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Capítulo 23 - Tarde descontraída

3760 Palavras

Apoio o rosto na mão, olhando o pequeno papel com o número impresso. Levo os olhos até o painel digital, esperando que nossa senha seja chamada logo, mas nada. Essa demora me faz soltar um suspiro entediado.

Hoje Letícia, Marina e eu, decidimos vir almoçar no shopping. As aulas de hoje foram ridículas de tão tediosas. Mas claro, Marina simplesmente amou cada segundo de tédio que ela se atreve a chamar de aula.

Olho em volta a mesa, Marina está observando seu celular, já Letícia está focada no painel do restaurante que escolhemos. Ela me faz um sinal e se levanta, e entendo que foi a nossa senha que foi chamada.

De pé e seguindo para um dos únicos lugares vazios da praça de alimentação, aproveito para ver melhor em volta. Existem muitas filas nas franquias de fast food, pessoas andando devagar para manter o equilíbrio de seus lanches e copos cheios de refrigerantes. Sem falar, claro, da barulheira causada por tantas vozes simultâneas aqui.

Ignoro o mundo ao meu redor e ajudo Letícia nas bandeias com nossas próprias refeições.

Chego na mesa com uma bandeja e dois pratos, e Letícia vem logo atrás de mim com outra bandeja e algumas latas de refrigerante visivelmente geladas. Nos acomodamos na mesa onde Marina já nos aguardava, ou quase.

A atenção dela está totalmente direcionada ao seu celular, ela digita coisas e mais coisas, bate os dedos na mesa e mal pisca. Acho que ela nem deve ter notado que já chegamos.

- O que será que é tão importante? – Questiono para Letícia em um sussurro, enquanto pego meu prato junto a minha lata de refrigerante.

- Sei lá... – Ela me responde no mesmo tom – Algum problema das aulas?

- Só confirmando um endereço. – Marina diz, sem desviar os olhos da tela. Ela deixa o celular na mesa, logo passando as mãos pelo cabelo o jogando para trás.

- Estávamos falando tão alto assim? – Letícia sorri levando um dos pratos mais próximo de si.

- Um pouco sim. – Ela respira fundo, deixando claro seu nervosismo – Não estou conseguindo confirmar o caminho para o estágio.

- Achei que já tinha confirmado hoje cedo. – Digo erguendo uma sobrancelha.

- Mais ou menos, hoje eu já confirmei o endereço, mas não o caminho que precisamos fazer para chegar. – Ela diz, pescando seu prato e começando a comer – Não sei se precisaremos ir de ônibus ou metrô. E não tem sinal de internet essa porcaria de shopping!

Dou uma risada – Calma, qualquer coisa nós confirmamos isso no terminal.

- E lá tem sinal? – Ela questiona me observando de canto.

- Sei lá. Tem? – Devolvo a pergunta, continuando a comer.

Letícia corre seu olhar de mim para Marina, erguendo o garfo em um gesto que chama nossa atenção – Vocês sabem que posso indicar as duas lá na empresa, não é?

- Sim, mas você não tinha dito que é muito burocrático? – Digo, abrindo meu refrigerante e dando um gole longo, aproveitando o sabor correndo pela minha boca.

- Eu disse que quando entrei foi muito burocrático, porque não fui indicada por ninguém. Se é por indicação, a história é bem diferente. – Ela diz calma, voltando a comer.

- O que acha? – Digo a Marina, que está com um olhar pensativo.

- Vamos fazer assim... – Ela começa a falar, deixando os talheres no prato e se espreguiçando por alguns segundos – Hoje veremos o estágio conforma o planejado, e essa semana mesmo tentamos marcar uma entrevista na sua empresa. Assim aumentamos nossas chances.

- É uma boa ideia. – Letícia concorda rindo.

- Só espero que essa criatura dentro de mim se comporte nas duas entrevistas. – Digo em brincadeira, conseguindo causar um sorriso nas duas.

- Por favor né Clara, vamos torcer pra essa coisa ficar bem quietinha ai dentro. – Marina comenta em um riso divertido – Imagina estar falando com o entrevistador, e do nada brota um bicho, mordendo as folhas dele e gritando "Ninguém vai trabalhar aqui!".

- Seria tão divertido, e tão desastroso ao mesmo tempo... – Letícia comenta rindo.

- Totalmente desastroso, isso sim. – Digo aos risos.

- Aliás Clara... – Letícia volta a falar – Vimos aquela coisa aparecendo de novo, todo o estrago que foi capaz de causar e por sorte você conseguiu escapar. Quando isso tudo poderá acabar?

Abaixo o olhar por alguns momentos, sem saber como responder. É uma coisa que eu também gostaria de saber. Já passou tanto tempo desde que tudo isso começou, e até agora as chances que tive para me livrar de tudo não foram tão bem aproveitadas.

Além disso, eu não me esqueço da forma como Brian e Ferdinand estão me encarando por todo esse tempo. Como um objeto de estudos sobre o Abismo.

Nenhum deles está demonstrando isso, mas é bem óbvio que eu não passo disso para eles.

Tantas coisas que eles estão aprendendo, além das outras diversas coisas que podem vir a descobrir me usando como um boneco de testes do jeito que estão fazendo. Isso me incomoda, mas o que posso fazer a respeito?

Preciso da ajuda deles para permanecer viva, e permitir que "me usem" como objeto de estudo não me parece ser a melhor das opções, mas qual outra posso ter?

Talvez eu esteja sim sendo injusta por pensar assim. Brian já está agindo bem diferente em relação a mim, agora consigo sentir alguma preocupação verdadeira dele para comigo.

Pode ser demais pensar isso, mas acredito que ele não me veja mais como apenas um trabalho.

O que Letícia me perguntou é sim algo que vivo me questionando. Quando tudo isso poderá acabar? Não é apenas essa a minha pergunta. Será que tudo isso tem alguma chance de finalmente acabar?

Eu poderei voltar a minha vida normal no fim de tudo isso? Terei essa chance?

Gostaria de saber a resposta para cada uma dessas perguntas, ter uma certeza de quando me verei livre de todos esses problemas e retornar a minha vida, mas em contra parte, minha curiosidade também me faz querer ver mais, desbravar muito mais.

Talvez eu não devesse, mas estou dividida entre esses dois mundos. Quero ambos, tanto a minha vida normal terminando a faculdade e seguindo minha carreira, ou continuar mergulhando mais neste mundo. Ambos têm seus pontos, ambos me atraem de alguma maneira, porém não sei se posso conciliar coisas tão diferentes na minha vida.

- Clara? – Ouço me chamarem, e logo meu transe é rompido.

Pisco algumas vezes, focando nas duas que me olham sem parar – Desculpa, fiquei perdida nos meus pensamentos... O que tinha dito mesmo?

- Perguntei quando você acha que tudo pode acabar. – Letícia diz me olhando.

- Bem... – Começo, tentado organizar todos os nós que estão na minha cabeça – Ainda não tenho uma ideia de quando isso vai acabar, acho que nem sabem me informar uma data.

- Entendo... – Letícia diz, abrindo seu refrigerante e bebendo – Como você está hoje?

- Ao que se refere? – Ergo uma sobrancelha, voltando a comer. Infelizmente ter me perdido em meus pensamentos me rendeu uma comida mais fria.

- Tendo que lidar com tudo isso envolvendo essa coisa. – Ela comenta com a voz contida.

Ergo um pouco o olhar refletindo. Apesar de ser uma boa pergunta, eu sei bem a resposta, que me permite um sorriso – Hoje... Me sinto bem melhor. Antes eu não sabia o que estava acontecendo, nem o que era aquela criatura, eu estava indefesa além de bem assustada.

- Não está mais assustada com aquele bicho? – Marina diz, erguendo as sobrancelhas.

- Ta brincando? Ainda morro de medo da entidade. Quando ele aparece, todas as sensações que tive da primeira vez ressurgem em mim, mas... – Balanço a cabeça, olhando de uma a outra por repetidas vezes – Agora não sou mais tão indefesa como era antes. Consigo controlar meu medo quando estou frente a ele, sei contra o que estou lidando e consigo me portar melhor. Não fujo mais e tenho como tentar me defender.

Claro, ainda tenho que praticar muito a minha defesa. Ainda tenho muito que progredir.

- Está mais adaptada a toda essa situação, não é? – Letícia pergunta.

- Acho que sim... Comparada com como eu era antes, definitivamente estou mais preparada a toda essa maluquice. – Concordo – Preparada mentalmente também. Se a entidade surgisse agora, eu não deixaria o medo me consumir. Já tenho uma boa noção de como reagir.

- É bom ouvir isso. – Letícia sorri animada.

- Só não vai dizer isso muito alto. Vai que a entidade resolva aparecer agora por que se sentiu ofendido? – Marina comenta rindo erguendo as mãos – Não vamos falar, senão vai achar que estamos chamando ele.

- Não estou chamando ninguém, prefiro que ele fique bem quietinho. – Digo gargalhando.

- Só por curiosidade Clara, qual seria sua reação se aquele bicho aparecesse agora? – Letícia pergunta com a curiosidade estampada em seu rosto.

- É muito obvio. – Ergo os ombros e sorrio de canto. – Eu correria.

- Nossa, que plano ótimo. Simplesmente espetacular. – Marina caçoa e todas gargalhamos.

É curioso ver como estamos falando de um problema tão grande, de um jeito assim tão descontraído. Não sei se é pela meninas estarem realmente tranquilas, ou estarem agindo dessa maneira pela minha própria tranquilidade sobre a entidade, e assim elas acabam se sentindo mais confortáveis sobre tudo isso.

Seja o que for, eu simplesmente prefiro assim. Por que ficarmos com todo o clima tenso de medo em cima de nós, quando podemos pelo menos levar as coisas numa boa e do jeito mais leve que pudermos.

Sabemos dos riscos, todas nós sabemos. A entidade pode sim, aparecer aqui ou em qualquer outro lugar no momento mais inesperado possível. Se já apareceu ao lado da minha cama uma vez e passou a noite inteira me observando, qual a chance de aparecer aqui agora?

Sei que as chances são altas, não posso e nem irei negar isso. Mas agir guiada pelo medo não irá resolver nada, e já que estamos em um momento leve como esse, vamos passar por ele dessa maneira, comendo uma comida gelada e dando risadas.

Poderia sim estar milhares de vezes pior, com a entidade aparecendo aqui do nada e destruindo tudo para tentar me pegar, mas não é isso que está acontecendo agora. O momento que estamos agora é muito melhor do que isso, estamos bem.

Se estamos bem, o melhor que podemos fazer é aproveitar esse momento.

E definitivamente, é isso que iremos fazer.

Aliás, eu e Marina precisamos mesmo descontrair. Daqui a poucas horas temos uma entrevista, e por via das dúvidas, é melhor irmos com a cabeça o mais despreocupada que pudermos.

- Aliás, meninas... – Marina diz de repente – Mudando um pouco o tom da conversa, vocês viram as últimas notícias?

- Qual das várias? – Questiono em um sorriso.

- A dos orfanatos daqui de São Paulo. – Ela diz, voltando a comer.

Olho para ambas, porém apenas dou de ombros – Não vi ainda.

- Como não? Não para de passar nos jornais... – Ela questiona, erguendo as sobrancelhas.

- Raramente vejo os jornais antes de sair de casa. – Me justifico dando de ombros. E então ergo meu celular, balançando ele em um chacoalhar leve – E não costumo ver muitas notícias na internet do celular.

Marina vira seu olhar para Letícia – Nem mexi no meu celular hoje. – A loira se justifica também, já prevendo as possíveis perguntas que iria receber. – O que aconteceu?

- Bem... – Marina começa em um suspiro – Parece que entre a madrugada de hoje, pelo mais de três mil crianças e adolescentes desapareceram de vários abrigos por toda a cidade. – Marina diz em um tom sério, bem diferente do clima leve de alguns minutos. – E o pior, ninguém tem a menor ideia do que pode ter acontecido nesses lugares.

- Nossa, tudo isso? – Letícia cerra seu olhar e Marina confirma – Que coisa bizarra.

- Sim, em vários desses abrigos tinham funcionários trabalhando no horário noturno, mas não perceberam nada de anormal. – Levo a mão no queixo, prestando atenção no que ela diz. Isso me chama atenção, muito mais do que eu acharia normal – E logo cedo, quando foram verificar as crianças, viram que o lugar inteiro estava deserto... Parecia uma abdução.

- Não tem nenhuma suspeita, nada? – Questiono séria.

- Não, e isso não foi em só um. Vários orfanatos amanheceram totalmente vazios, só haviam os funcionários mesmo. – Marina larga o garfo devagar sobre o prato, se acomodando na cadeira e batucando os dedos na mesa – Isso assustou demais, alguns abrigos tem câmeras e estão tentando achar alguma resposta.

- Tantas crianças, o que será que pode ter acontecido com elas? – Letícia questiona em voz baixa, como se perguntasse isso a si mesma – O que assusta é a quantidade de desaparecimentos em apenas um dia, não tem sentido... Lugares assim não tem seguranças? Ou aliás, não tem grades ou são trancados?

- Isso não é Estados Unidos não doida, abrigos desse jeito são só por lá... Prédios altos, cinzentos, grades nas janelas, portões e muros altos, coisas velhas, professores, funcionários e diretor que parecem sargentos selvagens, um ar pesado... – Marina se contém, cruzando os braços – Não, acho que tem sim alguns desses por aqui também... Parece coisa de filme americano, mas não duvido que tenha pelo menos um abrigo assim por aqui.

- Parece coisa de filme, mas foi algo que aconteceu a algumas horas atrás – Letícia diz.

- Enfim, não sei sobre isso de terem seguranças nos abrigos brasileiros, mas sei alguns tem sim grades, portões e muros altos, e sei lá... – Vejo ela erguendo seus ombros em um movimento de leve – Acho que todos os jovens ficam no mínimo afastados das entradas.

- Com certeza as autoridades já estão vendo sobre isso. – Digo em voz baixa.

- Isso é certeza, estão igual malucos atrás de pistas sobre esse ocorrido, já iniciaram as investigações por todo o estado. Mas eles não tem a menor ideia do que pode ter acontecido essa noite. – Marina suspira outra vez – O que me preocupa são todos que desapareceram. Espero que estejam bem.

Assinto com o que ela diz, também espero que todas estejam bem, mas ainda tem algo que está me incomodando.

Tantos jovens para adoção desaparecendo assim de uma vez, é anormal demais. Se uma só criança desaparecesse já seria estranho e um motivo para se preocupar, mas tantos assim na cidade? E de uma só vez?

Isso está muito errado, tem alguma coisa faltando.

Uma ideia me vem em um estalo. Isso já é anormal, por acaso alguma coisa maior esteja envolvida. Será que o tal cara do casaco, ou algum outro ser seja responsável por isso?

Eu não sei, mas me irrita saber que talvez, não conseguirei ter tais respostas.

Olho atentamente para a janela do ônibus, me mantendo distraída da Marina que canta baixinho bem ao meu lado. Desde que entramos no ônibus e pegamos nossos lugares, ela colocou seus fones e começou a ouvir música.

Sinceramente, eu adorei que ela tenha tomado essa atitude.

Acabamos nos perdendo no tempo e ficamos no shopping mais tempo do que deveríamos, o resultado disso foi tanto nós quanto Letícia saindo correndo atrasadas para nossos destinos. Letícia conseguiu embarcar em um ônibus que saiu de imediato, já eu e Marina, precisamos esperar quase quinze minutos no terminal até o transporte resolver aparecer.

O problemático nem foi a demora, foi Marina praticamente surtar por causa do atraso. Ela ficou indo de um lado ao outro, resmungando sobre como será uma péssima primeira impressão chegar na entrevista atrasada, que poderia ser uma verdadeira ameaça a chance de conseguirmos as vagas e já deveríamos começar a procurar uma outra vaga, ou ligar para Letícia e pedir que agendasse uma visita para nós.

Ver ela surtando foi engraçado nos primeiros cinquenta segundos, achei que ela estava brincando, até eu notar a seriedade dela. Mas ter que aturar isso até o ônibus chegar foi bem mais complicado do que imaginei. Ela não parava de falar, e tentar ser a "amiga sensata" não estava sendo o bastante para fazer ela se acalmar.

Acabou que ela ligou músicas por si só e se acalmou. Eu fiquei besta em ver como foi "fácil" resolver o surto dela.

Agora, ela está tranquila com seus fones cantarolando algo em voz baixa. Ela mantem o celular na mão, conferindo o mapa de tempos em tempos. Apenas dou um suspiro entediado, imaginando se falta muito para chegarmos.

Meu refúgio para o tédio é pensar no outro mundo presente na minha vida, sobre as runas, ou o que mais eu poderei ver ou aprender. Quem sabe poder conhecer outras criaturas sobrenaturais, bem mais sociáveis que a entidade presa dentro de mim.

Aliás, essa é uma boa pergunta. Será que eu terei a oportunidade de ver alguma outro desses seres algum dia? Acho que gostaria de ter essa chance.

Aliás, penso também que eu poderia contar, ou mostrar aos meus pais sobre as runas que estou aprendendo a usar, talvez também falar do meu colar de proteção tão diferente e como ele funciona. Me pergunto qual seria a reação deles, achariam incrível? Bizarro? Se interessariam e gostariam de ver mais, ou então me condenar por usar algo que eles não sabem o que é?

Mostrar a eles, não sei. Eles poderão ter uma reação muito diferente da reação que a Marina ou os demais tiveram quando contei. Bem, meus colegas viram a entidade com seus próprios olhos, e entenderam bem o que estou enfrentando, só assim para acreditarem tão fácil.

Até agora não pensei em como falar sobre meus problemas com a entidade para meus pais, muito menos sei se eles acreditariam.

Além disso, outra coisa me surge na imaginação. As runas.

Brian não comentou quase nada sobre as runas, muito menos quantos tipos diferentes podem existir, e isso me faz pensar quantas podem existir, e o que cada uma delas podem fazer. Será que conseguirei conhecer e usar outras runas?

- Vamos descer no próximo. – Ouço Marina falando de repente. Viro meus olhos a ela, que já aperta o botão de parada e se levanta.

Me levanto e a acompanho a porta, e coisa de segundos pulamos para fora do ônibus. Eu nunca vou me acostumar com a diferença gritante que o ar condicionado do ônibus cria com a parte externa. Está tão abafado que já estou me abanando, mas sem conseguir me refrescar.

- Para onde agora? – Questiono Marina, sem nem lembrar de ter olhado o caminho. Reconheço por cima apenas por ter olhado as ruas nos mapas.

- Agora temos que ir... – Ela olha seu celular alguns segundos, virando sobre os pés e começando a andar apressada – Pra cá.

- Estamos quanto tempo atrasadas? – Questiono a acompanhando, olhando a avenida movimentada ao nosso lado.

- Dez minutos antes da entrevista, estamos em cima do horário – Ela diz jogando o celular no bolso, respirando fundo – Mas ainda temos que andar algumas quadras. Talvez ainda nos atrasemos um pouco.

- Talvez... – Digo pensando. Uma ideia me surge, e seguro Marina. Ela me olha incrédula pela minha atitude, porém isso logo muda – Espere só um pouco...

Acho que posso tentar ousar um pouco agora, mas vale a tentativa. O que tenho a perder, além de um pouco de energia e por consequência ter alguns minutos de atraso?

Além disso, eu já usei isso uma vez antes, minhas condições não eram nada boas, eu estava exausta e caindo de bêbada, sem contar a distância, porém mesmo assim funcionou até que bem. Agora eu estou desperta, sem os efeitos do álcool correndo pelo meu sangue, e estou a uma distância bem menor. As chances disso dar certo são muito maiores e posso conseguir.

Respiro fundo enquanto fecho meus olhos. Me concentro um momento, tentando reunir apenas um pouco de energia dentro de mim. O calor ao meu redor parece afetar as sensações, dessa vez eu não sinto que elas vem só de dentro de mim, mas são principalmente externas.

O calor ao meu redor abraça minha pele e penetra meu corpo, envolvendo e intensificando aos poucos o que consegui reunir com a pouca concentração. Inspiro fundo, soltando o ar pela boca, concentrando uma parte de toda essa energia e guiando para minha mão.

Subo a mão devagar, abrindo um pouco meus olhos ao mesmo tempo. Devagar toco o ombro de Marina, mentalizando a runa da velocidade dentro da minha mochila. Não tenho a certeza se funcionou, mas posso sentir toda a energia na minha mão fluindo para fora de mim, ao mesmo tempo que minha amiga respira fundo de repente, fazendo uma expressão surpresa.

Tiro minha mão de seu ombro e toco em mim mesma, voltando a fechar os olhos. Não desapareceu, toda a energia ainda permanece dentro de mim, e não me sinto cansada neste momento, na verdade, eu estou extremamente bem. Respiro fundo, fazendo o mesmo, tentando guiar tudo a minha mão e assim acontece, e por mais uma vez, mentalizo a runa da velocidade.

Uma onda de calor repentina me invade, unida a uma corrente elétrica que atravessa todo o meu ser. Não é algo maléfico, é bem diferente disso, a sensação é boa e me envolve mais e mais. Meu corpo inteiro parece cheio de energia nesse momento. Respiro fundo com o susto que essa onda me causou, junto dela, um vigor que nunca senti antes.

Marina olha suas próprias mãos com uma expressão incrédula, e então seus olhos vem a mim. Ela abre a boca, mas mal consegue falar a principio. – Mas Clara...Mas isso... O que você...

- Runa da velocidade. – Digo com um sorriso de canto. – Pronta para testar?

Marina continua surpresa, tocando a si mesma. Sua expressão incrédula é divertida, ela não parece acreditar a primeiro momento. Mesmo com a surpresa inicial, logo um sorriso surge em seu rosto, ficando nítida toda a empolgação que sente agora – Só se for agora!

Emparelhamos uma da outra, trocando um olhar animado. Hora de testar, e nada melhor que fazer isso na companhia da minha melhor amiga. E em um aceno que dou a Marina, disparamos em alta velocidade.

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