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Capítulo 27 - Passeios litorâneos

9000 Palavras

Um longo bocejo me escapa, combinado ao meu extremo cansaço nesta manhã.

Diferente do meu planejado para essa última noite, mas as coisas acabaram acontecendo de um jeito um pouco diferente. Eu queria apenas dormir para descansar tudo que pudesse nessa madrugada, e quem sabe explorar a casa quando acordasse de manhã. Mas quando entrei, todas estavam bem animadas. Muito diferente do grupo de amigas sonolentas que saíram daquele ônibus de viagem.

Não entendi de imediato o que estavam querendo, mas logo Letícia me comentou sobre irmos ao tal restaurante que Gabriel havia nos dito na noite passada, assim que nos deixou aqui nessa casa. Até queria resistir a isso, cair na cama e ficar dormindo, mas meu lado que ama uma farra falou mais alto, então corri para um banho rápido para despertar, e logo estava pronta para sair.

Afinal, estamos na praia em viagem, e sabe-se lá quando poderemos viajar juntas outra vez, por isso é importante aproveitarmos para nos divertir em todos os momentos que conseguirmos.

Fomos nos guiando pela música que tocava sem parar, e para minha surpresa, o lugar era bem maior do que eu imaginei e estava bem cheio, e fica bem de frente com a praia. Viramos a madrugada ali, entre brindes, bebidas, risadas, música bem alta junto de cantoria, e também porções de frutos do mar.

Não sei que horas saímos de casa, e muito menos que horas voltando. Não estava bêbada como em vezes anteriores, mas sei que estava meio alta e não lembro de muitas coisas. O pouco que me lembro é que estava escuro ainda, e também ventava frio. Devia ser umas três da manhã, ou algo assim.

Neste instante estou aqui na cama, encarando o teto e em meio a penumbra já a alguns minutos, sentindo minha cabeça explodindo. Que ótimo, mais uma ressaca para a minha coleção.

Agora é sério... Eu nunca mais vou beber.

O lado bom é que temos apenas nós aqui e está um total silêncio. Tenho a certeza que todas estão dormindo ainda, o problema é que não sei que horas são, perdi totalmente a minha noção do tempo.

Saio da cama e caminho com cautela para a beirada da cama onde minha mala está, evitando ao máximo fazer algum barulho. Uma coisa que respeito é o sono alheio, não gosto de acordar porque alguém está fazendo alguma bagunça, e imagino que outras pessoas também não gostem.

Pego algumas roupas junto a uma toalha, e vou ao banheiro para um banho rápido. Aproveito para deixar a água bem gelada, o suficiente para que me faça despertar.

Pensei primeiro em levar pouco tempo no banho, apenas o bastante para me despertar e tirar boa parte do suor dessa madrugada, mas acabo tomando um banho completo tanto pela viagem que fizemos quanto pela ida ao bar. Bom que agora, terei mais disposição para ver tudo que tem nessa casa.

Deixo o banheiro já vestida, passando pelo quarto onde todas dormem, e explorando a casa. Passo primeiro no quarto, deixando minhas roupas usadas na ponta da cama bagunçada, olhando minhas amigas ainda apagadas de sono, e logo dou meia volta, as deixando descansar.

Vindo pelo corredor, a sala é o primeiro cômodo novo que vejo, mas não o primeiro que acesso. A minha direita está uma mesa de jantar e seis cadeiras, todas de madeira escura. Parecem simples, mas existe uma clara elegância nesses móveis.

No lado oposto do corredor, existe a porta para a cozinha que é por inteira tomada por tons brancos, desde o chão, as paredes, os armários a geladeira, fogão, micro ondas, e apesar de não ver nenhum eletrodoméstico, acho que eles também possuem tons claros.

Limpar essa cozinha que deve ser um pesadelo.

Sigo meu caminho e vou para a sala. Ela é ampla, a primeira coisa que me chama a atenção é um imenso sofá de canto que toma boa parte de duas paredes, sobre o Rack impecavelmente decorado está uma gigantesca televisão, arrisco ser uma daquelas de 75 polegadas. Além disso, existem várias caixas de som espalhadas no alto.

Outra coisa que chama a atenção é um largo armário com amplas portas de vidro. Guiada pela curiosidade me aproximo para ver melhor, e na hora deixo minha primeira impressão de lado. Isso está mais para uma adega, e de uma pessoa muito bem de vida.

A quantidade de variadas garrafas de bebidas e diferentes rótulos aqui é impressionante para mim. Vodcas, rum, conhaques, tequilas, vinhos, uísques americanos, canadenses e escoceses, algumas dessas coisas tem mais de 30 anos. Outros nem apresentam uma idade, mas os formatos das garrafas são tão únicos que claramente valem o mesmo que uma viagem completa ao exterior. 

Alguns deles eu nunca vi na vida, nem imaginava que poderia existir.

Que tipo de homem Gabriel deve ser?

E aliás, por quantos lugares ele deve ter passado para conseguir acesso a tudo isso? Ele seria algum tipo de ricaço milionário, tipo aqueles CEO dos filmes e livros?

Estou simplesmente boba com tudo isso que estou vendo.

Vou é manter distância disso. Só irei tocar em uma dessas coisas caso eu tenha alguma autorização, que obviamente não terei.

Existem uma porta de madeira aqui na sala, onde deveria haver uma janela, além de uma escada indo para o andar de baixo bem entre a sala e a mesa de jantar. Se me lembro bem, essa escada leva para a garagem da casa.

Sigo para a porta e a abro devagar, permitindo que a luz matinal entrar em casa e iluminar tudo. Avanço devagar para a sacada, tendo uma vista privilegiada da rua e também, se eu me esticar um pouco na ponta dos pés, consigo ver a praia. Está quente e aconchegante, gosto desse clima, além disso ao longe, posso ouvir bem o som agradável do mar. Essa praia está me chamando.

Olho para o alto vendo algumas cordas. Aproveito para estender minha toalha e volto para a casa. Ao entrar, acabo percebendo nossos celulares sobre o sofá, todos ligados aos seus respectivos carregadores, e largado junto deles estão as chaves da casa.

Vou ao meu e desbloqueio a tela, percebendo que ainda não passa das 7 da manhã.

Aliás, tenho uma quantidade bem alta de ligações perdidas, mas isso vejo depois, e logo vou para meu aplicativo de mensagens. Uma lista de conversas com mensagens não lidas surge na tela, porém uma em específica que está logo no topo chama minha atenção a ponto de me fazer ignorar todas as demais mensagens... Mas me chama a atenção de uma forma desagradável.

São mensagens não lidas do Ricardo.

Mas... Não... Não... Por que isso agora? Por que ele resolveu reaparecer?

Toco na imagem dele, e uma sensação de saudade invade meu peito e faz meu coração bater descompassado. Minhas mãos tremem apenas em rever este rosto que por muitas vezes me causou tantas coisas, entre sentimentos bons, ruins, e agora parece ter arrancado meu chão.

Toco a mensagem e leio, sem saber o motivo de ainda não ter apagado isso.

Ricardo: Oi... Tudo bem Clara?
Ricardo: Eu sei, estive sumido, não me justifiquei...
Ricardo: Fui a sua casa essa noite, mas seus pais só disseram que você não estava.
Ricardo: Te liguei, mas você não me atendeu...
Ricardo: Imagino que a essa altura, você me odeie. Talvez nem queira mais saber de mim por só ter sumido como fiz... Desculpe Clara...
Ricardo: Pensei em você todos esses dias, em cada momento senti sua falta... Mas... Não sabia com que cara iria falar com você, ou o que poderia te dizer.
Ricardo: Quando tiver um momento, podemos conversar?

Pisco algumas vezes enquanto leio e releio cada uma dessas mensagens. Um suspiro doloroso me escapa, e me sinto estranha. Profundamente estranha. Deixo meu celular sobre o sofá, agarro a chave e sigo em direção a escadas, descendo apressada.

Destranco a porta e saio, apenas a encostando atrás de mim. Atravesso a garagem e com toda a pressa que tenho, abro o portão e o tranco, caminhando apressada em direção á praia.

Preciso andar, preciso muito de ar puro.

Caminho em direção à praia, o som do mar está mais calmo do que a momentos atrás, não está ventando, aumentando a leve sensação de calor que a luz matinal me proporciona. Não ouço vozes, carros, nada, está tudo a mais perfeita calma, e para melhorar, a praia está bem vazia. Pelo que vejo, existe apenas um rapaz parado não muito longe de mim.

Ele está de pé com os braços cruzados, olhando fixamente para o mar em um olhar perdido. Pela sua expressão atual, ele também não parece estar em um momento nada bom.

Acho que em qualquer outro momento eu poderia me aproximar e ver se está tudo bem, mas como posso fazer isso logo hoje, que também não estou bem?

Retiro meus chinelos e caminho pela areia não muito quente, mas agradável ao toque. Um novo suspiro me escapa, e me sento ao chão, voltando meus olhos para o mar, buscando aplacar toda a sensação estranha que carrego dentro de mim.

É agoniante, o aperto que sinto no peito me sufoca, piorada pela enxurrada de pensamentos que tenho após as mensagens de Ricardo. Cada batida do meu coração dói, e é uma dor que não consigo aliviar.

Por que isso agora? Por que estou sentindo isso? Reagindo desta maneira?

Já faz tanto tempo desde a última vez que vi seu rosto, que pude ouvir sua voz, ou então que tive notícias vindas dele mesmo, as únicas notícias que tive vieram de terceiros mostrando uma tentativa de traição... Mas mesmo assim...

Por acaso eu não consegui superá-lo de fato? Por acaso ainda tenho sentimentos por ele, e esses sentimentos que agora estão voltando e me machucando?

Eu não quero, mas estou pensando nele, a cada segundo a imagem dele se torna mais forte em minha imaginação, estou pensando no rosto dele, na presença dele, os momentos que Ricardo e eu tivemos juntos... Nossos sorrisos, nossos momentos bons e ruins, como eu era feliz com ele.
Por que estou assim? Por que?

Eu deveria odiar Ricardo. Deveria odiar ele com todas as forças e querer o máximo de distância possível desse homem, mas não consigo. Uma parte de mim sente saudades, deseja ouvir sua voz, sentir seu abraço, sua presença, seus beijos.

Meu coração dói por ele ter me abandonado, dói por sua tentativa de traição e talvez por outras tentativas que ele pode ter feito... Mas também dói de saudade, pela falta que ele me faz todos os dias, e por cada um dos momentos que tivemos juntos.

Uma lágrima solitária cai pelo meu rosto junto a um soluço, enquanto tento em vão afogar dentro de mim toda a vontade de chorar. Tudo dói agora, tudo se tornou confuso, apenas algumas mensagens me abalaram dessa forma, mas não é possível.

Abraço meus joelhos e escondo o rosto, fechando os olhos. Tenho que esquecê-lo. Tenho que esquecê-lo, deixar Ricardo e tudo que ele representa para trás. O que nós fomos precisa ficar para trás, o que ele significa precisa ficar para trás...

Tudo que sinto por ele, a forma como meu coração ainda bate por ele... Precisa ficar para trás.

Se convença disso Clara... Se convença, ele me deixou antes, por isso devo fazer o mesmo que ele. Devo só deixar Ricardo e tudo que fomos para trás. Eu não dependo dele, eu não preciso dele, não preciso de ninguém para me apoiar e seguir com minha vida e lidar com meus problemas.

Posso me virar sozinha, não preciso do Ricardo...

Não preciso...

Repito isso, mas parece que não adianta. Seu rosto continua na minha mente. As lembranças que tenho de nossos momentos juntos continuam saltando nos meus pensamentos.

Minhas mãos tremem com cada lembrança, com cada sorriso dele, cada lindo sorriso do Ricardo, com a lembrança de sua voz e suas risadas, de como me fazia rir. Essas lembranças apertam meu coração mais e mais, a dor dentro de mim é insuportável, meus olhos pesam que não consigo mais conter as lagrimas dentro de mim e cedo a toda a vontade de chorar.

Essa maldita parte dentro de mim... Mesmo sabendo que não preciso, ainda quer ele presente na minha vida. Como uma parte de mim pode ser tão burra por ainda querer ele?

Isso... É por causa dos sentimentos que ainda tenho guardados dentro de mim?

É isso que os sentimentos nos causam? Dor? Incomodo? Tristeza?

Passo as mãos pelo rosto secando minhas lagrimas, respirando fundo de uma vez.

Não posso deixar isso me abater desse jeito, não posso de jeito nenhum. Esse é meu primeiro dia de viagem com minhas amigas, não posso deixar que essa viagem toda seja estragada por causa que a sombra de um passado recente voltou para me atormentar.

Aliviar a cabeça, viemos para essa praia longe de tudo justamente por isso. Para esquecermos os problemas, da faculdade, do trabalho, da entidade... Para esquecermos de todas as dores de cabeça que nos rodeiam, viemos para cá com o objetivo de descansarmos a cabeça de tudo que tem nos estressado nos últimos dias, respirar em paz e com leveza.

Foi apenas uma mensagem e mais nada. Ricardo só voltou a aparecer, me fez lembrar dele, dos nossos momentos, e de tantos sentimentos que agora se misturam dentro de mim. Não deixarei que isso me abale... Não deixarei...

Eu digo isso, mas eu não sei até onde consigo acreditar nelas. Palavras são coisas muito fáceis de serem ditas ao vento, mas acreditar nessas palavras é um trabalho muito mais difícil. Neste momento não consigo acreditar no que eu mesma disse.

Tudo o que consigo agora é chorar, desolada com toda a dor que abala meu coração e me trás cada vez mais tristeza. Mais e mais lágrimas correm pelo meu rosto em soluços que falho em guardar para mim. Eu achava que a essa altura, o tempo já teria curado essa minha ferida, mas não imaginava que pudesse estar tão aberta... Muito menos que ainda pudesse me doer tanto.

Não quero que minhas amigas se preocupem comigo, ou que me vejam chorando. Por isso quando voltar, tentarei ao máximo parecer bem para não preocupá-las.

Disfarçarei ao máximo que quero correr para o quarto, ficar lá trancada, me esconder debaixo das cobertas e ficar o restante dessa viagem chorando no escuro, quietinha no meu canto sem incomodar ninguém em nenhum momento. Em outro momento, quando estiver mais calma, contarei tudo para elas...

Mas não agora, simplesmente agora não posso, não sei como encarar minhas amigas com essa cara inchada de tanto chorar... Preciso me acalmar antes. Irei chorar tudo que precisar até finalmente me acalmar, e só então voltarei para casa.

Não quero e nem vou estragar a viagem de ninguém.

Respiro fundo, soltando todo o ar pela boca. Aperto meus lábios enquanto encaro o mar, o problema é que até o mar me trás lembranças de Ricardo, de promessas que ele fez para mim várias e várias vezes. Promessas que foram cumpridas, se tornaram momentos únicos nossos e também novas promessas entre nós.

Eu sou uma pessoa muito idiota.

Essas lembranças permanecem firmes na minha mente, indo e vindo sem parar. Tipo a vez que ele me prometeu uma fugida para a praia para assistirmos ao pôr do sol quando eu menos esperasse. Dito e feito, ele precisou esperar só uma semana e eu já havia me esquecido, Ricardo me buscou na faculdade e fomos para a praia assistir não só o pôr do sol, como também ter um jantar tranquilo, e logo depois olhar a lua e contar as estrelas em meio a sorrisos e carinhos.

Aquele momento, quando nos encostamos no carro abraçados olhando para o alto, criamos todo um ambiente onde não parecia existir um mundo à nossa volta. Não existiam barulhos, pessoas, problemas. Não. Não existia tensão sexual, desejos ou malícia escondidas por detrás de um carinho ou de um abraço tão acolhedor que me deixava tão segura, não...

Éramos apenas nós e mais ninguém, como duas crianças dentro de seu mundinho particular e feliz, curtindo um momento que parecia um sonho de tão bom.

Essa é uma das várias lembranças que faz ser tão difícil esquecê-lo, e que no agora, me fazem chorar em silêncio enquanto observo o quebrar suave das ondas do mar, tão parecido com aquela nossa noite na praia.

Fecho meus olhos, tomada por tantos sentimentos. Angustia, dor, saudade, e principalmente tristeza que assola meu peito e meus pensamentos. Por mais que eu tente, a tristeza não vai embora e minhas lagrimas continuam a cair.

Devagar me ponho de pé novamente, olhando para o mar uma última vez. Quero ficar aqui por mais tempo, deixar com que tudo flua para fora de mim, mas ao mesmo tempo não quero preocupar minhas amigas caso elas acordem e não me encontrem.

Daqui a algumas horas, voltarei para cá, mas não será para chorar sozinha. Voltarei para me divertir com minhas amigas, como viemos fazer. Até lá, estarei bem.

Já passei por muitas coisas, sou capaz de passar por isso também.

Antes de me virar para finalmente voltar, olho em volta por uma vez. Mas agora, não com olhos de alguém que precisa espairecer, apenas quero admirar o lugar.

A praia continua bem deserta com exceção de uma ou outra pessoa, e de certa forma isso é bom. O sol desta manhã está agradável, aquece e acolhe de uma maneira suave, e logo uma brisa toca meu corpo.

A calma existente aqui, em momentos normais, é o que a maioria das pessoas poderiam desejar para fugir de seus dias mais agitados. Sem correria, bagunça, sons de carros ou música muito alta.

Claro, ainda é bem cedo, e não sei como será no decorrer do dia, mas ainda assim, aqui é bem calmo. Quero ver daqui a algumas horas se essa praia é ou não muito cheia.

Me viro e sigo de volta para casa. Por curiosidade, viro meu olhar na direção que aquele rapaz estava antes. Ele continua como antes, na mesma postura e com seu olhar perdido direcionado ao mar... Arrisco dizer que está ainda pior que antes, o ar em torno dele parece mais pesado.

Agora que o olho melhor, sinto que já posso ter conhecido ele antes, mesmo nunca tendo visto seu rosto em nenhum momento.

Olho bem para ele, é alguém que parece ter minha idade, o tom de pele não muito clara, os longos cabelos cacheados caindo em volta do rosto, um olhar cansado, e um porte físico que não tem nada de especial nem chama nenhuma atenção para si.

Não sei de onde, mas algo me faz sentir isso, que já o conheço... Que já o vi antes.

Parecendo sair de um transe, ele olha diretamente a mim por alguns segundos, que me faz parar de andar. Não sei meus motivos, mas apenas permaneço onde estou, olhando para ele. Aos poucos, o olhar do rapaz cai pelo chão, e retornam ao oceano, e me permito voltar a andar.

Duas coisas passam na minha mente agora. Por que me senti tão abalada em ver um desconhecido daquele jeito, e o que poderia estar se passando em seus pensamentos.

- E então meninas? Praia? – Marina diz animada, pegando algumas sacolas e levando ao ombro.

- Agora se possível. – Letícia comenta em um riso animado, lançando alguns potes de protetor solar na pequena bolsa que leva. – Esquecemos de algo?

- Acho que não. – Digo relembrando todas as coisas que pegamos – Vamos ver, pegamos as toalhas, já passamos os protetores mas estamos levando para passar uma segunda vez se for preciso, minhas runas também estão nas sacolas. Acho que é bom levarmos só um celular, os demais deixamos em casa.

- Levarei o meu, está com carga máxima. – Tamires diz pescando seu celular do carregador e seguindo para a escada.

- A última fecha a porta – Marina diz brincalhona me olhando, enquanto já desce as escadas junto a Letícia. Acabo concordando com a cabeça, seguindo atrás delas.

Desde o momento que cheguei em casa, me ocupei em assistir televisão para me distrair até que todas acordassem. Por sorte consegui me acalmar e escolhi deixar aquela mensagem arquivada no meu celular, e me foquei apenas em curtir o dia com minhas amigas.

Quando voltar de viagem, me preocupo em cuidar de tudo.

Quando acordaram, eu já estava me sentindo bem melhor. A verdade é que elas tinham mais a se preocupar com algum vestígio de choro que eu poderia ter tido, afinal estavam mais ocupadas em controlar a leve ressaca com a empolgação de irmos logo para a praia.

Tranco as coisas e sigo de encontro com todas, e caminhamos tranquilamente para a praia. Está bem mais quente agora, e ainda são só nove horas da manhã. Viemos em um ótimo período para aproveitar o mar, o mar deve estar maravilhoso.

As acompanho, observando enquanto conversam animadas sobre como estavam ansiosas. Ver isso nelas me tira um sorriso animado, e em uma curta caminhada já alcançamos a praia. Está cheia, mas não a um ponto de ser desagradável. Tem algum espaço para conseguirmos nos instalar e tomar sol.

- Olha só quem apareceu para curtir a praia. – Ouço uma voz grave ao nosso lado, chamando nossa atenção de imediato.

Não muito próximo de nós, Gabriel está nos observando por trás de um óculos escuros, sentado sobre uma esteira de praia vestindo apenas uma bermuda de praia bem folgada, nos permitindo uma visão nada discreta de seu corpo.

Eu já tinha noção de que seu físico era forte, mas agora que vejo sem camisa e apenas com uma corrente prateada em torno do pescoço, a noção se tornou uma certeza total.

Gabriel tem um corpo realmente muito bem definido e bem distribuído sem nenhum exagero, talvez sendo maior e mais bem definido que o próprio Brian. Além disso, algo que eu não tinha ideia era a grande tatuagem de um par de asas em suas costas, e tribais pegando a lateral de sua barriga e peito que se assemelham a chamas.

Acabamos nos aproximando dele, e ele nos observa com um sorriso amigável, enquanto retira o óculos do rosto e deixa de lado, nos observando sem parar. Pelo que vejo, ele está com o corpo molhado e o short está grudado ao corpo, seu cabelo está todo jogado para trás criando um contraste invejável entre os tons chocolate e branco de suas mechas de cabelo, e sua barba se encontra quase na mesma situação.

Preciso admitir, ele é um homem que chama muita atenção para si, sem precisar fazer nada.

Ao seu lado está um largo guarda sol com uma espreguiçadeira logo embaixo. Existe um cooler entreaberto próximo do homem, com uma toalha e uma camiseta igualmente brancas dobrada sobre a tampa.

- Ah, se importa se ficarmos aqui perto? – Letícia diz em um fio de voz, que por muito pouco não consigo escutar.

- Claro. Fiquem à vontade. – Ele diz rindo, voltando seu olhar para o mar. Aproveitamos essa deixa e esticamos nossas toalhas pela areia. Continuo atenta a ele, e noto seus olhos indo ao cooler e logo retornando a nós – Se quiserem beber algo, podem se servir.

- Acho que serei cara de pau e me servir sim. – Marina diz rindo já retirando sua camiseta e lançando sobre o ombro, chegando próxima e pescando uma lata de cerveja. – Muito obrigado meu potencial novo melhor amigo.

- Se controla Marina! – A repreendo fazendo careta, mas logo dou um sorriso de diversão.

- Que foi Clara? Acha que vou negar uma gentileza dessas? – Ela diz com as sobrancelhas no alto, voltando sua atenção a ele – Meu obrigado, você é um homem muito gentil.

Gabriel apenas nos observa dando risadas gostosas, balançando a cabeça negativamente por algumas vezes – Disponha Marina.

Sento sobre minha toalha, logo retirando a camiseta que uso e meu short jeans, os deixando sobre minha sacola. Acabo lançando um olhar para o homem, esperando que ele estivesse com seus olhos sobre nós com alguma segunda intenção, mas não é isso que encontro. Ele continua serenamente olhando para o mar, indiferente com a bagunça que fazemos.

- Está aqui na praia muito tempo? – Marina questiona olhando o homem, já deixando suas roupas junto as minhas e se sentando ao meu lado.

- Mais de uma hora, no mínimo. – Ele responde pensativo, pescando um pequeno cantil em tons prata do cooler e dando um pequeno gole, voltando seu olhar a nós – Gosto de vir cedo para a praia. Posso aproveitar ao máximo cada segundo.

- Você parece gostar muito da praia. – Letícia comenta, permanecendo de pé.

- realmente. Costumo vir a Ubatuba a cada quatro meses para ver a situação das casas. Algumas vezes, quando estou muito ocupado no trabalho, são alguns familiares quem vem para cá. Eles adoram. – Ele nos observa uma a uma – Sempre que venho, fico na cidade por pelo menos uma semana, tanto para verificar as casas quanto descansar um pouco longe de todo o estresse da capital.

- E você trabalha com o que exatamente? – Tamires questiona, permanecendo de pé ao lado de Letícia enquanto se alonga.

- Trabalho como vice diretor financeiro em uma multinacional com sede na Espanha, almejo a diretoria até o próximo ano... Administro seis restaurantes junto com um amigo, e nas minhas horas vagas faço consultorias, além de investir em ações, além de trabalhos com fotografia. – Ele diz nos observando.

- Meu Deus... Quanta coisa... – Consigo dizer, totalmente perplexa e finalmente entendendo como esse homem tem tanta coisa naquela casa.

- Diretoria... – Letícia começa a falar, tropeçando em suas palavras – Você diz, tipo, CEO?

Ele da uma risada com a reação de Letícia, mas acho que todas nós teríamos exatamente essa mesma reação. Sei que estou boquiaberta – Quase. No meu caso é CFO... Ou diretor financeiro. Trabalharei junto do CEO, que é um diretor executivo, e do COO que é o diretor de operações.

- Siglas e mais siglas, que confusão... – Marina comenta em brincadeira, arrancando risos de todas nós e mais um sorriso divertido do homem – Pode explicar que diferença existe?

Gabriel abaixa seu olhar enquanto passa a mão por sua barba por alguns instantes – De uma forma bem resumida, o CEO será quem vai aparecer para as pessoas para representar a empresa, dar a cara a tapa se der algum problema ou receber prêmios se as coisas darem muito certo, comandar as coisas... COO será o braço direito do CEO. Já eu, serei quem cuida da parte financeira junto a esses dois. – Ele diz pacientemente, enquanto minha amiga assente balançando a cabeça.

- Certo, entendi... – Ela diz lentamente, olhando para nós – Muitas siglas, mas entendi... Eu acho... Resumindo a coisa, você será uma das pessoas grandes de uma empresa grande, um membro da alta diretoria, certo?

- Exatamente isso. Eu poderia ter explicado desse jeito? – Ele questiona de um jeito brincalhão.

- Poderia, e na verdade deveria. Eu teria adorado. – Marina diz aos risos, dando goles seguidos em sua cerveja e deixando a mesma ao lado da minha perna e logo se levantando. – Querem saber? Acho que vou dar um mergulho.

- Divirta-se. – Dou risadas ao ver Marina dando alguns pulinhos. Viro meus olhos para Tamires e Letícia, que está dando olhadas nada discretas a Gabriel – Vocês irão também?

- Por que não né? – Tamires da um sorriso de canto – Quero aproveitar, estamos aqui para isso.

- Agora! – Marina responde brincalhona, seguindo na frente e Tamires logo a segue. Letícia parece querer dizer alguma coisa, mas desiste, indo apressada até as demais.

Respiro fundo, me deitando na minha toalha e olhando para o céu. Está aberto e o sol brilha em toda a intensidade, e me permito sentir todo o calor abraçar meu corpo. Penso em fechar os olhos para relaxar ainda mais, mas o pensamento que existe um desconhecido logo ao meu lado me faz ficar alerta a qualquer movimento.

Ele pode ser legal e tudo mais, nos tratar muito bem... Mas não confio nada em Gabriel.

Por instinto, acabo virando meu olhar para ele. O homem está com seu olhar fixo para o mar, e ele logo ergue seu rosto e fechando os olhos, parecendo também curtir o sol, de maneira ainda mais profunda que eu. Além disso, ele tem um semblante pacífico, o ar em torno desse homem é diferente, apesar de uma intensa imponência que ele transmite com sua presença. 

Não sei como explicar, mas ele realmente não parece uma pessoa ruim... É estranho dizer isso, mas ele não transmite maldade nenhuma.

- Suas amigas são bem divertidas. – Ele diz de repente, virando seu olhar a mim.

- Bagunceiras também. – Digo em um meio sorriso – Não ligue para a Marina, ela é doida.

- Doida em um bom sentido? – Ele questiona erguendo uma sobrancelha sem abandonar seu sorriso calmo e amigável, e acabo concordando com a cabeça, dando um sorriso maior – Sendo assim, é uma pessoa boa para se manter amizade, não acha?

- Tenho certeza. É minha melhor amiga já a muitos anos. – Digo apoiando o corpo sobre os cotovelos, olhando minhas amigas ao longe já no mar, parecendo manter uma conversa animada.

- Percebo isso. É bom, pessoas assim são algumas das que sempre estão presentes. – Ele sorri, voltando a olhar para o mar – Gostaram da casa?

- Para dormir, foi uma maravilha. – Digo atraindo seu olhar curioso – Acabamos saindo logo depois para curtir mais um pouco. Voltamos no meio da madrugada para descansar.

Ele ri baixinho – Presumo que foram ao restaurante que indiquei.

- Era o lugar "conhecido" mais próximo. – Digo dando de ombros, voltando a me deitar na minha toalha, me esticando.

- Faz sentido... Ficarão na cidade até quando? – Ele questiona em um bom humor que está me contagiando bastante.

- Apenas até amanhã. É só um tempinho para fugirmos da faculdade e dos mil problemas do dia a dia... Semana de provas, sabe? – Digo em um suspiro. Ele concorda com a cabeça – E você?

- Minhas curtas férias já estão acabando. Amanhã pela tarde voltarei para São Paulo, de volta a rotina. – Ele balança a cabeça rindo – Se não for muita ousadia de minha parte, e se desejarem, posso dar carona de volta a vocês.

- Primeiro uma casa, e agora oferecendo carona... Está sendo muito generoso... – Digo cerrando o olhar, o encarando de canto.

Ele ri da minha resposta – Eu sei, apenas algumas gentilezas de minha parte, sou assim. Caso eu esteja sendo incomodo, por favor me avise. Não desejo ser inconveniente a vocês.

- Claro, eu irei avisar... – Respondo séria, mas logo toda a minha pose se desmancha. Acho que, apesar da minha desconfiança se manter, não preciso ser tão ríspida com ele. Continuarei de olhos abertos e desconfiando de Gabriel a todo momento... Mas também não preciso ser uma escrota com ele. – Aliás, nem agradeci por ter cedido a casa para nós, foi de grande ajuda.

- Relaxe, não precisa agradecer. Eu quem preciso me desculpar por ter escutado e me metido na conversa de vocês – Ele diz erguendo uma das mãos.

- Mas por ter se metido que conseguimos um lugar tão fácil e muito em conta. Teria sido terrível andarmos pela cidade com todas aquelas malas.

Imagino que ele vá dizer mais algo, mas por um tempo não é o que acontece. Por mais uma vez, meu olhar segue em direção de Gabriel. Seu olhar âmbar está direcionado a mim, só que um pouco mais sério do que antes, e logo em seguida seu olhar abaixa um pouco.

A princípio imagino que ele está sendo um tarado e olhando meus peitos de forma tão descarada e logo estará fazendo o mesmo com o restante do meu corpo, mas não acho que alguém olharia com tanta seriedade como ele fez. Ele parece estar olhando outra coisa...

- Escuta... – Ele diz, voltando seu olhar ao meu, quebrando meus pensamentos – Vocês tem planos para esse fim de semana?

- Planos? – Ergo uma sobrancelha.

- Sim, pensam em fazer alguma coisa, apenas aproveitar as praias, ou saírem para andar. – Ele comenta, voltando a olhar para o mar.

- Não... Não planejamos nada. – Digo pensativa.

Ele assente, apoiando os braços sobre os joelhos – Se me permitirem, posso leva-las para conhecerem mais da cidade, também algumas outras praias daqui.

Fico pensativa por alguns instantes, pensando se aceito ou não. E essa escolha não cabe só a mim, preciso falar antes com minhas amigas para ver se aceitam ou não esse convite tão repentino.

- Não posso te garantir nada. – Digo o observando – Falarei com as meninas primeiro, e se concordarem com isso, então aceitamos.

Ele assente em um novo sorriso, e a partir desse momento ele não diz mais nada, e tudo que faço é aproveitar a esse agradável sol matinal.

Ok, ter uma opinião das meninas foi bem mais rápido do que eu esperava.

Assim que elas voltaram do mar, Gabriel havia ido comprar porções de camarões e batatas fritas, aproveitei para conversar com todas sobre a proposta de conhecermos a cidade e outras praias em sua companhia.

Particularmente, preferia que todas negassem esse convite, mas o que aconteceu foi bem diferente. Todas se empolgaram bastante com a ideia de sairmos acompanhadas de Gabriel para conhecer mais alguns lugares de Ubatuba... E como a empolgação delas também me contagiou, então uma parte de mim passou a querer muito esse tour.

Ninguém é de ferro.

Quando Gabriel retornou com as porções, Marina mal esperou o homem se acomodar e já acabou falando com a maior empolgação sobre a nossa decisão em aceitar seu convite... Até Gabriel pareceu surpreso com tamanha empolgação das meninas, principalmente da Marina.

Em resposta, ele nos disse que precisaríamos aproveitar que está cedo para nos mostrar o máximo de coisas que podia em apenas um dia.

Comemos juntos as porções, e antes das 10h estávamos voltando para casa debaixo de um sol já bem forte, pois segundo ele, o dia seria muito mais proveitoso do que imaginávamos e o melhor para isso seria ir cedo. Fiquei curiosa, mas admito que um pouco chateada por estarmos saindo tão cedo da praia.

Ao chegarmos, Gabriel nos disse que iria preparar o carro para irmos, enquanto nós subimos para deixarmos a maioria das coisas. 

Acabamos decidindo colocar algumas roupas por cima dos biquínis, pegamos nossos celulares, carteiras e fomos ao encontro dele, que já estava com o carro ligado. Letícia acabou indo na frente com ele, enquanto Tamires, Marina e eu nos acomodamos nos bancos de trás.

No caminho, Gabriel disse que os lugares que nos mostraria seriam aqueles que considera os mais bonitos de todas as vezes que veio para a cidade, e nos perguntou se tínhamos pique para o passeio, pelo motivo de andarmos bastante. Na empolgação, acabamos concordando. 

Inclusive reparei que quem realmente tinha a atenção desse homem era Letícia, e ao meu ver, existia uma recíproca dela.

Ficamos algum tempo no carro curtindo uma conversa entre nós, além de várias fotos que Letícia começou a tirar de todas nós, que nos ajudou a nos entreter muito no caminho, que chegamos no primeiro local antes de percebermos. Gabriel estacionou e descemos, seguindo o restante do caminho a pé.

Em menos de três minutos de caminhada por um caminho bem arborizado com um chão rochoso, onde eu até já conseguia ouvir o som de água e vozes de algumas pessoas, chegamos ao primeiro local, que Gabriel disse se chamar Cachoeira da Renata. 

O local é simplesmente lindo, possui um lago de águas bem claras, várias rochas grandes o bastante para as pessoas poderem se sentar e desfrutar do sol, além de ser muito calmo. A cachoeira em si é plana, são quedas d'água suaves e bem relaxantes.

Ficamos bobas com tal visão, e Gabriel nos disse para irmos em frente para aproveitarmos, e em algum tempo iriamos para o próximo local. Já nós, nos livramos de nossas camisetas e partimos apressadas para um mergulho rápido no lago, e a água gelada foi perfeita para aliviar todo o calor do dia, já Gabriel se sentou sobre uma das pedras e ficou nos observando em um sorriso animado. 

A existência de alguns outros banhistas aqui não atrapalhou de nada, estavam todos curtindo o lugar da mesma maneira que nós. Marina correu de volta para o carro, e voltou com seu celular, onde fizemos a primeira das várias sessões de fotos do dia, tanto sozinhas quanto juntas, além de muitas na própria cachoeira.

Gabriel nos chamou momentos depois, nos dizendo que estava na hora de seguirmos para o próximo lugar, e fizemos como ele pediu. Durante o caminho até o carro, questionei se não havia problemas em entrarmos no carro molhadas como estávamos, mas ele riu e disse que não havia o menor problema, só estava preocupado de não termos trago nenhuma toalha para nós, porém negamos e dissemos que ficaríamos bem.

Após mais alguns quarenta minutos no carro, desembarcamos no próximo lugar, em frente a uma outra praia, mas o homem nos disse que ainda não havíamos chego, ainda havia uma pequena trilha pela frente.

Ele seguiu na frente, Letícia foi logo atrás, e fiz questão de ir por último no grupo. Ele nos comentou que aquele caminho fazia parte da "Trilha das 7 praias", e como o nome já dizia, interligava várias praias, mas nosso destino era outro. No meio desse discurso, Gabriel disse aos risos que o caminho mais correto para o nosso destino envolvia caminhar quase oito quilômetros até para aproveitarmos todas as vistas, mas pegamos um atalho "clandestino", o que nos causou muitos risos e agradecimentos pela sua nobre escolha.

Após mais alguns minutos de caminhada, chegamos ao Pontão da Fortaleza, que nos proporcionou uma bela vista de todo o mar, além das várias montanhas a nossa volta. Foi um local onde aproveitamos para nos sentarmos no chão rochoso e aproveitamos a vista do lugar. A essa altura o calor já estava muito mais forte, então demos adeus a nossas camisetas, mas mesmo assim o calor persistia. A brisa aliviava o calor do dia e nos trazia uma perfeita sensação de relaxamento por todo o corpo, e claro, muito mais fotos para nós.

Não sei quanto tempo aproveitamos, mas foi o bastante para que eu sentisse meu corpo seco, tanto pela brisa quanto pelo calor do dia, e logo Gabriel nos chamou para continuarmos nosso passeio, segundo ele, ainda haviam muitas coisas para vermos. Apesar de a essa altura meus pés já estarem me insultando por fazer esse passeio de chinelo, eu estava gostando bastante.

Voltamos para o carro bem animadas e lar, e logo seguimos ao nosso próximo destino, que o homem disse chamar Gruta que chora. Levamos um tempo até chegarmos nessa tal gruta, e de início o lugar não me impressionou muito pela quantidade de pessoas, mas logo dei atenção a beleza do lugar. No geral, foi um lugar que pela lotação, acabamos não ficando tanto, apenas tiramos nossas fotos pelo passeio, e corremos para o próximo local. Acho que até Gabriel se incomodou pelo lugar estar tão cheio.

Enquanto seguimos a estrada, acabei reconhecendo o local onde estamos hospedadas, mas me mantive atenta na conversa sobre quantos lugares já havíamos visto, além de como podem haver tantos lugares bonitos tão próximos um do outro, e Gabriel comentou que gosta da possibilidade de visitar tantos locais belos sem precisar deixar o país ou o estado. Ele explica que já teve a oportunidade de viajar ao exterior por lazer em várias vezes, mas tem um carinho especial por viajar para conhecer locais do Brasil.

Tive noção que havíamos chego no próximo local quando o nosso guia do dia desligou o carro e desceu, e logo o seguimos. Passamos por uma estrada asfaltada que logo virou um terreno terrível que fez o carro sacolejar muitas vezes, e agradeci quando paramos naquele estacionamento improvisado bem vazio. Gabriel seguiu em direção a uma trilha e fomos logo atrás, e no caminho ele nos disse que nosso próximo destino se chamava Praia do Cedro.

Se eu queria conhecer uma praia deserta, eu tive a perfeita oportunidade. A praia é simplesmente um local extremamente agradável em todos os aspectos, até andar na areia daqui parece ser bem diferente dos demais cantos, é mais agradável. Antes que qualquer um falasse algo, corri para a água e mergulhei sem nem esperar. Cada vez mais estou pegando gosto por água gelada, calor e o vento suave, não que eu já não gostasse antes.

As sensações se misturam pelo meu corpo o frio da água que me invade e refresca por inteira, junto a todo o calor do dia, estou simplesmente adorando. Logo depois de mim, todas também vieram e pudemos curtir o mar juntas, rimos e brincamos juntas, descontraídas como pensamos desde o começo dessa viagem, com o adicional que passeamos bastante.

Não sei quanto tempo ficamos por ali, quantas fotos tiramos, só sei que já estávamos com bastante fome de tanto andar de um lado para o outro e todo o sol que já estamos pegando. Decidimos por parar e almoçar calmamente uma farta porção em um dos quiosques que havia ali e conversarmos um pouco, além de descansar as pernas das várias caminhadas. Assim que terminamos nosso almoço, logo seguimos de volta para o carro. Gabriel nos disse que ainda faltavam dois lugares para ver.

Logo após nosso almoço, levantamos e seguimos de volta ao carro. O homem nos disse que o próximo lugar seria um pouco mais afastado. Durante o caminho, ele havia ligado para alguém, perguntando se estava disponível para algo rápido, deu um sorriso e logo disse para aguardar no mesmo lugar do dia anterior.

De cara fiquei um pouco incomodada e meu colar brilhou de leve, e assim permaneceu por um tempo por causa de minha desconfiança. Ele voltou a falar animado conosco, dizendo que o penúltimo lugar do nosso passeio seria a Cachoeira do Prumirim. Levamos algum tempo na estrada até finalmente chegarmos, parando o carro no acostamento e logo seguindo por uma trilha rumo a cachoeira.

O era lindo e muito amplo, uma lagoa na base onde várias pessoas aproveitavam das águas para relaxar, várias pedras por onde a água escorria e algumas pessoas deitavam para aproveitar do sol, e mais no alto a pequena cachoeira onde algumas pessoas aproveitavam para se refrescar de todo o calor. Mas infelizmente, minha desconfiança não me permitiu curtir esse último lugar da maneira como eu gostaria.

Porém algo havia me chamado a atenção, enquanto meu colar continuava a brilhar, percebi que Gabriel me observava com um olhar... Surpreso...

Parecia até que ele estava encarando diretamente o brilho do meu colar.

Acabei me virando de costas para romper seu olhar e me afastei devagar, achando essa atitude muito estranha, e ele logo voltou a interagir normalmente com todas. Ele demonstrou um estranho interesse no meu colar desde a primeira vez que o viu, e então agiu de tal maneira. Ele é alguém estranho.

Ficamos quase uma hora ali, e me mantive afastada por todo o tempo. Me iludi ao achar que era apenas uma cachoeira, mas ao caminhar um pouco, logo encontrei um lago um pouco maior junto a uma segunda cachoeira. Acabei dando um mergulho, escolhi uma das pedras que haviam ali e me sentei, tendo como passatempo olhar as pessoas nos primeiros cinco minutos, mas logo uma pessoa em particular chamou minha atenção.

O mesmo rapaz que vi na praia mais cedo estava ali também. Achei estar confundindo, mas era ele mesmo, estava sentado em uma das pedras mais altas que tinha, com o mesmo olhar de antes. Desde o momento em que o percebi, continuei o analisando no que podia. Em nenhum momento alguém se aproximou ou falou com ele, o que deu a entender que ele está sozinho aqui... Bom, já podia supor isso pelas roupas que ele usava, todos com roupas de banho, e ele de jeans escuro, camiseta branca e um colete de gola alta, completamente diferente de todos.

Ele não me notou, na verdade, acho que não estava dando muita atenção para nada, raramente seu olhar seguia em direção a alguma pessoa aleatória. Ele só ficou ali, quietinho no canto dele, pensando em sabe-se lá o que. Minha curiosidade não me permitia parar de olhar para ele e refletir o que se escondia por trás dele...

Pensando agora... Acho que já o vi antes, ele não me parece estranho...

Marina apareceu de repente e disse que estávamos de partida. Relutante, segui junto de Marina e partimos para encontrar com todas, e me permito olhar para o rapaz uma última vez, que permanecia imóvel. Gabriel estava agindo normalmente, e não me encarando estranho como fez momentos antes... Me permiti relaxar um pouco por causa disso.

Porém quem agora estava estranha, era Tamires. Ela ficou séria de repente, olhando repetidas vezes na direção daquele rapaz, o analisando sem parar... E isso se repetiu até sairmos dali.

O último passeio do dia foi uma surpresa para todas. Acabamos voltando e parando em meio a rodovia, e logo seguindo por uma última trilha, e logo saímos em uma outra praia, onde uma embarcação estava parada bem de canto. Gabriel nos disse que esse seria o último tour do dia, um passeio de lancha até uma ilha.

Acabamos todas empolgadas, e mal esperamos muito. Seguimos junto de Gabriel, que momentos falava com o rapaz que controlava a lancha, outros dava toda sua atenção a Letícia, e por fim mantinha algumas conversas agradáveis com todas nós.

Passamos quarenta minutos na lancha até pararmos na ilha Anchieta, especificamente na praia do leste. A vista é paradisíaca para todos os lados, o que claro, fez Marina sacar o celular para mais uma rápida sessão de fotos. Gabriel nos disse que esse era o último lugar do nosso tour, e que poderíamos aproveitar tranquilamente na pequena praia.

Aproveitamos a deixa e pulamos na água para nos divertir, e dessa vez Gabriel veio junto, e pela primeira vez nesse passeio, podemos de fato parar para aproveitar a praia, nadar à vontade e tomar sol por alguns minutos. 

Haviam outras três lanchas paradas e algumas pessoas curtindo, outros grupos de jovens, brindavam não muito próximos de nós, um casal mais velho estava na própria lancha conversando algo totalmente deles, e na lancha mais próxima da areia, uma família fazia um tipo de piquenique.

Ficamos na praia até o céu começar a ganhar os tons alaranjados. Voltamos para a lancha e seguimos de volta para a praia de antes, tendo a oportunidade de contemplarmos o pôr do sol por todo o caminho. 

Marina, Tamires e eu ficamos mais afastadas vendo o pôr do sol que logo dava lugar aos tons escuros da noite, junto ao encantador brilho da lua e as várias estrelas espalhadas pelo céu. Já Letícia e Gabriel, acho que esses dois já se entenderam bem depois dos primeiros beijos que tiveram.

Ao retornarmos para o carro, passamos para comer um jantar caprichado em um restaurante, tudo por conta de Gabriel. E agora bem de noite, antes de chegarmos em casa, Gabriel passou na mercearia e comprou algumas coisas para caso quisermos comer mais algo ainda hoje e também para prepararmos um café da manhã caprichado amanhã.

Agora estamos sentadas em frente à casa, está muito mais frio do que durante a tarde, tanto que alguns golpes de vento causam arrepios no meu corpo. Mesmo assim, estamos brindando o ótimo dia que tivemos.

- Espero que tenham gostado do dia. – Ele nos diz, se sentando com um copo com uma dose caprichada de tequila misturada a vodca em mãos. Dose essa que todas nós aceitamos tomar também logo que ele ofereceu.

- Adoramos, foi tudo de bom. – Letícia diz ao seu lado, completamente empolgada. Sem sequer hesitar, o homem passa a envolve em um abraço que a deixa sem jeito, mas que aceita na hora se aconchegando em seu ombro.

- Se controla. – Marina diz brincalhona – Se bem que não tenho muita propriedade para falar para alguém se controlar.

- Mas não podemos negar, foi um dia ótimo. – Tamires diz rindo. – Cada lugar mais bonito que o outro. Sério, cada praia mais linda que a outra.

- E cachoeiras lindas! – Marina diz em um sorriso animado.

- Sem falar do passeio de lancha com direito a pôr do sol. – Letícia completa.

- Muito obrigado meu potencial novo melhor amigo! – Marina comenta gargalhando, que logo é acompanhada por todos no riso – Vamos admitir que o dia foi bem cansativo, mas olha, valeu totalmente a pena do início ao fim.

- Não tem de que. – Ele diz rindo divertido com a empolgação das minhas amigas. Ele passa alguns segundos nos observando, com um sorriso caloroso e bem amigável estampado no rosto, virando toda a sua bebida na boca de uma vez.

- Nossa viagem se tornou muito melhor do que o esperado. – Letícia diz rindo, se aninhando mais no abraço de Gabriel.

Marina cruza os braços fazendo bico – Mas já estou mal acostumada. Quero viajar mais e encontrar um Gabriel em todo lugar que formos.

- Garota mimada! – Letícia rebate rindo. – Todo dia não é natal não minha cara.

- Depois de hoje, nem tem como não ficarmos só um pouco mal acostumadas. – Tamires comenta em um sorriso de canto, logo dando de ombros.

- Bem, temos que ver quais os planos para amanhã – Marina comenta pensativa.

- Conhecemos vários lugares da cidade, agora temos muitas opções. – Tamires comenta batucando os dedos nas pernas – Podemos ir decidindo até amanhã cedo.

- Clara? – Ouço a voz de Gabriel, e percebo seu olhar cauteloso sobre mim. Junto dele, Letícia também está me olhando – Você está quieta. Está tudo bem?

- Está sim. – Digo em um meio sorriso – Só estou cansada. O dia foi ótimo, mas bem cansativo.

Gabriel assente enquanto seu olhar continua me analisando – Verdade, andamos bastante hoje.

Concordo com a cabeça – Mas não se preocupe, apesar do cansaço, estou bem. Curti bastante cada momento do dia, e foi ainda melhor que todas pudemos aproveitar. – Digo, dando meu melhor sorriso agradecido – Obrigado por ter nos levado para conhecer tantos lugares.

- Eu quem agradeço por terem aceitado o convite. Foi um prazer levá-las para conhecer cada um desses lugares. – Ele sorri, e pelo seu tom de voz, arrisco que Gabriel está sendo verdadeiro em cada uma de suas palavras.

Letícia da um longo bocejo, atraindo a atenção do homem. Ela se desvencilha de seu abraço e se coloca de pé, erguendo os braços sobre a cabeça se espreguiçando – Já estou ficando com sono, preciso de um descanso. Acho que vou indo...

- Bem, acredito que já devam estar fartas de mim por hoje. – Gabriel diz logo em sequência, também se colocando de pé. Marina e Tamires já observam os dois. – Deixarei vocês garotas a vontade e livres de mim... Fico sinceramente grato por terem aceito o convite de hoje, e espero que tenham um bom descanso essa noite.

- Igualmente Gabriel. – Digo em um aceno erguendo de leve meu copo.

- Boa noite e um bom descanso. Nos falamos amanhã – Tamires comenta em um sorriso.

Letícia segue Gabriel em direção ao portão, nos lançando um acena e beijos – Boa noite meninas, nos vemos amanhã cedinho.

- Letícia? Mas... – Marina começa a falar, mas para ao ver o sorriso travesso de Letícia.

- Já nos entendemos. – Ela sussurra para nós, e encosta o portão rindo – Não durmam tarde em.

Esperamos alguns momentos, escutando primeiro o portão se fechando do outro lado do muro, e poucos momentos depois a porta encostando, restando a nós somente o silêncio a nossa volta, junto ao frio suave da noite.

Marina vira seu olhar para nós, com um sorriso divertido. – Ué?

- Alguém vai acordar feliz amanhã. – Digo com um sorriso de canto.

- Só quero saber quando isso aconteceu, que nem percebemos. – Marina continua dizendo aos risos, apoiando o braço na perna, e logo apoia o rosto sobre a mão.

- Aconteceu no tanto de conversas que os dois tiveram hoje. – Tamires comenta rindo – Viu como ele estava dando mais olhadas e dedicando toda a atenção para a Letícia?

- É, eu percebi isso... – Marina diz pensativa, abaixando o olhar – Isso significa que teremos carona de volta para São Paulo?

Tamires e eu explodimos em risadas com o comentário tão repentino de Marina. Ela até tenta, mas logo começa a rir junto de nós. – Isso não temos como saber. – Tamires comenta aos risos.

- Amanhã descobriremos. – Digo as olhando – Aliás, que horas são?

Tamires olha seu celular por um momento – Cedo ainda, vai dar 23h.

- Pensei aqui, ficamos fora o dia inteiro e agora não tem mais muito o que fazer... O que acham de assistirmos uns filmes naquela televisão gigante até de madrugada?

- Filmes com lanches e refrigerante? – Marina diz rindo.

- Exatamente isso, eu preparo os lanches! – Tamires diz aos risos, já se levantando.

- E eu escolho o filme! – Marina levanta animada.

- E eu pego as cobertas no quarto – Digo rindo, vendo a animação das duas, enquanto confirmo se o portão está trancado e logo sigo para dentro de casa.

Bem, dependendo do nosso nível de cansaço, acabaremos dormindo logo no primeiro filme. Mas depois do dia de hoje, acho que esse é o melhor jeito de terminar a noite.

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