Capítulo 67 | Um Pedido Sob as Estrelas
Anne Green
Estava quase na hora de me encontrar com Isaque para o nosso passeio ao pôr do sol, e eu me sentia leve e feliz. Tão realizada que quase parecia um sonho.
Escolhi um vestido azul bebê longo, solto e fluído, que combinava perfeitamente com a beleza romântica de Veneza. As mangas eram delicadas, e o tecido dançava suavemente com cada movimento que eu fazia. Parecia feito para aquela cidade, para aquele momento, e não pude deixar de sorrir enquanto me admirava. Era como se o vestido me envolvesse em uma aura de romance, tão suave quanto o vento que soprava pelas ruas estreitas.
Deixei meu cabelo solto, em ondas naturais que caíam até as costas. Gostava do jeito que ele balançava quando eu me movia, fazendo eu me sentir como uma princesa. A maquiagem era sutil, exatamente como eu queria. Um tom nude nos olhos, apenas realçando o que já era meu, e um batom cor de pêssego suave, que combinava com o tom delicado do meu vestido. Tudo parecia em harmonia, desde a roupa até a maquiagem, como se o próprio momento estivesse me preparando para algo especial.
Assim que terminei de me arrumar, ouvi uma batida suave na porta. Meu coração deu um salto, como se soubesse que Isaque estava ali. Abri a porta, e lá estava ele, parado com aquele sorriso que sempre derretia meu coração. Por um segundo, fiquei sem palavras. Ele estava deslumbrante.
Isaque vestia um terno azul marinho perfeitamente ajustado, elegante, mas com um toque de casualidade que o tornava ainda mais charmoso. A camisa branca levemente aberta no colarinho, sem gravata, dava a ele um ar descontraído, mas havia algo mais. Ele estava diferente, como se cada detalhe tivesse sido pensado com cuidado. O tecido leve e impecável do terno parecia refletir o brilho suave do pôr do sol que começava a invadir o quarto pela janela. Nos pés, sapatos de couro marrom escuro, clássicos e sofisticados, que combinavam perfeitamente com a paleta de cores ao seu redor.
Ele me olhou por um momento, como se estivesse absorvendo cada detalhe, e depois deu um passo à frente, estendendo a mão.
— Você está linda, Anne — disse, a voz suave, fazendo-me estremecer. — Eu não canso de te admirar. Na verdade, nunca vou me cansar de dizer o quanto você é incrivelmente perfeita.
Sorri, sentindo minhas bochechas corarem levemente. Tentei disfarçar o quanto ele me afetava, mas a verdade era que, naquele momento, ele parecia ainda mais perfeito do que de costume. Não fazia ideia do que ele estava planejando, mas havia uma energia diferente no ar, algo especial que eu não conseguia entender completamente, mas sei que as borboletas em meu estômago entregavam o quanto eu estava ansiosa para aquela noite.
— Obrigada, meu amor. Você também está... — minhas palavras se perderam por um instante enquanto nossos olhares se encontraram. Seus olhos brilhavam de uma forma que sempre me fazia sentir um calor profundo no peito, e eu tentei, em vão, não me derreter sob aquele olhar tão intenso. — ...perfeito! — completei, com um sorriso suave, sentindo meu coração acelerar.
— Não mais que você, princesa — ele sorriu daquele jeito que sempre me deixava sem fôlego.
Peguei sua mão, sentindo aquele calor reconfortante que sempre vinha de Isaque, e deixei que ele me guiasse para fora do quarto, rumo ao passeio romântico que ele havia planejado.
Tudo estava parecendo tão mágico desde o início. Isaque havia me levado a Veneza, a cidade dos sonhos, e cada detalhe parecia cuidadosamente planejado, como se ele quisesse que aquele momento fosse gravado para sempre no meu coração. O sol estava começando a se pôr, tingindo os canais de tons dourados e rosados. Ele alugou uma gôndola, e enquanto deslizávamos suavemente pelas águas tranquilas, com o som do remo cortando a água, meu coração batia mais forte a cada minuto.
Passamos sob pontes antigas e por palácios majestosos, cujas janelas refletiam a luz suave do fim da tarde. As ruas estreitas de Veneza eram um murmúrio distante, e parecia que, naquele instante, só existia ele e eu. Em um ponto isolado, cercado pela arquitetura imponente e pela tranquilidade do canal, a gôndola parou diante de um pequeno cais de madeira, que levava a um restaurante sofisticado à nossa frente.
Isaque me ajudou a descer, suas mãos firmes segurando as minhas, e me conduziu por um caminho de pétalas de rosas que se estendia até uma pequena mesa posta para nós dois, com vista para o Grande Canal. A música suave de um violino ao longe envolvia o ambiente em um clima que parecia de conto de fadas. O vento leve trazia o aroma doce das flores, e, por um momento, achei que estava sonhando.
Ele reservou o restaurante inteiro só para nós dois e criou um cenário que me tirou o fôlego, transformando o jantar em um momento inesquecível, marcado por cada detalhe pensado com tanto carinho.
— Não acredito que você planejou tudo isso! — exclamei, admirada com tudo ao nosso redor.
Isaque apenas sorriu. Ele não precisou dizer nada. A maneira como ele me olhava, como se eu fosse o centro de todo aquele universo mágico, já era a resposta. Naquele instante, percebi que eu estava vivendo um dos momentos mais felizes da minha vida, e que cada segundo ali ao lado dele era uma benção que Deus estava nos proporcionando.
Ao nos aproximarmos da mesa, com as luzes cintilando ao nosso redor e o violino tocando uma melodia suave, senti como se o mundo tivesse parado para nós dois. O céu acima de Veneza tingido de laranja e rosa parecia abençoar nosso encontro, como se tudo ao nosso redor estivesse em perfeita harmonia. Era um cenário de puro romance, e eu estava exatamente onde sempre sonhei estar — ao lado do homem que Deus havia preparado para mim.
O jantar continuou com uma suavidade que parecia fluir naturalmente do ambiente. O garçom, discreto e elegante, nos serviu uma deliciosa limonada siciliana. O frescor do limão combinava perfeitamente com o clima suave da noite, e as folhas de hortelã no copo davam um toque refrescante e leve.
Quando o prato principal chegou, meu coração quase parou pela beleza do que estava diante de mim. Era uma massa artesanal, um tagliatelle fresco envolto em um molho suave de manteiga e sálvia, servido com pequenos pedaços de trufas e queijo parmesão ralado na hora. O aroma da sálvia e da manteiga derretida enchia o ar, criando uma harmonia perfeita com o ambiente romântico ao nosso redor. O prato era simples, mas de um sabor tão refinado que parecia um reflexo da própria essência da Itália.
A cada garfada, sentia o sabor rico da massa caseira se desmanchar na boca, enquanto o toque delicado das trufas adicionava uma profundidade única ao prato. Isaque me observava, satisfeito com minha expressão de alegria.
— Sabia que você ia gostar — ele disse, o brilho em seus olhos refletido pelas velas que tremulavam suavemente sobre a mesa.
— E você acertou em cheio — respondi, ainda saboreando a comida, enquanto o calor do momento se infiltrava em mim.
— Estava pensando em ficarmos mais um dia na Itália e irmos a Roma amanhã. O que acha? — ele perguntou, e eu assenti sem hesitar.
— Seria perfeito, ainda mais porque é seu aniversário amanhã — sorri. — Vou comprar seu presente aqui em Veneza, mas você não pode me acompanhar — brinquei, fazendo uma careta. Ele riu, o som leve e reconfortante.
— Meu presente já é você — ele respondeu, carinhoso, e senti minhas bochechas corarem de imediato. — Mas, eu também quero te dar algo.
— Mais presentes? — perguntei fingindo surpresa. — Isso tudo já é um presente. Estar com você é um presente.
— Quero te mimar com mais surpresas. Adoro ver sua reação quando consigo te surpreender — ele disse, com um sorriso que misturava diversão e ternura, me fazendo sorrir de volta, meio tímida.
— Queria ver essas reações em você — fiz biquinho, tentando provocá-lo, enquanto ele ria e balançava a cabeça. — Você é sempre tão sereno.
— Posso te contar uma coisa? — ele perguntou, com um brilho diferente nos olhos, enquanto tomava um gole da limonada.
— Claro.
— Eu nunca confessaria isso, mas quero te dar um gostinho de vitória — ele me lançou um olhar provocador, com um sorriso que me deixou ainda mais curiosa.
— Para de me deixar ansiosa e conta logo — insisti, sem conseguir esconder o sorriso que brincava nos meus lábios.
— Eu sinto um frio na barriga toda vez que sei que vou te encontrar, e... — ele levantou um dedo, aproximando-se mais, apoiando os cotovelos na mesa enquanto me olhava profundamente nos olhos. — Às vezes, não sei o que dizer ou como agir perto de você. Mas você não percebe, porque eu disfarço bem demais.
Sua confissão me pegou de surpresa, e não consegui evitar arquear as sobrancelhas. Será que era mesmo verdade?
— Não acredito, Isaque. Você não tem jeito de quem fica nervoso só por minha causa. Sempre parece tão confiante, tão seguro de si.
— Você acha que é pouco estar ao seu lado? — ele retrucou, sua voz carregada de uma emoção sincera. — Anne, você é incrível. Nunca conheci alguém tão especial, tão linda e tão sábia quanto você. Você me deixa sem palavras. E, cada vez que estamos juntos, eu me pergunto se estou sendo o homem que você merece, porque, Anne... você é, simplesmente... espetacular.
Sua declaração me atingiu como uma onda, tirando meu fôlego por um momento. Levei o copo de limonada aos lábios para disfarçar o quanto aquelas palavras mexeram comigo. Tentei desviar o olhar, sentindo meu rosto esquentar, mas falhei. Seu olhar me prendeu, me hipnotizou de uma maneira que só ele conseguia. Isaque tinha esse poder, esse dom de me deixar sem palavras... e completamente apaixonada.
— E olha só, você fala essas coisas com tanta naturalidade enquanto eu fico sem saber o que fazer — brinquei, tentando aliviar a tensão, rindo. Ele riu também, balançando a cabeça.
— É exatamente essa sua reação que me faz te amar ainda mais. Amo o jeito que te deixo sem palavras, minha bela Cerejinha — ele disse, e meu coração disparou.
— Vamos focar no jantar? Você está me deixando sem jeito — brinquei, rindo, e ele sorriu.
— Amo te deixar assim.
Depois de um jantar tão delicioso, chegou a hora da sobremesa, e a expectativa pairava no ar como um doce perfume. O garçom trouxe o tiramisù com um toque de elegância, em uma pequena travessa decorada com uma leve camada de cacau polvilhado e um toque de chocolate meio amargo derretido por cima. Era uma verdadeira obra-prima.
Isaque sorriu ao ver minha expressão ao olhar para a sobremesa. Com cuidado, ele pegou uma colher e serviu uma porção generosa em meu prato, fazendo o mesmo para si.
— Você precisa experimentar — disse Isaque, com um brilho de diversão nos olhos. Ele pegou uma colherada do tiramisù e, com um sorriso travesso e carinhoso, aproximou-se, oferecendo-a para mim.
Surpresa pela brincadeira, não pude evitar uma risada enquanto ele gentilmente levava a colher à minha boca. O gesto era carinhoso, quase íntimo, e eu sorri ao perceber que ele queria tornar aquele momento especial. Quando o sabor do tiramisù atingiu meu paladar, foi como uma explosão de felicidade.
A primeira colherada foi pura perfeição. O mascarpone aveludado derretia suavemente na boca, equilibrando-se com o sabor profundo do café e a textura delicada do biscoito embebido. Cada camada parecia se misturar em uma dança harmoniosa de sabores, e eu mal podia acreditar que algo tão simples pudesse me trazer tanta alegria. Sorri, ainda saboreando o momento, enquanto Isaque me olhava com aquela expressão de satisfação.
— É incrível! — exclamei, com os olhos brilhando, enquanto engolia a colherada. — Como você sabia que eu amava tiramisù?
— Apenas uma intuição — ele respondeu, dando de ombros de forma brincalhona, mas seus olhos traíam a verdade. Sabia que cada detalhe havia sido pensado com carinho.
Ele então levou uma colherada para si, sorrindo enquanto se servia, mas logo voltou a me provocar com a colher.
— Agora é sua vez de me ajudar! — disse, com um olhar de expectativa. A diversão estava no ar, e eu não hesitei em fazer o mesmo, levando uma colherada à boca dele. Ele fez uma expressão de aprovação que me fez sorrir.
Nós dois continuamos a comer, trocando sorrisos e risadas leves, enquanto a música suave do violino ao longe preenchia o ar. À medida que cada colherada desaparecia, eu me sentia mais próxima dele, como se cada momento que compartilhávamos fosse um passo a mais na nossa jornada juntos.
O tiramisù, agora quase terminado, deixou um gosto de satisfação em nossos lábios. Quando terminei, olhei para Isaque e vi que ele também havia acabado, um sorriso satisfeito estampado em seu rosto. Aquele instante, com as luzes do canal brilhando ao fundo e a conexão entre nós se fortalecendo, era tudo o que eu poderia ter desejado.
Depois da sobremesa, Isaque se levantou, estendeu a mão para mim e me conduziu até a borda do canal. O céu, agora um gradiente de cores profundas, ia do laranja vibrante ao azul profundo da noite que se aproximava, e a luz suave das estrelas começava a surgir, lançando um brilho mágico sobre nós.
A gôndola estava ancorada a poucos passos de nós, e ele me guiou suavemente para dentro, com um cuidado que me fez sentir especial e protegida. Enquanto nos afastávamos da margem, o remador começou a deslizar pela água tranquila, e a beleza de Veneza começou a se desdobrar ao nosso redor. A luz suave refletia nas ondas, e as antigas construções pareciam testemunhas silenciosas do nosso amor.
Isaque segurou minha mão, seu toque firme e carinhoso, e enquanto navegávamos, ele começou a falar com uma paixão que eu nunca tinha ouvido antes. Ele falou sobre como cada momento ao meu lado era um presente, como cada risada e cada olhar trocado eram tesouros que ele guardava em seu coração. Suas palavras eram como poesia, envolvendo-me em um calor que me fazia sentir amada e valorizada.
Depois de algum tempo deslizando pelas águas serenas, a gôndola parou em um ponto isolado, longe do movimento e da agitação da cidade. Um pequeno cais de madeira se estendia à nossa frente, adornado com lanternas de papel que começavam a brilhar, lançando uma luz suave e dourada sobre a cena, como se cada lanterna fosse uma estrela do céu.
Isaque se levantou, um sorriso iluminando seu rosto enquanto estendia a mão para mim, seus olhos brilhando com uma mistura de amor e emoção. Ele me ajudou a sair da gôndola, e assim que pisei no cais, meu coração disparou, pulsando de antecipação e alegria. Ele me conduziu por um caminho de pétalas de rosa, cada passo reverberando como uma batida perfeita de um coração apaixonado.
Chegamos a um pequeno espaço, onde velas acesas lançavam sombras dançantes, criando uma atmosfera de sonho. O aroma das flores se misturava ao ar fresco da noite, envolvendo-nos em uma fragrância doce e inebriante, enquanto as estrelas brilhavam como testemunhas silenciosas de nosso amor, piscando no vasto manto do céu.
— Anne, você não tem ideia do quanto você transformou minha vida. Eu sou loucamente apaixonado por você, mais do que as palavras conseguem expressar — ele começou, e a emoção em sua voz fez meu coração disparar. — Tenho absoluta certeza de que quero passar o resto da minha vida ao seu lado, construindo uma família, vivendo nossos sonhos juntos. Desde o momento que você entrou na minha vida, tudo se iluminou de uma maneira que eu nunca imaginei ser possível. Não consigo, nem por um segundo, visualizar um futuro que não seja ao seu lado.
Ele fez uma pausa, olhando profundamente nos meus olhos, como se estivesse revivendo cada instante que passamos juntos.
— A primeira vez que eu te vi, lá naquele campo missionário, senti que meu coração já sabia... eu pertencia a você. Foi por isso que, naquele dia, fui sincero com Deus e pedi que, de alguma forma, você se tornasse minha esposa. Desde então, tenho carregado esse desejo comigo. E é exatamente isso que eu quero agora, Anne. Eu quero que você seja minha esposa.
A intensidade de suas palavras me fez sentir um calor indescritível no peito. Ele sorriu suavemente, aquele sorriso que sempre me desarmava, e eu ri, nervosa, totalmente rendida àquele momento.
— Eu disse que ia te pedir em namoro oficialmente, mas a verdade é que estava só te distraindo enquanto preparava essa surpresa — ele riu levemente, e meu riso o acompanhou, ainda que com as borboletas no estômago. — Porque, Anne, eu não quero perder nem mais um segundo. Eu sei, com cada fibra do meu ser, que você é a mulher da minha vida, e tudo que eu desejo é viver essa vida ao seu lado.
Meu coração acelerou, as palavras dele ressoando dentro de mim, como uma melodia doce e familiar. Ele então se ajoelhou, retirando uma pequena caixa de veludo do bolso, e o mundo pareceu parar. A luz das velas refletia no objeto em suas mãos, e eu prendi a respiração, completamente cativada.
— Anne Green, você aceita ser a minha esposa? — perguntou ele, seus olhos brilhando com uma intensidade tão profunda que meu coração quase parou. O carinho na sua voz, cada palavra carregada de sinceridade, me envolveu em uma onda de emoções. Aquelas não eram apenas palavras; eram promessas, um desejo de viver uma vida inteira juntos, e eu sabia que estava disposta a tudo isso.
— Claro que sim! Aceito com todas as minhas forças! — exclamei, sentindo as lágrimas de alegria se acumularem em meus olhos. Eu não conseguia parar de sorrir, e ao ver o sorriso dele se iluminar mais do que qualquer luz que eu já havia presenciado, percebi que aquele era o momento mais perfeito da minha vida.
Com uma delicadeza indescritível, Isaque deslizou a aliança de ouro puro com um design encantador e minimalista, e o solitário em meu dedo anelar. A aliança tinha um diamante central, refletindo um brilho que trazia charme ao anel, e no interior estava escrito: Eclesiastes 4:12. O toque suave e frio do metal contra minha pele fez meu corpo inteiro estremecer de emoção. Quando nossos olhares se encontraram, a intensidade do amor nos olhos dele fez o mundo ao redor desaparecer.
— Nunca imaginei que um dia poderia amar alguém como amo você — ele sussurrou, sua voz cheia de doçura e sinceridade. — Com você, encontrei o meu propósito, o sentido da minha vida. Anne, você é tudo o que eu sempre quis, e é ao seu lado que quero estar para sempre. Eu te amo, Anne, e prometo te amar por toda a minha vida.
As palavras dele ecoaram no fundo da minha alma, e eu senti, mais uma vez, meus olhos se encherem de lágrimas de pura felicidade. Isaque estava ali, diante de mim, me entregando não apenas uma joia, mas o coração dele, a promessa de um futuro repleto de amor, companheirismo e sonhos compartilhados.
Sem que eu pudesse controlar, uma lágrima deslizou pelo meu rosto, e ele, sempre atencioso, levou a mão até meu rosto e a enxugou com delicadeza, um sorriso gentil surgindo em seus lábios.
— Você aceita ser a mulher que caminhará ao meu lado, hoje e sempre? — ele perguntou, e, naquele instante, minha voz ficou presa em minha garganta.
Eu apenas assenti, incapaz de formar palavras. O sim estava em cada batida do meu coração, em cada lágrima de felicidade que caía, em cada sorriso que compartilhávamos.
Isaque, com cuidado, se levantou e, sem precisar dizer mais nada, me puxou para um abraço apertado. Seu calor me envolveu de uma maneira reconfortante. Ele depositou um beijo suave e quente em minha testa, e naquele toque delicado, senti o amor transbordar entre nós.
Minha ficha ainda não havia caído:
Eu estava noiva de Isaque.
— Eu te amo — ele sussurrou mais uma vez, sua voz cheia de emoção enquanto ainda me segurava firme.
— Eu também te amo — respondi, sentindo aquela verdade se enraizar em mim. Ouvir aquelas três palavras saindo de seus lábios pela primeira vez me tirou o fôlego, e percebi que nada no mundo poderia se comparar àquela sensação.
Depois daquele momento mágico, com o anel brilhando no meu dedo e meu coração cheio de amor, Isaque segurou minha mão enquanto voltávamos para a gôndola. A cidade parecia mais silenciosa agora, como se Veneza estivesse respeitando a grandiosidade do nosso momento. O céu, já profundamente azul, estava coberto de estrelas que piscavam suavemente, refletindo-se nas águas calmas do canal.
Isaque me ajudou a entrar na gôndola novamente, e o remador começou a deslizar pelas águas, deixando o som suave do remo cortar o silêncio da noite. Eu me aconcheguei ao lado dele, sentindo seu braço envolver meus ombros, como se ele quisesse me proteger do frescor da brisa noturna. A temperatura caía levemente, e sem dizer nada, Isaque tirou o paletó e colocou sobre meus ombros. O perfume dele, amadeirado e suave, preencheu o ar ao meu redor, e eu me derreti por completo, sentindo meu coração acelerar ainda mais.
O calor de seu corpo contra o meu era reconfortante, e cada toque de sua mão em meu cabelo, em meu braço, era uma reafirmação silenciosa de que aquilo era real. O cheiro dele me envolvia, e cada vez que eu respirava, me sentia mais próxima, mais conectada. Eu me sentia completamente envolvida por ele, pelo momento e pela certeza de que o amor que havia entre nós era verdadeiro e eterno.
As luzes dos edifícios antigos, refletidas na água, criavam um espetáculo hipnotizante ao nosso redor. As sombras dançavam suavemente, e o murmúrio distante de conversas e risos se misturava com o som dos pássaros noturnos.
Chegando ao cais, Isaque desceu primeiro e, com aquele sorriso charmoso que sempre me derretia, estendeu a mão para me ajudar a sair. Ele me guiou pelas ruas estreitas e tranquilas de Veneza, iluminadas apenas por algumas lâmpadas antigas que lançavam uma luz dourada e suave sobre as calçadas de pedras.
Quando finalmente chegamos ao hotel, o ambiente elegante e acolhedor nos envolveu com seu silêncio suave, proporcionando um contraste perfeito com a agitação emocional daquela noite. Isaque me acompanhou até a porta da minha suíte, mas antes de me deixar, parou à minha frente com um sorriso brincando nos lábios.
— Obrigada por essa noite, pela surpresa e por se tornar meu noivo — falei com um sorriso terno, enquanto ele sorria de volta, com aquele olhar cheio de carinho.
— A partir de agora — disse ele, segurando minhas mãos com suavidade, — você... — ele me puxou para mais perto, seus olhos faiscando. — É, oficialmente... — segurou minha cintura e encostou sua testa na minha, criando uma proximidade que fazia meu coração bater mais rápido. — Minha noiva — completou, a voz grave e macia reverberando dentro de mim, enviando ondas de emoção que me faziam estremecer, presa no olhar profundo de seus olhos cor de mel.
— Então quer dizer que nunca houve reunião na Itália? — brinquei, tentando disfarçar o quanto eu estava desconcertada com aquela proximidade.
— Você não suspeitou de nada? — ele riu, ainda segurando minha cintura, parecendo se divertir com minha surpresa.
— Não! Achei meio esquisito ter uma reunião em pleno sábado, mas você foi tão convincente, e a reação do Marcos, apesar de parecer natural, também me deixou com uma leve desconfiança.
Ele sorriu ainda mais, com aquele jeito travesso que eu amava.
— Contei a eles enquanto vocês estavam no sofá. Foi por isso que nos incentivaram a sair mais cedo. A essa altura, até as meninas já sabem da surpresa... Só você não fazia ideia — confessou, e eu fiquei boquiaberta de um jeito divertido.
— Você me enganou direitinho! — brinquei, fingindo indignação. — Eu poderia ficar irritada, mas em vez disso, estou completamente apaixonada por tudo o que você preparou — eu passei meus braços em volta de seu pescoço, me aproximando ainda mais, envolvida no calor dos seus braços. — E por você. Eu te amo, Isaque.
Senti seu corpo reagir, o coração dele batendo acelerado, e suas mãos apertaram levemente minha cintura, como quem luta intensamente contra um desejo contido.
— Eu também te amo muito, Anne — ele respondeu, com a voz mais baixa, quase em um sussurro, fechando os olhos enquanto uma de suas mãos subia para acariciar meu cabelo, seus dedos deslizando gentilmente pela minha nuca.
Eu estava perdida naquele momento, até que me forcei a voltar à realidade.
— Acho que é melhor eu... ir tomar um banho — murmurei, tentando sair da bolha de intimidade que nos cercava. Ele deu um pequeno sorriso e se afastou suavemente.
— É... claro, também é bom eu... ir — ele passou a mão pelos cabelos, claramente tentando se recompor. — Mas nos vemos daqui a pouco... até já, princesa — disse ele, apontando para o corredor, franzindo o cenho enquanto se afastava.
Eu não pude segurar o riso. Ver Isaque nervoso era raro, e eu adorava quando isso acontecia.
— Até já, meu amor — respondi, observando o leve rubor no rosto dele enquanto ele tentava disfarçar seu embaraço, caminhando em direção ao seu quarto.
Quando entrei no meu quarto, me joguei na cama, olhando para a aliança de noivado no meu dedo. Não era apenas o brilho do ouro que iluminava o ambiente, mas o reflexo da pura felicidade em meus olhos.
“Obrigada, Pai, por cumprir Tua promessa em minha vida”, orei, suspirando profundamente.
“Um cordão de três dobras não se rompe com facilidade.” Eclesiastes 4:12.
Senti como se Deus tivesse sussurrado aquele versículo diretamente em meu coração, confirmando a presença dEle em nosso relacionamento, o que me deixou ainda mais feliz e em paz.
Enquanto reunia coragem para me levantar e tomar banho antes da próxima aventura com Isaque na Lido di Venezia, observando as estrelas que brilhavam intensamente nessa noite incrível, uma única certeza preenchia meu coração: em breve, estaríamos casados. Essa nova jornada que estávamos prestes a começar juntos seria, sem dúvida, o nosso maior presente. A expectativa me envolvia em um calor aconchegante, iluminando minha alma com a promessa de um futuro repleto de amor e felicidade ao lado dele.
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