas delas.
— Então anda logo, ainda tenho um monte de coisa pra fazer — Melissa respondeu, saindo com ele. Fiquei coçando a nuca, tentando pensar num jeito de manter Anne por ali.
— Vou voltar pra minha sala — ela disse.
— Passa lá na minha primeiro. Podemos comemorar a promoção, que tal? — Falei, tentando soar firme.
Ela sorriu, olhando para mim com aquele brilho no olhar que sempre mexe comigo.
— Comemorar como, hein? — provocou.
— Sei lá, talvez uma taça de vinho...
Ela deu uma risada, me lançando aquele olhar provocador.
— Criativo, hein. Mas deixei a Beatrice sozinha na sala, e como ela é nova, preciso ver se tá tudo bem por lá.
Percebi que não ia conseguir segurá-la por muito mais tempo, então preferi acompanhá-la, torcendo para que já estivesse tudo pronto quando chegássemos.
Nos aproximamos da sala dela, e eu parei, observando enquanto ela abria a porta em câmera lenta. Os olhos dela brilharam, a boca entreaberta em surpresa, e um sorriso surgiu no meu rosto.
— Foi você quem fez tudo isso? — ela perguntou, entrando na sala. Beatrice não estava; Ezra tinha, com certeza, dado um jeito nisso também.
Na mesa dela, uma decoração incrível: chocolates em forma de coração em cima da mesa, um buquê de rosas brancas ao centro, e um arranjo de lírios cor-de-rosa. Um urso de pelúcia enorme ocupava a poltrona de couro branca. Eu não tinha imaginado que um gesto tão simples pudesse parecer tão... romântico.
— Meu Deus, amor, está perfeito! — Ela se aproximou da mesa, admirando cada detalhe. Ver o quanto ela ficou surpresa por algo tão simples deixou meu coração mais aquecido.
Entrei e fechei a porta. Ela virou-se para mim e me abraçou. Um abraço quente, confortável, que fez meu coração disparar. Com ela ainda em meus braços, sussurrei em seu ouvido:
— Eu te amo muito, Anne, muito mesmo.
Ela se afastou um pouco e me olhou nos olhos, o sorriso ainda presente no rosto.
— Eu te amo demais — ela disse, e senti meu estômago revirar. — Daria tudo para te dar um beijo como agradecimento.
Meu coração falhou uma batida.
— Vem, Anne — falei, enquanto ela se afastava para olhar os chocolates com um sorriso que eu amava, deixando-me com vontade de tê-la mais perto.
— Quer mesmo que eu vá até aí? — ela provocou, com um sorriso de canto, o tipo de sorriso que poderia me fazer perder o controle.
— Está fácil demais, sei que você não vem — brinquei, me aproximando e pegando um dos chocolates enquanto ela cheirava as rosas, encantada.
— Você escolheu tudo com perfeição — comentou, me lançando um olhar cheio de ternura. — E esse urso... — acariciou ele. — Perfeito pra dormir comigo à noite.
— Então os dias dele estão contados — retruquei com um sorriso. — Em breve, serei eu o perfeito para dormir com você à noite.
Ela ficou vermelha, e eu sorri, aproveitando o efeito das minhas palavras sobre ela.
— Ah, amor, deixe-me trabalhar — disse, rindo, um pouco envergonhada, tentando fugir do “clima”.
— Vou deixar, mas estou contando as horas para o nosso casamento — murmurei, beijando sua bochecha e piscando. Porém era verdade. Eu estava louco de tanto contar os minutos.
— E eu conto os segundos — ela respondeu, piscando para mim enquanto eu me dirigia à porta.
— Até logo, futura Sra. Campbell — brinquei, e ela balançou a cabeça, sorrindo.
Saí do escritório dela e voltei para a minha sala, mas uma onda de gratidão tomou conta de mim. Caminhei até a grande vidraça e fiquei ali, observando o céu. Os arranha-céus pareciam imensos, e o mar, ao fundo, transmitia uma sensação de imponência. Carros de luxo percorriam as avenidas, e pessoas bem vestidas caminhavam nas ruas. Mas, diante de tudo isso, a grandeza de Deus era o que verdadeiramente me impressionava.
Sim, faço parte desse cenário, dessa imponência toda. Mas quem sou eu? Apenas um homem comum, cheio de falhas, consciente da glória de Cristo. Sei que, sem Ele, nada disso teria sentido. Tudo o que tenho pertence a Ele; nada aqui é realmente meu. Estou aqui para conquistar, para plantar e colher o melhor desta terra, mas é pelos tesouros celestiais que anseio, onde me prometem mais que prazeres momentâneos e passageiros.
“Obrigado, Senhor, por tudo,” murmurei, olhando para o céu. “Sem Ti, eu não sou nada. Preciso de Ti, hoje e sempre, Jesus.”
Senti o coração leve e voltei para minha mesa, pronto para resolver as pendências do dia e me preparar para a festa.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro