Capítulo 43 - Últimos momentos
6760 Palavras
Um suspiro me escapa enquanto meus olhos encaram o teto escuro do quarto.
Deram o prazo de uma semana para a recuperação total de Brian, e hoje já é o quinto dia... Não nego que isso me entristece, principalmente se eu pensar em como essa semana passou rápido.
Meu guardião melhorou muito bem no decorrer dessa semana, tanto que hoje ele mal parece ter sofrido um ferimento tão grave como aquele corte no ombro e as várias queimaduras pelo corpo. Imaginei que ele levaria muito mais tempo para se recuperar, mas não foi isso que ocorreu.
Fico feliz de tantas formas com isso, ver como ele pode fazer as coisas sem resmungar de dor, sua disposição voltou por completo... Mas também essa é outra coisa que me entristece, afinal, só significa que nosso tempo juntos está acabando.
Não posso ficar pensando nisso, senão ficarei pra baixo o fim de semana inteiro. Devo pensar que ainda temos dois dias juntos e que ainda poderemos aproveitar mais um pouco. Tudo bem que só estarei empurrando a dor para mais tarde, mas é melhor do que sofrer por antecedência.
Viro de lado na cama de Brian, encarando a pouca luz do dia que passa pelas frestas da janela fechada. Abraço bem o travesseiro do meu guardião, na esperança de sentir seu cheiro me faça imaginar sua presença, me permitindo relembrar como foi essa semana.
Como por exemplo, descobrir que o lugar para onde meu guardião gosta de se refugiar é na verdade uma padaria perto de sua casa. Não sei qual foi minha cara na hora que descobri, mas minha surpresa foi tanta que fiquei boba.
Eu podia jurar que ele gostaria de ficar em uma oficina ou algo envolvendo carros, afinal ele me contou que em vários momentos de sua juventude esteve junto de seu pai em oficinas, mas uma padaria foi bem inesperado. E pelo que vi, ele frequenta aquele lugar com bastante frequência, afinal pareceu ter uma boa amizade cada um dos funcionários.
Passamos uma boa parte da tarde ali nos servindo de alguns salgados maravilhosos e conversando bastante até, Brian dizer que precisava voltar para casa, tanto para trocar seus curativos como também trocar de roupas, e depois voltaria para me ver... Achei que isso seria trabalhoso demais, e apenas propus de passar alguns com ele em sua casa.
Brian não negou minha ideia e, quando liguei para meus pais avisando da minha ideia, eles não foram contra. Acho até que não se opuseram por eles gostarem de Brian até mais do que gostavam de Ricardo. Então com tudo a nosso favor, corremos de volta para arrumar algumas coisas para mim, e saímos para sua casa em poucos minutos.
Foi uma ideia levada na pura emoção, afinal eu não havia pensado em nada para fazer durante esse tempo que passaria na casa de Brian... Tudo que eu queria era passar o maior tempo possível com ele, e pensaria em algo quando chegasse.
Passamos um tempo sozinhos, até que Jeniffer chegou do trabalho. Estranhei isso logo de cara, porque Brian não havia comentado nada e ela parecia estar morando ali, e de fato estava.
Me incomodei bastante e admito que segurar o ciúme foi difícil, mas pouco depois Jeniffer contou que havia sido expulsa de casa e estava morando com Brian temporariamente, só até conseguir se estabilizar e encontrar um novo lugar para morar.
Foi nessa hora que vi que estava fritando a cabeça atoa com a melhor amiga dele, e na verdade, quanto mais tempo vejo a interação dos dois, mais entendo que são melhores amigos com muito carinho entre si, e que não passam disso. É até divertido assistir a interação dos dois quando estávamos em casa.
Saímos todos os dias, seja para dar uma volta ou para comprar algo para a casa. Brian quis ver o quanto já havia se recuperado e pude ver um pouco do treinamento que ele faz, e sinceramente... Eu esperava um pouco mais que calistenia, treino com pesos, corrida e meditação... Mas assistir a intensidade do seu treino em primeira mão e vê-lo todo suado depois foi de arrancar o folego.
E para comemorar sua recuperação, tivemos uma noite de pizza com filmes.
Achei que essa programação seria estranha por Jeniffer estar presente, mas novamente me enganei quanto a ela. Foi bem proveitoso, e a melhor amiga do meu guardião parecia arrumar desculpas para nos deixar a sós, até o momento que fomos "dormir".
Bem, é melhor parar de relembrar como foi tudo, querendo ou não isso aperta meu coração nem que seja um pouco, e ainda tenho algum tempo até perder meu guardião.
Lanço as pernas para fora da cama e fico de pé, avançando vagarosa para fora do quarto. A medida que caminho, vou reparando como a casa está bem quieta, imagino que não tenha mais ninguém por aqui.
Procuro pela sala, cozinha, do lado de fora, mas realmente não tem ninguém. Gostaria de saber onde todos foram... Bom, Obviamente Jeniffer deve ter ido trabalhar, a pergunta é onde Brian pode estar.
Avanço pela cozinha, pescando um saco de biscoitos de chocolate e me servindo de alguns, e aproveito para ver as horas... Falta pouco para as nove da manhã, e pelo que consigo ver da janela da cozinha, está um dia ensolarado.
Um bocejo sonolento me escapa, e arrastando os pés volto ao quarto. Posso estar com minha fome matinal, mas meu sono está muito maior. Acho que um bom banho vai ser o bastante para me despertar, e depois como um café da manhã decente.
Entro no quarto me espreguiçando demoradamente. Pego minhas roupas, toalha e escova de dentes e vou ao banheiro, ainda atenta ao ambiente a minha volta.
Entro no box de vidro fosco, abro o chuveiro em uma boa temperatura, e permito relaxar sentindo a água quente percorrendo meu corpo. Se minha ideia é acordar, eu deveria estar tomando um banho gelado, mas enfim... As vezes nem eu mesma me entendo.
Cuido primeiro da minha higiene bucal, e só então começo a ensaboar o corpo sem nenhuma pressa. Já que estou sozinha por agora e sem nenhum compromisso, acho que não tenho muito motivo de correr para sair do banho.
De repente escuto um som ao longe, o som do portão sendo fechado. Até penso ser impressão, mas prestando atenção, consigo ouvir alguns outros sons vindos do corredor, e por fim, passos não muito pesados se aproximando.
- Clara? – Ouço a voz de Brian seguida de algumas leves batidas na porta do banheiro. Abro levemente a porta de vidro e vejo Brian ali com um sorriso no rosto – Cheguei. Demorei?
- Não sei. – Dou uma risada erguendo os ombros – Acordei faz pouco tempo. Onde tinha ido?
- No mercado. – Responde se encostando na porta – Não tinha muita coisa para fazer um café da manhã, e estavam faltando algumas outras coisas... Aproveitei para comprar tudo de uma vez.
- Podia ter me chamado. – Resmungo me colocando outra vez debaixo do chuveiro – Eu iria junto com você sem problemas.
- Você estava dormindo, não quis te acordar só para irmos ao mercado. – Ele se justifica.
- É... Se for ver como você costuma acordar as pessoas... Então eu agradeço muito por me deixar dormindo como uma anjinha. – Alfineto rindo.
- Ah Clara, foi só uma vez que usei um jarro cheio d'água para te acordar. – Ele rebate, também rindo – E você acha mesmo que eu iria ensopar a cama inteira só pra te acordar?
- Acho! – Começo a gargalhar – Você já fez isso com o sofá.
- O sofá é uma coisa. A cama é outra completamente diferente. – Ele devolve.
Assinto para mim mesma, passando os dedos pelo meu cabelo – Vou fingir que acredito... Está muito quente lá fora?
- Bastante, o dia está bem abafado... Eu deveria ter saído com roupas mais leves – Responde preguiçosamente. Olho para ele através do vidro, o vendo passar uma mão pela testa.
O que ele diz faz sentido. Brian está vestido com uma calça e uma camiseta sem estampa, mas ambos parecem ter um tecido pesado. Além disso, meu guardião está mesmo com um pouco de suor caindo pela sua testa.
Ver ele desse jeito me faz uma ideia muito boa vir em mente... Hora de aprontar Ana Clara.
Balanço a cabeça, dando um sorriso de canto – Acho que alguém está precisando se refrescar...
Meu guardião ergue uma sobrancelha me observando, quando abro toda a porta de vidro de uma vez, deixando todo meu corpo bem a mostra. A expressão surpresa dele é impagável.
- E então? – Digo atrevida, o chamando com um dedo – Vem?
Sem hesitar ele aceita o convite e vem até mim. Não fico apenas parada esperando, quando dou por mim já estou em seus braços, trocando um profundo beijo, correndo minhas mãos para dentro de sua roupa.
Apressada puxo Brian para debaixo do chuveiro comigo, desfrutando da água sobre nós sem ousarmos afastar nossas bocas. Trocamos suspiros, mordo seu lábio para provoca-lo, ao mesmo tempo que suas mãos percorrem meu corpo em cada parte. Rapidamente ergo sua camiseta ensopada e a jogo pelo chão do banheiro, Brian retira sua calça e a joga de canto.
- Estou aqui... – Ele diz sorrindo, abraçando minha cintura e me puxando para perto.
Sentir seu corpo junto ao meu me excita. O calor de seu corpo me atravessa, o roçar de sua pele na minha, o jeito como suas mãos atrevidas correm pelo meu corpo explorando de cada parte, me proporcionam arrepios profundos.
Nossos olhares se encontram, o arder do desejo é nítido em Brian. Sua excitação é denunciada por sua ereção entre nós... Mal sabe ele como apenas isso é o bastante para meu corpo incendiar tomado de vontade.
- Está, e sem roupas... – Digo sorrindo, pousando meus braços sobre seus ombros, me perdendo no profundo ardente de seus olhos. – Hora de sentir calor.
- A ideia não era se refrescar? – Ele questiona sorrindo de canto, passando os dedos pelo meu rosto vagarosamente.
- Também. – Sussurro e nos aproximamos devagar. Minha mão se guia sozinha, descendo pela sua barriga indo de encontro com seu membro bem rígido. Meus dedos o envolvem e movo a mão devagar em um vai e vem lento e ritmado, o bastante para que meu guardião solte um gemido sussurrado. – Só que isso fica pra depois...
Nossas bocas se encontram em um beijo quente, onde todas as nossas vontades são mostradas em nossa intensidade. Sua respiração descompassa conforme aumento o ritmo do movimento da minha mão, a água quente sobre nós torna tudo ainda mais sensual, me fazem querer meu guardião mais a cada segundo.
Rompendo nosso beijo, Brian leva sua boca ao meu pescoço espalhando mordidas lentas pela minha pele, enquanto que seus dedos descem e sinto penetrando meu corpo. Respiro fundo com o prazer causado pelo seu toque, não resisto a nada, apenas aproveito.
O toque de sua boca é hipnotizante unidos aos movimentos de seus dedos deslizando sem parar em mim, tudo que ele faz me leva às alturas. Aperto os olhos arfando, movendo a cintura buscando por mais do calor que me invade.
Por mais que eu possa aproveitar de sua boca e me perder na luxúria de cada um de seus toques, parece que ele nunca perde seu poder... Mas sim, torna-se cada vez melhor, mais envolvente, sempre melhor e mais profundo.
O sabor de seus beijos, o prazer causado em cada mordida, o delírio do prazer tomando conta dos meus pensamentos em cada movimento de sua língua pelo meu corpo. Ele me seduz de uma forma que eu quero sempre mais.
Nossas bocas se encontram em um novo beijo, mais intenso e profundo que o anterior, carregado da nossa paixão. Meus gemidos são abafados em nosso beijo, e de forma alguma quero que isso pare.
Toco seu peito e o empurro devagar para trás, e as costas de Brian vão de encontro a parede. Com um sorriso travesso, viro-me de costas e, na ponta dos pés, encosto bem meu corpo ao seu aproveitando bem a sensação de ter seu membro pulsando bem encaixado na minha bunda.
Aproveito dessa chance para torturar meu guardião só um pouco, pegando suas mãos e colocando na minha cintura enquanto vou rebolando devagar. É meu jeitinho tanto de provocar ele, como também eu mesma ficar com mais vontade.
Lanço um olhar sobre o ombro, e vejo que ele está praticamente hipnotizado acompanhando meus movimentos. Sorrio de canto, empinando o bastante para ver seus olhos brilhando com o que faço, e até mesmo já me dei conta que Brian já aperta sua cintura no meu corpo enquanto segue alguns meus movimentos, transformando minha provocação em uma dança sensual.
Tomada pelos meus próprios desejos, afasto apenas o suficiente para meu guardião poder deslizar por inteiro dentro de mim, um novo choque de prazer me percorre e todos os meus pensamentos desaparecem.
Começo a me mover junto dele, o vai e vem que fazemos é enlouquecedor, o calor da água sobre nós não é nada comparado ao nosso fogo, e o som dos nossos corpos se encontrando é uma música excitante para mim.
As mãos firmam em minha cintura, sua respiração descompassada inunda meus ouvidos e uma estocada mais forte é feita. Um grito misturando a surpresa e o prazer escapa dos meus lábios.
Olho para ele fazendo um rosto pidão, querendo que ele faça de novo, e pelo visto Brian entende meu pedido. O movimento se repete, de novo, e de novo. Não é mais apenas a calma, nosso sexo já está tomado pela intensidade e o furor dos nossos desejos combinados.
Não reprimo meus gemidos e sequer contenho meus movimentos, me entrego da mesma forma que Brian faz, entregue ao nosso prazer juntos. É o que queremos, e hoje, é o que temos juntos.
Cada estocada é forte, rápida, voraz, com toda a potência que meu guardião possui. Brian me segura firme sem ceder seu movimento um momento que seja. Suas mãos sobem aos meus seios e me puxa gentilmente para trás, e logo estou encostada em seu peito.
Por um momento Brian para, me abraçando gentilmente pela cintura com ambas as mãos, entregando beijos pelos meus ombros, subindo ao meu pescoço. Sorrio com esse carinho mesmo em meio a um momento de puro fogo como agora.
Sua boca se aproxima da minha, nossos olhares se cruzam junto a sorrisos, e um novo beijo acontece. Um beijo lento, com todo nosso envolvimento, sentimento, e a cada segundo que passa, torna-se intenso, trazendo à tona nosso calor.
Em meio ao beijo volto a mover minha cintura devagar, aproveitando que ele está encurralado e posso me divertir ainda mais, e sou recompensada pelos seus gemidos baixos.
De repente Brian desliga o registro do chuveiro, enquanto olho curiosa sem saber o que planeja. Ele repentinamente me ergue no colo arrancando uma risada minha, caminhando para fora do banheiro sem nem pegar toalhas.
Entramos no quarto e ele me deita na cama, se aproximando de mim com um sorriso malicioso em seu rosto.
- O que você tinha dito sobre ensopar a cama mesmo? – Digo sorrindo, passando os braços ao redor de seu corpo, enquanto nossos olhares permanecem conectados.
- Eu não iria ensopar a cama para te acordar. – Sussurra chegando mais perto, beijando meu pescoço enquanto sua mão corre pela minha barriga até entre minhas pernas. Meu corpo arrepia, fecho os olhos aproveitando seu toque que continua me provocando – Acontece que agora, você está acordada... Bem acordada... E não me importo de molhar a cama se for desse jeito.
Respiro ofegante com seu toque, sua língua passeia pelo meu pescoço me deixando rendida a ele – Não tenho como discordar... – Sussurro em um fio de voz.
Brian sorri me beijando com carinho, se ajeitando e entrando em mim. Arqueio as costas e aperto as mãos em seu corpo, mordo a boca ao senti-lo dentro por mais uma vez.
Suas mãos seguram minhas pernas, voltando a se mover e bem ao final do movimento ele é explosivo de tão forte. Arfo ao sentir ele dentro dessa maneira, cada estocada é lenta, propositalmente lenta, mudando tão drasticamente ao final, conseguindo meus mais profundos gritos de prazer. Arranho suas costas e o envolvo com as pernas, saboreando mais uma estocada com toda a força.
Ele está me torturando indo assim, a loucura do prazer me faz amar isso cada vez mais. E o melhor, é que ele sabe disso.
- Não... Não se contenha mais... – Sussurro ofegante entre meus gemidos, fechando meus olhos. Ele está recuperado, por isso quero sentir tudo dele ao máximo.
- Eu até posso... – Ele me responde maldoso, sussurrando bem rente a minha orelha – Só se prometer não usar a runa da sensação dessa vez... Você promete?
- P... Pro... – Ele se move outra vez me impedindo de terminar, muito mais intenso do que antes. Arqueio as costas arfando sem fôlego, meu corpo pulsa e o calor me domina. Estou completamente entregue a ele pelo meu desejo – Prometo... Eu quero isso...
Sua boca vem de encontro a minha selando um beijo tomado pelo furor do nosso momento, as lentas estocadas agora são rápidas demais, fortes demais.
Meus gemidos são continuamente abafados pelos nossos beijos. Meus pensamentos se partem dando lugar apenas as sensações contínuas que invadem meu corpo em cada segundo.
Estou quente, muito quente. Sinto as pernas tremendo, o suor cai pela minha pele, sinto os espasmos em mim, mas quero mais. Muito mais. Meu corpo já se move sozinho a muito tempo em busca de mais.
Quero Brian, quero ele por inteiro. Quero a pele dele na minha, ter suas mãos sempre correndo meu corpo, seu olhar apenas para mim, sentir o suor e o calor do nosso momento juntos, aproveitar dessa intensidade e ir a loucura mais vezes... Muito mais vezes.
Não consigo mais controlar, estou chegando ao meu limite e não tem como impedir isso. Ele continua se movendo com toda a força, muito mais força do que já experimentei antes, incansável, imparável.
Até mesmo no sexo Brian exala um poder imenso, firme e extremamente resistente. Qualquer um que tentasse fazer da forma como ele está fazendo já teria cedido... Nem Ricardo e nem ninguém que já estive me proporcionou um prazer latente como esse, me levando ao meu limite como Brian está fazendo.
Meu calor se intensifica, cresce muito mais do que quando tento usar as runas. Espasmos mais intensos me atingem indicando que estou perto. Mordo seu ombro bom tentando conter um último gemido mais alto, movendo minha cintura junto dele sem parar, sentindo meu limite sendo atingido e para minha completa felicidade... Brian não para.
Seu corpo se junta ao meu, meus seios apertam contra seu peito, ouço perfeitamente seu arfar de prazer bem ao meu ouvido, a força que seu corpo inteiro faz em cada movimento em mim, e mesmo com toda a proximidade entre nossos corpos, ele segue me levando as alturas, apenas consigo gemer rouca.
Lentamente ele diminui o ritmo, e seu corpo ergue-se devagar sem sair de dentro de mim, e gentilmente sinto o toque de sua mão pelo meu rosto.
O êxtase do clímax recai sobre meu corpo. Meus braços fraquejam e solto do abraço que consegui manter durante todo esse tempo. Estou exausta, suando sem parar com a respiração totalmente alterada, estou quente por inteira, com o corpo tremendo, e definitivamente eufórica.
Devagar abro meus olhos, encontrando o olhar de Brian junto a um sorriso, e logo retribuo como consigo.
- Não me diga que já está cansada Clara... – Ele sussurra calmamente, beijando minha testa.
Aceno afirmando, passeando os dedos pelo seu peito enquanto sorrio – Um pouco... Por que?
- Porque isso... – Ele aproxima bem sua boca da minha, me lançando um olhar tomado pelo desejo, paixão e pura luxuria. Seu sorriso maldoso diz tudo, meu corpo estremece outra vez e me sinto reacender em chamas ardentes – Não é nem o começo...
Depois de uma proveitosa manhã com muito sexo, eu e Brian acabamos cochilando um pouco... Na verdade digo apenas por mim, não sei quanto ao meu guardião. Eu simplesmente desmaiei de cansaço depois de tudo que fizemos.
Eu já estava no meu limite, enlouquecida pelo prazer crescente, e ele nem parecia estar suando. Bem que eu deveria ter levado em conta o que Marina me disse há muito tempo atrás, Brian simplesmente é incansável.
Seja como for, quando despertei, ele estava ali do meu lado, passeando seus dedos pelo meu cabelo num agradável carinho. Só sei que fiquei sorrindo igual uma criança com todo esse mimo, que poderia durar muito mais tempo sem o menor problema.
Passamos um tempo na cama curtindo nosso momento de calma, e pouco depois viemos correndo para a cozinha tomar nosso café da manhã, afinal de contas, eu estava faminta depois de tudo aquilo... E por aqui ficamos.
Vou saboreando meu café em curtos goles, aproveitando para observar Brian que está terminando de lavar a pouca louça da janta de ontem que deixamos por pura preguiça.
Passeio meus olhos pelo seu corpo, me perdendo na beleza de seu corpo forte, também observando as várias cicatrizes nos braços e pelos ombros e algumas poucas pelas costas. É incrível como antes, eu apenas me permitia dar algumas olhadas discretas aproveitando quando ele estava distraído, e hoje em dia tenho a oportunidade de olhar para ele por inteiro o quanto quiser, sem nenhum tipo de receio.
Sem perceber, já estou refletindo sobre quantas coisas ele deve ter passado antes de me conhecer, e qual a história por trás de cada uma das marcas em seu corpo.
E por mais uma vez, me vem em mente à maneira como ele desconversou na hora que perguntei sobre as pessoas que já protegeu antes.
Um toque de celular começa de repente, me tirando da bolha de pensamentos onde me encontro agora. O toque vem da sala, a princípio até imagino ser o meu, mas o toque é diferente.
- Já volto. – Brian comenta, batendo as mãos úmidas na calça e deixando a cozinha.
Até tento ignorar o que Brian vai conversar, mas acabo mudando de ideia quando meu guardião entra novamente na cozinha, aceitando a ligação e apoiando o celular entre o ouvido e o ombro.
- Oi, pode falar... – Diz de imediato, parando em frente a pia – Estou livre sim, o que houve?... Não, eu estou calmo... Ué, mas é claro que imagino ser um problema.... Você me liga nesse horário, o que quer que eu pense?
Brian se vira para mim e trocamos um olhar. Ele ergue os ombros soltando uma risada, retornando sua atenção para as poucas louças a sua frente. Se ele soubesse o quanto estou curiosa para saber do que se trata.
- Ta bem, quais novidades? – Ele volta a falar, e me concentro apenas em comer meus biscoitos com maionese sem tentar ser curiosa demais. – Isso é sério? E onde ela está?
A empolgação na voz de Brian é nítida, um largo sorriso está estampado em seu rosto quando ele se vira outra vez, e ele comemora apertando o punho de leve.
- Não, não conheço esse lugar... Então, nem faço ideia de onde ela esteja. – Ergo uma sobrancelha olhando fixamente para ele, mordendo um dos meus biscoitos seguido de um longo gole que acaba com meu café – Você não me disse, mas tudo bem...
Ele balança a cabeça negativamente apoiando uma mão na cintura, mas seu sorriso não desaparece. Na verdade, ele parece mais iluminado a cada segundo, definitivamente a notícia que recebeu foi uma das melhores possíveis. Gostaria de saber logo o que está havendo e matar toda essa minha curiosidade.
- Com certeza, é uma coisa que deixou meu dia ainda melhor. – Ele ri para si mesmo – Me passa o endereço, irei buscar ela agora. Onde ela está?
Meu guardião sai caminhando apressado para a sala, e dessa vez acabo acompanhando ele. Do que será que ele está falando? E aliás, ela quem?
Passa algum tempo, e Brian retorna para a cozinha e deixa o celular sobre a mesa. Olho do celular para ele, piscando algumas vezes sem entender, enquanto ele continua comemorando.
- Então...? – Digo, esperando que explique o que acabou de acontecer.
- O Ferdinand acabou de avisar. – diz empolgado, pousando suas mãos em meus ombros e me dando um beijo – Minha Mercedes está pronta!
- Uau... Isso... – Consigo dizer com um sorriso bobo, tanto pela novidade que o deixou tão animado quanto por ter sido beijada de forma tão repentina – Isso é ótimo em todos os sentidos.
- Com certeza. Ele já me passou o endereço da oficina, irei buscar hoje... – Brian sorri, andando de um lado ao outro – Talvez eu vá agora mesmo.
- É uma boa ideia, você deve estar com saudades. – Damos risadas do meu comentário.
Ele me olha, chegando perto e passando os dedos pelo meu cabelo – Vem comigo?
- Eu nem planejava ficar em casa. – Mentira, eu planejava sim!
Meu lado preguiçoso queria, e muito, ficar em casa esparramada no sofá só assistindo televisão. Mesmo assim, eu sorrio concordando, a animação dele me contagiou.
- Então, vamos lá nos arrumar. – Me levanto pescando um dos últimos biscoitos do prato – Uma roupa leve dessa vez Brian.
- Claro, pode deixar. – Ele concorda me abraçando pela cintura, deixando um beijo no meu pescoço que espalha um arrepio pela minha pele, e sua presença me afeta profundamente, meu corpo se aquece pela sua proximidade e desejo mais de seu toque.
Respiro fundo algumas vezes para me recompor e principalmente controlar o choque de excitação que toma conta de mim, enquanto que meu guardião sai da cozinha, me olhando sobre o ombro com um sorriso de canto.
Meu guardião aprendeu muito bem como eu funciono em pouco tempo, e agora está usando isso para me provocar... E a verdade, é que estou amando isso.
Ele que não ouse parar com essas provocações.
Um sorriso surge em meu rosto. Um sorriso que mostra como estou realmente bem agora, como há muito tempo eu queria me sentir.
Estou leve mentalmente, e satisfeita fisicamente. Finalmente estou tendo a oportunidade de aproveitar momentos com Brian, momentos esses que sempre imaginei e desejei em silêncio, mas antes sempre pensei que não passariam de fantasias bobas...
Mas agora, tudo se tornou uma realidade. Posso me entregar de corpo e coração totalmente como sempre imaginei fazer, ter Brian para mim sem medo, culpa e receios, sem me sentir errada por tantos sentimentos aflorando em mim... E me sinto muito melhor por ele demonstrar cada vez mais que existe a recíproca. E isso me deixa ainda mais feliz.
E também, sei que posso respirar aliviada. Agora que passaram alguns dias desde aquele último incidente com a entidade, sinto que estou mais leve, um grande peso foi realmente tirado de dentro de mim.
Não sei se é por me sentir segura e confortável, ou por todas as noites estar dormindo com meu guardião, mas não tive mais nenhum pesadelo esses dias... Prefiro pensar que é por ter retirado toda essa negatividade de dentro de mim... Bem, seja lá qual for o motivo, não estou reclamando de estar dormindo com Brian.
De qualquer forma, estive carregando tanta coisa ruim por muito tempo, e hoje finalmente estou liberta disso... Sou grata ao esforço de todos, Ferdinand, Amanda e ainda mais a Brian por ter se arriscado tantas vezes, e por ter me ensinado tantas coisas.
Sou grata demais por ter tido a oportunidade de ter conhecido cada um deles. Meu coração se aquece e só por pensar em como foi bom conhecer cada um deles. Minha vida mudou muito desde o dia que conheci cada um deles, e apesar das loucuras e todos os perigos... Eu não gostaria que as coisas tivessem sido diferentes.
Sem a ajuda deles, é provável que hoje eu já não estivesse mais aqui... Apesar de que, puxando pela memória, eu me enfiei em toda essa bagunça por causa do Ferdinand e do Brian, mas não tenho raiva de nenhum dos dois.
Sendo bem sincera, pensar nisso agora só me faz ter vontade de rir.
Com certeza essa é uma história de vida que quero e vou amar contar aos meus netos e bisnetos. Ninguém vai acreditar, mas é só mostrar uma das minhas runas a eles, e na hora vão dar algum crédito nas palavras da futura vovó Clara.
Esse tipo de pensamento me faz sorrir ainda mais, nunca pensei que fosse tão agradável pensar em coisas como essas.
Sacudo a cabeça de leve, caminhando para fora da cozinha e indo ao quarto.
Melhor eu parar de ficar refletindo sobre isso. Tenho que trocar de roupa logo antes que Brian decida não me esperar e saia correndo para encontrar o grande amor da sua vida, que está o esperando estacionado em frente a uma oficina mecânica.
Acho que eu não deveria sentir ciúme de outras garotas, mas sim daquela Mercedes.
Solto um riso baixo ao entrar no quarto, o que atrai a atenção do meu guardião, que me observa com um animado semblante curioso enquanto ajeita uma camiseta no corpo.
Uma coisa é certa... É ótimo se sentir bem e sorrir de verdade.
Faz pouco tempo que chegamos, e estou agora esperando Brian voltar da oficina. Imaginei que poderia demorar, mas pelo que meu guardião comentou, por Ferdinand já ter acertado o pagamento com antecedência, tudo que precisamos fazer é chegar e pegar as chaves.
Devagar me encosto-me à porta do condutor e cruzo os braços. Havia cogitado em sentar sobre o capô, mas com todo esse sol de hoje provavelmente o carro deve estar bem quente, então decidi não me arriscar.
Não quero nem pensar como deve estar abafado no interior do carro.
Pouco mais de um minuto e Brian sai da oficina com a chave em mãos, a animação dele é tanta que acaba me contagiando. – Tudo certo? – Questiono.
- Sim, vamos. – Ele se aproxima, me abraçando pela cintura – Quero te levar a um lugar.
- O último lugar que me levou foi sua padaria favorita. – Digo brincando.
- Padaria que você não reclamou, e aliás, amou os croissants. – Sorri de canto.
- Não nego, era saboroso. – Ergo os ombros. Brian me solta, e dou a volta no carro, observando ele de soslaio – Onde vamos?
- Você vai ver. – Me responde, entrando no carro.
Entro logo em seguida, acertando sobre o carro estar um verdadeiro forno. Brian liga o carro e acelera, e ainda bem que ele teve o bom senso de abrir todas as janelas.
Me dou a liberdade de ligar o rádio e, após mexer um pouco na frequência, aproveito as músicas tocando em um volume agradável. Preciso admitir que foi uma surpresa quando descobri a forma de ativar o rádio desse carro e... Pensando nisso, reparo um detalhe.
- Ah... Brian? – Chamo ele, olhando fixamente para o painel que acabei de ativar.
- Sim? – Ouço, e olho curiosa para ele.
- O carro ta diferente. – Digo com um meio sorriso – Eu apanhei na última vez que tentei colocar a rádio nessa tela... Na verdade, acho que nem tinha rádio nesse carro.
Ele solta uma risada, que me faz erguer uma sobrancelha – Digamos que levei em conta o que disse sobre ser "tecnologia demais"... Falei com Ferdinand essa semana, e pedi para que trocassem o computador de bordo para um mais simples. Achei que poderia ser útil.
Pisco algumas vezes sem desviar meus olhos dele – E como foi, eu agradeço muito. – Respondo aos risos, me aconchegando no banco.
- Desde o dia que você colocou algumas músicas para tocar, comecei a achar o ronco do motor bem entediante. – Comenta passando os dedos pelo rosto.
- Mas é entediante, não sei como nunca reparou isso antes. – Digo cutucando seu ombro.
- Era relaxante, agora não é mais. – Me responde frustrado – Sinto falta das batidas das músicas.
Solto uma gargalhada de satisfação – Finalmente está aprendendo o que é bom de verdade.
- Eu já sabia o que era bom... – Seu olhar vem a mim – Mas certo alguém acabou me influenciando bastante e mudou minha opinião, não acha garota?
- E esse certo alguém não se arrepende nem um pouco do que fez, garoto. – Rebato piscando um olho, trocando um sorriso com ele.
- Acho bem difícil que tenha se arrependido Clara. Você é quem mais se beneficiou. – Meu guardião da risadas enquanto olha em volta.
- E por acaso tem alguma dúvida disso? Olha quem ta curtindo muito dançando ao ritmo da música. – Ergo meus braços, começando a dançar e pular sem parar no banco, com a certeza de que Brian está me olhando pelas suas risadas gostosas.
- Se eu ainda tinha qualquer dúvida, acabou de desaparecer agora. – Responde animado.
Me ajeito no banco, passando as mãos pelo meu cabelo que já ficou bagunçado – Agora que já nos divertimos, acho que está na hora de falar onde estamos indo.
Me observando de soslaio, Brian da um sorriso travesso - Como eu disse... Você vai ver.
Não tenho uma outra alternativa além de esperar. Acredito que se ficar insistindo, meu guardião fará mistério só para aumentar ainda mais minha curiosidade. O pior de tudo é que, o caminho que estamos seguindo é de volta para casa.
Procuro ignorar qualquer pensamento. Fecho meus olhos e apenas curto as músicas que tocam na rádio. Por algum motivos são todas com tons românticos, não que eu esteja reclamando, lá no fundo amo músicas assim. Me fazem sentir bem, causam uma sensação tão boa.
Baixinho vou cantando cada uma delas, relaxando com cada uma delas sem pensar em mais nada. Quero só sentir tudo em sua maior intensidade, aproveitar de toda a sensação que me invade nesse momento.
O carro para após algum tempo e então o motor é desligado. Abro meus olhos, me dando conta de como meu corpo está pesado. Eu cochilei nesse meio tempo?
- Chegamos. – Brian diz, abrindo a porta – Vamos.
Demoro um tempo para conseguir raciocinar direito. Me espreguiço devagar, afastando todo meu sono e só então, saio do carro.
Passo meus olhos ao redor, mas não reconheço onde estou. Tudo que sei é que é uma rua bem calma, não tem carros estacionados por aqui e mal vejo pessoas passando, a única certeza que tenho é de ser um bairro residencial. Brian está parado em frente do carro, e devagar vou me aproximando dele.
Paro bem ao lado dele, cruzando meus braços e continuamente olhando em volta. Tento entender o que viemos fazer aqui, ou o que Brian quer me mostrar, afinal não importa o quanto eu olhe em volta, esse lugar não parece ter nada de especial.
- Você já dirigiu antes? – Questiona de repente.
- O que? – Sou surpreendida com tal pergunta. Meus olhos vão ao chão, e balanço a cabeça negativamente – Não, nunca dirigi...
- Por que? – Ele me observa de canto de olho.
- Não sei bem... Talvez porque eu nunca tenha falado com meus pais sobre isso, nem pedido para um deles me ensinar. – Ergo os ombros – O único quem sabia que eu tinha vontade de aprender a dirigir era Ricardo, mas ele nunca sequer me deixou encostar no volante.
- Então... Você tem vontade. – Brian balança a cabeça assentindo.
- É, um pouco sim. – Dou um meio sorriso a mim mesma.
Devagar ele ergue sua mão a minha frente, com a chave entre seus dedos – Então, vamos começar sua primeira aula com uma belíssima Mercedes.
- Agora? Mas... – Me afasto do carro, olhando da chave a ele algumas vezes – Eu nem sei como fazer isso Brian.
- Por isso que estou querendo te ensinar, ué. – Ele responde sorrindo de canto, jogando a chave para mim sem me dar a chance de dizer qualquer coisa.
- Você vai mesmo me deixar dirigir sua Mercedes? – Pergunto incrédula, encarando a chave alguns segundos, e logo então observando o carro preto todo modificado do meu guardião.
- Acredite, essa ideia também me surpreendeu. – Ele gargalha, se levantando e caminhando ao lado do passageiro. – Só não bata o carro, acabamos de sair da oficina.
Não acredito nisso, mas a empolgação é tanta que nem penso, só vou correndo para o banco do condutor e entro apressada. Brian está apertando bem o cinto, logo me assistindo ajeitando os bancos e os retrovisores.
Hesito um pouco, e finalmente ligo o carro. O motor ronca forte e, de alguma forma, consigo sentir essa energia toda passando através de mim, tamanha emoção vai direto ao meu coração e o sinto batendo forte em meu peito.
Devagar vou passando as mãos pelo volante, me permitindo adaptar em onde estou agora. É estranho, a sensação de estar no lado do condutor é muito diferente de estar no passageiro, não sei como explicar o que estou sentindo agora.
- Será que alguém está assustado? – Zombo de como Brian está se segurando no banco.
- É minha segunda vez ensinando uma novata a dirigir. – Ele comenta respirando fundo, segurando a alça com força – A primeira pessoa bateu o carro.
- Espero não cometer esse deslize. – Dou uma gargalhada. – E faz o favor de ser um bom professor, senão vou fazer questão de acertar aquele poste bem ali.
- Farei meu melhor. – Ele responde descontraído, me olhando com um sorriso – Pronta?
- Pronta... – Respondo respirando fundo – E agora?
- Agora, você pisa na embreagem e solta o freio de mão. – Vou seguindo suas instruções devagar, tentando ao máximo não fazer algo errado – Feito isso, aqui no câmbio coloca na função de dirigir, tira o pé do pedal devagar, e vai acelerando aos poucos.
Olho para ele que está bem mais tranquilo, assentindo uma vez e fazendo como ele explicou. Devagar o carro sai do lugar lentamente, e com minha animação ao máximo, começo minha aula com um sedã de luxo.
Já faz algum tempo que voltamos para a casa de Brian. Passei um bom tempo praticando direção, até finalmente decidirmos voltar, só que ficou um clima estranho entre nós.
Por mais que não falemos nada sobre essa mudança brusca, ambos sabemos o motivo.
Amanhã é o último dia que eu e Brian estaremos juntos, e segunda-feira ele voltará ao seu trabalho, e não apenas isso... Por seu trabalho ter acabado, ele deixará de ser meu guardião.
Mesmo já tendo ciência de que isso aconteceria, não sei o que pensar sobre essa situação. Durante toda essa semana, tentei ignorar isso o máximo que pude, fingi que esse dia nunca chegaria... Uma tentativa de me prender nesses dias tão bons que tivemos juntos.
Mas a cada dia, um aperto crescia em meu peito, e agora que está tão perto de acontecer, não consigo mais manter preso dentro de mim. Não falei nada para Brian, aliás eu nem tinha porquê falar disso, talvez só acabaria incomodando ele por tocar nesse assunto.
Não sei o que ele está pensando agora... Mas estou certa de que ele não está indiferente. Desde a hora que chegamos, ele veio até mim e me abraçou, tão forte como nunca fez antes.
Infelizmente, esse abraço está sendo uma despedida. Um abraço tão duradouro, acolhedor, repleto do carinho que temos um pelo outro, cheio de significados...
E o significado que mais dói... É uma despedida.
Não sei quando poderemos aproveitar de um momento como esse no futuro... Sequer sei se algum dia teremos a oportunidade de estarmos juntos como estamos agora.
É como Brian me disse uma vez a um tempo atrás... Não é tão simples...
"Nós" não é tão simples de acontecer por vários motivos, e ter certeza disso me machuca.
Uma lagrima solitária cai pelo meu rosto e o abraço com mais força. Um soluço escapa, não quero chorar, mas não consigo conter minha tristeza.
Não quero me afastar do meu guardião. Não quero de forma alguma, quero continuar tendo cada um dos meus dias com ele...
Mas lá no fundo, eu sei...
Me afastar dele é inevitável...
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