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Capítulo 44 | Onde Tudo Começa

Anne Green

— Eu não sou filho biológico de Jean Campbell — ele confessou, com uma voz baixa e carregada de dor, fazendo meu coração pular no peito.

— C-como assim? — perguntei, incapaz de esconder o choque que tomava conta de mim.

Seus olhos se fixaram nos meus, tão profundos que parecia estar despindo sua alma diante de mim. Uma lágrima solitária deslizou pelo seu rosto, refletindo toda a tristeza que ele havia guardado por tanto tempo.

— Minha mãe... — ele começou, com a voz embargada. — Naquela época, ela não seguia a fé cristã. Ela se envolveu com um homem por alguns anos e acabou engravidando dele. Eles estavam apenas começando a vida juntos, sem muitas condições, dependendo do apoio dos pais dele. Mas no meio da gestação, ele começou a mudar. Se tornou violento, abusivo... bebia quase todas as noites, e a agredia tanto física quanto verbalmente. Até que um dia... ele foi embora. A última coisa que ele disse à minha mãe foi que eu era um erro, e que não queria mais olhar para ela por minha causa. Ele queria que ela abortasse, mesmo já no meio da gravidez, mas ela se recusou, e por isso ele começou a tratá-la daquela maneira.

As palavras de Isaque eram como facas cortando o ar, e eu senti uma dor profunda ao imaginar o que ele e sua mãe haviam passado. Quando as lágrimas começaram a cair dos seus olhos, não hesitei; com toda a delicadeza que pude reunir, enxuguei cada gota, acariciando seu rosto, tentando transmitir através do meu toque o apoio que ele tanto precisava.

— Minha mãe ficou sem chão — continuou ele, a voz se quebrando. — Sem trabalho, sem estudos, sem perspectivas. Ela e Jonathan, meu genitor, moravam no Sul do Brasil, e quando ele a deixou, ela voltou para a casa dos seus pais, na Bahia. Poucos meses depois que eu nasci, minha mãe começou a trabalhar, e meus avós cuidavam de mim. Ela economizou cada centavo para realizar o sonho de cursar Direito, com o apoio dos meus avós. Conseguiu um estágio em uma empresa renomada e começou a prosperar, mesmo sem conhecer a Deus ainda. Quando eu estava perto de completar dois anos, ela foi efetivada no Brasil e teve a oportunidade de trabalhar aqui nos Estados Unidos, em uma filial da empresa brasileira. Durante esse tempo, fiquei com meus avós no Brasil enquanto ela tentava construir uma vida para nós nos EUA.

— Seus avós ainda são vivos? — perguntei, tentando me conectar com aquela parte de sua vida que parecia tão dolorosa e ao mesmo tempo tão cheia de esperança.

— Sim — ele respondeu, com um pequeno sorriso melancólico. — Falo com eles quase todos os dias.

— E como sua mãe conheceu seu pai, digo, pastor Jean? — indaguei, sentindo uma curiosidade crescente, mas também uma necessidade de entender cada pedaço de sua história, de estar ao lado dele em cada lembrança, boa ou ruim.

Ele suspirou profundamente, como se estivesse se preparando para reviver mais uma parte de seu passado.

— Meu pai era sócio da filial que mencionei nos EUA. Foi assim que ele e minha mãe se conheceram. Ele era profundamente apaixonado por Cristo, e foi através dele que minha mãe encontrou a fé em Deus. Eles fizeram um propósito e começaram a namorar. Voltaram juntos para o Brasil, e foi lá que ele me conheceu. Eu me apeguei a ele imediatamente, e, mesmo antes de se casarem, já o chamava de pai. Meses depois, eles se casaram e nos mudamos para cá. Pouco tempo depois, minha mãe engravidou de Esther. Ele me registrou com seu sobrenome e sempre me tratou como um filho biológico — respirou fundo, com um olhar distante, pensando em suas próximas palavras. — Além disso, conheci William, meu avô, que se tornou como um segundo pai para mim. Passava muito tempo com ele enquanto meus pais trabalhavam, e essa convivência nos tornou muito próximos. Quando Deus o levou, foi uma dor imensa, algo que precisei superar, especialmente considerando que eu já havia enfrentado o abandono do meu genitor. Se não fosse pela misericórdia divina, minha mãe teria me perdido. Em um dos empurrões que meu genitor deu nela, ela acabou no hospital com sangramento, mas Deus nos protegeu, permitindo que a gestação seguisse saudável até o fim.

— Isaque, e-eu... não fazia ideia — murmurei, ainda atordoada com a profundidade de sua história.

Ele enxugou as lágrimas que teimavam em cair, tomando um gole de café, num gesto que parecia mais para ganhar tempo do que qualquer outra coisa. O silêncio entre nós era pesado, quebrado apenas pelo som de sua respiração profunda enquanto tentava se recompor.

— Quase ninguém sabe disso — confessou ele, a voz rouca, carregada de uma sinceridade crua. — São poucas as pessoas que conhecem essa parte de mim, apenas quem é realmente íntimo da minha família. E estou te contando porque... porque quero que entenda que minha revolta com Deus não começou agora. Ela nasceu quando vi minha mãe sofrer por causa daquele homem.

Ele fez uma pausa, os olhos fixos em algum ponto distante, como se revivesse cada momento que descrevia.

— Com o tempo, comecei a perceber que talvez Deus tivesse um propósito na vida dela, que talvez houvesse um motivo para unir minha mãe e Jean, por mais cruel que parecesse. Mas depois veio a morte do meu avô... e a traição de Julia... Isso me despedaçou, Anne. Eu culpei Deus por tanto tempo, me afastei, me revoltei. Só que, aos poucos, comecei a entender de novo o propósito dEle... mas o arrependimento não foi suficiente. Agora, depois de tudo, depois de conhecer o mundo, parece impossível... quase impossível voltar.

Suas últimas palavras ficaram no ar, carregadas de uma dor que me atingiu em cheio. Não era apenas a revolta ou a dúvida que ele carregava; era o peso de um coração que tinha sido despedaçado repetidas vezes, e que agora se encontrava à beira de um abismo, sem saber como voltar.

Eu queria dizer algo que o trouxesse de volta, que apagasse essa dor, mas a verdade é que, nesse momento, tudo o que eu sentia era a profunda conexão que nossas almas partilhavam, mesmo sem terem sido oficialmente unidas.

— Isaque, cada detalhe da sua vida foi escrito pelas mãos de Deus. Cada perda, cada luta, cada vitória... tudo foi orquestrado por Ele, desde o momento em que você foi gerado no ventre de sua mãe até o último suspiro que você dará nesta vida. E em cada passo do caminho, Ele esteve ao seu lado, cuidando de você. Deus traçou um propósito tanto para sua mãe quanto para você, e juntos, vocês descobriram a presença divina através daquele homem incrível que te chama de filho. Hoje, na igreja, foi impossível não perceber o orgulho e o amor que ele sente por você — declarei, sentindo a intensidade em seu olhar mudar, revelando um brilho novo e cativante. — Seu avô precisou partir, e Deus, em Sua sabedoria infinita, permitiu que isso acontecesse, pois, talvez Ele o tenha poupado de um sofrimento maior no futuro. Entenda que Deus está te chamando. Não para sofrer, mas para realizar Sua obra. Ele te preparou para isso, só falta você abrir seu coração e permitir que Ele entre, sem medo, sem resistência... apenas deixe que Ele aja.

Ele endireitou-se, limpou as lágrimas discretamente e se levantou, pegando a xícara do balcão e dando um gole. Eu o observei caminhar até a cozinha, mas algo era diferente. De repente, vi nele não apenas um amigo, mas o homem com quem eu poderia passar o resto da minha vida. O pensamento fez minhas mãos suarem e as borboletas no meu estômago despertarem em alvoroço. Fui tomada por uma admiração profunda, quase hipnotizada pelo perfume que preenchia o ar, o mesmo que, agora, parecia envolver todo o meu ser.

Ele colocou a xícara na pia, guardou algo no armário aéreo e, em seguida, se aproximou, parando bem à minha frente, do outro lado do balcão. Seus olhos se fixaram nos meus, como se estivessem desvendando cada camada da minha alma. Com uma voz que fazia meu coração disparar, ele disse:

— Sinceramente, as suas palavras fazem todo o sentido, e eu concordo com cada uma delas. Estou tentando, dia após dia, quebrantar o meu coração, mas preciso admitir que ainda não consegui por completo. Mas sei que não posso desistir. E, para ser digno de você, preciso primeiro me render a Deus, isso é uma certeza. E vou te dizer uma coisa: eu não vou desistir de você — declarou, e naquele momento, meu coração pareceu bater mais forte do que nunca.

Ele contornou o balcão com passos decididos, aproximando-se de mim com uma suavidade que fez meu coração acelerar. Com um gesto terno, ele estendeu a mão, convidando-me a levantar. Sua mão firme e ao mesmo tempo gentil me guiou até a vidraça próxima à lareira, onde a luz suave do fogo dançava nas paredes, criando um cenário quase irreal. Ele parou diante de mim, tão próximo que eu podia sentir o calor de sua presença. Com delicadeza, ele afastou uma mecha de cabelo do meu rosto, seus olhos mergulhando nos meus como se quisesse desvendar cada segredo que eu guardava. O perfume dele era inebriante, uma mistura hipnotizante que me fazia perder o fôlego.

Eu não conseguia parar de admirar cada detalhe de seu rosto, sem encontrar imperfeições. Isaque era deslumbrante, e eu repetia isso em minha mente, como se fosse um segredo precioso que eu guardava só para mim.

— Sabe o que mais me encanta em você? — ele perguntou, a voz baixa e envolvente enquanto seus dedos acariciavam a maçã do meu rosto, que já estava aquecida.

— O quê? — perguntei, reunindo toda a coragem que me restava.

— Seu olhar, combinado com esse sorriso... eu me perco neles — ele emitiu, sua voz carregada de uma ternura que fez meu corpo inteiro estremecer.

Eu estava exausta de lutar contra os sentimentos que borbulhavam dentro de mim, e não havia mais como fingir que não queria o que, na verdade, meu coração ansiava desesperadamente: o toque dos seus lábios nos meus. Eu sabia que, se ele me beijasse, eu não resistiria. Naquele momento, eu estava decidida a me entregar, especialmente sabendo que éramos, de alguma forma, destinados um ao outro.

Ele se aproximou ainda mais, tão perto que o calor que emanava de seu corpo parecia se fundir ao meu. A luz suave criava sombras delicadas em seu rosto, destacando cada traço, cada contorno que me fazia suspirar. Seus olhos, fixos nos meus, pareciam ler minha alma, e o mundo ao nosso redor desacelerou, como se o tempo quisesse prolongar aquela sensação.

Minha respiração ficou presa no peito quando ele começou a falar, mas suas palavras eram apenas um preâmbulo. Ele parou, deixando o silêncio preencher o espaço entre nós, e me olhou de uma forma que fez todo o resto desaparecer. Sem pressa, ergueu a mão e tocou meu rosto com uma delicadeza que me fez tremer por dentro. E então, sem dizer mais nada, ele se inclinou e me beijou. Naquele instante, o mundo inteiro pareceu parar.

Nosso primeiro beijo foi o desfecho de uma doce tensão que se formava aos poucos, como uma chama suave que, de repente, se torna irresistível. Estávamos tão próximos que eu podia sentir sua respiração, e o tempo desapareceu, deixando apenas o compasso dos nossos corações em sintonia.

Quando nossos lábios finalmente se encontraram, uma corrente elétrica percorreu meu corpo. O primeiro toque foi suave, quase um sussurro, carregando um significado profundo e inesquecível. Nossas respirações se misturaram, e o tempo parecia desacelerar, cada segundo se arrastando em um ritmo que pertencia só a nós.

Conforme o beijo se intensificava, a paixão crescia. O toque hesitante se tornou urgente, ardente. Ele segurou meu rosto com suavidade, seus polegares acariciando minhas maçãs do rosto, enquanto seus dedos deslizavam até minha nuca, puxando-me para mais perto, como se temesse que o momento pudesse escapar. Minhas mãos deslizaram por seus ombros até entrelaçarem em seus cabelos, segurando-o com um desejo que não podia mais ser contido.

Nosso beijo era uma dança delicada entre a ternura e a paixão. Nossos lábios se encontravam em perfeita harmonia, explorando os contornos um do outro, e a cada toque, um arrepio percorria minha espinha. Havia um desejo ardente ali, mas também uma ternura que tornava tudo incrivelmente perfeito.

Quando finalmente nos afastamos, ainda de olhos fechados, permaneci perto, tentando compreender a realidade do que acabara de acontecer. Minha respiração estava ofegante, meu coração acelerado. Nossas testas tocavam-se suavemente enquanto absorvíamos o momento. Era como se aquele beijo tivesse criado um novo universo para nós, onde tudo se tornava mais vívido, mais real. E no silêncio que se seguiu, eu sabia que algo profundo havia mudado entre nós, algo que transformaria para sempre o que éramos.

O apartamento, com todo o seu luxo e sofisticação, evaporou. Não havia mais obras de arte, móveis elegantes ou a vista espetacular da cidade. Só havia ele e aquele beijo que mudou tudo. Cada segundo parecia eterno, e eu sabia, de algum modo, que nada seria como antes.

— E-eu... Acho melhor eu ir — sussurrei, ainda tão perto de seu rosto que nossas testas se tocavam. Isaque mantinha as mãos suavemente em minha cintura, e eu sentia sua respiração acelerada, como se ele estivesse lutando contra um desejo que queimava dentro de si.

— Não se preocupe, Anne, eu conheço o limite — ele disse, sua voz grave ecoando em meus ouvidos, enquanto, lentamente, ele afrouxava o aperto em minha cintura e afastava sua testa da minha, mas sem desviar o olhar dos meus olhos.

— Mas... Eu preciso ir, Isaque. Não posso me envolver com você enquanto você não se reconciliar com Deus. Estaria me colocando em jugo desigual, e minha consciência não me permite isso.

— Não quero que vá, quero que fique aqui comigo — ele murmurou, puxando-me de volta, como se não quisesse me deixar ir embora.

— Você sabe que eu também não quero, mas eu preciso ir, já está tarde.

— M-me perdoa por ter te beijado. Eu realmente não consegui me conter, e, para mim, esse foi o melhor beijo que já tive — ele confessou, seu olhar preso ao meu, desarmando minhas defesas.

— Não precisa se desculpar, eu também quis, e sinto o mesmo... Foi o melhor beijo da minha vida — admiti, dando um passo para trás. — Mas não podemos mais nos beijar, não até que você volte para Cristo.

Ele suspirou, passando a mão pelos seus cabelos enrolados.

— Eu prometo que só voltarei a tocar seus lábios quando me reconciliar com Deus — ele disse, levantando as mãos em rendição, e pude sentir um fio de esperança em suas palavras.

Eu assenti, mas não havia mais palavras nem forças para prolongar aquela conversa.

— Vou chamar um Uber — disse, afastando-me em direção ao sofá para pegar minha bolsa.

— Eu te levo — ele sugeriu, vindo em minha direção.

— Não, acho melhor chamar um Uber — insisti.

Eu sabia que as coisas haviam mudado, e temia que o silêncio desconfortável pudesse se instalar entre nós se ele me levasse, preferi evitar isso.

— Então vá com a minha Maserati — disse, estendendo-me a chave do carro.

— Mas... E você? — perguntei, até que me dei conta de que estava falando com o dono de uma concessionária. — Esquece, você tem outros carros — ri, vendo-o sorrir também.

— Vou usar a Lamborghini — ele respondeu com um sorriso.

Peguei a chave de sua mão e caminhei em direção à porta.

— Ei — ele me chamou, fazendo meu coração disparar. — Você vai jantar comigo amanhã?

— Sim — respondi com um sorriso, saindo pela porta.

Eu sabia que não conseguiria esquecer esse beijo, especialmente vindo de um homem que acredito ser uma promessa de Deus em minha vida. Sei que não deveria ter cedido, pois acabei entrando em jugo desigual, e agora precisarei buscar perdão em Deus, prometendo a mim mesma que só voltarei a beijá-lo quando ele tiver se reconciliado com Cristo.

Isaque só poderá me tocar novamente quando, antes, tocar o coração de Cristo.

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