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Capítulo 42 - A conversa

7570 Palavras

Desperto devagar ao escutar um barulho distante perto de mim. Meus olhos pesam e a dificuldade de abri-los agora é enorme, mas o barulho é constante e vai espantando meu sono cada vez mais.

Esfrego uma mão no rosto e pisco algumas vezes, finalmente despertando de fato e olhando ao redor, me encontrando no meu quarto. O barulho que escutei o foi meu motivo de acordar agora era na verdade, o alarme do meu celular.

Estou um pouco grogue de sono, mas ainda assim vou levantar e desligar esse alarme que está me irritando logo cedo, lavar o rosto e ir para a minha aula, mas assim que tento me erguer, me dou conta de algo envolvendo minha cintura.

Viro o rosto olhando sobre o ombro, Brian está dormindo em uma expressão serena no rosto, tão leve como nunca vi antes. E olhando agora, ele envolve meu corpo com tanto carinho que perco a vontade de levantar e o alarme não é mais tão irritante.

Recordo de como foi a nossa noite e tudo que aproveitamos juntos, e um sorriso nasce em meus lábios enquanto me aconchego nele. Poderia ficar a manhã inteira assim, sentindo seu corpo e sua presença aqui comigo, sentido sua pele junto a minha, aproveitado de toda essa segurança e conforto que ele me transmite.

Apesar de querer isso, saio de seu abraço e jogo as pernas para fora da cama, me colocando de pé devagar. Vou seguindo o som para descobrir onde está meu celular. Preciso desliga-lo o quanto antes, tanto para acabar com esse barulho chato logo cedo, como também para evitar dos meus pais virem aqui.

Acho que não vai ser nada agradável se um dos dois vir aqui no quarto e me encontrar do jeito que estou agora.

Me guiando pelo som, sigo até meu guarda roupa, abro as portas centrais do móvel e começo a tatear na primeira gaveta, de onde o som parece estar mais forte.

Até pensei em ligar a luz para procurar, mas decido deixar o quarto escuro, não quero acordar Brian. Por sorte não é difícil encontrar meu celular perdido na gaveta, e desligo o alarme de imediato. O lado bom é que já encontrei meu celular, o lado ruim é a brisa fria que corre pelo meu quarto e gela meu corpo.

Suspiro caminhando de volta para a cama, me sentando na beirada enquanto olho a tela por longos segundos. Entro em dilema se começo a me vestir para a aula, ou se cedo a minha preguiça matinal e volto a deitar... Ou se pelo menos mando uma mensagem no grupo avisando a todos que estou bem.

- Bom dia Clara... – Ouço a voz rouca de Brian, encontrando seu sorriso assim que viro.

Sorrio de volta para meu guardião, deixando meu celular de lado – Bom dia Brian.

- Que horas são? – Ele diz se levantando devagar, resmungando e esfregando uma mão nos olhos.

- Ainda é cedo... – Digo colocando a mão em seu ombro o impedindo de se levantar, e empurrando seu corpo de volta para a cama gentilmente, porém Brian geme e tenciona o corpo assim que se deita o que me assusta – Desculpa... Te machuquei?

- Não, está tudo bem. – Ele sorri de leve, passando seus braços ao meu redor e me puxando para perto de si – Foi só uma pontada.

- Mesmo? – Insisto olhando fixamente em seus olhos.

- Mesmo. – Brian me sorri, passando os dedos pelo meu cabelo, e me aconchego em seu colo enroscando nossas pernas, passeando a ponta dos dedos pelo seu peito. – Você tem aula hoje?

Meu sorriso aumenta com sua pergunta e aproveitando do conforto que sinto nesse momento. Com certeza fiz minha escolha e saio do meu dilema – Vou tirar uma folga.

Meu guardião ergue as sobrancelhas, mas não me questiona. Ele da um beijo carinhoso na minha testa, passando a coberta novamente sobre meu corpo – Então, ambos tiraremos uma folga hoje.

- Melhor jeito de começar a semana. – Sussurro fechando os olhos, aproveitando do calor de seu corpo e sentindo seus braços me envolvendo.

Seus dedos correm pelo meu ombro em um leve carinho, cuidadoso e agradável. Um momento calmo com quem eu gosto, com carinho logo após uma noite tomada de prazeres... E principalmente, sem sentir medos, depois de tanto tempo e tantas situações complicadas, posso desfrutar totalmente disso.

É o melhor dia que tenho em muito tempo... E poderia permanecer assim. Eu não ligaria se o tempo parasse nesse exato instante.

- E quanto aos seus pais? – Ele pergunta de repente.

- Espero que não tenham ouvido nada dessa noite. – Dou risadas.

- Não era bem isso que eu queria saber... – Brian responde um pouco sem graça.

Não contenho uma gargalhada por sua reação. Mesmo depois do que fizemos a noite toda, ele continua tímido – Não se preocupe com isso. Não sei se ouviram ou o que pensaram, mas meus pais são discretos...

- Mesmo? – Ele pergunta hesitante – Não quero te colocar em problemas...

- Garanto que não dirão nada sobre o que fizemos. – Digo com um sorriso convencido, conheço meus pais e tenho certeza disso – E além disso, eles gostam de você.

- Gostam?! – Ele se mostra surpreso pelo seu tom de voz.

- Sim. – Rio de leve – Os dois sabem que você me protegia da entidade, contei um pouco depois que disse a verdade... Nunca te contei, mas eles gostaram de você desde o dia que te conheceram, te acharam... Diferente.

- Diferente? – Questiona enroscando os dedos de leve no meu cabelo.

- Num bom sentido, claro. – Sussurro – Por agora, os dois já devem estar saindo para o trabalho... Mais tarde descobriremos se eles nos ouviram.

- Não sei como consegue ficar tão calma. – Ele solta uma curta risada.

- Porque quando eu... Ainda namorava com Ricardo, isso sempre acontecia aqui em casa, e meus pais nunca reclamaram. Só pediam para que eu me cuidasse... Não me diga que está nervoso por isso? – Chego meu rosto próximo ao seu – Você nunca fez nada desse tipo antes?

- É claro que não Clara. – Ele ri, mas sou pega de surpresa.

- Como não? – Ergo uma sobrancelha – Você era virgem Brian?

- Que? Não! – Brian contém o riso, e agora estou confusa – Estou dizendo que nunca fiz nada assim com os pais da pessoa em casa.

- Ah tá... – Nos olhamos um segundo e caímos os dois na risada.

- O que foi? – Brian pergunta com um sorriso divertido.

- Você ué. – Digo cutucando seu peito com a ponta do indicador – Está mesmo nervoso sobre o que meus pais vão achar?

Ele ergue os ombros de leve – Um pouco...

- Mas Brian, até dois dias atrás você estava lutando com uma coisa que tinha meu rosto e podia te matar de sei lá quantos jeitos... – ergo devagar meu corpo – Meus pais não vão te odiar se souberem que transamos essa noite. Pode ficar tranquilo.

Ele balança a cabeça rindo pelo que acabou de ouvir – Farei o que puder.

- Inclusive, fizemos o que fizemos ontem com você todo machucado... – Sussurro o olhando, genuinamente preocupada – Não sei quanta dor você deve ter sentido.

- Meu corpo doeu um pouco, mas não precisa se desculpar. O desejo nos obriga a fazer certas coisas, tipo ignorar um corpo todo dolorido. – Ele brinca e sorrio.

- Se está com todo esse desejo, então não está tão mal mesmo. – Rebato vendo seu sorriso.

- Não era o único com fogo na noite passada – Diz e concordo com a cabeça – Estou machucado, mas não estou tão mal quanto aparento.

- Ainda bem, isso me alivia bastante... – Um bocejo me escapa, elevando todos os meus níveis de preguiça – Tá cedo... Posso voltar a dormir? Só mais meia hora, prometo não passar o dia inteiro na cama...

Fui mais manhosa do que eu imaginei, e ele ri baixinho – Tudo bem Clara, acho que podemos descansar mais um pouco.

Sorrio agradecida, chegando perto e dando um suave beijo nele, uma despedida carinhosa antes de adormecer. É casto, tomado por carinho, envolvimento e nossos sentimentos, tão confusos e ao mesmo tempo tão certos.

O beijo antes calmo, aprofunda a cada segundo, nossas respirações se apressando juntas e nosso calor se unindo, crescendo em uma ardente chama. Uma de suas mãos sobe ao meu cabelo enquanto a outra desce até a base das minhas costas ao mesmo instante que aperto meu corpo ao dele, resultando em sua deliciosa ereção.

Ofego de leve ao sentir seu pulsar entre minhas pernas, o leve roçar de seu membro nas minhas partes como se pedisse permissão para me penetrar causa arrepios pela minha pele, o desejo ardente em seus olhos e nossa tensão sexual fica cada vez mais intensa.

- Nós... Podemos ir com calma dessa vez? – Sussurro olhando em seus olhos.

- Claro, da forma que quiser... – Ele me sorri, passando os dedos pelo meu rosto.

Devagar me ajeito sobre ele, me preparando para recebe-lo. Brian apoia suas mãos nas minhas pernas e o roçar apenas da ponta causa novos e agradáveis arrepios.

Aperto os olhos respirando fundo sentindo seu membro entrando por inteiro em mim, a mistura de sensações quebram meus pensamentos, meu corpo treme com sua rigidez. Meu coração enlouquece em meu peito, o calor se espalha por mim, e meus desejos tomam conta do meu ser.

Meu guardião me segura firme pelas pernas, mas seu movimento é suave, vagaroso e delicioso, entorpecente. O vai e vem lento me proporciona doses de prazer diferentes do que já senti antes, calmo mas toma conta do meu corpo, e desejo mais disso.

Não existe pressa, não existe o frenesi do desejo, apenas a nossa calma combinada.

Seus movimentos e os meus em harmonia, o penetrar suave até estar por inteiro em mim tirando meus gemidos silenciosos, o pulsar forte de seu corpo dentro do meu me fazendo contorcer por dentro e queimar ansiando mais, suspiros tomados pelo prazer e deleite, nossos olhares conectados, a vontade que toma conta de nós.

Tudo combina de uma forma que nunca imaginei acontecer.

Nossas bocas voltam a se unir, meus gemidos e os de Brian são baixos, reservados apenas a nós e nossos beijos. Nossos corpos ritmados, movendo-se juntos, tornando intenso de uma maneira que não rompe a calma.

Apoio as mãos em seu peito, erguendo o corpo e movendo conforme nosso ritmo, cedendo completamente aos meus desejos e ao nosso prazer. Levo as mãos ao meu cabelo enquanto suas mãos sobem pela minha barriga até meus seios, os segurando firmemente, e quanto a mim desfiro olhares e esbanjo do máximo da minha sensualidade para meu guardião, que parece maravilhado ao olhar em meus olhos, e sua expressão de puro prazer aumentam meu prazer.

Meus gemidos não podem mais ser abafados, crescem com o pulsar do meu corpo e nosso ritmo mais elevado em cada estocada intensa. Meu guardião me puxa para perto, beija meu pescoço, roçando a boca pela minha pele que me faz morder o lábio de excitação, até nossas bocas se encontrarem novamente, desesperadas para sentirem uma a outra, ofegantes e tomadas por gemidos de prazer ardente.

Suados pelo calor, aproveitando nossa chama, envolvidos em nossa dança de desejos, meu corpo incendeia a cada segundo, cada vez que ele me penetra é como um passo mais perto da mais completa loucura. Eu desejo o meu ápice, quero atingi-lo junto do meu guardião que desejei por tanto tempo, anseio por isso, que não me seguro mais.

O prazer e a loucura me domina, meu corpo não obedece mais, apenas quero mais, muito mais. Quero mais do meu guardião, tudo dele para mim, tudo dentro de mim, e de novo, de novo, e de novo... Brian é meu vício, minha fantasia e meu desejo.

Sinto meu corpo incendiar ao limite, e como uma explosão meu corpo treme em espasmos contínuos. Aperto os olhos, me movendo sentindo Brian deslizar até estar por inteiro dentro de mim, pulsando forte enquanto movo minha cintura algumas vezes.

Meus braços perdem a força e novamente me deito em seu peito, ofegante e rendida pelo prazer. O corpo treme a cada pulsar que Brian da dentro de mim, e mesmo agora ainda quero sentir mais, continuar entorpecida pela sensação que ele me causa, mas meu cansaço agora é bem maior.

Não trocamos palavras, apenas olhares e sorrisos. Nosso último beijo é novamente calmo e duradouro, suave e carinhoso.

Seus braços me envolvem e me sinto confortável sobre ele. Encosto com o rosto perto de seu pescoço, com o pesar dos olhos cada vez maior... E antes adormecer, um sorriso fica estampado em meu rosto.

Saio da cama, agora bem mais disposta do que antes e indo ao meu guarda roupa escolher algumas roupas. Brian está sentado na cama com a coberta tapando pouco de sua cintura, e ele boceja uma última vez.

Passou bem pouco das oito da manhã, mas não conseguimos voltar a dormir de forma tão profunda como foi a noite, e aproveitando que a casa está vazia, decidimos levantar de uma vez para aproveitarmos nosso dia juntos.

- Com fome? – Pergunto olhando por cima do ombro.

- Estou sim... – Ele lança suas pernas para fora da cama, passeando os olhos pelo chão.

- Irei preparar algo para nós. – Volto minha atenção para minhas gavetas – Acho que meus pais devem ter deixado o café pronto.

- Nem pense em fazer tudo sozinha, irei te ajudar. – Me responde, tirando um sorriso meu.

- Agradeço bastante. – Escolho uma calcinha na gaveta e visto. Alcanço um short jeans logo em seguida, junto de uma camiseta.

Me visto sem pressa, ajeitando bem as roupas no corpo e ajeitando o cabelo com os dedos. Uma das melhores coisas que fiz foi cortar o cabelo desse tamanho, me sinto tão bonita e também tão diferente agora. Foi como se eu tivesse crescido daquele dia até agora, ou pelo menos tenho tentado crescer.

Olho para Brian, que já está totalmente vestido apenas ajeitando sua camisa ao corpo. Minha atenção vira para algo que de começo ignorei, mas agora estou particularmente curiosa, a sacola de papel que ele trouxe consigo noite passada.

Ela continua ali, largada atrás da porta e seu conteúdo me intriga. Não é uma sacola pequena, é grande como as sacolas de lojas de shopping.

- O que tem ali? – Decido perguntar, olhando fixamente para a sacola.

- Algo que eu gostaria de te entregar – Ele caminha devagar até a sacola, e vou junto para olhar de mais perto, com minha curiosidade crescendo cada vez mais. – Eu planejava vir mais cedo ontem... Mas precisava fazer algumas coisas...

- Por exemplo? – Ergo uma sobrancelha, pendendo o corpo para frente.

- Arrumar seu colar por exemplo. – Ele retira a joia que usei todo esse tempo da sacola, e para mim é o mesmo que reencontrar um velho amigo.

Tomo a pedra em minhas mãos, imediatamente a levando ao meu peito e apertando levemente entre meus dedos. Toda a energia e a força que residem dentro do colar correm pelos meus braços e espalham pelo restante do meu corpo.

Analiso o colar que finalmente está comigo outra vez. Existe uma cordinha mais grossa do que a anterior, e a pedra está bem envolvida mas ainda me permitindo olhar atentamente seus tons vermelhos e enegrecidos em seu interior.

- Obrigada Brian... – Sussurro sorrindo, fechando bem meus olhos segurando meu colar com firmeza. Nunca mais quero me separar desse colar, não pelo poder que ele possui, mas realmente me apeguei a ele de uma forma que não sei explicar – De verdade, muito obrigada mesmo...

- Não precisa me agradecer. – Ele diz sorrindo, me olhando por cima do ombro.

Coloco meu colar novamente, apesar de estar acostumada com o peso da joia, acabo estranhando a corda nova que foi usada. Além de mais grossa e um pouco mais pesada, a princípio ela incomoda um pouco, mas logo me adapto outra vez... Seja como for, ter meu colar de volta é uma coisa que me anima muito.

- Ainda não te falei... – Brian volta a dizer, pegando algumas folhas da sacola – No tempo que entidade esteve controlando seu corpo, ela acabou destruindo todas as suas runas.

- O que? – Ergo as sobrancelhas, a minha surpresa não é apenas pelo fato das runas, mas também de Brian estar me entregando novas.

- Em algum momento, aquela coisa levou as runas junto. Quando percebi, as runas estavam rasgadas pelo chão – Ele salta os ombros.

Um pouco relutante, pego as novas folhas e vou analisando uma a uma. Cada uma das runas está exatamente igual ao que eu tinha antes, sem o obvio desgaste pelo tempo e do tanto que fiquei olhando cada uma daquelas folhas.

- Tem certeza disso? – Questiono sem olhar para ele.

- O que quer dizer Clara? – Me devolve.

- As runas... – Sussurro – Quero dizer... Não preciso mais delas. Tudo acabou, não é?

Ele dá um sorriso carinhoso – Lembra que eu te dei cada uma das runas? Não havia um prazo para você me devolver elas, mesmo com tudo acabado, você poderia permanecer com elas.

- Mas... – Ele me interrompe passando as costas da mão pelo meu rosto.

- São suas Clara, independente se está tudo acabado ou não. – Acabo sendo contagiada pelo seu sorriso, tão verdadeiro que até seus olhos sorriem junto.

Assinto de leve, me afastando indo ao meu guarda roupa – Não sei se as usarei para mais algo, mas mesmo assim eu agradeço.

O semblante de Brian muda, ele fica mais sério agora. Não sei o que é, mas fico curiosa, e ao mesmo tempo, tensa para saber o que ele está pensando.

Brian volta seu olhar para a sacola e pega algo dentro. Quando retira o objeto, meu coração gela e para de bater com o que vejo em suas mãos.

Brian me mostra um punhal completamente negro, desde seu cabo até a ponta de seu fio levemente encurvado. Eu não veria nada demais em uma situação comum, mas isso chama minha atenção de duas maneiras. É exatamente igual o punhal que criei com a runa do molde, em cada detalhe... E esses tons, me lembram um pouco escuridão.

- O que é isso? – Pergunto confusa, olhando de Brian para a lâmina.

Brian suspira – Nem sei se deveria ter trago isso sem antes mostrar para Ferdinand, mas eu quis te mostrar... Isso foi algo que a entidade criou enquanto esteve te controlando.

- Mas... – Começo a falar, escolhendo as palavras – Por que está com isso?

- Como você sabe, as coisas criadas com a runa do molde desaparecem se essa for da vontade de quem criou, ou então após algum tempo que foram criadas. – Ele diz sério, balançando a arma em sua mão – Enquanto procurava algo para te levar de volta, encontrei esse punhal. Ele não se desfez depois que você retomou o controle de seu corpo.

Cruzo os braços e ergo uma sobrancelha – E ainda não explica você ter trago isso...

Brian estende o cabo a mim, como se me convidasse a segurar o punhal. Observo o cabo alguns segundos e encaro meu guardião. Apesar de relutante, tomo a arma em minhas mãos, sentindo o peso igual ao meu punhal.

- Ta legal... – Digo olhando cada detalhe da lâmina – E agora?

- Está vendo essa pedra avermelhada na base da lâmina? – Questiona e só agora me atento a isso. A única coisa que possui um tom diferente do restante do punhal é essa pedra avermelhada. Ela parece ter algo fluindo em seu interior – Isso é uma runa.

- O que? – O olho surpresa – Mas...

- Tente ativar ela, do mesmo jeito que faz com a runa de raio. – Brian me pede, com um sorriso de canto e me olhando atentamente.

Ele inventa cada coisa, só que admito estar curiosa com isso. E pensando agora, quero muito saber qual a tal runa que a entidade usava... A ideia não me agrada tanto por ser o poder daquela coisa, só que minha curiosidade fala mais alto.

Me concentro, levando um pouco da minha força para minha mão, deixando fluir para o cabo da lâmina. A princípio não acontece nada, mas logo a pedra tem seu vermelho intensificado, e chamas começam a surgir em torno do gume.

Assisto o fogo dançando pela lâmina que sequer alterou sua coloração negra. A pedra vermelha brilha contínua e as chamas surgem incessantes. Impressionante, em todos os aspectos. Espera, fogo?

Isso me faz lembrar de algo, me faz lembrar da contraparte da entidade que ainda nem sei o nome. Logo quando encontramos a porta do Abismo, ele mostrou também ser capaz disso. Ele também controlava o fogo.

Me pergunto, o que aconteceu com ele? Será que... Ele saiu mesmo do meu corpo?

Seja como for, é por pouco tempo mas já tenho saudades dele... Da sua presença, da sua inocência, dos contínuos pedidos de desculpas. Era alguém bom, quem eu gostaria de poder manter uma amizade mais duradoura.

- Fiquei impressionado quando vi isso na primeira vez. – Brian diz, me tirando dos meus devaneios. – Pode fazer seu próprio punhal surgir?

- Acho que sim. – Respondo fazendo as chamas cessarem.

Normalmente preciso das duas mãos para usar a runa do molde. Fazer isso com apenas uma mão será bem mais difícil, e o homem sabe disso, prontamente pegando o largo punhal que seguro, me deixando com ambas as mãos livres.

Junto as mãos e devagar as afasto. As energias do meu corpo fluem devagar por dentro dos meus braços até as mãos em suaves ondas. Demora pouco, mas logo tenho meu punhal em mãos. Diferente do outro, o meu possui tons mais claros em predominância.

- Veja isso, existe um espaço no mesmo lugar. – Ele aponta – Onde está a runa do raio?

- Está... – Paro e puxo na memória – Está... No guarda roupa, na primeira gaveta.

Brian assente me olhando. Sua atenção vai para a lâmina em sua mão, e devagar começa a tocar a pedra que logo desencaixa suavemente.

Ele vai até meu guarda roupa, deixando a pedra na mesma gaveta onde eu disse que estava a runa do raio, juntamente com a lâmina negra.

- Depois falamos mais sobre isso... – Ele diz em um sussurro, se aproximando de mim em passos calmos. Um sorriso está em seu rosto enquanto faz carinho em mim, passando os dedos pela minha bochecha – Não vamos ficar com esse tipo de assunto logo cedo, não é?

- Concordo, então vamos. – Sorrio ao mesmo tempo que faço meu punhal desaparecer.

Seguro as mãos de Brian e o puxo para fora do quarto. – Onde vamos Clara?

- Primeiro tomar café da manhã. – Dou um sorriso de canto – Depois, o que acha de pipoca, filmes e cobertores na sala?

Brian me confirma sorrindo, levando as mãos para minha cintura e me abraça por trás, ficando próximo sem a malicia ou desejo. Apenas próximo e carinhoso, passando seu rosto de leve pelo meu pescoço.

Sua barba rala causa cócegas e arrepios na minha pele, mas é tão de leve que não incomoda, mas sim me agrada. Sem falar no conforto que seu corpo me trás, a proximidade entre nós me relaxa de um jeito que não acontecia nem com Ricardo.

Apoio a cabeça em seu ombro e nossos olhares se cruzam, assim permanecendo, quando dou por mim, já estou pensativa.

É incrível pensar que Brian é assim... No começo sempre foi carrasco, parecia me desprezar e fazia de tudo para manter distância... Mas agora é diferente, ele cuida de mim, se preocupa e do jeito dele tenta estar presente, de um jeito que nunca imaginei que fosse acontecer.

Sei que ele pode não demonstrar seu cuidado do melhor jeito... Mas seus olhos entregam o quanto ele se preocupa de verdade comigo, e do jeito que consegue, ele mostra que se preocupa.

Volto a me sentir bem, feliz e longe de todos os problemas. Sei que isso não é para sempre, não terei esses olhos para mim por muito tempo, e seu sorriso será algo que se tornará raro em meus dias, nossos beijos e nosso sexo serão pouco frequentes, talvez nunca mais aconteçam depois que as coisas voltarem ao normal para ambos...

Mas não quero pensar nisso, não vale a pena sofrer por antecedência. O que quero no meu agora é aproveitar com Brian de todas as formas que puder, e é isso que eu irei fazer, e nada irá me impedir.

Pesco o último pão de queijo do pote e o saboreio lentamente, batendo levemente minha mão livre pela minha roupa para tirar os farelos que insistem cair sobre mim.

Acabamos indecisos sobre o que fazer para o café da manhã, quando acabei me lembrando de um dos sacos de pães de queijo no congelador, e quando falei, Brian simplesmente amou a ideia.

Coloquei os pães de queijo para assar, enquanto Brian confirmava que meus pais realmente haviam deixado café pronto.

Tínhamos algum tempo livre até tudo ficar pronto, e café com leite é algo que se faz muito rápido... Foi o tempo que aproveitamos para voltarmos aos nossos beijos e ficamos abraçados apenas aproveitando um ao outro e nossa calma.

O tempo passou rápido, pisquei e os pães de queijo estavam prontos. Brian cuidou de separar tudo em um pote, enquanto eu preparava o café com leite, e viemos para a sala. Nem sei quando foi a última vez que comi uma porção de pães de queijo, mas tenho certeza que foi a primeira vez que comi uma dessas como café da manhã.

Agora estamos juntos no sofá, abraçados debaixo das cobertas e assistindo um bom filme... Na verdade, sequer sei qual filme é esse, tudo que estou fazendo é aproveitar esse tempo com Brian. Sei que agora estou sendo uma menina apaixonada, mas não consigo não me sentir bem por estar assim abraçada com ele, ganhando carinhos e mais carinhos.

Minha mente divaga com algo que tentei ignorar. Sei que não deveria me apaixonar por ele, mesmo que agora esteja solteira. As coisas ainda não são fáceis para nós, nem um pouco fáceis.

Saí de um relacionamento conturbado com Ricardo, e por mais que seja diferente com Brian, não sei se quero me arriscar agora. Além disso, meu guardião irá se tornar "ex-guardião" assim que estiver recuperado.

Mesmo se quisermos, será difícil permanecermos próximos. Sei que como assistente de Ferdinand, ele até poderia ter algum tempo para estar comigo... Mas e se ele precisar se tornar guardião de outra pessoa? Como ficarão as coisas?

- Está tudo bem Clara? – me questiona, passando os dedos pelo meu cabelo. – Está calada.

- Não é nada. – Desconverso o abraçando com mais força, escondendo meu rosto em seu peito.

Os carinhos não cessam, continuam e relaxo aos poucos – Mesmo?

Assinto apertando os olhos, não queria ficar angustiada por causa da chance de não ter outro momento como esse no futuro, mas isso acaba afligindo meu peito. Meus olhos pesam pelas possibilidades, mas não deixo que sentimentos assim cresçam em mim. Não posso deixar.

- Mesmo... – Digo com a voz abafada. Respiro fundo me afastando, apoiando as mãos em seu peito – Me lembrei de uma coisa que ainda não fizemos.

- E o que seria? – arqueia as sobrancelhas.

- A conversa! – sorrio de canto, recebendo um olhar surpreso dele. – Nossa conversa, lembra?

- Aquela onde você saberia mais de mim? – Ele diz brincalhão.

- Aquela onde eu poderia te conhecer muito melhor. – Digo rindo cutucando seu peito.

- Certo, então... – Brian se ajeita no sofá me olhando curioso – Pode começar a entrevista...

Assinto animada, rindo de seu comentário – Primeiro, quero saber quantos você tem, porque até agora não faço ideia de qual seja sua idade.

Meu guardião solta uma risada – Sério que quer começar com isso? – Confirmo balançando a cabeça, rindo junto dele – Completei vinte e seis mês passado.

- Porque será que não acredito? – Digo brincando – Certo, me fala de você... Um pouco da sua vida, sempre fui curiosa pra saber mais de você.

- Ta bem... – O vejo passar os dedos pela sua barba rala – Sou de Minas Gerais, nascido e criado lá por alguns anos. Boa parte da minha infância até adolescência não foi das mais agradáveis. Vivi apenas com meu pai, porque minha mãe nos abandonou bem cedo sem olhar para trás, quando apareceu alguém que daria a vida de luxos que sempre quis... Era conveniente, então ela só foi embora.

Nem sei o que falar, Brian começou a contar sobre si por uma parte bem delicada.

- Você... Nunca mais viu ela? – Pergunto temerosa, sem saber se ele gostaria de se aprofundar logo nesse assunto.

- Não, nunca mais a vi, nem tive qualquer notícia dela. – Brian sussurra passando uma mão pelo queixo, com os olhos correndo pelo chão. – Sequer sei dizer se tenho irmãos ou irmãs.

- Eu nem sei o que dizer... – Torço a boca de lado – Não consigo imaginar o que você e seu pai devem ter passado.

- Na época não entendia porque minha mãe estava indo embora, por isso não quis aceitar. E por um bom tempo, senti raiva dela, muita raiva. – Ele respira fundo, juntando suas mãos – Mas diferente de mim, meu pai não tinha magoa nenhuma da minha mãe...

- Sério? E por que não? – ergo ambas as sobrancelhas.

- Ele dizia que não tinha motivos e que não fazia sentido guardar raiva, afinal as pessoas são assim. Fazem aquilo que é melhor para si, independente se isso signifique deixar outras pessoas para trás, por isso já sabia que minha mãe poderia trocá-lo por outro quando fosse conveniente... Ele conversou bastante comigo e me fez entender que guardar mágoas não era o melhor caminho... – Brian pausa por longos segundos – Meu pai só não entendia o motivo da minha mãe ter me deixado para trás, afinal ela estava envolvida com alguém com melhores condições que poderia me oferecer uma vida mais confortável.

Pisco algumas vezes, tentando escolher bem minhas palavras, não imaginava que Brian tivesse passado por algo assim em sua infância.

- Hoje em dia não sinto falta dela, nem me interesso em saber onde ou como ela está. Nunca veio me visitar e nem ligou para perguntar como estávamos, minha mãe se tornou só uma memória distante, que eu nem lembro do rosto... E meu velho sempre cuidou bem de mim, sempre foi bem presente e me ensinou muitas coisas importantes. – Brian da um sorriso ao falar de seu pai. Um sorriso diferente, repleto de respeito e admiração – É só triste que faz tempo que não o vejo.

- Por que? – Apoio o rosto na mão, atenta ao que ele me conta.

- Meu pai mora longe, em Belo Horizonte. – Ele ergue seus ombros sem desmanchar seu sorriso, que parece cada vez maior – Nos vemos somente quando um de nós está de férias e temos oportunidade de viajar... Normalmente sou eu quem faz as viagens para poder visitar minha cidade natal.

Balanço a cabeça repetidas vezes – Espera, então... A quanto tempo você vive em São Paulo?

- Já fazem uns dez anos, eu estava para começar o colegial. – Ele continua sorrindo – Meu pai e eu nos mudamos para São Paulo por uma proposta de emprego que ele recebeu. Passaram dois anos e ele voltou para nossa cidade, mas decidi ficar por São Paulo. Eu já era maior de idade, e meu pai achou que seria uma ótima oportunidade para que eu pudesse amadurecer... Mas que se eu precisasse, poderia contar com ele.

- Não achou que seria problemático ficar em São Paulo sozinho? – Indago curiosa.

- Um pouco, mas eu também quis encarar o risco, entendi que era preciso se eu quisesse crescer. Sem falar que não estava sozinho, eu tinha Jenny por perto para me apoiar. – Comenta e a maldita ponta de ciúme me atinge.

- Então, faz bastante tempo que se conhecem. – Comento erguendo as sobrancelhas, sem deixar a pontada de ciúme afetar minha curiosidade ou o nosso assunto.

- Faz, nos conhecemos assim que entrei no colegial. Ela foi a primeira pessoa que veio falar comigo. Ficou curiosa por eu ser mineiro, além dela ter gostado do meu sotaque. – Ele fica cada vez mais empolgado – De lá pra cá nos tornamos ótimos amigos e nunca mais nos afastamos.

- Isso explica bem a proximidade que existe entre vocês dois. São anos de amizade. – Confirmo mais para mim mesma do que para ele.

- Muitos, já passamos por bastante coisa maluca nesses anos. Precisaria de uns três dias para te contar só as coisas principais. – Ele balança a cabeça rindo – Para você ter uma ideia, ela foi a única pessoa que soube quando comprei essa casa, e também quando comecei a treinar para me tornar um guardião... Até hoje meu pai não sabe sobre isso.

- Ué, e por que não? – Ergo uma sobrancelha.

- Nunca soube como falar que estava me envolvendo cada vez mais com um mundo sobrenatural. – Brian encara suas mãos por um momento – Meu velho foi criado no interior, sempre foi um homem que temia essas coisas por influência dos meus avós. Acreditava que poderia atrair desgraças para sua vida e pra quem é próximo dele, e por isso prefere manter distância de qualquer coisa paranormal por achar perigoso demais. Imagina a reação caso soubesse que o único filho se envolveu com o que ele tanto evitava.

- Mas não seria melhor você conversar com ele sobre isso? – Seguro suas mãos, atraindo seu olhar de volta para mim. – Se souber como contar e dizer como é seu envolvimento, tenho certeza que ele irá entender.

- Não sei Clara. – Brian ergue os ombros e seu olhar cai – Apesar de tudo que passei, não me arrependo da minha escolha... Mas fico pensando se não irei decepcionar meu pai.

Entendo um pouco o que ele sente, ter receio de decepcionar logo a pessoa quem mais admira é algo delicado. Penso dessa forma em relação aos meus pais, tenho o mesmo medo de fazer algo que irá decepcionar ambos.

- Não sei como ele iria reagir... – Volto a falar, hesitando um pouco – Mas não acho que seu pai iria decepcionar, ainda mais se vermos o que você faz.

Ele ergue seu olhar a mim, mas sem dizer nada. Sua feição entrega como ele tem dúvidas quanto a isso... E não posso julgar meu guardião por isso.

- Você enfrenta coisas de outro mundo, não age por maldade, mantem pessoas vivas... – Ergo as sobrancelhas – Claro, não do melhor jeito, precisa melhorar bastante seu estilo de "proteção" ... Mas já é melhor que nada.

Brian solta uma gargalhada com meu comentário, ficando visivelmente mais descontraído.

- Algum dia arrumo coragem para contar tudo ao meu velho. – Ele volta ao mesmo sorriso de admiração que tinha antes, além de aparentar nostalgia.

Assinto compartilhando de seu sorriso – E aliás, agora que você está falando disso me veio uma dúvida... O que te fez ser um guardião?

- É uma dúvida bem específica. – Responde brincalhão.

- Estou falando sério Brian. Tenho certeza que isso não foi do nada...

- Já aviso que não me orgulho do que aconteceu. – Ele da um suspiro pesado – Me envolvi em uma briga na saída de uma casa noturna.

Sou surpreendida com isso, mas não sei se é pelo fato de Brian ter ido a uma casa noturna, ou por ter se envolvido em uma briga. Ambas as situações são bem inesperadas.

- Pode contar como foi isso?

- Claro, foi quando eu tinha vinte anos, em uma saída em grupo, estávamos eu, Jenny e alguns amigos do colegial. Todos nós bebemos além da conta e... Nos desentendemos com algumas pessoas. – Brian encara as próprias mãos – Fazem anos, mas me lembro bem o motivo. Começou que um dos nossos colegas esbarrou em um cara, e eles se desentenderam... Apartamos aquele princípio de briga, até porque era um motivo ridículo.

Vou assentindo igual uma criança, atenta ao que ele diz.

- Um pouco mais tarde, esse mesmo colega conheceu uma garota e ficaram conversando por bastante tempo, teve clima e eles acabaram nos beijos... O problema é que o mesmo cara problemático de antes era o ficante daquela garota... Ele viu meu colega e ela aos beijos, foi para cima e começaram uma discussão.

- Ai... Olha o motivo de briga... – Digo bufando, passando uma mão pelo rosto, mantendo a atenção em Brian – E ai? O que aconteceu?

- Calma que esse é só o meio da história. – Ele da um meio sorriso, segurando sua risada enquanto fala – Acabou que eles discutiram, os seguranças levaram os dois para fora... Já estávamos para ir atrás dele, quando notamos que um grupo saiu logo depois, e achamos isso estranho. Corremos para fora da casa noturna e ele estava no meio de uma nova discussão mais acalorada, rodeado por umas nove pessoas.

Ergo as sobrancelhas – E vocês?

- Estávamos em cinco. – Ambos fazemos uma careta pela desvantagem numérica – Até tentamos conversar para evitar uma briga, sair andando pra não piorar as coisas... Mas todos estavam alterados, então já viu o resultado...

- É... Imagino. – Até tento segurar o riso, mas não consigo. E Brian está rindo junto.

- Começou uma briga terrível no meio da rua. Até tentei separar aquela briga, mas não dava, era gente demais. – Ele da um novo suspiro – Na hora não tive escolha, precisei brigar também. Mas eles eram muitos então nem tínhamos chance de nos sairmos bem.

- Nossa... – Sussurro atenta.

- Não demorou muito para apanharmos. – Ele balança a cabeça – Foi quando ela apareceu e acabou com aquela bagunça.

- "Ela"? – Ergo uma sobrancelha.

- Minha mestra Kelly. – Comenta com um largo sorriso no rosto.

Não sei se foi impressão minha, mas Brian pareceu falar de sua mestra com empolgação na voz, bem mais do que a momentos atrás. Não sei quantas sensações seu sorriso carrega. Acho isso no mínimo curioso.

- Ela se intrometeu e parou a briga, nem queira saber como ela fez isso, e obrigou o outro grupo a ir embora. – Ele da uma risada – Eu fiquei surpreso com ela, mas não disse nada. Quando fomos agradecer pela ajuda, Kelly disse que gostaria de conversar em particular comigo em outro momento. Me entregou seu número e pediu para ligar na manhã seguinte.

- E você obviamente ligou. – Constato rindo.

- Eu não queria ligar, mas também estava bastante interessado em saber o que ela queria comigo. – Ele ergue seus ombros – A curiosidade falou mais alto, e acabei ligando.

- Não passou pela sua cabeça que a curiosidade matou o gato? – Gargalho.

- Eu era muito jovem. Da um desconto. – Rebate gargalhando. – Sem falar que não sou um gato.

- Você que pensa... – Pela expressão surpresa que recebo de Brian, me dou conta de que ele falou ao pé da letra. Acho que não esperava esse elogio repentino.

- Bem... – Ele volta a falar após alguns segundos – Liguei de cara marcamos um lugar para conversarmos com calma. Kelly foi direta quando nos encontramos, disse que esteve observando tudo que aconteceu e se interessou pela forma como agi, com algumas aulas dela eu poderia me portar melhor em situações difíceis, e fez a proposta de treinar para me tornar um guardião espiritual.

- E de lá pra cá, esteve treinando para se tornar um guardião. – Digo balançando a cabeça, interessada em saber mais – Gostei disso.

- Na verdade, demorei um pouco para aceitar esse convite. Achei ser treinamento para uma defesa pessoal, e não pra lidar com seres que eu nem sabia se existiam... Conversei com Jenny sobre isso, e ela me incentivou a tentar. – Ele vai me contando em tom nostálgico – Quando aceitei, Kelly passou a me treinar todos os dias, e em um desses vários treinos que conheci Ferdinand. Quando minha mestra disse que eu tinha terminado meu treinamento, Ferdinand disse que gostaria de me dar uma oportunidade para continuar e ter experiências reais, e me ofereceu a vaga que tenho hoje.

- Nunca imaginei que teria sido desse jeito. – Digo sorrindo.

- Como imaginou? – Questiona me olhando curioso.

- Que talvez tivesse treinando para isso desde que nasceu, ou que participasse de algum tipo maluco de grupo. – Ergo os ombros, afinal realmente pensei essas coisas em momentos vagos.

Brian gargalha – Não, foi bem menos fantástico do que você imaginou. Uma briga na saída de uma boate foi o que ocasionou minha vida atual.

- Um início muito inesperado. – Afirmo rindo – Aliás, o bviamente eu não sou a primeira pessoa que você precisa proteger. Já precisou cuidar de muitas pessoas antes de mim?

Meu guardião aparenta surpresa com minha pergunta. Ele se ajeita um pouco no sofá, encarando suas mãos, e logo voltando sua atenção a mim com um meio sorriso no rosto – É... Algumas sim, uns agradáveis, outros nem tanto, não sei ao certo quantas foram... Mas deixemos para continuar disso uma outra hora Clara. Não acho que você planeja ficar aqui o dia todo falando só sobre isso.

Estranho essa atitude de Brian, ele pareceu estranho e até seu tom de voz foi outro. Estávamos com o assunto fluindo tão bem, finalmente tendo "a conversa", e de repente ele cortou a conversa dessa forma?

Até reflito por um segundo se estou sendo paranoica, mas é preciso pensar só um pouco em como ele ficou para perceber como meu guardião, de forma nada discreta, fugiu do assunto.

Sei que posso estar pensando demais agora, mas... É como se tivesse acontecido alguma coisa com alguma pessoa que Brian precisou proteger no passado, e ele prefira evitar pensar nisso.

Não tenho como saber, mas tenho certeza de uma coisa... Brian está escondendo algo.

- Tudo bem, concordo que queira fazer mais coisas hoje. – Digo cutucando seu peito, me ajeitando no sofá e encostando a cabeça em seu ombro, focando na televisão – Outra hora voltamos nesse assunto.

Seus braços me envolvem devagar, e recebo um beijo no cabelo – Tudo bem, como preferir.

Me aconchego em seu abraço e tento prestar atenção no filme, mas essa é uma tarefa árdua quando não se deu atenção a ele em nenhum momento.

Fecho meus olhos, aproveitando da presença do meu guardião ao máximo. Me atento a tudo que vem dele, seu calor, sua respiração calma, o carinho e a segurança que ele me passa... E principalmente a sensação boa que tenho dentro de mim por estar perto dele.

Meu corpo e coração se aquecem pela proximidade que tenho agora, não um calor erótico, mas sim algo muito mais profundo e calmo, dotado de uma intensidade única. Um conforto que vai além do meu corpo, ele está dentro de mim, é agradável e indescritivelmente bom.

É estranho, quando estive com Ricardo e tinha momentos como esses, eu me sentia bem também... Sentia um calor semelhante a esse, um conforto muito parecido, também ficava confortável e me sentindo bem leve. O que eu sentia antes era bom como o que sinto agora, mas se diferenciava em algo que não sei explicar.

Mas com certeza, prefiro mil vezes mais a sensação que tenho quando estou com Brian.

Nunca imaginei o quanto eu desejei um momento como esse com Brian, até finalmente ter a oportunidade de experimentá-lo.

- Está tudo bem? – Ele pergunta, rompendo o som que pertencia somente a televisão.

- Estou sim, só pensando no que faremos o restante do dia. – Digo sorrindo manhosa.

- Podemos sair mais tarde. – Ergo meu olhar. Estou prestes a negar mas Brian continua – Posso te levar em um lugar que gosto bastante, o que acha?

- Gostei da ideia... Fico imaginando que tipo de lugar você gosta. – Ergo uma sobrancelha.

- Acho que ficará surpresa. – Ele responde rindo.

- Está me deixando ansiosa. – Digo e trocamos um sorriso carinhoso.

Apesar desse momento que voltou a ficar leve, minha mente insiste em voltar na maneira como Brian reagiu momentos atrás. Isso realmente me deixou encucada sobre o que pode ter acontecido com as pessoas que vieram antes de mim, mas não quero insistir.

Tento me distrair e esquecer, afinal, de que vai servir pensar nesse tipo de coisa agora?

Por agora, quero só aproveitar ao máximo meus momentos com Brian. E na verdade, neste momento aproveitar bem cada segundo que temos juntos é a única coisa que me interessa.

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