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Capítulo 41 - A calma pós tempestade

10270 Palavras

A luminosidade me incomoda já a algum tempo. Resmungando me viro na cama, esfregando a mão pelo rosto na tentativa de despertar um pouco que seja, e abro meus olhos.

Pisco algumas vezes estranhando a cama ser tão dura e o lugar tão diferente do meu quarto. Demoro um momento para reconhecer o lugar, mas logo me dou conta de que estou no ambulatório no prédio. Mas sei de cara que dormi aqui com Brian.

Dormi com Brian...

Não foi do jeito e nem a situação que imaginei, mas... Me sinto bem, pude dormir bem abraçada com ele como já pensei muitas vezes, e com isso um sorriso nasce no meu rosto.

Ergo o rosto devagar para olhar a ele, que está dormindo com uma expressão tranquila, sem nenhum traço de seriedade. Presto atenção nele como nunca fiz antes, os traços firmes de seu rosto, a barba baixa dele, os cabelos sempre bagunçados... Sempre achei ele bonito, só que nunca pude olhar para ele como faço agora.

Corro os dedos pelo seu peito e descendo pela barriga, podendo sentir melhor seu corpo como sempre quis. Brian tem um corpo bem forte e definido em todos os pontos, e também bem resistente. Nada exagerado, tudo de um jeito que o torna bonito ao meu ver, e finalmente posso toca-lo e ter ainda mais certeza disso.

Penso agora se ele conseguiu esse corpo fazendo algum treinamento quando se tornou guardião, ou se ele se exercita em algum momento. Bom, vendo a força e resistência que ele tem, é difícil dizer que ele consiga isso com alguma pratica comum... Mesmo assim, fico curiosa.

Além disso, ele é quente, muito quente. Sua pele é suave, e seu corpo me transmite conforto e segurança. E mesmo assim dormindo, Brian consegue ser acolhedor de uma forma que só ele consegue fazer.

Meus olhos descem para seu curativo envolvendo o ombro e parte do peito, e um frio percorre minha espinha. Eu não pude ver como estava seu ferimento antes do curativo, e nem sei se aguentaria ver o estado. Só me sinto aliviada por ele ter sido curado... Mas gostaria que ele estivesse fora de perigo.

Me aconchego melhor, encostando o rosto em seu ombro, continuando a correr os dedos pelo seu peito e aproveitando esse momento – Faz cócegas... – Ouço ele sussurrando.

Ergo o corpo, encontrando seu agradável semblante matinal. Ele tem um sorriso bonito – Acho que te acordei de novo. – Sussurro sorrindo, levando minha mão ao seu rosto.

- Segunda vez em menos de vinte e quatro horas... – Ele ergue as sobrancelhas, mantendo seu sorriso e olhar em mim – Acho que poderia me acostumar com isso.

- E posso saber o por quê disso? – Digo apoiando o queixo em seu ombro.

- É que... Eu gosto... – Ele começa, mas desvia o olhar ficando sem jeito. – Você fica bonita quando acorda...

Definitivamente ele me pegou com esse elogio, tanto que não sei o que responder a Brian por também estar desconcertada. Ele demora mas volta a me olhar, seguido de carinhos no meu cabelo. E só agora me lembro do fato de Brian ser tímido.

Curioso que ultimamente estou rodeada de gente tímida... Brian, Letícia, o lado bom da entidade, todos são extremamente tímidos. E tem a Marina, extrovertida por todos eles.

- Como você está? – Me pergunta, sem parar os carinhos.

- Descansada. – Olho para seu ferimento – E você? Como está?

- Já tive dias melhores, mas acho que vou sobreviver. – Responde sorrindo fraco.

Ergo um pouco meu corpo, olhando em seus olhos – Sente alguma dor?

- No corpo inteiro, mas isso vai passar logo. – Brian balança a cabeça – Seus olhos...

- É, eu sei... Estão diferentes... – Sussurro virando o rosto, sem saber como Brian vai reagir.

Eu me esqueci totalmente de como meus olhos estão agora. Acho que ele não prestou atenção ontem à noite, mas agora é diferente. Posso sentir seu olhar sobre mim, e sequer tenho ideia de como ele poderá reagir.

Talvez seja do mesmo jeito que foi com Amanda e Ferdinand. Brian pode acabar desconfiando de mim e se tornando hostil, mas sendo sincera... Acho que eu reagiria da mesma forma. Todos eles me conheceram de uma maneira, com uma aparência, e de repente sou possuída e tenho uma mudança dessas.

Tudo bem que é uma mudança em uma parte isolada do meu corpo, mas mesmo assim... Não foi uma mudança pequena, e muito menos gradual. Foi algo repentino e logo após uma possessão. Eu não duvidaria que eles ainda desconfiassem, mesmo que só um pouco, por isso não vou estranhar se ficarem mais distantes de mim por algum tempo.

Mesmo sabendo de tudo isso, abraço Brian outra vez, escondendo meu rosto em seu pescoço e me encolhendo. Tenho um pouco de medo de como ele irá reagir.

- Diferentes... – Ele sussurra de repente me assustando, mas para minha surpresa ele volta a me fazer carinhos – Gostei de como estão.

- Não acha que estão estranhos? – Sussurro sem olhar a ele.

- Para mim, não. – Ele diz com um curto riso, acompanhado de um gemido de dor.

Olho preocupada para ele. – Você ainda não está nada bem...

- Estarei melhor em pouco tempo. – Seus olhos se encontram com os meus, e estamos próximos. Muito próximos, minha boca próxima de tocar a dele. Meu coração erra uma batida e me vem a sensação de borboletas no estomago.

- Promete...? – Sussurro tocando seu rosto.

- Só se me prometer que não vai me preocupar desse jeito outra vez... – Brian leva a mão para minha nuca, passando os dedos devagar.

Sorrio assentindo – Sim, eu prometo.

- Então eu prometo também. – Ele sorri, me puxando para perto.

Trocamos um último olhar, carinhos e sorrisos nossos. Eu não fazia ideia de como queria isso mais do que qualquer outra coisa, o quanto esperei por um momento como esse com meu guardião. Sem tensão, sem medo, sem brigas... Apenas nós e a calma.

Escutamos algumas batidas na porta, o que nos afasta. A maçaneta gira e uma fresta da porta é aberta – Está acordado Brian? – É a voz de Amanda.

Trocamos um olhar, e então ele diz – Estou sim, pode entrar.

- Brian! – Resmungo baixinho cutucando o abdômen dele.

- O que? Não estamos fazendo nada errado. – Brian me puxa para perto, me roubando um beijo. Um agradável e rápido beijo que faz um choque percorrer pelo meu corpo.

Olho surpresa para Brian no momento em que nossas bocas se afastam. Pisco algumas vezes sem acreditar.

Ele realmente me beijou?

- E isso também não foi errado. – Ele sussurra, mas estou atônita demais para responder.

Minha respiração para por um momento e me sinto perdida nas nuvens. O bater descontrolado do meu coração entrega minha emoção nesse instante com esse curto beijo. Durou apenas um pequeno instante, mas... Mas ele me beijou.

Por que estou assim toda boba? Não é a primeira vez que alguém me beija dessa forma, então por que estou tão eufórica com uma coisa que nem novidade é?

- Eu... Estou atrapalhando algo? – Olho para Amanda, que está com as sobrancelhas erguida enquanto nos observa.

- Não, está tudo bem. – Brian responde calmamente, enquanto saio de cima dele.

- Se está dizendo... Como está se sentindo? – Amanda se aproxima devagar da cama, e me apresso em me sentar na beirada.

- Melhor que ontem. – Brian tenta se erguer resmungando bastante, e não consegue a princípio. Me apresso para ajudá-lo a se sentar, e ele me olha sorrindo. – Mas ainda bem dolorido.

- O corpo inteiro ainda dói? – Amanda leva uma mão ao queixo.

- Sim, mas não tanto quanto ontem. – Brian toca o ombro com a ponta dos dedos, gemendo baixo de imediato – O ombro ainda é a pior parte.

- Darei um jeito nisso. – Amanda se aproxima, e salto para fora da cama para dar espaço.

Ela troca um olhar comigo, e volta a atenção a Brian. Unindo suas mãos, ela toca no ombro machucado do meu guardião. Seu corpo tenciona e ele resmunga de dor apertando os olhos, mas continua onde está.

Ele respira fundo, soltando todo o ar pela boca com uma expressão dura. Amanda permanece em silencio alguns momentos, e então uma aura esverdeada começa a surgir de suas mãos, grande o bastante para cobrir boa parte do ombro de Brian.

A energia é quente, suave e envolvente. Ela não tem sons, apenas o calor que consigo sentir em mim, talvez em Brian esse calor seja ainda mais intenso.

Agora fico pensativa, tanto pelo que vejo quanto pelo que Jeniffer me disse na noite passada. Quantas vezes será que Brian precisou passar por isso? Quantas vezes será que ele esteve em uma cama sendo curado depois de algo que o levou perto do limite da vida?

É a primeira vez que vejo e penso nisso, e esse pensamento aperta meu coração.

Aos poucos, a luz esverdeada vai enfraquecendo, até finalmente desaparecer por completo. A bruxa retira suas mãos, se aproximando e retirando as ataduras com cuidado, revelando uma imensa cicatriz de um corte por debaixo delas.

- Não está totalmente curado. – Amanda se afasta com as ataduras, as jogando em um lixo próximo que sequei me atentei da existência – Precisará ficar de repouso por uns dias Brian, nada de esforço nesse período.

- Quantos dias de repouso? – Ele diz, colocando as pernas para fora da cama e ficando de pé.

- Pelo menos uma semana. – Amanda constata, voltando a se aproximar.

- Uma semana? – Brian resmunga passando uma mão pelo cabelo – Isso não vai ser fácil.

- Seja como for, você precisa repousar no mínimo esse tempo se quiser melhorar e voltar à ativa o quanto antes. – Amanda diz em um tom mais firme – E também é o tempo para vermos se você vai apresentar alguma piora.

O homem suspira, concordando com a cabeça – Tudo bem então.

Sem esperar, Amanda segue pela porta, parando no batente – Vista algo e depois vá encontrar Ferdinand, ele tem algo a conversar com você.

- Serei demitido... – Brian lamenta fazendo uma careta, quebrando a postura séria e tirando uma risada de Amanda.

- Não acho que seja isso garoto. – Ela diz sorrindo, saindo do quarto sem dar mais explicações.

Brian me olha, e ergo os ombros com um meio sorriso. Se ele esperava que eu fosse dar algum palpite sobre o que seria esse tal assunto, então ele se enganou. Como ele, não faço a menor ideia do que seja esse tal assunto.

Apesar de tentar agir normalmente, ainda estou baqueada pelo recente ocorrido. Minhas pernas bambeiam um pouco e, por medo de perder meu equilíbrio, sento no sofá e respiro fundo encarando o teto.

Imagino o que pode acontecer se eu ficar encarando Brian. Talvez eu fique ainda mais perdida do que já estou agora. Só de estar aqui sozinha com ele, meu coração está descontrolado em meu peito, ansiando por uma palavra, por um novo beijo, ou talvez apenas pelo silêncio e esquecimento do que acabou de acontecer.

Eu realmente estou perdida, tanto em sentimentos como em pensamentos. E apesar de perdida e bem nervosa, eu estou eufórica, animada. Eu estou bem.

É tão engraçado que quando dou por mim, estou com um sorriso bobo no rosto e rindo baixo da minha situação atual.

- O que foi? – Brian questiona me olhando curioso.

- Nada demais, apenas pensando um pouco. – Balanço a cabeça negativamente.

Ele continua me olhando, só que não diz mais nada. O vejo andando pelo quarto, indo até a mesa onde seu sobretudo cinzento está jogado.

Só agora me atento que junto ao seu sobretudo, também existem outras peças. Um que parece ser um colete, um paletó e uma camisa branca manchada de vermelho. É provável que na pressa que estavam para tratar Brian, acabando arrancando suas roupas e jogando de canto, mantendo apenas suas calças.

Uma a uma, meu guardião avalia todas as suas roupas, e nenhuma está realmente em uma situação boa. Todas estão amassadas, sujas e rasgadas e ele fica visivelmente frustrado com o que está vendo.

Dando-se por vencido, Brian veste apenas seu sobretudo, que ironicamente, é a peça mais surrada entre todas. Essa é uma roupa que parece ser um histórico do que Brian enfrentou, sejam marcas de queimado, cortes no tecido, e o mais recente corte fundo no ombro esquerdo, deixando sua cicatriz bem a mostra.

Diferente do que sempre faz, Brian fecha o zíper de seu sobretudo até cobrir boa parte de seu peito desnudo e deixando aberto apenas perto do pescoço – Vamos?

Salto do sofá e sigo na frente – Ansioso para sua demissão? – Digo brincando.

- Nem um pouco. – Me responde no mesmo tom.

Atravessamos a recepção do ambulatório que continua vazia. Aproveito para espiar as horas no relógio, ainda nem deu oito da manhã. O horário justifica estar vazio, sem contar com o fato que hoje é domingo, não sei se alguém vem trabalhar aqui em pleno domingo e ainda mais tão cedo.

Atravessamos os corredores ainda pouco iluminados e silenciosos do prédio. Tomamos o elevador e subimos em silêncio. Eu gostaria de falar algo, mas não sei como puxar algum assunto com Brian, ainda mais agora.

Não quero perguntar algo óbvio como "você está bem?" sendo que é algo que se nota apenas de olhar para ele. Claro, Brian ainda está um pálido e imagino o quão fraco deve estar. Também não sei se pergunto o que aconteceu na última noite, não deve ter sido algo fácil.

Apesar disso, um questionamento me surge agora.

- Brian... – Sussurro puxando a manga do seu sobretudo, atraindo seu olhar. Dou meu sorriso mais meigo – Por que me eletrocutou ontem à noite?

Ele contém o riso levando uma mão à boca – Desculpe. Não sabia que era você...

- Não sabia... Sei. – Respondo simplesmente erguendo uma sobrancelha o encarando de soslaio.

- É verdade. – Brian ergue suas mãos – Achei que era a entidade tentando me enganar.

As portas do elevador se abrem e saio rindo – Vou tentar acreditar em você... E ignorar que você me amarrou daquele jeito, mas fique sabendo que não gosto dessas coisas de ser amarrada.

- Tudo bem, irei me lembrar disso. – Ele responde rindo, e saímos do elevador – Devem estar no refeitório... Está sentindo esse cheiro bom? – Ele comenta com o rosto levemente erguido e copio o gesto, sentindo o agradável aroma forte de café.

Seguimos juntos, encontrando todos reunidos em uma mesa. Ferdinand está debruçado sobre um caderno de notas, escrevendo algumas coisas e com uma xícara de café em mãos. Jeniffer corta alguns pães e prepara lanches usando alguns frios e deixando sobre a mesa. Já Amanda está com um dos lanches em mãos e girando uma caneta lentamente na outra mão, dando origem a uma pequena luz avermelhada, e logo os frios derretem suavemente dentro do pão.

Ferdinand ergue seus olhos para nós assim que entramos – Olha só quem apareceu. – Ele diz em um sorriso animado. – Já me adiantei e mandei sua Mercedes para o conserto Brian.

- Eu nem me lembro qual o estado do meu carro ontem... – Brian diz com uma careta.

Ferdinand contém uma risada, mas não um sorriso – E se não quiser sofrer um ataque cardíaco, acho que será melhor que não se lembre mesmo... A coisa estava feia.

- Ferdinand! – Amanda o repreende, mas ela logo acaba descontraindo também – Para de preocupar o garoto... Que coisa feia!

- Eu não resisto em irritar meu melhor funcionário, é mais forte do que eu. – O psicólogo sorri dando um gole em um gole em seu café, e pescando um lanche.

- Muito gentil de sua parte... Melhor chefe. – Brian ironiza. Jeniffer e eu acabamos rindo.

- Apesar do que houve, peço que não se preocupe Brian. Afinal esse conserto não vai te custar nada. – O psicólogo sorri de canto, fechando o bloco de notas a sua frente, dando a entender que ele irá pagar tudo – Estão com fome? Jeniffer comprou algumas coisas para o café da manhã.

- Muita. – Me adianto puxando uma das cadeiras para a mesa onde estão todos e me sento sem cerimônias. – Nem lembro quando foi à última vez que comi.

- Faz tanto tempo assim? – Amanda diz me entregando um lanche.

- Mais ou menos. – Digo balançando uma mão – Eu sei que comi ontem... Só que meu "ontem" parece que foi há semanas atrás.

Ferdinand cerra o olhar em minha direção, tocando minha testa – Não está com febre, mas não ta falando coisa com coisa.

- É confuso mesmo, admito. – Balanço a cabeça rindo – Mas para mim foi assim.

- Como? – Jeniffer se senta, gesticulando para o café perguntando se eu gostaria. Assinto e ela me serve uma xícara nada modesta.

- É que... – Começo a falar, pegando a xícara e dando um gole. Se eu queria evitar de falar como foi minha experiência nessas horas que a entidade controlou meu corpo, acho que acabei de me sabotar de uma maneira desastrosa – ...Enquanto estive possuída, eu estive presa em outro lugar.

- Ué, como assim? – Ferdinand pende o corpo para frente, assumindo uma postura muito mais interessada agora. – Pode nos contar mais a respeito?

- Posso, mas não é muita coisa. – Mordo meu lanche, ganhando algum tempo para pensar sobre o que falar.

Tudo bem que posso dizer o que passei, mas reflito sobre contar ou não o fato de que a entidade possuía um lado bom preso dentro de mim. Quem sabe se eu contar possa ser algo que signifique um diferencial.

Todos assumem um lugar e me olham com expectativa, até Brian que permanecia de pé até agora, pegou uma cadeira e se sentou próximo de mim, me olhando atentamente – Eu havia acordado em um lugar todo escuro, e estava acorrentada. Sendo bem sincera, não faço a menor ideia de quanto tempo eu fiquei ali, tentando me soltar, pedindo ajuda... Para mim, foram horas, talvez dias ali... Depois eu... Vi alguém que também estava preso no mesmo lugar, que me instruiu como que eu poderia me soltar.

- Alguém? – O psicólogo ergue uma sobrancelha.

Hesito um segundo – Sim, ele era semelhante com a entidade em aparência, mas... A personalidade era diferente. Não era maligno como o ser que conhecemos.

Amanda e Ferdinand trocam um olhar confuso e então retornam a atenção a mim. Brian encostou um braço sobre a mesa e apoia o rosto sobre a mão, me olhando fixamente, já Jeniffer me observa atentamente.

- Ai depois que nos libertamos, saímos daquele espaço e fui aprendendo o que era aquele lugar onde estávamos por sei lá quanto tempo... – Paro de falar, quando Ferdinand ergue uma mão.

- Espera Clara... Havia um ser ali com você, e você o libertou? – Ele pergunta incrédulo.

- Sim, sei que foi uma escolha perigosa e difícil de acreditar. – Ergo os ombros – Mas eu precisava, eu não tinha alternativas para me libertar e ele quem explicou o que eu poderia fazer, então quis arriscar. E por sorte, ele mostrou que não era uma ameaça...

- Tudo bem, isso é muito diferente de várias coisas que já vi... – Amanda assente antes que Ferdinand diga mais algo – Continue.

Respiro fundo dando um longo gole de café – Depois que saímos daquele espaço, andamos por algum tempo, e fui entendendo que o lugar onde estávamos, era na realidade, dentro da minha cabeça... – Todos tem expressões levemente surpresas – Ou acho que era isso... Enfim, ele me contou que eu estava possuída e que deveria haver um meio de eu recuperar o controle.

- E depois? – Brian questiona – O que houve?

- Primeiro tentamos desestabilizar a entidade e criar distrações para que eu retomasse meu corpo, mas isso não adiantou em nada. Então ele só viu um método que poderia funcionar para eu ter o controle outra vez. – Suspiro ao lembrar a mansão e toda a tensão que passamos ali. Cada momento lá está nítido para mim – Acabamos indo para onde estava a porta do Abismo.

- O que?! – Amanda, Brian e Ferdinand exclamaram em uníssono. Jeniffer e eu nos assustamos com a ação tão repentina que os três tiveram.

- É, foi isso... – Ergo as mãos, gesticulando para que se acalmem – Tivemos problemas para conseguir fechar a porta...

- Mas conseguiu fechar essa porta? – Jeniffer pergunta apreensiva.

Me encolho na cadeira com a lembrança, e um calafrio sobe pela minha espinha. A imagem daquele ser que saiu da porta do Abismo me vem em mente. A imponência e o poder que ele exalava apenas com sua presença, toda aquela hostilidade vinda dele, o temor e o sentimento de ameaça iminente que senti apenas de olhar para ele.

A pressão esmagadora que aquele ser causou quando surgiu da porta... Era muito parecida com a pressão causada pelo Cara do Casaco... Só que muito mais violenta.

- Clara? – Ferdinand me chama.

- Sim! – Digo convicta, respirando fundo – Conseguimos fechar a porta do Abismo. E foi nessa hora teve um clarão, e despertei novamente com meu corpo.

Amanda e Jeniffer estão boquiabertas, e Ferdinand assente – E como foi quando acordou?

- Não me lembro muito bem, já que um certo alguém me eletrocutou... – Digo virando meu olhar para meu guardião – Né Brian?

- Tive meus motivos... – Ele se defende erguendo as mãos e desviando seu olhar.

Sorrio balançando a cabeça negativamente – Mas enfim... Foi isso. Para mim foram vários dias presa naquele lugar.

Amanda balança a cabeça algumas vezes – Não importa o quanto vivemos, nós nunca vemos de tudo. Sempre acontece algo novo para nos surpreender... – Diz, mordendo seu lanche que, pelo visto, já endureceu.

- Mas e agora? – Pergunto, olhando para ambos – Como ficam as coisas? O que acontece?

- Nada. – Ferdinand responde simplesmente, me surpreendendo um pouco.

Pisco algumas vezes, sem entender ao certo o que ele quer dizer. Olho para todos a minha volta, que ao que parece, já devem ter passado por um momento como esse por várias vezes antes. Juntando as mãos em as encostando no queixo, Ferdinand me analisa calmamente – Tudo acabou Clara. Você está livre, pode retornar a sua vida.

Essa notícia foi um verdadeiro choque, só que não foi de um jeito bom como imaginei que seria. A sensação que toma posse de mim é de estar perdida, desnorteada com essa notícia de que estou livre... É estranho.

Eu não deveria me sentir feliz por finalmente voltar a minha vida? Por que não me sinto assim?

Olho para Brian em busca de certezas do que eu ouvi, porém ele quebra o contato visual ao abaixar seu olhar. Então é verdade?

Tudo... Realmente acabou?

- Em quanto tempo Brian estará recuperado, Amanda? – Ferdinand pergunta cruzando seus braços e olhando a irmã de soslaio.

- Dentro de uma semana, no mínimo. – Ela responde séria, encarando meu guardião. – Nesse tempo, ele precisará ficar de repouso.

- Entendo. – Ferdinand responde na mesma seriedade – Pois bem Brian, você está dispensado de suas atividades durante uma semana. Tire esse tempo para repousar o corpo e espairecer, e após essa semana, apresentando melhora em sua condição, você retornará às suas atividades.

Brian não expressa uma reação, ele sequer olha para um de nós – Tudo bem, estou de acordo...

O clima entre nós ficou diferente, estranho e pesado. As risadas e toda a animação que havia entre nós há pouco tempo atrás desapareceram como se nunca houvessem existido, dando lugar a esse clima extremamente ruim.

Amanda e Ferdinand se levantam e saem do refeitório em passos rápidos, conversando algo que não dou atenção e sequer tento ouvir por estarem praticamente sussurrando entre si.

Brian não diz uma palavra que seja. Ele só se levanta e caminha até a janela do refeitório levando a cadeira consigo, e ali permanece olhando para o lado de fora com o rosto apoiado na mão, carregando uma expressão pensativa no rosto.

Já Jeniffer acompanhou o movimento de todos com o olhar, e por fim foca sua atenção em mim. Ela não diz nada, mas gesticula com os dedos que depois conversamos, abaixando seu olhar e voltando a atenção para a xícara bem a sua frente.

Tudo que podemos fazer agora é comer em silêncio.

Não demorou muito para Jeniffer vir me explicar o possível motivo para que o clima entre todos nós ter mudado tanto. Segundo ela, tanto os irmãos quanto Brian são pessoas péssimas com despedidas, e não sabem lidar bem com isso.

Em primeiro momento pensei em considerar isso por um momento, mas Jeniffer ter dito que isso é apenas um palpite, me fez questionar a atitude que tiveram. Eles até podem não ser muito bons em despedidas, mas precisavam ficar daquele jeito?

Durante todo o tempo Brian sequer olhou em nossa direção, mas pelo silêncio do lugar tenho plena certeza de que ele escutou tudo. Passou mais algum tempo, e Jeniffer também deixou o refeitório dizendo que precisava ir para casa, e deixou apenas eu e Brian ali.

Ficamos algum tempo no refeitório, dei algum tempo para que ele dissesse qualquer coisa que fosse, mas não tive nada dele. Brian apenas continuou ali olhando a janela.

Não gostaria que isso fosse uma despedida, mas esses três estão agindo como se fosse uma. Parece até que vou para algum outro país começar uma vida nova e nunca mais nos falaremos.

Não quis esperar por mais nada de nenhum deles. Levantei voltei a sala de Ferdinand e sem nenhum rodeio, questionei se ele poderia chamar algum motorista de aplicativo para me levar de volta para casa, e também fiz questão de dizer para que ele não se preocupasse que eu pagaria a viagem quando chegasse.

Estive refletindo muito durante todo o tempo naquele refeitório, e ainda agora estou assim. A mudança de comportamento tão repentina dos irmãos e principalmente do meu guardião, junto a Jeniffer dando a entender que aquilo era uma despedida, só me fez pensar ainda mais.

Gostaria muito de falar com Brian sobre o que estive pensando e saber o que passava pela cabeça dele naquele momento, falar do nosso curto mas agradável beijo, mas como ele acabou se isolando no canto e mal olhou para mim de novo, preferi deixá-lo quieto e ignorar tudo.

Não foi e nem está sendo nem um pouco fácil deixar esse lugar sem olhar para trás, mas definitivamente é melhor assim.

O elevador cessa seu movimento e as portas abrem e saio apressada. Olho em volta e ainda esse horário não tem ninguém, mesmo se tivesse não estou com cabeça para dar atenção. Avanço para fora do prédio, sentindo o corpo esquentando pelo agradável calor matinal assim que passo pelas portas.

O céu está aberto e com poucas nuvens, e bem ao longe o cantar de pássaros pode ser ouvido. O vento hoje é fraco e suave, porém muito frio. Sinto meus braços e pernas arrepiando com o simples toque do vento no meu corpo, inibindo quase que totalmente o calor causado pelo sol.

Só nesse momento sozinha que me dou conta do estado das minhas roupas. Se me lembro bem, acho que eu estava com uma blusa, calça e tênis... Mas agora, todas as roupas se resumem em um monte de trapos rasgados e sujos.

Minha blusa está com as mangas rasgadas, parecendo que foram arrancadas a força, além disso parte do tecido do torso também foi arrancando, não mostrando minha barriga mas deixando espaço para entrar vento. Já minha calça teve a barra arrancada até acima das minhas coxas, deixando minhas cicatrizes a mostra, e estou sem sapatos.

E aliás, estou sem celular, chave de casa, documentos e com nenhum dinheiro comigo...

Agora que penso, o que o motorista vai pensar ao ver esse meu estado?

Se ele perguntar, darei a desculpa de que estava em uma festa à fantasia no trabalho, que sou cosplayer ou sei lá como se chama isso, o que também vai justificar a nova cor dos meus olhos... Enfim, inventarei alguma coisa.

Devagar caminho até a calçada, tomando cuidado para não machucar meus pés nus pisando em alguma coisa, mas mesmo com tanto cuidado acabo pisando em algumas pequenas pedras, incômodas o bastante para me causar pontadas de dor.

Me lembro de algo de quando recebi e estive praticando as runas com Brian. Eu não preciso ter elas comigo para funcionarem, só que talvez o efeito será menor e mais fraco dependendo do que eu tente fazer.

Bom, acho que vale uma tentativa. O que tenho a perder agora?

Respiro fundo fechando os olhos, batendo as mãos a minha frente e as mantendo unidas. Da mesma maneira que já fiz tantas outras vezes, faço com que minha força flua pelo corpo indo aos braços, separando as mãos devagar tendo em mente o objeto que desejo.

Leva alguns segundos e escuto o barulho do objeto caindo ao chão, e abro meus olhos para me certificar se deu certo... E para minha felicidade, funcionou mesmo sem ter as runas comigo.

É pouco, mas é melhor um par de chinelos do que continuar andando descalça.

Cruzo os braços e olho de um lado ao outro, torcendo para que o motorista apareça o quanto antes. Não foi uma ideia muito boa esperar aqui em frente ao prédio, mas se fosse para Amanda, Ferdinand, ou então Brian me falarem mais algo, acredito que já teriam feito.

Essa situação toda só me faz entender que tudo já foi dito e não temos mais nada a falar. Essa é realmente uma despedida, e uma bem mal feita por sinal.

Eles quem escolheram dessa forma e não eu, então estou de consciência limpa quanto a isso... Só continuo me sentindo um pouco mal pelas coisas terem acontecido dessa forma, mas não tenho o que fazer agora.

Um carro entra a rua e vem avançando devagar, parando devagar conforme se aproxima. Confirmo a placa e o rosto do motorista que acabou de estacionar, vendo que é o mesmo que apareceu no aplicativo momentos atrás.

Entro no carro o cumprimentando, e ele corresponde de forma bem educada. Confirmo o endereço da minha casa e partimos, e apesar de ser difícil... Não olhei para trás nenhuma vez...

Suspiro encarando o portão de casa por alguns segundos.

Já tem um tempo que estou sozinha aqui do lado de fora. O motorista partiu rápido, quando falei sobre entrar em casa para pagar pela viagem, ele disse que já havia recebido, e partiu. Eu contava muito com ele esperando, para que eu usasse esse motivo como impulso para entrar em casa outra vez, mas agora estou sem saber como agir.

Não faço ideia de como as coisas estão do outro lado desse portão, qual o estado da casa, e o principal, como meus pais estão.

Não posso ficar aqui para sempre, e tomando coragem aperto a campainha algumas vezes. Não demora para a porta ser aberta e eu escutar passos chegando perto.

O portão é aberto, e vejo meu pai me olhando espantado – Clara...

Dou um meio sorriso, correndo para abraçar ele com toda a força. Para ele foi apenas um dia, mas para mim foi muito mais, a saudade que tenho agora não cabe no meu peito. – Voltei papai... – Sussurro apertando mais, e ele me abraça na mesma intensidade.

- Ficamos preocupados... – Me sussurra de volta fazendo carinho no meu cabelo. Ele afasta de mim, tocando meu rosto com ambas as mãos e observando meus olhos sem parar. Logo em seguida suas mãos vão para os rasgados no tecido da minha blusa – O que aconteceu filha?

- Várias coisas... Acho que tenho muito para contar. – Meus olhos vão aos meus pés.

Meu pai encosta o portão e vem a mim, pousando a mão sobre meu ombro me guiando para a porta de casa – Vamos, você conta lá dentro... Sua mãe está precisando te ver.

- Como ela está? – Essa é uma coisa que estive pensando desde ontem.

- Abatida, ansiosa e com sono, mas bem. – Ele me da um sorriso me olhando – Depois que terminamos a ligação, voltei para o quarto e ela estava acordada. Contei que você havia ligado, ela não conseguiu voltar a dormir.

- Tadinha, ela deve estar de cabeça cheia. – Dou um meio sorriso, chegando em frente a porta.

De todos, acho que ela deve ser quem mais ficou preocupada. Não apenas pelo fato de ser mãe, mas por ter visto as coisas acontecendo tão de repente, por ter a visão da própria filha fora de si a atacando, e logo depois por não ter notícias por horas... Isso, e por vários outros motivos que devem ter passado pela cabeça dela.

Respiro fundo e entro em casa, avançando devagar pelo corredor e entrando na sala, a encontrando sentada no sofá. Minha mãe está com uma expressão abatida e algumas olheiras, olhar baixo, o corpo para frente e as mãos juntas.

Ela percebe minha presença e me olha surpresa – Oi mamãe. – Sorrio a ela.

Minha mãe levanta do sofá, vindo até mim em passos largos, me abraçando com força com lágrimas nos olhos – Ah filha... – Sussurra em soluços.

A abraço de volta, sem deixar de sorrir por estar de volta. – Voltei... Desculpa por tudo que causei...

- Não se desculpe... – Ela me responde – A culpa não foi sua Clara.

Assinto devagar, e minha mãe se afasta de mim devagar, secando as lágrimas com as costas da mão e me olhando sem parar com um grande sorriso estampado no rosto.

- Como você está? – Minha mãe me olha de cima a baixo, novamente com uma expressão surpresa toma conta do seu rosto. – O que aconteceu com você?

- O pai me perguntou a mesma coisa – Digo sorrindo trocando um olhar com ele, que está bem ao nosso lado – Estou bem... Tudo acabou.

Meus pais trocam um olhar, e voltam sua atenção a mim.

- Posso voltar a minha vida normal. – Digo sorrindo. – Estou livre da entidade!

Os dois levam um tempo para conseguir processar a novidade, mas logo eles acabam tão animados como eu estou... Ou aparento estar. A verdade é que meus pais vibram muito mais que eu com a novidade.

Eles estão animados de verdade com isso, já eu... Estou "animada", talvez apenas sorridente.

- Como foi isso Clara? – Minha mãe pergunta.

- Aliás já comeu alguma coisa? – Meu pai questiona – Se quiser, preparo algo para comer agora.

Nego sorrindo, pegando os dois pela mão e puxando para o sofá – Só um café, mas isso fica para depois. Primeiro quero contar como foi tudo.

Meus pais apenas concordam, e nos sentamos no sofá. Eu em uma ponta e os dois virados para mim, me entregando toda sua atenção e claramente felizes por eu estar aqui, de volta em casa.

É bom se sentir assim, estar de volta sem temer. De volta com minha família e sem sentir o medo de que alguma coisa pode aparecer a qualquer instante e colocar a vida das pessoas mais importantes da minha vida em risco.

Não existe mais isso, eu me sinto leve. Estou leve. Me sinto bem.

O ar da casa parece muito mais leve também.

É bom estar em casa.

Sem esperar mais, começo a contar como foi tudo aos dois, sem esconder nenhum detalhe.

Uma agradável tarde com meus pais. Uma tarde que a muito tempo eu gostaria de ter passado, e finalmente pude realizar por completo. Uma tarde leve, tranquila, com muita conversa entre nós, risadas e um clima descontraído.

Essa foi uma tarde que pude respirar e me desprender completamente de tudo. Não tive preocupações com entidades sobrenaturais, ex-namorados enciumados, aulas atrasadas, guardiões, sentimentos confusos, brigas, tensões e medos escondidos...

Nada disso.

Hoje foi um dia livre de tudo, sequer pensei sobre isso. O que aconteceu essa manhã, agora parece extremamente distante de mim, não me sinto mais abalada pelos ocorridos.

E na verdade, prefiro que seja assim.

Desligo o registro do chuveiro, alcançando minha toalha e envolvendo meu corpo sem pressa, me ajeitando devagar. Essa toalha é macia e bem agradável ao corpo, mas preferia muito um roupão de banho, afinal poderia sair do banheiro um pouco mais coberta.

Passo os dedos apressados pelo meu cabelo, tirando boa parte da umidade e saindo correndo para meu quarto. Me secarei melhor por lá, e me vestirei o quanto antes.

Passo pelo topo da escada, escutando o som da campainha, mas ignoro pelo meu pai dizer que irá atender. Sem esperar, vou ao meu quarto, encosto a porta e me sento na beirada da cama, secando o corpo e pensando qual pijama escolher.

Hoje já é domingo... Eu não me lembro, será que tenho aula amanhã?

É bom eu tirar um tempo para estudar um calendário e me situar um pouco, por via das dúvidas já vou deitar para dormir. E aliás, sequer me lembrei do meu celular, não faço ideia de onde ele pode estar.

E preciso avisar Marina e também Letícia sobre meu estado... Isso se Jeniffer já não tiver mandado alguma mensagem avisando minha atual situação. Se tiver feito isso, irei agradecer bastante pelo favor.

Porque francamente... Parece que faz tanto tempo longe do meu quarto e das minhas coisas, que me sinto perdida.

Bem, pelo menos ainda me lembro onde estão as coisas no meu guarda roupa, e vou direto para onde estão meus pijamas. O clima está quente, então opto por pegar um pijama curto e bem mais confortável para essa noite. Apenas uma regata fina e um pequeno shorts, é o bastante.

Me visto devagar, jogando a toalha por cima do cabelo e secando apressada. Se ficar um pouco molhado, dou meu jeito depois.

Separo uma coberta e deixo sobre a cama, só esperando que eu me deite e durma, e enquanto meu sono não vem, me concentro em relembrar algumas coisas do meu quarto e ajeitar outras.

- Clara! – Ouço meu pai me chamando.

Estranho me chamando tão de repente e saio do quarto em passos largos, avançando pelo corredor até a escada – O que foi pa... – Paro de falar ao ver quem está parado na porta, olhando diretamente para mim.

Brian está aqui.

Travo no alto da escada, sem conseguir dar mais nenhum passo. Meu peito e pensamentos se confundem por completo e não sei o que sentir, não sei se desço para falar com ele ou se volto para meu quarto. Seja lá qual fosse minha escolha, não adiantaria muito porque minhas pernas não me respondem... E também porque Brian está subindo as escadas, sem tirar os olhos de mim.

- Clara... – Ele diz sério, parando a alguns degraus de distância. Por um curto instante corro os olhos por ele, Brian uma camiseta simples que demarca bem seu corpo, uma calça jeans e um par de sapatos discretos – Precisamos conversar.

Olho para baixo, e meu pai já não está mais ali, já voltou para a sala pra ficar com minha mãe, o que significa que sou eu quem precisa resolver isso agora.

Respiro fundo cruzando os braços – Conversar, sobre?

- Sobre hoje cedo. – Responde sério – Sobre tudo que aconteceu hoje.

- Acho que já não temos muito mais o que conversar. – Rebato apertando a boca – Aquilo foi uma despedida, não é mesmo?

Brian não me responde, mas permanece me olhando da mesma forma.

- Foi, mas... – Ele para um segundo – Não era pra ter sido daquele jeito, foi tudo muito rápido.

- Só pra você? – Arqueio as sobrancelhas, me virando a retornando ao meu quarto pisando forte.

Entro no meu quarto e antes que eu feche a porta, o guardião já está entrando no meu quarto, me impedindo de deixa-lo do lado de fora – Sei que não. Não é fácil para nenhum de nós.

Brian fecha a porta atrás de si, dando um suspiro e voltando a me olhar, porém ele não me diz nada. Passo uma mão impacientemente pelo rosto e volto a falar – Não foi fácil, e precisava agir daquele jeito? Vocês todos precisavam agir daquele jeito?

- Não sei Ferdinand e Amanda, mas fui pego de surpresa... Estava pensando em como as coisas seriam daqui pra frente. – Se justifica me olhando, deixando algumas sacolas que trouxe consigo atrás da porta, e voltando a mim.

- Tudo acabou. – Abro os braços olhando fixamente para ele – Voltamos a vida normal. Eu volto para a universidade, ao meu foco em arrumar um trabalho, e as preocupações normais... E pelo que entendi, você se recupera, volta a trabalhar, e nada de Ana Clara!

Ele cerra seu olhar a mim – Acha que é isso que eu quero?

- Foi o que me aparentou! – Rebato.

- Se eu quisesse mesmo isso, então por qual motivo eu teria te beijado? – Brian acabou de jogar muito baixo. E o pior disso é que não sei bem o que responder.

- Eu não sei, me diga você. – Volto a cruzar os braços – Por que?

- Porque eu já queria isso faz tempo, e não aguentava mais esperar por um momento certo que parecia nunca surgir. – E mais uma vez, não sei o que responder.

Ando de um lado ao outro no quarto refletindo o que dizer nesse momento, mas por mais que eu pense, não me vem nenhuma resposta certa. Um filme passa pela minha cabeça agora, de todos os momentos que eu e Brian passamos juntos, sejam os complicados, até os momentos em que fomos mais próximos.

- Você sabia que seria uma "despedida" hoje? – O encaro de canto.

- Não fazia a menor ideia. – Ele diz se aproximando de mim – Se eu soubesse, de forma alguma teria feito o que fiz.

- Não teria me beijado? – Às vezes pergunto o obvio, e nem sei o porquê disso.

- Não. – Responde hesitante.

Balanço a cabeça algumas vezes, entendendo seus motivos – Certo... E o que vai acontecer?

- Depois da minha recuperação, eu teria que encerrar nosso elo para que você pudesse voltar a sua vida normal. – Ele leva as mãos a cintura.

Assinto em entendimento. Apesar de tentar lidar bem com isso, saber que nosso elo será partido dessa maneira, como se não significasse nada, me atinge como um baque, e me machuca profundamente – Depois disso, seria cada um para seu lado... Você trabalhando, e eu com minha vida por não ter mais nada que me ligasse a você...

- Resumindo as coisas... Sim, seria exatamente isso – Brian suspira pesadamente – Por mais que essa não seja a minha vontade.

- E qual é sua vontade? Me fala, qual sua verdadeira vontade? – Encaro ele nos olhos – Porque eu me lembro bem, por várias vezes tudo que você e suas atitudes me mostravam era que me queria o mais longe possível.

- No começo essa era mesmo minha vontade, e você sabe disso. – Ele rebate – Não menti e nem te escondi isso. Eu queria você longe porque tudo que eu enxergava em você eram problemas e uma pessoa irritante, mas hoje já não é assim. Minha vontade é ter você perto de mim. 

Eu não esperava por isso. Sinceramente, não esperava por isso. Consigo enxergar nos olhos dele como está sendo sincero comigo e consigo mesmo, por isso não duvido de suas palavras.

- Sabe... – Começo a falar, e uma risada me foge – Eu não queria mais falar e nem lembrar, mas esse é um momento bem propício para conversar sobre isso com você. Eu estive pensando bastante essa manhã, sobre como as coisas aconteceram...

Brian fica estático, me seguindo com o olhar.

- Eu vi como passamos por situações arriscadas. Como estivemos perto da morte várias vezes, e agora tudo acabou. – Vou andando e paro de frente a ele – Só que eu entendi como tudo pode acabar em um piscar de olhos, tanto para você quanto para mim.

O homem cerra seu olhar – Onde quer chegar Clara?

- Simples... – Me aproximo um pouco mais – Das outras vezes sempre havia algum impedimento, um mal entendido, um relacionamento, riscos, sentimentos confusos. Sempre havia algo que impedia, mas agora não ligo mais para impedimentos... Estou livre da entidade, mas ainda posso morrer amanhã Brian. Por isso, decidi que quero viver e aproveitar o hoje sem me segurar mais.

Por um momento Brian continua me olhando, sem esboçar uma mínima reação. E na verdade, eu não esperava que ele tomasse alguma atitude, mas pelo menos gostaria de ouvir o que ele tem a dizer a respeito do que acabei de falar.

Ele pode ser muito bom enfrentando criaturas sobrenaturais, só que quando se trata de alguma interação como essa, Brian trava... Ele é tímido, não tem como esperar algo dele, fazer o que...

Mas independente disso, estou satisfeita por falar o que eu queria.

Reparo em um detalhe que me passou despercebido. Brian não está olhando para mim, mas sim de soslaio para a porta do meu quarto.

Acompanho seu olhar, mas não vejo nada. – O que foi? – Ergo uma sobrancelha sem entender.

- Escutando os barulhos próximos... – Ele diz, e seu olhar volta a mim. Brian avança envolvendo minha cintura e me puxando para perto de si de uma vez, juntando bem nossos corpos e tirando meu folego – E não escutei nada...

Não tempo de responder ou de sequer me recuperar da surpresa. O que tenho agora é meu coração batendo descontrolado, tenho seu corpo junto ao meu, seu rosto e boca bem próximos de mim, e os olhos de Brian sobre mim. Olhos sérios, porém determinados, focados, queimando na mais profunda intensidade.

E pela segunda vez hoje, nossas bocas se encontram me pegando completamente de surpresa, enlouquecendo meu coração e jogando todos os meus pensamentos para longe. Desta vez, tomados pela intensidade e por todo nosso desejo que até agora esteve reprimido.

Suas mãos firmes passeiam pela minha cintura, uma subindo a minhas costas e outra descendo e apertando minha bunda, ambas explorando meu corpo sem nenhuma timidez, e estou adorando. Envolvo os braços em seu pescoço e pulo em seu colo passando as pernas em torno de seu corpo. Brian me segura firme sem afastar nossas bocas, e em poucos segundos estou com as costas na cama aos beijos com meu guardião.

- Você tem razão Clara... – Brian diz em meio a nossas respirações descompassadas e nossos olhares conectados – Nossas vidas podem mesmo encontrar um fim no amanhã... Então, quero aproveitar meu hoje apenas com você.

- Parece que não sou a única quem aprende rápido por aqui. – Sussurro sorrindo, passeando os dedos pelo seu cabelo.

Voltamos desesperados aos nossos beijos. Minhas mãos correm pela sua camiseta, agarrando o tecido e tirando a peça, revelando o corpo definido do meu guardião, cada parte que desejei ter apenas para mim.

Suas mãos passam por baixo do tecido do meu pijama agarrando meu seio, seus dedos estimulam meus bicos que endurecem aos seus toques. Sua boca vai ao meu pescoço, sua língua passeia pela minha pele em um fio que me traz arrepios.

Meus gemidos escapam, Brian ergue a blusa do meu pijama e abocanha meus seios, puxando os bicos e soltando de uma vez, voltando a morder com mais voracidade. Meu corpo contorce de prazer apenas com isso e ainda mal começamos.

Uma de suas mãos desce lento pela minha barriga, chegando ao tecido do meu shorts e entrando, pressionando seus dedos por baixo do tecido da minha calcinha. Estremeço e respiro fundo arranhando suas costas de leve, movendo a cintura em seus dedos e gemendo com as mordidas, implorando por mais.

Brian passa sua língua por entre meus seios, subindo sua boca até a minha e me beijando, ao mesmo instante que seus dedos deslizam para dentro de mim. Prendo a respiração arqueando as costas, gemendo entre o beijo, movendo a cintura conforme meu guardião move seus dedos.

Ofego e Brian move seus dedos cada vez mais rápido, e me perco no calor desse momento. Abraço ele colando bem meu corpo ao seu, me permitindo sentir sua pele e todo o seu calor, desfrutando de finalmente ter esse momento com meu guardião.

Ele para de repente e com apenas uma mão, está retirando as últimas roupas que visto e joga pelo quarto. Ele desce meu corpo em beijos suaves enquanto não deixa de me olhar nos olhos, sua feição queima em desejo.

Tudo parece ir mais devagar agora, o momento em que ele abre minhas pernas e aproxima sua boca do meu corpo. Ele passeia a boca pelas minhas coxas, desferindo beijos e mordiscadas, meu corpo reage cada vez mais... Brian está me enlouquecendo e nem faz ideia de como.

A ponta da sua língua toca minha pele devagar, me atiçando e aumentando minhas expectativas para esse momento. Abraçando minhas pernas com firmeza, Brian junta sua boca ao meu corpo e sua língua me penetra de uma vez, porém sua intensidade é algo que eu não esperava.

Me contorço apertando o lençol, aperto os olhos com o prazer e tapo a boca para conter meus gemidos altos, mas isso parece que foi um convite porque Brian começa a sugar forte.

Agarro meu guardião pelo cabelo mantendo sua boca o mais colada possível, enquanto sua língua me invade mais uma vez indo fundo ao meu corpo. Meu corpo inteiro começa a suar pelo calor desse momento, e Brian não está pegando nem um pouco leve. Sua voracidade, a intensidade como sua língua se move dentro de mim, a força como suga meu corpo, é completamente surreal.

Ele para por um segundo, e tento respirar um pouco. Meu corpo está tremendo um pouco apenas com isso, e olho para o homem sem acreditar no que ele acabou de fazer.

Brian tira o cinto e abaixa sua calça, revelando sua ereção nesse momento, e sendo bem sincera, nunca imaginei que iria ficar tão maravilhada com o membro de um homem.

Eu estive esperando tanto por esse momento. Fantasiei tanto com isso, que agora um sorriso toma meu rosto.

Ele se aproxima se posicionando e preparando para me penetrar, e eu ansiosa, quero tudo o que ele tem a oferecer. Brian me segura pela cintura, entrando em mim aos poucos enquanto meu controle desaparece por completo junto a minha respiração.

Deitando sobre mim e segurando minhas pernas, Brian da uma primeira estocada. Grito pela força dele e o choque de prazer repentino, ele se afasta e me penetra de novo com a mesma intensidade e um novo grito me escapa.

Apertando suas mãos nas minhas pernas, ele aumenta seu ritmo em mim num vai e vem extremo. Antes de perceber estou gemendo sem parar, ofegante contorcendo o corpo e movendo minha cintura seguindo a intensidade do meu guardião. Não apenas eu, Brian solta gemidos em cada estocada em mim, respirando ofegante da mesma forma que eu.

Passo as pernas em torno de sua cintura o prendendo a mim, cravando minhas unhas em suas costas o arranhando. Ele arfa enfiando tudo de uma vez de surpresa, quebrando seu ritmo, e só agora posso sentir ele pulsando dentro de mim sem parar.

Seu olhar se une ao meu, aproximando de mim e me beijando. Um beijo quente e explosivo, voltando a se mover forte me tirando novos gemidos entre nossos beijos. Minha cama range e nós dois gememos juntos desfrutando, eu já estou perto do meu limite, suando com nosso sexo, ansiando pelo clímax, mas Brian continua com a mesma força, o mesmo fogo, em estocadas explosivas que nunca senti antes... Apesar de ofegante, Brian sequer está suando.

Coloco as mãos em seu ombro e o empurro, respirando fundo com meu corpo já sem forças. Minhas pernas, braços, tudo está tremendo, perdi totalmente o controle da minha respiração agora, e levo um tempo para me recuperar.

Brian me olha confuso, e agora é minha chance. O seguro firme girando nossos corpos, o deitando na cama tirando seu folego com o impacto, passo as pernas sobre seu corpo e monto no meu guardião sem deixar que me penetre outra vez. Ele que pensa que vai ditar as regras aqui.

- Minha vez de mandar... – Sussurro ofegante sorrindo de canto, e seu olhar surpreso se torna quente, repleto de desejos.

- Como queira... – Ele sussurra de volta, levando as mãos as minhas pernas, subindo a minha cintura devagar, me olhando em desafio – Tente ter o controle garota.

- Não deveria me provocar garoto... – Sorrio mais curtindo nosso momento, retirando suas mãos da minha cintura e as colocando de volta na cama o segurando firme – Não pode me tocar.

Não o permito responder, movendo minha cintura devagar sobre ele. Brian geme e respira fundo, e movo mais forte, esfregando meu sexo no dele, rebolando do melhor jeito que sei e mordendo meu lábio. Sentir ele pulsando de vontade é algo que me faz enlouquecer. Ele até tenta mover as mãos, mas continuo o segurando.

- Se comporte... – Sussurro chegando meu rosto perto do dele, dando um selinho nele.

Ainda perto, vou movendo a cintura mais devagar, rebolando e me movendo como se estivesse sentando algumas vezes nele, e estou conseguindo seduzir bem meu guardião.

Desço a mão pelo seu corpo, correndo as unhas pelo peito, o abdômen bem definido, até chegar onde mais desejo, ereto e pulsando firme. O agarro, fazendo vai e vem devagar, e aos poucos intensifico os movimentos aproveitando cada reação de prazer dele.

Me ajeito na cama e vou aproximando, segurando sem membro firme e tendo seu olhar curioso sobre mim. Passo a língua pelo corpo rígido, saboreando como sempre quis fazer, subindo e descendo novamente, aperto um pouco a mão e vou masturbando meu guardião que pulsa sem parar para mim, me convidando a levar tudo e boca e tentar o melhor oral que posso fazer, e é isso que faço.

Passeio a língua pela ponta, sugando a cabecinha e levo tudo que consigo a boca, escutando o arfar de Brian em cada ação minha. Intensifico mais e mais os movimentos com minha boca, mesmo que não consiga colocar tudo, o que consigo é o bastante para que eu cause prazer nele.

Agarro firme fazendo vai e vem com a boca, brincando com a língua e chupando tudo que posso, e ter ele deslizando na minha boca é muito mais excitante do que eu esperava, quero fazer isso mais vezes, muito mais vezes.

Não aguento as minhas próprias vontades e paro o oral, voltando a montar sobre ele. Me ajeito em seu colo, sentindo deslizando tudo para dentro de mim. Arfo devagar, e um choque me corre com ele pulsando dentro de mim. Apoio minhas mãos sobre as pernas dele, movendo a cintura para frente e trás, rebolando com vontade, fazendo questão de sentar nele com toda a força, e nossos gemidos são a prova que estou fazendo um ótimo trabalho.

Brian se senta e seu olhar vem a mim, me admirando e me desejando cada vez mais, e apesar de sua nítida vontade, ele ainda cumpre meu pedido de não me tocar. Apoio as mãos em seus ombros ganhando mais estabilidade e me movendo com tudo que tenho, recompensada pelos nossos gemidos e os sons do meu corpo se encontrando com o dele repetidas vezes... E mesmo não estando recuperado, ele ainda não está nem suando.

Meu Deus, esse homem não é humano, e sim um monstro.

Me movo uma última vez, me segurando para não chegar ao meu limite. Abaixo devagar sentindo ele deslizando até estar por inteiro dentro de mim, passo os braços em torno de seu pescoço e o beijo desesperada. Brian me envolve pela cintura retribuindo cada beijo na mesma intensidade, e antes que eu volte a me mover, faço algo.

Tento me concentrar como posso nesse momento, e ativo a runa da sensação nele para torná-lo mais propenso ao prazer e chegue ao limite o quanto antes... É isso, ou ele vai acabar comigo, e ainda vai ter muito gás sobrando.

Movo a cintura outra vez, e agora Brian arfa com muito mais intensidade que antes, erguendo seu rosto, apertando os olhos e cerrando os dentes, até seus braços me envolvem com ainda mais força que antes.

Sorrio satisfeita, movendo a cintura com força outra vez, me aproximando e abocanhando o pescoço dele, mordendo e desferindo chupões leves em sua pele, movendo a língua e mordendo mais, sem parar de mover sem dó.

Suas mãos descem a minha bunda, me segurando firme e puxando mais forte para si. Grito com a explosão de prazer e todo o calor que toma conta de mim, eu quero isso, quero mais. Ele está me segurando firme, movendo seu corpo junto ao meu, a força dele continua a mesma, a voracidade e nosso desejo se combinam. Não é meramente sexo, é nosso desejo reprimido que finalmente está fluindo depois de tanto tempo, nosso momento a sós sem impedimentos, nosso confronto pessoal, nosso desafio.

Gosto de ter o controle, e Brian me desafia. Me contesta sempre que pode, me tira do controle e faz com que eu tente obtê-lo outra vez, ele me instiga a isso e gosta de me ver tentando, e gosto do desafio de tomar o controle de volta... E agora não é diferente, travamos mais essa batalha, uma em que nós dois nos enfrentamos e nos desafiamos sem palavras, apenas com nossos corpos e nossos desejos, e sairemos ganhando juntos no fim.

O calor cresce dentro de mim a cada instante, me entrego a loucura do prazer em cada momento, tentei resistir ao máximo mas não consigo. Meu corpo queima, pulsa cada vez mais, quero atingir esse limite com ele.

Meu corpo pulsa uma última vez, um gemido rouco escapa pelos meus lábios e meu corpo treme. Mordo seu pescoço com força, apertando as unhas nas suas costas e puxando forte, e meu guardião não para... Ele continua forte, explosivo, intenso, entrando e saindo sem se conter.

Perco completamente meus pensamentos, tudo que consigo e quero é sentir e sentir mais, meu corpo mal se move mais, mas se contorce pelo prazer, desfruta mais da sensação que está em seu pico mais alto.

Brian geme baixo, e seu movimento perde o ritmo, mas não a força. Ele pulsa sem parar e posso sentir que ele atingiu seu ápice, o calor dele despejando e fluindo para meu corpo, e mesmo agora, estou delirando e eufórica com essa sensação maravilhosa.

Ele respira fundo junto comigo, trocamos um olhar e sorrimos um ao outro, nos aproximando e trocando um novo e suave beijo. Sem rompermos nossos beijos deitamos juntos.

Encosto o rosto no ombro bom dele, passeando os dedos pelo seu peito. Apesar do momento calmo, nós dois ainda estamos ofegantes – Vou aceitar que foi um empate... – Sussurro rindo.

- Não foi, você trapaceou. – Ele me responde brincando, passando os dedos pelo meu cabelo.

- Por que diz isso? – Olho para ele, tentando fingir inocência.

- Usou a runa da sensação em mim, acha que não notei? – Ele sorri.

- Está me acusando de forma injusta. – Digo manhosa, e me viro de costas para ele. – Não foi trapaça, eu só... Equilibrei as coisas... Nós empatamos sim.

Ele ri, passando a coberta sobre meu corpo até a altura do ombro, me abraçando pela cintura e colando seu corpo ao meu, beijando minha nuca de um jeito carinhoso. – Então precisamos desempatar.

- Que tal agora? – Olho para ele por cima do ombro de forma bem sugestiva.

Ele pode ter acabado de chegar lá, mas ainda assim consigo sentir bem na minha bunda que meu guardião continua duro como uma rocha... E o pior é que estou amando isso de um jeito inacreditável, ele não sabe como me mantém excitada com isso.

Estou virando uma pervertida completa em apenas uma noite... Não que eu já não fosse antes.

- Você aguenta? – Me ergue uma sobrancelha.

- A pergunta aqui é se você aguenta garoto... – Provoco sorrindo.

- Se certa pessoa não "equilibrar as coisas" de novo... Não é garota? – Ele devolve.

Sorrio dando um selinho nele, empinando devagar minha bunda para ele, me preparando para recebe-lo mais uma vez enquanto meu guardião se posiciona, entrando em mim mais uma vez.

Respiro fundo mordendo meu lábio, aproveitando ele dentro de mim mais uma vez. Definitivamente eu quero dormir assim hoje – Acho que vamos descobrir se aguentamos agora.

- Concordo com você Clara. – Me responde, enquanto trocamos mais um beijo, calmo que aos poucos se torna repleto de paixão ardente e desejos quentes como o fogo.

E por mais uma vez essa noite, nos envolvemos em nosso momento e nosso prazer, longe de tudo e todos os problemas que nos cercaram até agora.

Se eu morrer amanhã, então com certeza estou feliz hoje.

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