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Capítulo 21 - Uma madrugada movimentada

13100 Palavras

Novamente me vejo neste ambiente, escuridão, luzes frenéticas passando por uma multidão de pessoas, músicas altas e bebidas. Sei que estou contagiada por toda a música eletrônica alta o bastante para cada batida atravessar meu corpo, e ter pessoas que conheço junto de mim torna tudo muito melhor.

Me deixo livre pelas batidas e o ritmo da música, Marina e Jeniffer estão na pista comigo, e não sei a quanto tempo dançamos e cantamos juntas, nos servindo de vários copos de bebidas das mais variadas, sejam várias latas de cerveja quanto drinks diferenciados no bar... Não sei, mas estamos curtindo, pulando e nos deixando levar.

Não faço a menor ideia de onde Tiago pode ter se metido, a última vez que o vi, ele estava junto de nós, conversando sobre alguma coisa relacionado as músicas e bebendo bastante, viemos para a pista mas logo em seguida desapareceu para ir atrás de alguma mulher que achou interessante. Seja lá o que ele esteja fazendo, espero que esteja se divertindo.

Passo meus olhos rapidamente em volta, vendo por entre a pouca luz que Letícia e Tamires estão conversando animadas próximas ao balcão, e alguns rapazes estão em volta delas. Sei que Letícia é extremamente tímida, mas aparentemente, ela está se saindo muito bem, e Tamires não fica nada atrás, até parece que e ela quem está impondo o ritmo da conversa pelo seu olhar.

O único que não vejo em nenhum lugar é Brian, sabe-se lá onde ele se enfiou.

Desde que chegamos, vi que ele encostou em um canto e ficou só olhando tudo a volta dele. Passou algum tempo e ele acabou sumindo, de lá pra cá, não o vi mais.

Bem, que se dane. Ele sabe se cuidar muito bem sozinho.

De repente todos começam a gritar de animação, e percebo que uma mulher subiu onde o DJ está, e do nada o envolve pelo pescoço em uma sequencia de beijos pelo rosto e boca, e o rapaz não faz nada além de rir e retribuir alguns dos vários beijos.

Vendo essa cena, eu e as meninas nos entreolhamos, começando a rir, gritando junto de todas as outras pessoas em um único grito de empolgação. Com minha lata de cerveja em mãos, viro quase tudo na boca em um longo gole, sentindo o gelado percorrendo pelo meu corpo incendiado pela euforia.

Olho novamente para Letícia e Tamires, que agora parecem mais encolhidas, os rapazes de antes não estão mais por perto, são outros agora, mas pelas expressões das minhas amigas, eles são muito menos agradáveis... Acho que também menos amigáveis. Preferia muito que elas ainda estivessem falando com os rapazes de antes, eram claramente melhores que esses.

Saio da pista, seguindo apressada até ambas. – Venham comigo! – Digo em um grito abafado pelo som da música, pegando ambas pelas mãos, as puxando para a pista e principalmente, para longe deles.

- Algum problema? – Jeniffer questiona quando nos aproximamos, falando bem próxima de todas nós.

- Só um grupo de idiotas nos enchendo, não foi nada! – Letícia responde. – Como tá por aqui?

- Bagunçado! – Marina diz rindo – Fiquem por perto, se aparecer alguém, damos um jeito.

Tamires para por um momento, olhando fixamente por cima do ombro por alguns segundos. Não na direção que as puxei, mas de outro lado mais escuro da balada. Vejo ela movendo sua boca parecendo balbuciar alguma coisa, mas não consigo ouvir pelo barulho.

- Tamires? – A chamo, fazendo com que seu olhar retorne a mim.

Ela volta a me olhar, como se arrancada de um transe.

- Está tudo bem? – Insisto a analisando com dificuldade por causa da pouca luz e bagunça, que me impedem de me concentrar.

- Está, eu... – Ela diz, ainda olhando na mesma direção fixamente – Só estava pensando como a Carol iria amar esse lugar... É uma amiga dos tempos de escola, ela adora essas bagunças.

- Entendi... – Digo assentindo, ainda olhando para ela – Aconteceu alguma coisa?

- Nada, eu estava só com a cabeça nas nuvens mesmo... Pensamentos sabe... – Ela diz em um meio sorriso, olhando na mesma direção por mais uma vez. Eu sigo seu olhar, mas não vejo nada, apenas uma área escura com várias pessoas com suas bebidas em mãos. Ela volta seu olhar a mim, dando um largo sorriso de animação – Esquece, vamos curtir. Viemos para isso!

- Com certeza... – Marina diz em uma risada enquanto olha para cima, nos acertando de leve com os cotovelos e apontando para o alto – Olha só quem está ali na área VIP!

Seguimos na direção que nos mostra, e ali na área dos camarotes vemos Brian debruçado com os cotovelos sobre as grades da área VIP. Apesar da pouca luminosidade, conseguimos ver bem ele e também seu rosto. Ele está com uma expressão séria virando o rosto lentamente de um lado ao outro, só não sei exatamente para o que ele está olhando, ou o que está pensando.

De repente ele vira seus olhos diretamente para nós, nos encarando por alguns segundos. Todas mandamos um tchauzinho para ele, Brian por sua vez responde erguendo levemente uma das mãos, sem nem ao menos mudar sua expressão.

- Agora voltemos a curtir... Aliás! – Jeniffer comenta de repente, olhando para cada uma de nós com um sorriso maldoso – Solteiras?

Todas acabam balançando a cabeça, e eu, sabendo como tudo esteve acontecendo para mim, acabo confirmando junto. Quero saber o que Jeniffer planeja, e o álcool no meu corpo já está surtindo seu efeito, me deixando bem mais solta do que sou normalmente. Uma combinação arriscada, mas que não pretendo conter.

- Quero saber aqui, quem já beijou muito essa noite? – Ela diz de repente, fazendo tanto eu quanto Marina começarmos a rir por entendermos onde isso vai nos levar, já Letícia ficou sem jeito. Tamires deu de ombro com um sorriso, mas não disse nada. – Ninguém?

- Temos que mudar isso! – Digo aos risos, fazendo um gesto para que todas se aproximem mais de mim – Eu proponho uma rodada de uma das batidas da casa, uma bem forte, e depois disso iremos nos espalhar na balada para beijar muito, o que acham?

- Apoiado! – Marina responde de imediato.

- Estou com você nessa! – Jeniffer acompanha a animação.

Tamires ergue o olhar, ficando pensativo e concorda de imediato. Já Letícia hesita um pouco, mas logo ela acaba assentindo com um pequeno sorriso.

Caminhamos todas juntas em direção ao balcão lotado, muitas pessoas fazem grupos, se servindo de várias bebidas. Eu faço o pedido por todas, e o atendente livre prontamente começa a preparar algo em um único copo grande.

Em questão de pouco tempo ele me entrega um largo copo com um liquido em tons azul claro transparente e o que parecem ser limões dentro, acompanhado de um forte cheiro adocicado misturado ao que parece uma forte carga alcoólica.

Sou a primeira a me arriscar a beber. Fico apreensiva com a bebida, aproximo devagar da boca e, em um impulso me arrisco em um intenso gole, sentindo o quente da bebida percorrendo da minha boca e descendo pela garganta, trazendo um misto estranho de frescor junto ao sabor doce, acompanhado de um formigamento que se espalha ao meu corpo, me aquecendo por inteira logo de cara.

Arfo com as sensações correndo meu corpo, e ouço os gritos de comemoração das minhas amigas, todas com os punhos erguidos e largos sorrisos pelo meu feito. Passo o copo a próxima, imediatamente sentindo meu corpo um pouco mais mole, não sei se foi pelas várias cervejas que já bebi mais cedo, ou se pela bebida de agora... Mas já estou me sentindo diferente.

Pisco algumas vezes, vendo o copo já vazio sendo deixado sobre o balcão, e todas voltamos para a pista com o novo objetivo de nos divertirmos mais, não apenas com as músicas.

Bem que aquele casal da outra vez que vim a balada poderia estar aqui outra vez, poderíamos continuar aquilo que estávamos para fazer da outra vez. Antes eu estava errada e não nego, mas agora não ligo estar certa ou não, não quero saber de nada... Só quero curtir a noite.

Vejo um primeiro rapaz a minha frente, ele dança entregue a música, e percebo seus olhos para mim. Eu o chamo com o dedo e ele vem, assim que ele o faz, agarro a gola de sua camisa com as mãos, o beijando em total intensidade. Ele me abraça pela cintura, em um beijo quente e caprichado, quase hipnotizante.

Nos afastamos, e dou um aceno rindo, me afastando devagar, voltando a curtir a balada. As batidas da música me inundam, fecho meus olhos aproveitando tudo, as músicas, meus pensamentos se embaralhando, o calor do meu corpo, das danças, as pessoas esbarrando de leve em mim, eu não ligo. Alguém esbarra no meu braço, e percebo ser Marina, e de imediato começamos a rir sem o menor motivo, apenas contagiadas por tamanha animação a nossa volta.

Ela me da uma leve cotovelada no braço, me apontando um rapaz que mantinha seu olhar em mim. Não ouço sua voz pela música, mas leio seus lábios dizendo "vai lá" e logo me dando um tapa na bunda. Acabo rindo mais, indo em direção ao rapaz sem esperar.

Dou uma rápida olhada para cima, diretamente para a área VIP em busca de uma certeza... E ele ainda está ali, parado no mesmo lugar. Não apenas isso, ele está de braços cruzados olhando diretamente para mim, me acompanhando enquanto passo entre as pessoas.

Acho bom não ficar me olhando muito garoto.

Chego perto do rapaz de antes que está com um copo cheio com uma estranha bebida de cor rosada, ele está me olhando com total interesse e desejo sem nem ao menos disfarçar, carregando um sorriso de canto. Parecia até mesmo estar esperando que eu viesse até ele.

Ele é bem alto e tem uma pele mais clara, cabelos pretos desgrenhados, olhos escuros e até sedutores... Se veste de forma pouco chamativa, apenas uma calça simples, camiseta justa ao corpo com uma frase estampada, mas tudo que estou olhando é o corpo definido quase atlético deste desconhecido. Ele tem um relógio prateado com fundo preto em seu pulso, uma corrente dourada no pescoço e também no pulso oposto ao relógio, e reparo também que não existem alianças de compromisso em nenhuma de suas mãos.

É alguém bonito, e ganhou minha atenção de imediato, e ao que parece, tenho muito mais do que apenas a atenção dele. Chego bem próxima, pousando uma das mãos em um dos seus ombros, e ele me puxa pela cintura gentilmente, me permitindo sentir bem mais dele. Esse desconhecido tem atitude, já gostei disso.

Sussurramos coisas um ao outro, nos mantendo bem próximos. Trocamos alguns sorrisos e pelo andar da nossa conversa, fica nítida qual sua intenção comigo, e não me incomodo nem um pouco, afinal minha intenção é a mesma. Não levo nem cinco minutos conversando com ele, e já envolvo seu pescoço tomando sua boca em beijos quentes e duradouros.

Ele abraça meu corpo o deixando mais perto de si, e posso sentir perfeitamente seu corpo forte, principalmente percebo roçando a perna como existe um grande volume em sua calça. A intensidade de seus beijos é tamanha que fazem meu corpo começarem a se incendiar tomado pelos desejos que estou criando por ele.

Rompo o beijo por um momento, olhando em volta, atenta se não tem ninguém olhando. Não estamos totalmente escondidos, mas ninguém aqui nos da atenção alguma. Sorrio, e sem a menor vergonha na cara abro o cinto e levo minha mão para dentro de sua calça, tocando seu membro e fazendo vai e vem com a mão, unido a minha melhor expressão de menina safada. Ele me olha com a surpresa estampada em seu rosto, mas sequer faz menção de me impedir, ele sorri e permite que eu faça o que quiser.

A música parece distante e as vozes somem na minha mente, mas não ligo. Mordo meu lábio, voltando a unir meu corpo ao seu e movendo mais minha mão dentro de sua calça, apertando meu corpo contra o seu.

Ele não reage, até mesmo para de me beijar para apenas sentir o que faço. Guiada pelo atrevimento e falta de vergonha pela bebida, vou mordendo seu pescoço sem parar, dando alguns chupões caprichados, intensificando os movimentos da minha mão, e cada vez, mais ele estremece e arfa.

Em questão de poucos segundos, seu membro pulsa forte na minha mão e percebo o que acabou de acontecer dentro de suas calças.

Ah não... Ele é precoce?

O calor e a sensação gosmenta espalham pela minha mão inteira, e retiro devagar de dentro da calça. Vejo o resultado do que fiz pelas poucas luzes que passam por mim, e o estrago foi bem maior do que eu esperava, minha mão está toda suja.

Não acredito que ele chegou lá tão rápido assim. Que irritante, eu esperava um pouco mais.

Ele arfa fechando os olhos com um sorriso besta, aéreo sobre tudo o que está acontecendo. Aproveito de sua distração para limpar minha mão em sua camiseta, e deixo uma quantidade nada modesta para passar pelo seu rosto bem próximo da boca, e principalmente pelo cabelo.

Assim que vejo minha mão satisfatoriamente limpa, eu me afasto mantendo o olhar atento nele, me misturando por entre as pessoas, sem acreditar que ele sequer tenha percebido o que acabei de fazer. Bom, azar o dele.

Dou um sorriso satisfeito, me virando e caminhando por entre as várias pessoas, ansiosa por saber quem será minha próxima vítima. Espero que o próximo também não chegue lá tão rápido, seria algo decepcionante.

Caminho curtindo a música, pela forma que todos estão agindo, o que fiz não foi notado por ninguém, e isso me deixa tranquila. Caminho ao bar, pegando mais uma cerveja, e logo outro rapaz vem falar comigo, igualmente bonito como o anterior.

Esse eu acho que não vou sacanear, já cumpri minha dose de maldade por hoje. Talvez eu faça algo bem diferente com ele.

Mal entendo o que ele fala por tanta barulheira, e igual o anterior eu mal sei qual é o nome, mas também está nítida qual sua intenção. As pessoas aqui parece que só tem fogo, e não posso falar muito, afinal eu sou exatamente assim quando me empolgo.

Pelo menos a abordagem desse aqui é bem mais discreta do que o anterior, só sinto um pouco de falta da atitude e também da pegada.

Faço um gesto com a cabeça, indicando uma área mais discreta. Ele concorda e seguimos juntos, o ambiente é escuro, próximo aos banheiros. Sei que é loucura, mas aguardo enquanto falo com ele, o beijando por algumas vezes, atenta a qualquer oportunidade.

Em uma dessas olhadas, percebo Tiago conversando animado com uma garota, que o toca no rosto algumas vezes. A proximidade dos dois já indica uma boa intimidade entre eles.

Volto minha atenção ao banheiro e na primeira oportunidade, vendo que parece seguro, eu o puxo para o banheiro, correndo para uma das cabines.

O lugar é menos fétido do que imaginei, na verdade está muito bem limpo e organizado, as luzes não são aquelas velhas tomadas de sujeira, os vidros estão limpos e impecáveis sem sinais de sujeira, e as paredes são perfeitamente limpas, diferente daqueles banheiros caindo aos pedaços dos filmes que eu já vi.

Nos trancamos, jogo minha bolsa de lado e iniciamos um beijo intenso. Suas mãos percorrem meu corpo, avançando por dentro das minhas roupas, e de imediato faço o mesmo, arranhando seu corpo por dentro da camisa. Minhas mãos não se contém, e apressada eu abaixo suas calças, enquanto ele faz o mesmo comigo, nos despindo tomados pelo calor do momento.

O homem a minha frente me toca com seus dedos, ao mesmo tempo que morde meus seios, a voracidade dele me impressiona, e cada uma de suas mordidas faz meu corpo desejar mais, ao mesmo tempo que suspiros me escapam pelos seus dedos em um vai e vem rápido.

Ele retira seus dedos e me olha em um desejo avassalador, e quero que esse desejo me consuma. Viro-me de costas para ele, apoiando uma mão na parede e empinando bem minha bunda. Eu o olho por cima do ombro, vendo como seu olhar queima em desejo, ele está claramente hipnotizado pelo que está vendo.

Sorrio de canto com sua reação, decidindo provocar mais. Ficando bem empinada, rebolo um pouco a bunda para ele, que olha do meu corpo a mim sem saber como reagir, acho que preciso incentivar ele, e é isso que faço ao empurrar meu corpo contra o seu.

Minha bunda se encontra com sua cintura em um impacto que faz minhas pernas bambearem, e seu membro rígido se encaixa perfeitamente me permitindo sentir sua pele e seu calor, e claro, eu não serei tão boazinha com ele.

Começo a me mover, rebolando devagarinho sentindo seu membro batalhando para permanecer esfregando bem no meio da minha bunda, pulsando forte em cada segundo. Ele não me penetrou ainda, mas sei como meu corpo está, como queima de calor e desejo.

Ele coloca sua mão na minha cintura e com a outra se encaixa em mim, me penetrando devagar, empurrando tudo em mim. Minhas pernas tremem ao sentir tudo entrando de uma vez, meus olhos fecham e meu corpo quer rejeitar pelo seu tamanho, respiro fundo ao mesmo tempo que solto um gemido. Ele é grande, e eu não esperava isso, simplesmente amei.

Ele apoia ambas as mãos na minha cintura, dando uma primeira investida com toda a força, e de imediato grito de prazer, um choque percorre meu corpo ao sentir tanta intensidade de uma vez. O homem se move de novo, e de novo, forte, intenso, penetrando meu corpo cada vez mais rápido, espalhando o prazer que eu tanto desejo em cada nova investida.

Sem perceber meu corpo se empina o máximo que posso, estou me movendo junto dele buscando sentir mais, recebendo ele em mim sem hesitar, apenas querendo mais. Meu corpo pulsa em cada estocada, grito com ele entrando e saindo de mim sem parar, cedendo ao meu desejo, apenas querendo enlouquecer com tudo que ele me causa.

Meu corpo pulsa, tomado pela luxúria sentindo como ele está me levando a loucura, ele pode me levar ao meu limite se continuar desse jeito, e cada vez mais isso me agrada.

Ele para de se mover em uma última estocada mais forte, tirando de dentro de mim. Me ergo e viro de frente para ele, passando os braços em volta de seu pescoço e dando um beijo voraz, repleto do fogo que tenho percorrendo todo o meu corpo.

O homem passa as mãos pelas minhas pernas e me segura no colo, e sinto minhas costas encostando na parede fria criando um contraste do calor do meu corpo com o frio, enquanto prendo meu corpo ao dele com as pernas. Sinto seu movimento, entrando em mim de uma vez sem nenhuma hesitação, me levando as alturas mais uma vez.

Deixo que um novo grito escape, sabendo que será abafado pela música da balada. Esse desconhecido se move rápido, forte como eu queria, meu corpo pulsa com o prazer.

Gemidos me escapam, que tento abafar mordendo seu ombro com força, arranhando mais suas costas. Meu corpo pulsa, queima de prazer pela intensidade dele, por sentir seu corpo ao meu, eu quero enlouquecer, me entregar mais a essa sensação, sentir mais e mais dele dentro de mim, forte e rápido como ele está fazendo.

Um pulsar forte dele é sentido e meu corpo se contorce, estremeço sentindo seu limite dentro de mim, sem deixar de se mover com a mesma força. Seu calor me percorre, meu corpo treme de desejo, fecho meus olhos, sentindo como uma explosão dentro de mim. Todo o prazer me inunda junto a um sorriso de satisfação em meu rosto.

Lentamente ele diminui seu ritmo, parando e me olhando. Sorrio para ele, e o homem faz o mesmo para mim, e de imediato nos beijamos ofegantes, comemorando o prazer que acabamos de ter juntos.

- Esse dia foi demais! – Letícia diz, em um tom elevado de animação junto a voz arrastada.

- Sabia que iriam curtir. – Jeniffer comenta em risos, virando uma lata de cerveja na boca – Uma balada dessas levanta os ânimos de qualquer um.

- Fazia muito tempo que eu não participava de algo assim. – Tamires diz sorrindo, dando um longo bocejo e se espreguiçando – Acho que faz mais de um ano desde a última vez que fui em uma festa, ainda estava na minha cidade.

- E aqui em São Paulo temos várias dessas. – Digo rindo, sentindo uma dificuldade em olhar para a garota ao meu lado. Tudo está girando e me deixando tonta, nem sei como estou conseguindo andar nesse estado, e é impressionante que ainda não vomitei, mas isso não importa. Tamires definitivamente deixou a expressão mais séria de antes, e agora seu semblante parece muito mais leve. Ela precisava mesmo se desestressar.

- Iremos em mais baladas dessas, com certeza. – Ela diz em um sorriso animado – Vou fazer questão de falar daqui para meus amigos da minha antiga cidade, é certeza que a Carol virá pra cá no primeiro ônibus...

- Avise sim, e voltamos todos juntos nessa mesma balada. – Jeniffer comenta aos risos.

- Alguns deles ainda não podem, ainda não são maiores de idade. – Tamires da de ombros em uma gargalhada.

- É uma pena que sejam tão novinhos. – Digo rindo dando de ombros.

- Independente, o convite está feito! – Jeniffer diz se espreguiçando.

Letícia pende um pouco o corpo para frente, em um sorriso animado. Ela mantinha seus cabelos dourados presos, mas assim que chegamos na balada elas os soltou, combinando muito mais com ela. – Os amigos da sua cidade, eles são mais bagunceiros, ou tímidos como eu?

- Você não está nada tímida hoje. – Provoco aos risos. – Na verdade, está bem soltinha.

- As bebidas me fizeram muito bem! – Ela me responde em animação – Só não quero lembrar dessa noite amanhã.

- Eu te lembrarei de tudo, e de todas as bocas que beijou. – A provoco, fazendo com que Letícia faça bico por um momento. Mal sabe ela que talvez eu também não me lembre de absolutamente nada, com certeza quero esquecer do rapaz que usei a runa da sensação no banheiro. Na hora pareceu uma ótima ideia testar para sentirmos mais prazer, mas ver ele caindo desmaiado no segundo seguinte me fez mudar de ideia. – Só quero saber se vamos lembrar de algo, o mundo ta girando.

- Está mesmo... Nossa, que dor de cabeça, eu to zonza... – Letícia diz, passando os dedos pela lateral do rosto. Eu entendo ela, além de toda a tontura e embriaguez, minha cabeça está explodindo de tanta dor por causa da música alta. A ressaca de amanhã promete. – Alias, ainda não me disse dos seus amigos Tamires.

- Um pouco mais bagunceiros... Só o Edan que é bem caseiro, mas a Anne sempre da um jeito de tirar ele de casa... – Ela diz pensativa. – A Raquel faz bastante bagunça naturalmente, o Leandro e a Iris sempre estão rindo das maluquices dela, e a Carol leva tudo para os lados mais inesperados do nada.

- Gostei desse grupo. – Digo animada olhando para Tamires – Quero conhecê-los algum dia.

- Pode deixar, eu os convidarei a vir para São Paulo. – Tamires questiona aos risos.

Diminuo o ritmo dos meus passos, parando ao lado de Tiago, que carrega Marina nas costas. Ela está sendo sustentada pelas pernas, e seus braços envolvem o pescoço de Tiago.

Pelo visto ela caprichou até demais na dose, e nem está conseguindo andar de tão bêbada. Além disso, ela está balbuciando coisas estranhas, por trás de um sorriso de uma menina manhosa.

Apesar que, por mais que eu esteja bêbada, algo me faz acreditar que esse sorriso da Marina é bem sincero. Ela parece feliz de verdade, não por efeito do álcool.

Faço um carinho de leve pelo cabelo da minha melhor amiga, que fica com o rosto aconchegado no ombro de Tiago – Como está sua passageira?

O garoto me olha sorrindo – Pesada, mas bem amigável. Acho que ela dorme logo... Marina aproveitou bem à noite, e agora precisa de um descanso. – Ele diz em um tom carinhoso.

- Acho que todos aproveitamos, mas ela é a única que não está se aguentando de pé. – Sorrio olhando para o mais jovem, que leva seu olhar a Marina, da mesma forma carinhosa. Ele está sendo atencioso e bem cuidadoso, é fofo. – Quero saber como voltaremos para casa.

- Nem sabemos que horas são... – Tiago diz pensativo. – Deve ser umas três da manhã, o metrô não está aberto. E depois de bebermos tanto, pegar ônibus não é uma boa ideia.

- Concordo, e motorista de aplicativo não vai ser barato agora de madrugada... Mas não podemos ficar andando por ai a essa hora... – Digo pensando, e as meninas diminuem o ritmo, andando a minha volta – Podemos ir de volta para a Praça da Sé, tem um terminal de ônibus lá, não é?

- Sim, só não sei dizer onde... Não costumo vir para esses lados. – Tiago da de ombros.

Ouço um suspiro atrás de mim. O único que não disse nada desde que saímos da balada, e está andando calmamente atrás de nós. Brian mantém suas mãos nos bolsos, em uma expressão de quem está entediado, talvez com sono. Aliás, durante a balada toda ele só ficou enfiado lá na área VIP, e mesmo assim acho que nem se divertiu.

Ele não parece estar nada alterado ou bêbado como todos nós – Vai ficar apertado, mas não tem outro jeito, eu levo vocês.

- Veio de carro? – Questiono o observando.

- Vim. Deixei em um estacionamento perto do metrô. – Ele diz nos olhando.

- E tem espaço? – Jeniffer questiona, olhando para todos nós.

- Daremos um jeito... – Brian diz pensativo – Claro, se vocês não se importarem de ficarem esmagados alguns minutos.

- Passeio de carro...! – Marina diz em sua voz de menina mimada, erguendo de leve seu punho que logo cai e agarra a camisa de Tiago, arrancando risos de todos.

- Concordo, talvez carro seja a melhor ideia, mas como faremos com ela? – Tiago diz, observando Marina se aconchegando.

Brian da de ombros por uma vez – Pensamos em algo no carro.

- Quanto cavalheirismo... – Jeniffer diz zombando.

- Mas que já fique avisado, se qualquer um de vocês vomitar dentro do meu carro, considerem-se expulsos. – Ele diz, fazendo com que todos apenas tenham uma crise de risos. Nenhum de nós deve ter levado ele a sério.

Caminhamos pelas ruas escuras e desertas, e a noite está bem fria, isso sem contar o nevoeiro assim que saímos. Abraço a mim mesma, tentando me manter aquecida, porém minhas pernas não tem a menor chance de serem protegidas de todo esse frio da madrugada. Será por pouco tempo, até entrarmos no carro.

Conversamos e damos risadas, apesar da minha tranquilidade aparente, estou um pouco nervosa de andar de madrugada no centro da cidade, mas é questão de pouco tempo até chegarmos ao local de onde viemos, e de fato, a estação está fechada.

O lugar está deserto, na verdade, o centro de São Paulo está deserto. Não ouvi vozes ao longe, sons de motos ou carros, nem nada do tipo desde que saímos da balada. Está apenas o silêncio da noite, além disso, a névoa parece um pouco mais densa. Isso me incomoda um pouco.

Dou um bocejo, enquanto Brian nos guia até o local. Chegamos a um local com um portão de grades fechado, e dentro posso ver o carro parado, e a nossa carona está a um portão a metros de distância de nós.

- Fechado... Como vamos fazer agora? – Letícia comenta, olhando para Brian.

- Isso é fácil para mim. – Brian diz em um pequeno sorriso, recuando alguns passos.

Eu o observo com uma sobrancelha erguida sem entender direito o que ele planeja. De repente Brian se abaixa de leve, avançando em uma corrida saltando, alto o bastante para passar pelos muros e cair dentro do estacionamento.

Ele se levanta, batendo as mãos nas roupas algumas vezes. Todos nós olhamos para ele com uma surpresa no rosto.

- Isso é incrível... – Tiago diz em um sussurro.

- Impressionante, não acha? – Jeniffer diz em um sorriso. – É um pouco do que ele consegue.

Vemos Brian indo em direção ao portão, enquanto tenho a impressão de escutar alguma coisa ao longe. Parecem passos metálicos bem pesados – Agora é só descobrir como abrir isso, pegar o carro... E iremos para casa.

- Será que tem alguma trava? – Tamires comenta se aproximando, tentando olhar.

- Não sei... Mas não quero forçar o portão... – Ele responde com a voz abafada.

Eles falam algo, porém eu não escuto. Algo chama minha atenção. Meu colar começou a brilhar forte de repente, e não apenas isso. Ouço a voz manhosa de Marina, e ela aponta em uma direção – Oia, um robozinho... Ursinho fofo...

Todos olham para Marina mas ignoram, imaginando que ela está bêbada, mas eu não.

Meus olhos se viram na direção que minha melhor amiga apontou, e no começo da rua está algo, uma coisa grande e robusta, e também é a origem do som de pesados passos de metal. Está levemente ocultado pela névoa e não posso ver com clareza, mas é um ser grande.

A luz de um poste o ilumina e sua forma é revelada, um corpo grande e pouco reluzente à luz, um ser pesado e caminhando devagar em uma forma mecanizada, coberto por alguns panos, seu rosto é de um grande urso animatrônico.

De onde a entidade conseguiu esse corpo? Aliás... Ele possuiu aquela coisa?

- Olá olá... Clara... Minha Clara... – Ouço a voz vinda daquele ser, que avança em mais um passo pesado em nossa direção. O som do metal se movendo pode ser nitidamente ouvido, e a névoa se faz presente. Não resta dúvidas, é a entidade – Sentiu... Saudades?

- Ah, Brian? – Digo, sem olhar para ele. – Acho melhor se apressar... Temos companhia.

- O que é aquela coisa? – Tiago questiona.

Olho para ele, que está em uma expressão assustada – Uma entidade... Minha entidade, aquela é coisa que está presa dentro de mim...

O pesado corpo dispara em uma corrida em nossa direção, é desengonçado, mas se atingir qualquer um de nós, é morte certa.

Olho por cima do ombro, todos se aproximam desesperados do portão, e posso ouvir o som do metal do portão por Brian tentar forçar a passagem. Volto meu olhar para a criatura, que já está a minha frente, com os olhos cravados em mim, girando o corpo e me acertando no estômago.

Meu corpo é lançado para trás, o ar me escapa. Meu corpo vai ao chão, arrastado pela rua. Arfo desesperada, sentindo meu braço e minha perna esquerda ardendo, devo ter me ralado inteira agora, mas isso agora não é problema.

A questão é saber, como essa coisa conseguiu me acertar? Por que meu colar não funcionou?

Não, ele está brilhando com a mesma intensidade, está funcionando, mas não afastou a criatura de mim. Isso é estranho demais.

Me ergo devagar e com dificuldade pela minha embriaguez. Tudo está girando e mal consigo focar direito na entidade por causa da tontura. Bato uma mão na minha coxa, vendo os vários arranhados nela, e logo em seguida olho o estado do meu braço. Tanto meu braço quanto minha perna estão sangrando, mas é muito pouco. Doem muito, ardem e sinto o machucado queimando, mas não passam de arranhões, está tudo bem por enquanto.

Volto a encarar a entidade enquanto tento permanecer de pé com dificuldade, que solta risadas de divertimento ao me olhar.

Ele não quer saber dos outros, está focado apenas em mim.

Hora de testar minhas runas, mas agora que vejo... Minha bolsa não está mais comigo. Está no chão, atrás da entidade. E agora?

Percebo Tiago deixando Marina com as outras, tomando a lata de cerveja das mãos de Jeniffer e correndo em direção da entidade. Ele lança a lata na boca do animatrônico, o pegando de surpresa fazendo se desestabilizar por um segundo.

O rapaz ainda acerta um chute com toda a força na perna do robô, mas é apenas Tiago que geme de dor pelo impacto. Sua perna falha, mas ele ainda tenta socar o corpo que a entidade está usando por algumas vezes, mas a criatura mal se abala. Já Tiago vai ao chão ao perder o equilíbrio, segurando seu punho.

A entidade ri por mais vezes, erguendo uma perna e golpeando Tiago no chão uma vez. Ele tosse e geme de dor pelo golpe, mas antes que ele tenha alguma reação, a entidade golpeia ele por mais uma vez com mais força. O corpo metálico ergue a perna por mais uma vez, porém fecho os olhos e viro o rosto, apenas escutando o impacto e os gritos de dor do meu colega. Não vou continuar vendo isso sem fazer nada.

Corro em direção deles, focando na minha bolsa. É só uma das runas que preciso. A entidade se vira para mim, mas consigo forçar minhas pernas e alcanço minha bolsa.

Ergo uma mão, apontando a palma em direção da criatura. Fecho os olhos, respirando fundo ao máximo e soltando pela boca, tentando me concentrar. Que seja tudo de mim, toda minha energia, mas o que eu puder fazer, eu farei, não deixarei que mate alguém a minha frente.

- Oh... E o que a mocinha está fazendo? – Ouço a voz de deboche da criatura ecoando arrastada.

- Cale-se! – Digo franzindo a testa, mantendo meus olhos fechados, tentando me concentrar.

Mesmo de olhos fechados sinto meu corpo zonzo, sem o menor equilíbrio. Um pouco que seja eu irei ao chão sem o menor controle por culpa de toda minha embriaguez, juntamente ao meu cansaço e todas as sensações misturadas no meu corpo e as dores que sinto, estão me impedindo de fazer qualquer coisa direito.

Vamos, concentre-se Clara!

Respiro fundo por mais uma vez, agora muito mais aflita do que antes. A mesma energia nasce em meu corpo, quente e intensa, mas agora corre em desespero pelo meu corpo. Seu calor se espalha pela minha pele, por dentro de mim, meus arranhões agora não incomodam mais. Guio toda essa energia interna para minha mão da maneira mais rápida que eu posso.

É em questão de segundos, abro meus olhos, mentalizando a runa do impacto que carrego em minha bolsa, e uma onda de impacto se projeta para fora do meu corpo, ao mesmo tempo que sinto toda a energia que tenho deixando meu corpo imediatamente.

O nevoeiro se rompe como se arremessada para longe com a força que lancei, a rajada e tão intensa que consegue desestabilizar o grande corpo metálico e o empurrando para trás. Ouço seus passos pesados no chão, vendo seu desequilíbrio e a distância dele para Tiago aumentando, antes da minha visão se turvar, e minhas pernas falharem sem forças.

Caio de joelhos e apoio meu corpo com uma mão no chão. Respiro ofegante encarando o chão com dificuldade. A fadiga recai sobre mim como um imenso peso, meu corpo está exausto.

Alguém se abaixa ao meu lado, e logo em seguida outra pessoa para ao meu lado – Como vocês estão? – Ouço a voz de Tamires, olho para ela, e a outra pessoa comigo é Tiago.

Dou um sorriso fraco, olhando para meu colega. – Estou bem, só sem forças... Como está?

- Dolorido... – Ele diz respirando apressado, e percebo que ele segura uma das pernas com uma das mãos, e com a outra ele massageia onde recebeu os golpes. – Vou sobreviver...

Ouço passos pesados, junto aos sons de juntas e metais se forçando. A entidade vem caminhando em nossa direção. Os sons metálicos de seu corpo se unem aos passos lentos. Meu corpo não consegue nem tremer de tão fraco.

- Truque interessante... Tente de novo, se for capaz... – Ele diz com sadismo em sua voz arrastada, que logo se torna risadas macabras que mais se assemelham a um rugido monstruoso.

A fumaça escura emana de seu corpo, tornando sua couraça completamente enegrecida e parece se tornar mais espessa. Os dentes crescem e se afiam, as pontas dos dedos ganham garras. Não apenas isso, um incandescente brilho avermelhado emana de seus olhos, boca e qualquer espaço de seu corpo, e esse brilho logo se tornam labaredas em um grito estrondoso.

- Faça, ou matarei todos aqui... – Ele ri, avançando em mais um passo que desta vez deixa o chão em chamas. – Mesmo se fizer, matarei cada um de vocês... E você... Será a última... Te farei ouvir os gritos de todos...

- Precisamos sair daqui... – Tamires sussurro com a voz trêmula – Sozinhos não temos como ganhar disso...

- Ela está certa, precisamos ir para longe. – Tiago diz sussurra tenso, tentando se erguer com dificuldade, mas logo desiste.

A entidade chega mais próximo de nós, em passos apressados. Sua boca se abre, direcionando seus dentes contra nós. Não temos como correr, estou fraca demais para ficar de pé, e Tiago está machucado, o que fazer?

Espera, tive uma ideia!

Isso é arriscado, e se falhar eu perderei meu braço, mas não tenho outra alternativa a não ser tentar isso.

Ergo minha mão novamente em direção à entidade e fecho meus olhos tentando fazer o mesmo de antes, o mais rápido que eu puder. Estou com medo, assustada, aflita e sem certezas de que dará certo, se conseguirei me concentrar, mas não importa, estou tentando.

- Fechem os olhos agora! – Grito, tendo a certeza que a entidade está bem a minha frente nesse instante, e na mesma hora, a imagem da runa do brilho me vem em mente.

Um feixe luminoso extremo surge da palma da minha mão, fazendo a entidade parar de imediato seu movimento. A emitida é tão forte que mal posso enxergar a entidade, mas não importam, tenho que tentar manter isso o máximo de tempo que posso, forçar meu corpo a resistir, manter essa luz... Mas cada vez mais, sinto meu corpo fraquejando.

Minha visão se embaça e lentamente a luz da minha mão se apaga, e pare meu desespero, a entidade está parada, virando seu rosto lentamente para mim, olhando diretamente nos meus olhos. Tudo que ouço é um som de algo arrebentando, seguido por uma repentina explosão branca, e o corpo da entidade sendo enviado para longe.

Não aguento mais, meus olhos se fecham, ao mesmo tempo em que sinto meu corpo pendendo para frente, se encontrando com a fria rua. Não tenho forças para me mexer...

Mas sei que estou acordada.

Meus braços são pegos e são colocados ao redor de algo, e percebo que alguém está erguendo meu corpo devagar. Acho que estou me movendo.

- Você fez bem Clara... Se saiu melhor do que imaginei... – Ouço uma voz falando comigo. É distante, ecoada... Quem será? – Aqui está a chave... Vão para o carro e me esperem, eu cuido de tudo aqui...

Minha vontade é de debater, falar qualquer coisa que seja, mas não consigo, isso sem contar todo o efeito do álcool no meu corpo. Minha vontade é de dormir sem pensa em mais nada, mas não posso, tenho que ficar acordada.

Forço meus olhos, os abrindo devagar, vendo o chão passando devagar abaixo de mim, e como consigo ergo meu rosto – Está acordada Clara? – Ouço a voz de Tamires.

- Mais ou menos... – Digo com a voz fraca, além de perceber os efeitos da embriaguez. Pisco algumas vezes, vendo que ainda estamos passando pelo portão. – Esperem...

- Não se esforce, já estamos perto do carro. – Tiago diz.

- Não é isso... – Insisto, olhando para trás por cima do ombro. – Eu quero ver...

- Por que?! – Tiago me questiona, e o problema é que não sei o motivo disso, apenas quero.

- Não sei... – Sussurro, me desvencilhando de ambos, tentando me manter de pé. Meus olhos ainda seguem na direção dele – Mas eu quero... Preciso ver como isso vai acabar... Aquela coisa... Está aqui por minha culpa...

- Vai para o carro e ajude elas, eu fico com a Clara. – Tamires diz, me ajudando a me aproximar do porão aberto.

Meus olhos pesam, mal consigo focar direito nas coisas, mas quero tentar algo, uma última coisa com a pouca força que ainda tenho.

Sacudo a cabeça e fecho os olhos, tentando desesperada buscar a minha concentração, mas agora é difícil. Ouço apenas sons de um combate que não posso ver agora, mas eu farei algo que espero que ajude Brian.

Tímida e fraca a energia me surge, com muito menos calor do que normalmente acontece, na verdade, a energia que me percorre agora é fria trazendo arrepios profundos no meu corpo, mas tenho que ignorar. É pouco, mas guio isso para minha mão, a ponta do meu indicador.

Ergo o punho e abro meus olhos, focando em Brian com dificuldade, que acabou de ser jogado para trás, mantendo seu equilíbrio sobre os pés. Respiro fundo, projetando a pouca energia que reuni em sua direção, tendo em mente uma das runas que não usei até agora.

A runa da velocidade.

Por um segundo meu corpo perde boa parte da força e tenho mais dificuldades de me manter de pé, sequer consigo ficar acordada. Meu corpo todo está sem forças a ponto de eu não saber mais se consigo me mexer, apenas estou acordada pela minha própria teimosia.

É difícil, mas tento olhar para meu guardião, que está parado olhando para as mãos. Ele abaixa seus braços e me encara por cima do ombro por alguns segundos, com uma expressão surpresa em seu rosto.

Brian volta sua atenção para a entidade, e meus olhos pesam. Meu corpo inteiro quer ceder, tudo está embaçado, mas ainda tento permanecer acordada.

Pisco algumas vezes voltando minha atenção, e Brian repentinamente ele desaparece, ressurgindo ao lado do corpo enegrecido acertando uma joelhada em um impacto que ecoa por todo o ambiente, emendando em um soco forte o bastante para empurrar o corpo da criatura.

Brian salta para trás dispara em uma corrida extremamente veloz que eu mal consigo acompanhar, golpeando o rosto da criatura com o punho, girando seu corpo se desviando de um ataque, e desce a mão onde está a lâmina, enfiando contra o peito encouraçado da entidade, causando uma fenda profunda de onde chamas surgem, porém nada mais que isso. Para piorar, a lâmina de Brian parece que ficou presa.

Ele não tem tempo de desviar, e recebe um golpe no rosto, indo ao chão de imediato em uma queda ruidosa. Brian tenta se levantar, mas acaba agarrado pela roupa e erguido do chão. A diferença de altura entre os dois é nítida, Brian mal consegue tocar o chão e acho que nem está tentando. A entidade fecha o punho e golpeia Brian, que por sua vez parece conseguir se defender com os braços, mas apesar disso, a entidade não para de atacar por nenhum segundo. Ele dispara socos e mais socos contra Brian, que consegue defender, porém alguns o acertam no rosto e pelo corpo, seus braços parecem fraquejar, mas ele tenta manter a defesa.

Um último golpe é desferido, porém esse acerta o guardião, que por consequência é jogado para trás pela força da entidade. Brian consegue se manter de pé, batendo a palma da mão no local onde recebeu o golpe. Não vejo sua expressão, mas ele parece magoado com o golpe.

Brian mal se recupera e avança por mais uma vez, desta vez ele fecha seus punhos, dando socos pesados pela couraça da entidade, tão avassaladores que posso sentir os impactos de cada golpe, alguns fortes o bastante para fazer o enorme corpo de metal enegrecido recuar alguns passos.

Brian acerta um chute na faca presa ao corpo animatrônico, a fazendo se soltar do corpo da entidade, emendando um segundo chute para aumentar a distância entre os dois.

Brian gira seu corpo, batendo a palma da mão na entidade, e de instantâneo uma onda elétrica atinge o corpo da entidade em raios que o percorrem por dentro e fora do corpo. A onda é intensa e veloz, ganhando intensidade em uma explosão elétrica única que envolve totalmente o corpo animatrônico. Eu nunca vi Brian fazendo isso antes, mesmo no meu estado, eu sei que existe surpresa no meu rosto.

A entidade está parada, com o corpo tremendo em espasmos pela carga elétrica que recebeu. Em um novo golpe que o guardião desfere com o mesmo punho, o mesmo efeito da runa de impacto surge, porém esse é diversas vezes mais forte do que a runa que já usei antes. O ruído e impacto se espalham pelo ambiente atingindo meu corpo em uma rajada de ar quente, acompanhado a um forte ruído de rachaduras, objetos caindo simultaneamente e vidros estilhaçados por todos os lados.

Mas apesar de ser mais forte do que a que eu fiz, a entidade apenas se move um pouco para trás, agarrando o guardião pela cabeça e o lançando contra o chão, acertando golpes e mais golpes descontrolados. São pisões em sequência e logo em seguida ruidosos golpes dos pesados punhos metálicos.

O erguendo do chão, a entidade acerta Brian por mais uma vez, o jogando para trás. Ele rola no chão e se levanta em um pulo. Seu corpo pende um pouco para frente e está arfando um pouco, mas logo o guardião ergue sua postura outra vez.

Brian está com parte de suas roupas bem rasgadas e sujas, mas não passa disso. Aparentemente ele está bem. – Acho que vou demorar. Está muito mais resistente que antes! – Ele diz, mas sua voz não é séria, parece de diversão.

- As juntas... – Consigo dizer olhando para a entidade, atenta as partes expostas de seu corpo. Brian me olha por cima do ombro, com uma sobrancelha levemente erguida – Acerte as juntas do corpo dele... Elas estão desprotegidas...

- Certo... Parece um bom plano... – Ouço sua voz soar um pouco mais séria, fazendo a lâmina reaparecer em sua mão. Essa é diferente da anterior, é maior, pelo que consigo ver é um tipo de espada cimitarra.

Brian avança rápido, desviando de um golpe saltando para o lado. Aproveitando a brecha, ele acerta um soco direto pela lateral da criatura em um estrondoso ruído metalico. Por mais uma vez o efeito da runa o impacto se vê presente, porém não é apenas nesse primeiro ataque. O guardião atravessa a junta do joelho do animatrônico com a faca, fazendo a entidade ter dificuldades em mover uma das pernas.

O guardião acerta golpes diretos contra a entidade, socos e chutes contra o corpo da criatura, cada um deles imbuído com a força da runa do impacto. Cada golpe é destrutivo, ruidoso, a grossa névoa que nos cerca é varrida para longe com a onda gerada de cada ataque de Brian, já a entidade mal consegue reagir, apenas recebe cada novo golpe, mas não sei dizer se está se ferindo.

Vejo o homem girando seu corpo, pecando sua lâmina de volta, agarrando a cabeça da criatura e erguendo seu corpo, descendo o fio da lâmina contra o ombro desprotegido da criatura em alta velocidade, e um ruído de metais se chocando é ouvido.

Novamente a lâmina ameaça a ficar presa, e sei que a mão do guardião está muito próxima as chamas que vem de seu corpo. Brian da um pulo, acertando ambas os pés contra o corpo robótico o empurrando para longe. Brian recuperou sua faca, ao mesmo tempo que o braço robótico cai ruidosamente no chão.

A entidade hesita, enquanto o guardião se move rapidamente, indo para atrás da criatura, passando seus braços em volta do corpo metálico, o erguendo e jogando o pesado corpo da entidade contra o chão. Aproveitando da brecha conseguida, Brian enterra sua lâmina no outro braço, mas antes que consiga arrancar o segundo braço, a entidade desaparece.

Por entre a névoa, a entidade retorna caminhando mancando. Uma de suas pernas está danificada, e o outro braço mal pode ser erguido. Brian avança mais uma vez, com sua lâmina apontada diretamente para a cabeça do animatrônico.

Em um segundo consigo ver a ponta da arma que Brian usou atravessando a cabeça da criatura pela boca, e o ser mal reage. Seu corpo permanece de pé, completamente imóvel após o golpe. As chamas ainda queimam em seu corpo e de sua boca, mas a entidade sequer se move.

Penso que tudo acabou, mas não é isso que acontece... Não apenas isso, uma pressão esmagadora surgiu de repente.

Uma risada ecoa pelo ar, e lentamente a criatura abre mais a boca, a fechando de uma vez com toda a força, atravessando o braço de Brian, e seu sangue espirra por todos os lados. O braço de Brian parece preso. Não sei como reagir, não consigo gritar, não tenho forças para falar ou esboçar nada... Porém o guardião não esboçou nada. Sequer parece ter sentido algo.

Com a mão livre, ele abre novamente a boca da criatura, mostrando muita dificuldade ao fazê-lo. Não apenas isso, com o braço que antes estava preso agora é usado para manter a boca da entidade aberta, e Brian finaliza forçando a espada, cortando a parte de cima da cabeça robótica a lançando no meio da rua.

Brian vem caminhando calmamente em nossa direção ao mesmo tempo que o corpo animatrônico cede atrás de si. Ele toca o braço machucado por alguns segundos, com uma expressão de dor que ele logo tenta disfarçar.

- Pronto, terminamos por aqui... – Ele diz simplesmente, respirando fundo e mantendo seus olhos fechados. – Agora podemos ir embora.

Pisco algumas vezes, vendo como tudo que aconteceu, e Brian aparente bem, tranquilo... Só está com as roupas todas esfarrapadas e chamuscadas nos locais que foi golpeado, além de haver alguns pequenos machucados em seu rosto.

- Tamires? O que está olhando? – Brian diz de repente e olha na mesma direção. Isso atrai minha atenção e como consigo, olho junto.

Ela não está olhando para Brian, ou para o corpo estático da entidade que agora perdeu as chamas que queimavam sem parar dentro de si. Não, ela olha em uma direção da rua, ainda encoberta por uma névoa enegrecida que se dissipava lentamente.

Tem alguém ali, parado. Apenas sua silhueta pode ser vista pela névoa.

Ele parece se virar e se afasta, ao mesmo tempo que um imenso par de asas surge, e lentamente a pessoa desaparece em meio a névoa.

- Por acaso ele...? – Digo, sem conseguir terminar.

- Sim... Era ele... – Tamires diz em uma voz trêmula. – O cara do casaco...

O silêncio dura alguns segundos apenas, até Brian avançar, envolvendo seu braço pelo meu corpo – Vamos embora daqui!

Não tenho como falar, não tenho forças. Meu corpo perde para toda a fraqueza que estive combatendo até agora, meus olhos finalmente cedem, e enquanto sinto meu corpo sendo levado a algum lugar, tudo se apaga de vez.

Minha cabeça da diversas pontadas de dor, e minha barriga também dói horrores. Mesmo fechados, aperto mais meus olhos por causa da dor que estou sentindo.

Meu pai, a ressaca de hoje veio com tudo.

Sei que estou deitada, mas não faço a mínima ideia de onde seja. Apalpo devagar com minha mão, ao mesmo tempo que movo minhas pernas na tentativa de sentir melhor qualquer coisa a minha volta, e esbarro de leve no que parece o corpo de alguém.

O local onde estou deitada é estranho, parece um tecido, mas parece meio duro, é diferente de um colchão. Estou com a cabeça em algo bem macio e aconchegante, um travesseiro, e acho que estou coberta por uma mantinha leve, mas quente.

Abro meus olhos lentamente, e apesar de pouca, a luminosidade faz meus olhos doerem. Acho que essa luz vem de alguma janela entreaberta, não tenho certeza. Movo apenas a cabeça vagarosamente, tentando reconhecer onde estou, mas apenas um teto não é o bastante para isso.

Ergo meu corpo devagar, sentindo uma dor aguda na minha barriga, tento abraçar a mim mesma para aplacar a dor, mas não consigo. Parece que apanhei ontem, não sei, me lembro de poucas coisas...

Olho em volta, encontrando apenas a penumbra. Eu estava certa, a pouca luz vem de uma fresta de uma janela, e olhando em volta, sei que estou em um sofá-cama. Por quanto tempo será que estive dormindo aqui?

Passo ambas as mãos no rosto, tentando afastar o sono ao máximo que consigo, mas é claro que essa não é uma tarefa nada fácil. O enjoo que até agora estava bem comportado resolveu aparecer com tudo para fazer graça, me causando uma forte vontade de vomitar, mas consigo conter essa vontade desagradável.

Um mar irritado não é nada comparado em como eu me sinto nesse momento.

Respiro fundo, resistindo ao máximo a dor de cabeça e ao enjoo, e inicio minha batalha para sair do sofá, me movendo devagar. Demora, mas consigo alcançar a beirada do sofá, e permaneço sentada alguns segundos, encarando o nada.

Agora é sério... Eu nunca mais vou beber.

Olho para o lado, tentando reconhecer quem está deitado comigo no sofá. Cerro meu olhar, levando alguns segundos, mas finalmente reconheço Marina. Ela dorme tão serenamente, parece uma anjinha. Nem parece a mulher com uns parafusos a menos que chamo de melhor amiga.

Vejo como ela está enrolada na coberta, aconchegada sobre seu corpo, mas não apenas isso, está volumoso demais para ser só a Marina. Me ergo um pouco, percebendo mais alguém atrás dela, que não é ninguém menos do que Tiago.

Encaro ambos com certa surpresa e dou um leve pulo, mas isso é o bastante para que minha cabeça doa ainda mais, e continuo sem entender absolutamente nada.

Por que os dois estão assim, dormindo tão agarrados?

O que aconteceu na noite passada? Quanta coisa eu perdi... Ou aliás, o quanto eu esqueci?

Meus olhos correm pelo lugar, e logo em frente ao sofá, está um colchão até bem largo, e duas pessoas estão dividindo esse espaço sem muito sucesso. Deitada para um lado parece ser Tamires, e do outro lado está Letícia.

Saio do sofá trazendo a manta comigo, passando em volta do meus ombros para me proteger um pouco do frio deste lugar, caminhando devagar enquanto tento reconhecer o lugar, mas em pouca luz está difícil.

Passo devagar pelo lugar, reconhecendo bem de leve onde estou. Reconheço, mas não tenho certeza de que lugar é esse. Alcanço a cozinha, bem mais iluminada que o ambiente anterior por causa da luminosidade que vem da janela. Pelo menos, agora já sei onde estamos, aqui é a casa do Brian.

Minha mão tateia e toca o interruptor, e neste momento eu simplesmente passei a me odiar com toda a força do mundo. A claridade repentina faz minha cabeça latejar de tanta dor, e mal consigo abrir meus olhos. Encosto minhas costas no batente da porta, tentando me recuperar, esqueci totalmente da minha sensibilizada e luz quando estou nesse estado.

Ana Clara, você é uma idiota completa! Ligar a luz quando estou em uma ressaca dessas? Qual meu nível de amadorismo para fazer uma burrada desse tamanho?

E para melhorar a minha situação, eu acho que não bebi água nenhuma vez ontem, muito menos comi alguma coisa, ou seja, estou plenamente ferrada.

Levo um tempo para me recuperar, e quando consigo, finalmente vou aos armários, ignorando a maneira que meu corpo e minha cabeça praguejam, procurando qualquer coisa que eu possa preparar. Encontro um pote transparente com um pó escuro dentro, abro e sinto o aroma forte de café. Por algum motivo, esse cheiro me agrada, relaxa meu corpo.

Levo meu achado a pia, procurando por um bule, enchendo com água e deixo esquentando no fogão. Tomo a liberdade de olhar os armários, pegando tudo que preciso, continuando a preparar um bom café matinal.

Depois eu me desculpo com Brian por ter mexido nos armários sem sua autorização, mas por agora é uma atitude por um bem maior. Espero que um café bem forte ajude a aliviar a ressaca desta vez.

Termino o café e me sirvo em uma xícara, não coloquei uma gota de açúcar sequer, espero que não fiquem bravos comigo. Ouço passos preguiçosos vindos de fora da cozinha, me viro para ver quem é, e quem entra é Jeniffer.

- Bom dia... – Ela diz preguiçosamente, arrastando os pés pela cozinha.

- Bom dia... – Digo, e minha voz sai bem mais grossa que a voz do meu pai costuma ser. – Fiz café forte para ajudar na ressaca, tome um pouco.

- Eu agradeço muito Clara. – Ela diz em um meio sorriso, pescando uma xícara em um armário, se servindo e indo se sentar em uma cadeira.

Pelo que vejo, Jeniffer também passou muito longe de escapar da ressaca.

A cara dela está péssima, olhar bem caído, os cabelos castanhos desarrumados, e parece exausta pelo jeito que está andando. Além disso, ela está com roupas diferentes das de ontem. Ela veste uma folgada camiseta azul escura cheia de estampas desbotadas, é tão larga que mais parece um vestido por passar da metade de suas coxas.

- Minha cabeça está explodindo... – Ela diz, levando uma mão ao rosto, assim que se senta. Seus olhos ficam fixos no café, mas ela mal se mexe.

- Estamos todos assim hoje. – Digo sorrindo, porém meu sorriso se desmancha com uma nova pontada de dor.

- E pior que não tem analgésicos... – Jeniffer suspira.

- Eu apaguei e não lembro de nada da noite passada... Que horas nós chegamos?

- Acho que três e quarenta da madrugada... – Jeniffer diz pensativa. – Não tenho certeza, mas foi perto das quatro da manhã. Bem, você estava apagada quando te colocaram no carro.

Ergo uma sobrancelha, a vendo bebericar o café – Se lembra da noite anterior?

- Da maioria das coisas... – Ela da de ombros – Vou resumir... Nós bebemos muito, dançamos, bebemos e dançamos mais, paramos no bar para conversar, dançamos, tomamos uma batida mais forte, você aos beijos com alguns caras e vi indo ao banheiro com pelo menos três deles, a Marina dançando e bebendo até desmaiar, Tiago tomando umas batidas com o dono do lugar, a entidade aparecendo quando estávamos tentando chegar ao carro, a Letícia cantarolando na volta, e a Tamires chorando sobre um ex-namorado...

- Quanta coisa... – Digo em um suspiro.

- A pior parte foi quando chegamos. O Brian e o Tiago eram os mais sóbrios, e precisaram carregar todas nós para dentro de casa. – Ela diz em um riso contido. – Nenhuma de nós estava aguentando ficar de pé muito tempo.

Ergo as sobrancelhas com o que ela diz. Em passos lentos, alcanço uma das cadeiras e me sento devagar, resistindo as várias dores simultâneas – Me conte mais disso.

- Bem, chegamos aqui bem tarde, o Brian entrou em casa primeiro, enquanto nós ficamos com a tarefa de sair do carro... Tiago saiu com a Marina primeiro e a deixou no sofá-cama que o Brian já tinha preparado, além de pegar um colchão do quartinho vazio, acho que ele estava cansado demais para conseguir montar uma cama... – Ela bebe mais um pouco do seu café – Aí o Brian te buscou no carro e levou para o sofá também. Ajeitou a Letícia e a Tamires no colchão, me deixou ir tomar um banho, foi logo depois e me chamou para tentarmos dormir um pouco.

Brian chamou ela para dormirem juntos. Isso explica as roupas que ela usa agora.

- E como conseguiram colocar tanta gente dentro de um só carro? – Questiono, tentando ignorar meu pensamento recente.

Não tenho motivo para me incomodar sobre Brian e Jeniffer terem dormido juntos, ainda mais depois de tudo que fiz essa noite.

- Nem queira saber. – Ela sorri. – Tivemos que ir um no colo do outro, nunca aquele carro foi tão apertado quanto nessa noite. Pelo menos chegamos bem.

- Acho que caprichamos essa noite... – Sorrio assentindo bebendo meu café, sentindo o calor passando pelo meu corpo junto ao amargo do café sem açúcar. – Aproveitei por um mês.

- Eu sei. – Ela diz sorrindo, virando seu café de uma vez. – Todas nós aproveitamos bem.

Ouço mais passos lentos vindos de fora da cozinha, o que atrai meu olhar. Quem entra dessa vez é Brian, e a visão que tenho simplesmente me enlouquece.

Ele está apenas com uma bermuda branca que contrasta em perfeição com a pele morena dele. Posso ver seu corpo definido com ainda mais detalhes que da última vez. Olho com atenção seu corpo, os músculos que parecem terem sido perfeitamente moldados um a um. Meus olhos correm por ele, do olhar sonolento, o tronco e braços que me arrancam suspiros, até a bermuda que esconde algo que senti por cima de roupas mas nunca pude tocar...

Ele não é apenas alguém bonito com um corpo definido, Brian tem um corpo forte sem exageros... A julgar apenas pelo corpo, chamar ele de guardião não é um exagero. Não apenas isso, ele me atrai, seduz em cada segundo, meus olhos se atraem a ele como se estivessem magnetizados... Meus olhos e meu corpo, eu quero ele.

Por mais que eu esteja cheia de dores, ainda consigo me excitar olhando meu guardião. Cada vez mais, eu desejo esse homem... Ai ai, esse meu fogo parece que não acaba.

E quer saber, espero que não acabe nunca.

Percebo outros detalhes, que me fazem esquecer meus desejos. Vejo ataduras brancas envolvendo seu braço direito pouco acima do cotovelo, e na hora uma visão levemente turva surge na minha mente. O momento em que a entidade fechou sua boca no braço do guardião com aquela força monstruosa.

Não apenas isso, suas mãos e braços estão com leves queimaduras, além de alguns hematomas espalhados pelos braços, barriga e também no rosto, sem contar alguns arranhões pelo corpo.

Ver Brian assim tão machucado me faz sentir calafrios pelo corpo inteiro.

Ele olha primeiro para a parede, e então vira seus olhos para mim, e então a Jeniffer – Bom dia... O que fazem acordadas tão cedo?

- Cedo? Mas que horas... – Digo, mas ele me faz um gesto apontando na mesma direção que olhou antes. Só agora percebo o discreto relógio – Ah... 7:12h... Verdade, ta cedo.

- Fim de semana pelo menos. – Ele comenta, mas ao meu ver acordar cedo no fim de semana é ainda pior que durante a semana. Ele caminha ao armário, tirando um pacote de torradas.

- Mas eu já irei voltar para a cama. Estou destruída... – Jeniffer passa uma mão lentamente pela testa, abaixando seu olhar. Ela está sonolenta – E você, o que faz acordado tão cedo Brian?

- Quando despertei, não te vi na cama Jenny... Levantei, e ouvi vocês conversando. – Ele se serve de café, se sentando a minha frente, porém sem olhar a nenhuma de nós.

- Mas não aguento muito mais do que isso... – Jeniffer comenta, pescando algumas torradas e se levantando devagar, indo em direção a Brian – Vou voltar para a cama, preciso dormir mais... Obrigada pelo café Clara, espero que ele ajude um pouco.

- Tomou café, e vai dormir de novo? – Brian diz, a observando. Eu observo ambos calada.

- Na minha família, café nunca impediu ninguém de dormir mais algumas horas. – Ela diz pousando ambas as mãos nos ombros dele, apertando de leve e então saindo da cozinha, nos deixando a sós.

Eu não digo nada, nem Brian. Fico olhando meu copo com um pouco de café, dando um suspiro. Alguns momentos passam, e nenhum de nós se pronuncia.

Um pouco hesitante, ergo meus olhos a ele. Brian me observa, mas logo volta a se concentrar apenas em suas torradas secas e o café sem açúcar.

Meus olhos voltam ao seu braço machucado. Torço a boca com as lembranças que insistem saltar na minha mente – Está ferido...

- Isso não foi nada. – Ele diz simplesmente. – Você também está com alguns ferimentos.

- São só arranhões nos braço e perna Brian, não são nada demais... E seus machucados não parece ser "nada". – Insisto, atraindo seu olhar a mim. Olho atentamente cada um dos machucados em seus braços, queimaduras e os hematomas pelo seu corpo. Volto a olhar seu rosto, e percebo um corte no lábio inferior e também no canto do rosto. – Não sente dores?

- Estou bem, não se preocupe. – Ele diz calmamente, olhando para si mesmo. Não me preocupar vendo seu estado atual, não sei como fazer isso – Você quem fez o café?

Pelo visto, ele não quer falar disso. Está tentando fugir do assunto. Não sei por que, mas isso me magoa – Sim, fui eu.

Ele assente, permanecendo em silêncio alguns segundos – Um café forte... Gostei.

- É... Ajuda a aliviar a ressaca... – Digo em baixo tom, levantando devagar, levando minha xícara para a pia. Saio me arrastando para fora da cozinha, sentindo seu olhar sobre mim. – Ah é, me desculpe por ter mexido nos armários sem sua autorização.

Brian não me diz nada, e na verdade não espero que diga nada por agora. Apenas deixo a cozinha, passando pela sala, indo para fora de casa. Sair na luz do dia não será uma boa ideia, mas não ligo, preciso de ar.

Destranco a porta devagar e saio, caminhando até a garagem. A luz ofusca meus olhos, minha cabeça volta a latejar do mesmo jeito que a bateria de uma banda de rock pesado. Pisco algumas vezes, esperando a dor aliviar, enquanto tento encontrar qualquer sinal que diga mais algo do que aconteceu nesta madrugada, mas nada. Tudo parece estar na mais perfeita ordem.

Um suspiro me escapa, por que me sinto de tantas formas quando o assunto é meu guardião?

Eu sei bem que me sinto atraída, mas existiria algo mais? Algum sentimento que estou reprimindo sem perceber?

Abraço a mim mesma, deixando meus olhos se perderem pelo chão. Não posso me iludir, ele mesmo me disse várias vezes que me vê como um trabalho e nada mais que isso, e muitas vezes não deixa com que eu me aproxime. Mas por mais que eu saiba disso, por que não quero me afastar? Por que pensar em ficar longe me causa tamanho desconforto?

Ouço a porta sendo aberta atrás de mim, mas sequer me viro. Passos atrás de mim, porém nenhuma palavra. Aguardo um pouco, até me virar, encontrando meu guardião parado atrás de mim, com seu olhar sobre mim.

- Algo errado? – Questiono com a voz fraca.

- Apenas querendo me certificar se está mesmo tudo bem... – Me responde, sem tirar seus olhos de mim, mas agora de uma forma diferente. Novamente me causando sensações com seus olhos, me deixando inquieta, criando expectativas por algo que não sei o que é – Sente alguma coisa?

Um pequeno sorriso me surge – Eu digo se você me disser se está bem.

- Uma troca garota? – Ele questiona com um pequeno sorriso no rosto. Eu confirmo – Eu disse que estou bem.

- Mas está machucado demais para alguém que está "bem". – Digo o olhando.

Brian se aproxima mais de mim, tocando o curativo – Estou acostumado com situações assim, não é a primeira vez que me machuco desse jeito ou ainda pior... E não será a última.

- Não me impede de me preocupar. – Digo em um sussurro.

- É, concordo... – Ele responde, tocando meu braço – Não me respondeu se sente algo.

- Dores de cabeça, enjoo e várias dores no corpo conta? – Mantenho um sorriso.

- Conta sim... – Ele sorri – Irei preparar algo para que se sinta melhor...

Quero continuar isso, o que ele disse me deixa nas nuvens, como uma menina apaixonada e iludida, mas não cederei a isso. São só desejos e supostos pensamentos sem sentido. Não estou apaixonada por ele, é só atração, e nada mais.

- Obrigada... – Sussurro simplesmente.

- Quero perguntar algo. – Ele diz de repente – Ontem, na balada... O que te levou a fazer todas aquelas coisas?

Engulo em seco por um momento. – Aquelas coisas... Você diz...

- Tudo... – Ele completa, ficando perto de mim – Eu vi tudo, desde as várias bebidas, os beijos que deu em várias pessoas, até aquilo que fez com aquele cara, limpar a mão no cabelo dele que... – Uma risada lhe escapa, o que me faz sorrir – Foi bem engraçado para falar a verdade.

- Aquela ideia me surgiu do nada... – Ergo os ombros com minha melhor cara inocente.

Seus olhos continuam em mim – Mas não justifica o que fez, nem as vezes repetidas que correu para aquele banheiro com tantos caras... Olha... Sei que não tem nenhum motivo para falar, e se não quiser nem precisa me responder, afinal não tem nada que me faça ter algum direito de saber...Mas quero entender... Por que tudo aquilo?

- Ciúmes? – Digo em provocação, balançando a cabeça negativamente.

Ele pareceu um pouco surpreso com o que eu disse. Ele não me responde e por um momento seu olhar vai para o lado, e mergulhamos em um silêncio duradouro – Talvez... Mas não apenas isso.

Eu não esperava isso em nenhum momento. Brian não confirmou, mas também não negou a possibilidade de ter sentido ciúmes. Apesar da minha curiosidade, deixo isso para lá.

Baixo meu olhar antes de dizer meu motivo – Por precisar daquilo, me sentir viva... – Respondo dando um pesado suspiro – Tive tantos problemas com o Ricardo, ele desapareceu, agiu como um idiota, praticamente me abandonou... Eu quis aproveitar minha vida, fazer algo que eu queria, aproveitar tudo e todos que podia sem me conter em nada...

O homem a minha frente não se pronuncia, mas apenas sua presença me faz sentir indefesa.

- Me sentia frustrada, triste, cada dia eu me sentia mais angustiada, e... – Hesito um segundo, erguendo meu olhar de volta a ele – Eu quis viver por um momento, sem me preocupar com pessoas, com problemas, com entidades, com ciúmes, ou com meus sentimentos...

- Está frustrada com tudo... – Ele diz em um sussurro. – Mas não deve ficar fazendo tantas coisas assim, pode ser arriscado.

- Diz isso por que sou seu trabalho? – Não sei o motivo, mas foram essas as palavras que escapam dos meus lábios.

Brian torce a boca por um momento – Porque me preocupo com você... Você poderia ter se machucado, se te acontecesse algo, eu não teria como saber ou te ajudar...

Desta vez sou eu a não dizer nada, não consigo fazer nada além de olhar para ele.

- Sabe, não dormi tanto quanto parece essa noite... – Ele continua – Levantei algumas vezes só para ter certeza se você estava bem... É idiota, eu sei. Mas queria ter essa certeza.

Torço a boca, sem saber se o que irei falar é o ideal – Por que não me deixou dormindo com você? Poderia ficar de olho em mim sem sair da cama...

Ele da um sorriso de deboche – Depois de uma noite recheada de drinks, ter ficado bêbada, fedendo a cachaça, ter transado com no mínimo três homens, masturbar um outro em público, além de ter beijado várias pessoas? Eu acho que não garota.

- Eu estava tão fora de cogitação assim? – Balanço a cabeça rindo.

- Mais ou menos... Pra ter ideia, se eu mesmo estava fora de cogitação, imagine vocês?

- Por que você? – Questiono me perdendo em olhar para ele.

- Não fiz nem metade do que vocês fizeram noite passada, mas acabei entrando em uma briga bem feia com a entidade, acabei todo sujo e machucado. Minha cama é meu templo, e ali eu só fico se me sentir limpo de verdade, e o mesmo vale para quem for se deitar ali. – Ele ergue os ombros – E eu não tenho liberdade íntima para te dar um banho, então... Né...

Definitivamente, perdi uma chance muito grande, e o que fiz ontem agora não parece, nem de longe, uma grande coisa. Poderia ter sido eu se não tivesse bebido tanto.

- Tudo bem, de certo modo seus motivos até que fazem sentido. – Apesar de eu achar meio bobo, enquanto abaixo meus olhos aos meus pés – E quem teve sorte de dormir com você foi a Jeniffer...

Ele fica mais perto de mim, erguendo meu rosto com a ponta dos dedos – Por que sorte?

Engulo em seco, ele está perto demais. Olhar nos olhos dele assim me deixa inquieta e sem perceber, eu me aproximo, do mesmo jeito que ele também se aproxima de mim – A intimidade de vocês... Por que ela... Sabe...?

- Acha que eu dormi com ela? – Ele questiona, e eu assinto. Eu sei que pode ter acontecido, na verdade, estou preparada caso ele me diga que sim ou que não, ele pode. – Olha Clara, talvez sim, tenham acontecido muitas coisas entre eu e a Jenny essa noite antes de ela dormir... Mas no geral, não passamos disso.

Dou um sorriso – Acabou de me confirmar que transou com ela essa noite.

- Eu disse "talvez", não neguei e nem confirmei. E aliás, você aproveitou bastante lá na balada... Jenny e eu também poderíamos caso sentíssemos vontade, não acha? – Seu sorriso se mantem.

Concordo balançando a cabeça, levando as mãos ao bolso do meu shorts. Não posso negar que Brian tem sua razão – É... Podem sim.

- Ciúmes? – Questiona erguendo uma sobrancelha.

- Talvez... – Dou de ombros sorrindo, e o vejo mais perto.

Ele respira fundo, passando uma mão pelo meu rosto, indo devagar a minha nuca. Meu corpo reage em um arrepio e seu toque me aquece – Não é tão simples Clara... – Diz em um sussurro, enquanto seu olhar se conecta ao meu.

- O que não é tão simples? – Digo no mesmo tom.

- As coisas acontecerem em meio a tudo que houve... Sejam nessa noite, ou que aconteceram antes, para cada um de nós... Nós... – Ele diz mantendo seu olhar no meu. E reparo como sua última palavra parecer ter um peso muito maior.

Suspiro pesadamente. Eu entendo, e concordo com o que ele disse.

"Nós" realmente não é algo tão simples.

Não sei como Brian se sente em relação a mim, mas eu sei muito bem como me sinto em relação a ele. E por saber, eu concordo com ele. – É sempre difícil Brian.

- Eu sei... – Ele assente, passeando os dedos pela minha nuca, e minhas mãos lentamente envolvem seu corpo. Da mesma forma que seu toque me instiga desejo, ele é capaz de apaziguar tantas dúvidas dentro de mim – Gostaria que fosse só um pouco mais fácil...

Essa é uma das poucas vezes que nos entendemos tão bem mesmo que de certa forma eu não conheça nada sobre ele, mas agora nos entendemos... E esse entendimento é justamente por sabermos como nós dois é algo difícil de acontecer.

E que talvez, nem irá acontecer...

Eu e ele juntos, não importa o quanto eu pense nisso, parece uma inconstante, algo estranho de pensar e acontecer. É um futuro incerto, nebuloso... E ao mesmo tempo muito arriscado.

Eu o quero... Quero demais... Quero meu guardião só para mim, mais do que qualquer coisa. Eu o desejo de uma forma assombrosa, como nunca desejei outra pessoa antes, em vários momentos é ele quem ocupa meus pensamentos, dos mais puros aos mais devassos...

Mas por mais que eu queira Brian, eu não consigo ver isso com clareza em meu futuro. Sei que o que sinto é algo forte, não sei o quanto esse sentimento é profundo, não sei o quão forte meu coração bate por ele... Se é uma paixão que irá perdurar, ou se logo irá apagar.

Brian é uma incerteza muito grande em muitos aspectos, seja como homem, amigo ou como um futuro amante nos meus dias... Sua presença no meu amanhã é incerta, e a verdade é que isso me machuca demais.

Mas mesmo assim, com as incertezas que temos agora... Ele aproxima seu rosto do meu, e eu faço o mesmo, até ficarmos muito mais próximos. Sua respiração e o calor de seu corpo parecem se unir ao meu em um estranho e único envolvimento, e para mim, o tempo parecer ter parado de correr...

Nosso olhar permanece unido, sei que minha boca está a milímetros da sua e minha tentação é acabar com essa maldita distância... E é isso que faço, quero essa boca,  quero esse corpo... Eu quero Brian para mim... 

Ouço o tranco da porta, e imediatamente nos afastamos com o susto. Olhamos fixamente enquanto a porta é aberta, e Marina surge, tapando o sol com a mão em uma expressão agoniada no rosto – Bom dia...

- Bom dia. – Digo, sem saber se sinto alívio ou revolta por termos sido interrompidos – Dormiu bem essa noite?

- Mais ou menos... – Ela diz resmungando.

- Bem, eu... – Brian começa a dizer, se afastando de mim – Vou me arrumar e ir na farmácia comprar alguns remédios para dar um jeito na ressaca de vocês.

- Ah sim, tudo bem... – Concordo, um pouco atônita.

- Você cuida de tudo por aqui Clara? – Ele me olha.

- Sim, eu cuido de tudo... – Digo, enquanto Marina chega perto de mim, abraçando a própria barriga em uma expressão de dor, enquanto Brian entra em casa. – Tudo bem Marina?

- Não... – Ela diz de um jeito manhoso misturado a dor, me fazendo erguer uma sobrancelha em preocupação – Estou de ressaca... E eu acordei abraçada com o Tiago. Por que eu estava dormindo abraçada com o Tiago?

Contenho um riso em respeito a sua ressaca, e também tentando não piorar as minhas próprias dores atuais. – Coisas malucas aconteceram essa noite.

- Caramba... – Ela diz, levando ambas as mãos a testa – Clara do céu, eu nunca mais vou beber.

Balanço a cabeça negativamente – Eu disse essa mesma coisa minutos atrás... Aliás Marina, por acaso você já comeu algo?

- Não, meu susto ao acordar e estar de conchinha com o Tiago me fez esquecer se estava ou não com fome... – Ela diz com um meio sorriso. – Me diz que eu não transei com o Tiago.

- Eu não sei Marina, não posso responder isso. – Dou risadas, passando um braço em volta do ombro de Marina, a levando de volta para casa, tentando acalmá-la – Mas vamos pensar nisso depois, agora vamos lá tomar um bom café da manhã... Eu que fiz o café hoje, sabia?

Vejo minha amiga fazendo uma careta – Não gosto de café, mas fazer o que... Será que tem algo para comer, estou com fome...

- Também estou, vamos entrar e comer algumas torradas do Brian. – Digo e um novo sorriso surge no rosto da minha melhor amiga.

Sem mais o que falarmos, até para não piorar nossa ressaca, entramos em casa sem falar mais nada.

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