Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 1 - Nascer de um pesadelo

5990 palavras

Olho as horas no pequeno relógio preso ao meu pulso a todo momento. Estou morrendo de ansiedade para sair daqui o quanto antes, chego até mesmo a contar cada segundo até o final da aula. Dando meio dia finalmente vou sair voando daqui.

Como toda jovem normal de 20 anos, chega a hora em que eu acharia a faculdade e tudo relacionado a ela um tédio completo, e essa hora chegou para mim.

E não estou nem na metade do meu curso ainda.

Olho mais uma vez a hora, bato os dedos no meu caderno, estou cada vez mais impaciente, afinal, um proveitoso fim de semana com meus amigos está me chamando. Ficar presa dentro da faculdade já é chato em alguns momentos, e em plena sexta feira nos minutos finais, parece uma eternidade.

Exatamente a mesma sensação de quando se está na escola, mas os minutos finais de uma aula da faculdade conseguem ser ainda piores.

Vou dizer que eu não sou o tipo de garota mais popular aqui na faculdade, e na verdade ser popular não é bem uma coisa que eu quero. De longe tem pelo menos umas cem pessoas bem mais interessantes que eu e que permaneçam assim para não me dar a dor de cabeça da atenção, mas tenho meus não muitos amigos...

Ta bem, eu tenho só três melhores amigos, e todo o resto é só um bando de conhecidos que estão no mesmo curso que eu, são parentes ou amigos antigos da escola que por sinal, nem converso mais... Ou então algum qualquer que conheço na minha rua, no mercado ou na padaria.

Me sinto uma péssima pessoa por pensar dessa forma...

Ah sim, e não posso esquecer de jeito nenhum do meu namorado, o Ricardo, ele é a pessoa que posso dizer que é quem eu mais confio e é o mais importante para mim, e assim que sair daqui eu vou poder me encontrar com ele.

Tiro meu celular do bolso da minha calça, abro a câmera frontal e me olho, avaliando minha aparência. Meu rosto branco e fino está quase sem nenhuma espinha, isso é um alivio para mim. É terrível ficar com espinhas na minha condição, fissurada em estourar, meu rosto ficaria todo marcado por minha própria culpa. Olho então para o meu cabelo, sempre mantenho meus cabelos negros e longos bem arrumados, com algumas mechas caídas o rosto, é quase meu charme.

Altura não era uma de minhas características mais chamativas, na verdade eu posso ser considerada um verdadeiro "meio termo", 1,57 de altura. Tem gente mais baixa que eu, então é bom não reclamar.

Me analiso mais um pouco, admirando meus olhos castanho claros. E agora olhando para baixo, avalio se estou bem vestida. Não que eu seja uma verdadeira narcisista, estou bem longe disso. Só gosto de ficar sempre o mais apresentável que puder... Isso não é narcisismo, acho que é vaidade.

Após incontáveis conferidas no meu visual, guardo meu celular alguns segundos antes de finalmente a aula ser finalizada e o professor dar o sinal que estamos livres. Apesar da minha vontade de ir embora voando, pescar cada uma das minhas coisas lamentavelmente espalhadas pela mesa e no chão quase sempre me fazem ser uma das últimas a sair da sala... E hoje não foi diferente.

Olho cada um dos meus colegas saindo às pressas enquanto jogo as coisas de qualquer jeito dentro da mochila. Olho para a bagunça me fazendo imaginar que até as malas de um retirante são mais organizadas que a minha mochila.

Soco algumas coisas, uso um caderno para macetar as outras até ficarem satisfatoriamente ajeitadas. Fecho o zíper da mochila e lanço meu braço por dentro da alça e me levanto da minha cadeira. Me vejo praticamente sozinha na sala quando faço isso.

Esse seria o momento adequado para ter aquele som de um vento ao fundo, e talvez uma bola de fenos rolando pela sala, bem idêntico aos filmes. A situação se encaixa muito com isso.

Corro em direção a porta e deixo a sala. Tento manter um passo mais rápido do que estou acostumada, o que me faz suar. Andar rápido me obriga a me desviar de cada um dos vários alunos andando devagar ou estacionado em grupos a minha frente. Quase tropeço por seguidas vezes nos pés de alguém, mas por sorte não vou ao chão.

Desastrada é algo que não sou... Pelo menos isso a meu favor.

Sigo avançando, passando pelas catracas e finalmente saindo. Antes de finalmente sair da faculdade, tem uma escadaria me aguardando, mas pelo menos daqui posso olhar bem em volta.

Logo a frente da faculdade está o terminal Santo Amaro, e por ainda mal ter descido as escadas posso ver boa parte do terminal e o topo de alguns ônibus estacionados. Seguindo contra o sentido da rua está a entrada do terminal e também uma das estações do metrô de São Paulo. E caso eu esteja com coragem para andar, descendo a rua por cinco minutos está outra estação do metrô e também do trem.

Passo os olhos em volta buscando alguns dos meus amigos mais próximos, que com certeza resolveram não me esperar. Em questão de segundos eu os encontro, e do jeito que olham como se procurassem algo, parecem estar aguardando minha chegada.

Sem sequer pensar duas vezes, corro para sair o mais rápido que posso, me aproximando deles atraindo total atenção – Liberdade!!!! Finalmente!!!! – grito ao exato momento que pulo para perto deles, erguendo minhas mãos ao alto e fazendo uma pose de vitória.

Inevitavelmente, isso faz todos a minha volta pararem para me olhar, com reações entre alguns risos disfarçados e sobrancelhas erguidas. Meus amigos cobriam o rosto com a mão, sem reação pelo que acabaram de ver, acho que me sinto orgulhosa pelo que causei.

- Vocês passaram por essa vergonha alheia quando fiz isso semana passada? – Marina, de longe a minha melhor amiga em todos os momentos, é uma garota de pele morena clara, de cabelo pouco cacheado longo e olhos negros, estatura semelhante a minha, vestida de maneira desalinhada de maneira que combina apenas com ela. Marina tem 21 anos, mas as vezes ela oscila entre dez anos mais velha e dez anos mais nova.

Vejo minha amiga repetindo sua pergunta em um sussurro quase inaudível pelo barulho de todos a nossa volta, e também pelos ônibus acelerando no terminal aqui do lado. A vejo tapando o rosto com uma das mãos, tentando inutilmente disfarçar a vergonha que sente pela minha ação, que com certeza não me arrependo. Ela balança a cabeça negativamente várias vezes, tentando segurar a risada.

- É, fez sim. E nós reagimos igual você está agora. – Letícia comenta em um sorriso. A loira de corpo quase escultural e de maior estatura física do nosso grupo, mas vestida de um jeito que cobre quase todo seu corpo o fazendo quase inexistente, e é mais velha também, com 23 anos.

Faz pouco tempo que ela começou a andar com nosso grupo, ela entrou na faculdade nesse semestre, mas ela se mostrou como uma pessoa tão amigável, que logo a acolhemos no nosso grupo. Achamos que ela seria uma pessoa esnobe de começo, mas ver como é tímida e sempre se mantendo quieta, e estava tão deslocada nos primeiros dias e sendo cantada de todos os lados pelos rapazes do curso de Educação Física.

Acho que por não ser uma metida a besta que se acha melhor que todo mundo, que acabamos fazendo amizade com ela...

Ser um verdadeiro crânio nas aulas também ajudou bastante a querermos Letícia por perto... Claro, nenhum de nós é interesseiro, apenas unimos o útil e uma pessoa agradável a nosso grupo. Vejo a loira dando uma risada – Agora sabe como nos sentimos na hora.

- Fala sério pessoal, é sexta. Não é errado estar animada! – Falo dando de ombros, me aproximando de todos com um largo sorriso no rosto. – É sexta-feira! Se animem!

- Nada de errado, mas por que não guardar toda essa animação e energia para... Sei lá... Curtir mais tarde... – Tiago, que de todos era o mais novo do grupo, com seus ilustres 19 anos, é o nosso caçula. Ele possui uma pele mais morena que a de Marina, tem cabelos em curtos Dreadlocks, e uma estatura física de altura mediana, mas muito bem definida, e com pequenas tatuagens tribais pelos braços.

Ele pergunta sem me olhar. Ele parece distraído com alguma coisa quase distante, mas mesmo assim demonstrava animação em suas palavras, e seus olhos castanhos confirmavam isso. Quando olhei melhor, ele está mais interessado na folha que acabara de arranca de uma arvore. Ele possui um estranho fascínio por plantas, que acho bem divertido dele.

- Sei lá. Talvez por que eu queira assim – respondo rindo.

- Você é sempre assim Clara... Agindo da maneira que quer. – Ouço uma voz suave atrás de mim, uma voz que me soa quase sempre como uma melodia agradável, e sentindo uma mão repousando em minha cabeça – Por isso gosto de você.

- Ricardo! – Digo, pulando para abraçar meu namorado na mesma hora. Ele ri e me retribui o abraço, dando passos para trás tentando manter o equilíbrio. O abraço dele é confortável, fico nas nuvens toda vez que estou nos braços dele. Eu o olho, quase como se eu estivesse o admirando. Ricardo parece ter pelo menos uns dez anos a mais que eu, mas ele ainda nem completou seus 26 anos, apesar disso seus traços faciais o fazem parecer mais velho, além de ser um pouco mais alto que eu, usando cabelo bem alinhado em um topete, um pequeno brinco em cada orelha, de corpo esguio e usando roupas de marcas conhecidas. As vezes não sei se ele é mais adulto ou mais garoto entre todos nós – Você gosta de mim de todo o jeito.

- Ah, o amor é lindo não é? – Letícia zomba de nós, fazendo um coração com as mãos.

- Tão lindo que chega a ser enjoativo – Tiago comenta revirando os olhos e dando risadas, tirando fones de ouvido de dentro da gola alta de sua blusa e os enroscando no dedo. – Não sei como vocês aguentam esse tipo de coisa.

- Concordo em parte, é bom... Mas não a esse ponto deles. – Marina da de ombros nos olhando com um sorriso de canto. Ela está pensando alguma indecência como sempre – Agora podemos ir curtir, ou preferem ficar nessa melação toda por mais alguns minutos?

- Me pergunto como esses dois se aguentam nos dias de calor... – Tiago diz com um pequeno sorriso, enquanto Ricardo contém um riso tapando a boca – Sério, vocês não tem medo de derreter e acabar grudados?

Marina nos observa de cima a baixo, balançando uma mão – Se quiserem eu posso ficar sentada na calçada olhando a cor do muro enquanto vocês se pegam a vontade.

- Está exagerando Marina – Digo rindo, quase constrangida.

- Estou nada Clara, é um palpite válido! – Ela continua com tamanha espontaneidade, abrindo as mãos em nossa direção – Precisam de quanto tempo, cinco minutos?

- Cinco minutos não é pouco tempo Marina? – Letícia se pronuncia, olhando para minha amiga com uma total inocência.

- Não se ele for um precóce... – Marina responde em um tom tranquilo – Durar cinco minutos nesse caso é uma vitória.

- Isso é passível de teste. Nós podemos ir na frente. Aproveitem que vão ficar sozinhos e se peguem a vontade. Tem um hotel a... Duas ruas daqui... Se quiserem eu dou uma nota para que possam pagar uma estadia rápida. – Tiago zomba e simula pegar sua carteira no bolso, dando gargalhadas em sequência.

- Até que não é má ideia. – Ricardo concorda rindo junto, e logo respondo dando um leve tapa em seu ombro. – Acho que vocês estão despachados por agora, e depois nos encontramos.

- É uma péssima ideia! É melhor ficarem quietos, e aliás vamos logo! – retruco, agarrando no braço de Ricardo e o puxando. Preciso impedir que eles continuem com essa conversa besta, senão vou começar a ficar constrangida em pouco tempo. – Podemos deixar nossas coisas na sua casa Letícia?

- Claro. – Letícia da de ombros com um pequeno sorriso – Sou eu quem mora mais perto mesmo. Vai nos poupar dores nas costas.

- Mas não é preciso... O shopping está aqui do lado. – Tiago comenta apontando na outra direção.

- Prefere andar carregando peso nas costas? – Marina diz erguendo as sobrancelhas, e o garoto apenas se cala, levando um dos fones a orelha.

Por sorte consigo o que quero e eles deixam o assunto mais constrangedor de lado. Me permito respirar aliviada, mas minha vontade é de rir por causa desses malucos que me rodeiam.

Seguimos para a casa de Letícia, ela mora no condomínio que fica a menos de três quadras da a faculdade. Sinceramente, eu adoraria ter essa sorte de morar tão perto. Ter que pegar ônibus lotado de manhã quase todo dia é bem incomodo. Pegar metrô seria uma boa ideia, claro, se não fosse igualmente lotado, e raramente consigo uma carona de Ricardo, mas acredito que estou acostumada a pegar ônibus lotado todas as manhãs... Pelo menos eu acho que estou acostumada.

O único lado bom é que a volta para casa sempre é mais tranquila, seja lá sendo de ônibus ou metrô.

Caminhamos em um bom ritmo, mas acabamos todos suados por causa do clima extremamente quente, mas pelo menos chegamos rápido. Começo a entender melhor o que Tiago estava falando sobre eu e Ricardo ficarmos tão grudados. Acho que só alguns centímetros de distância vai impedir de derretermos.

Sem esperar muito, Letícia pega todas as nossas coisas e leva para seu apartamento, e pela quantidade de coisas, Ricardo se ofereceu para ajudar. Assim que se afastam, eu me sento no meio fio, tentando sacudir a mão para me refrescar, mas isso não adianta, olho para o lado e vejo Marina e Tiago se sentando ao meu lado.

Ignoro o que Tiago começa a falar com Marina, nem mesmo tenho ideia de qual o assunto. Eu me limito a balançar a cabeça com o que falam, torcendo para não concordar com alguma besteira que esse garoto disser.

Eles retornam tão rápido que mal deu para contar 5 minutos direito, quase como se tivessem abandonado as nossas coisas em um corredor e descido correndo. Me levanto, limpando a sujeira da calça, Marina se levanta, olhando no celular quais os filmes em cartaz. Mal nos reunimos e seguimos para o shopping.

Durante toda a caminhada, Ricardo reclamou que deveria ter pego o carro emprestado com seu pai para terem escapado do calor, admito que teria adorado a ideia, já teríamos chegado no shopping, pelo menos andando acaba sendo mais divertido.

Tiago e Ricardo começam a trocar algumas brincadeiras que só eles entendem, alguma coisa relacionada a jogos que Ricardo me apresentou, mas eu sequer vejo graça, apenas participo por ser um passatempo diferente para mim. Se em algum momento eu falasse para meu namorado que muitas das vezes que ele me fala dessas coisas de jogos, eu só concordo para não magoar ele, fico pensando o que ele me diria.

Será que ele se magoaria se eu falar que não ligo nenhum pouco para isso?

Em dado momento, olho para o céu aberto, o sol brilhando e todo o calor que eu amo. Poder usar roupas leves, saborear um bom sorvete, ou um milk-shake, ter mais animação para sair de casa e fazer qualquer coisa que seja.

Dias quentes são os melhores, deveria ser sempre assim.

Mas para minha tristeza, ao longe consigo ver nuvens cinzentas, quase enegrecidas, se aproximando no horizonte, tão densas que parece que uma forte escuridão também está vindo para a cidade. Algo me incomoda nelas, não por trazerem um chato, desagradável, entediante e horrível clima frio... E talvez chuva, pra ajudar a piorar ainda mais... Mas alguma coisa me incomoda nesse clima, algo que não sei o que é.

Parece que alguma coisa grande está se aproximando...

Ignoro isso totalmente quando noto que já estamos próximos do shopping, espero que não tenham falado nada importante enquanto eu estava nas nuvens... Curioso pensar que eu tecnicamente estava mesmo pensando em nuvens. Por algum motivo hoje eu estou aérea, e não costumo ser tão assim.

Atravessamos o estacionamento coberto no primeiro andar, chegando as portas de vidro do shopping, no momento que passo pela porta o ar condicionado é acionado, lançando um vento tão refrescante que chego a fechar os olhos e abrir os braços, aproveitando cada segundo, mas Marina me empurra, acabando com meu momento.

Qualquer um pode me julgar por gostar de aproveitar desse jeito. Talvez uma maluca que ama calor, mas enlouquece quando pega um vento frio... Convenhamos, uma das melhores coisas do calor é poder sentir um vento refrescante depois de tomar sol, eu só faço o que muita gente tem vontade de fazer.

Andamos pelo shopping, olhando lojas e mais lojas, pelo menos não fazemos bagunça para quererem nos expulsar daqui de novo... É, é bem desagradável pensar que todos nós já fomos expulsos de um lugar como um shopping, mas eu não me arrependo de pular na fonte e depois correr da equipe de segurança só pela adrenalina.

A ideia do Tiago foi tão boa e repentina que não tinha como negar. Quem nunca fez... Ta, quase ninguém fez, mas quem pelo menos quis fazer esse tipo de coisa uma só vez na vida?

Chegamos ao cinema, e guiados pelas nossas vontades, escolhemos na base de "minha mãe mandou" um dos filmes em cartaz, ignorando totalmente a hora da sessão. Tiago foi responsável por escolher um filme de comédia romântica, Marina e Letícia adoraram igual a mim, e foi bem engraçado ver a reação de desespero e total desanimo que Tiago fez devido a sua "escolha errada".

Entre nós garotas, acabamos fazendo uma aposta de quem dormiria primeiro, Tiago ou Ricardo. Esperamos alguns momentos até podermos entrar. Entre uma e outra brincadeira, pipocas lançadas uns nos outros.

Para a surpresa de nós três, Tiago foi quem mais prestou atenção ao filme, não demonstrando nenhum sinal de que iria dormir... Na verdade, eu acho que ele era quem mais estava gostando do filme, bem ao contrário do meu namorado, que chegou ao ponto de sair e comprar um energético para evitar de dormir... Pra mim, isso foi uma desculpa para escapar do filme. Ao final do filme, antes de irem embora, decidimos em comer algo no shopping.

- Vamos fazer uma reunião esse domingo? – Marina nos pergunta de repente.

- Uma reunião... – Ricardo repete em voz baixa

- É. Vamos assistir a uns filmes, uns seriados, jogar, ver animes... Ou encher a cara de tanto bebermos. – Ela estala os dedos, tentando pensar em mais algo, mas desiste e volta a falar – Sei lá. Curtir mais um pouco.

- Planejamento de nerd... – Ricardo resmunga, o que me faz querer lembrar do fato que é ele quem gosta de virar madrugadas só jogando com várias garrafas de vodka ao lado.

- Uma boa ideia. Sempre estamos de bobeira no domingo. – Concordo, contendo minha vontade de falar o que realmente queria. Além do mais, eu gosto desse tipo de ideia da Marina, ela costuma fazer esses dias serem divertidos – Vocês estarão livres?

- Estarei livre só de tarde, a noite precisarei sair com minha família. – Tiago comenta, olhando de um lado ao outro. – Mas acho que vai dar pra ir pelo menos um pouco.

Letícia faz uma expressão estranha e olha para o alto. Não sei o que ela está pensando, mas a cara dela está me dando vontade de rir de tão hilária que ela está – Acho que não terei nenhum compromisso no domingo.

Começando a rir, Marina se adianta e fala, enquanto começa a abrir seu lanche e arrancar fatias e mais fatias de picles – Então está combinado!

- Espera, como podem decidir fazer algo assim? – Ricardo pergunta, atraindo meu olhar na hora. – Digo, não sabem se teremos coisas a fazer no domingo.

- Acabamos de confirmar se teremos ou não, não percebeu? – Tiago pergunta, desferindo uma forte mordida no seu lanche. – Você tem algo para fazer no domingo?

- Não, mas...

- Vai trabalhar ou estudar domingo? – Agora sou eu quem pergunta, cerrando as sobrancelhas, pegando algumas batatas e apontando para Ricardo.

Ricardo olha para todos, e responde balançando a cabeça negativamente.

- Mais alguém tem algo a fazer domingo? – Marina pergunta calmamente, enquanto retira qualquer tipo de salada de seu lanche, restando apenas pão, hambúrguer e queijo praticamente. – Para vocês já perguntei... Clara, você tem algum compromisso?

Balanço a cabeça negativamente, olho para Ricardo e dou de ombros, lançando um sorriso e olhar vitorioso em sua direção. Ele torce a boca e balança a cabeça negativamente – Parece que não. – Tiago diz se adiantando, e assim olha para Marina e lançando um gesto afirmativo – Então está combinado... Agora pode me fazer um favor?

- O que? – Marina o olha de forma inocente.

- Pare de dissecar esse lanche e coma logo! Você está fazendo muita bagunça só para tirar sei-lá-o-que dai de dentro! Ver isso está me deixando agoniado! – Ele começa a rir, recebendo alguns tapas nas costas como resposta.

Apesar da aparente resistência de Ricardo, todos acabaram se animando com a ideia, Letícia puxou o assunto de decidir o que cada um irá levar. Ficamos na mesa por meia hora até decidirmos tudo, até nos levantarmos para irmos para casa.

Para mim, essa viagem de volta para casa está sendo muito mais longa do que eu poderia querer.

Voltamos primeiro para a casa de Letícia para pegar de volta nossas coisas, e durante todo esse caminho não troquei uma única palavra com meu namorado. Fiquei pensando muito, me questionando do por que ele tentaria recusar um dia com os amigos, se normalmente era ele quem tinha tais ideias.

Acabo de sair pela recepção do condomínio que ela mora e vou a passos curtos pela calçada. Ricardo está do meu lado a quase um braço de distância de mim. A uns momentos atrás ele disse a todos que me acompanharia até em casa, e agora voltou ao tratamento do silêncio.

Eu olho em sua direção, tentando entender se eu fiz ou falei alguma coisa em algum momento, mas não consigo pensar em nada. Ele me olha de volta, abriu a boca mas não falou nada. Isso se repetiu algumas vezes, até chegarmos em casa.

Andei devagar até a porta, parando assim que alcanço a chave no meu bolso. Olho para Ricardo que, para minha surpresa, ficou parado a uma boa distância de mim. Não lembro dele ter agido assim alguma vez antes, meu namorado está estranho.

Tentando quebrar esse clima desagradável, e vendo que ele não irá fazer isso, então eu decido por começar a falar. – Quer entrar um pouco?

Ele fica em quieto por alguns segundos – Hoje não posso. – Balança a cabeça, inevitavelmente eu acabo bufando.

- Algum motivo em especial? – Cruzo os braços, esperando a resposta.

- Só que combinei com meus pais de tentar chegar cedo... – Suspira dando de ombros, mantendo seu olhar um pouco baixo – Não sei pra que eles precisam de mim hoje. Nunca me chamam para nada.

Abaixo o olhar assim que ele para de falar – Tá né... Nos falamos depois?

Ricardo se aproxima de mim a passos quase desleixados, ele balança os braços para frente e para trás, olhando diretamente nos meus olhos e com um sorriso quase tímido. Ele para bem na minha frente, seu olhar quase me deixa desconcertada, ele coloca sua mão devagar atrás da minha cabeça, dando um primeiro e suave beijo na minha testa, e então um segundo na minha boca, o que me faz abraça-lo e desfrutar o momento com ele.

Foi por pouco tempo, mas como senti falta de estar agarrada com Ricardo, poder sentir seu corpo e seu calor – Tentarei te ligar – Ele fala, assim que rompemos o beijo. Ele caminha de costas na calçada, sem desgrudar o olhar de mim. – Não esquece que eu te amo. – Ele acena para mim, se vira e vai embora.

Encosto na porta, olhando na direção que Ricardo foi. Balanço a cabeça com um sorriso bobo cravado no rosto – Achei que ele nem iria se despedir direito... – Suspiro sozinha.

Pareço uma menina de 15 anos apaixonada, tenho que parar com isso.

Ainda eram apenas 8 da noite, mas aparentava ser bem mais tarde. Fico parada em frente de casa, e por alguns segundos, tenho a sensação de não estar sozinha. Olho de um lado ao outro, escuto barulhos de carros ao longe, algumas músicas tocando em bares em ruas próximas, mas a minha rua estava totalmente deserta.

Me viro e encaixo a chave na porta, tendo uma nova sensação que não haviam mais barulhos a minha volta. Balanço a cabeça para me esquecer disso, e entro em casa. Fecho a porta atrás de mim, vendo meus pais na sala assistindo televisão, algum programa de entrevistas pelo jeito. Os cumprimento, e sem dar muita chance para me perguntarem qualquer coisa que seja do meu dia, escapo para meu quarto em passos apressados.

Assim que entro ligo a luz, o ventilador de teto, e também ligo minha televisão para fazer o agradável som ambiente de sempre.

Enfim, meu quarto, meu templo.

Olho em volta, minha cama, meu guarda-roupa com um belo espelho de corpo, a escrivaninha e minha cadeira, e um pequeno móvel com algumas gavetas ao lado da cama com meu abajur que ganhei de presente do Ricardo. É simples, mas esse é meu templo, e como eu adoro ele.

Pego meu celular do bolso da calça e ligo um vídeo para me distrair. Se meu pai vier aqui no meu quarto e ver tanta coisa ligada, com certeza irá brigar comigo. Ele quase surta quando deixo tantas coisas ligadas ao mesmo tempo, vive reclamando que a conta de luz vai vir explodindo de tão alta.

Isso me fez lembrar da vez que saí da cozinha e fui distraída o suficiente para deixar a porta da geladeira aberta.... O resultado disso, bem, nem gosto de lembrar dos longos vinte minutos de bronca que tomei.

Mas isso não vai acontecer, hoje ele não terá porque brigar comigo, por isso, levanto e desligo o ventilador e a luz, e assim volto para a cama para voltar a ver meus vídeos.

O tempo passa, me divirto com algumas coisas que assisto, sejam vídeos de comédia ou de curiosidades, além de teorias da conspiração que eu sempre vejo, não por acreditar, mas para dar risadas mesmo. Vou sentindo o cansaço no corpo, meus olhos ficando pesados, acabo perdendo a firmeza ao segurar o celular, encosto a cabeça no colchão e fecho os olhos.

Abro os olhos lentamente, observando em volta. Não sei onde estou. Pisco algumas vezes, me encontrando de pé no que parece ser o quarto de uma mansão. Olho ao redor, tentando lembrar de algo, qualquer coisa que denuncie como vim parar aqui.

Olho para mim mesma, estou vestida com uma calça jeans, uma camisa regata cinza com uma estampa de linhas uniformes em tons pretos, e uma blusa de pelos brancos pela gola e por dentro da blusa, e estou descalça.

Me vejo sobre um tapete felpudo, acabo sentindo cocegas ao passar os pés descalços nele. Viro meu olhar para a cama que está toda bagunçada, como se alguém tivesse acabado de dormir ali. Tem um edredom no chão bem ao lado da cama junto de um travesseiro, algumas roupas pelo chão, uma estante branca com puxadores escuros, e em cima um espelho, algumas maquiagens e mais roupas, e ao lado uma janela com as pesadas cortinas avermelhadas com desenhos de várias rosas pela costura.

Acabo soltando um "uau" sem perceber, por mais que esteja bagunçado, esse quarto é incrível. Nunca estive em um lugar desses, então é difícil não me sentir boba. Termino de admirar o lugar, e volto a pensar em como cheguei aqui.

Olho em volta, lentamente caminhando até a porta de tons brancos para tentar descobrir onde estou, ou o que estava acontecendo porque não me lembro de absolutamente nada. Se eu tiver me drogado sem querer ou acabado bêbada, eu não vou me sentir bem comigo mesma.

Abro a porta, olhando de um lado ao outro, o corredor da mansão está vazio, e somente o som do vento pode ser ouvido, tão baixo quanto um sussurro. Saio pelo corredor e observando o ambiente. A minha esquerda só tem uma parede em tons caramelo. Na minha direita uma janela levemente embaçada e com várias gotas de água.

Me aproximo e encosto minhas mãos na janela fria, tentando olhar o lugar que estou. É a coisa mais lógica nesse momento, mas infelizmente não enxergo nada direito. Está escuro demais, então não vejo o chão, apenas algumas arvores mais próximas, e forçando um pouco meus olhos, percebo poucas gotas de uma chuva leve lá fora.

Escuto passos ecoando pelo corredor, me fazendo sentir um arrepio imediato. Olho na direção que o som está vindo, que parece cada vez mais próximo. Ali surge uma pessoa muito bem vestida, segurando uma vela sobre um prato. Apesar da luz da vela, não consigo ver seu rosto, tanto que semicerro o olhar para tentar enxergar quem possa ser.

- Venha jovem... – Foi à única coisa que essa pessoa disse de uma forma bem acolhedora, bem parecida com uma forma que meu avô faria, e logo sinalizando com um gesto para segui-lo. Essa é boa, um esquisito do nada me chamando para acompanhar ele.

Hesito um pouco e penso. Não tenho outro caminho a ir, além de seguir por onde ele foi. E por mais que esteja tudo bem estranho, essa pessoa é a melhor forma de eu ter alguma explicação. Então, infelizmente não tenho muita escolha.

Mesmo desconfiada, sigo atrás foi em direção a esta pessoa, tentando me manter próxima pelo caminho estar escuro. Caminhamos por alguns momentos, passamos por um corredor, igualmente escuro como o primeiro.

Mesmo com a pouca luz, consigo ver que o piso é o mesmo amadeirado de antes, o mesmo tom caramelo nas paredes. Pequenos lustres em forma de pequenos pratos estão pelo teto, e todas as luzes apagadas, que maravilha. Vejo portas e mais portas amplamente decoradas em tons brancos e maçanetas em tons prata se unindo com tons dourados, tão semelhantes à porta do quarto que eu estava antes.

Pela luz da vela, enxergo a beleza desse lugar. Um ambiente calmo sendo apresentado pela suavidade da chama no topo da vela, me permitindo ver tudo, e ainda instigando minha curiosidade em explorar cada detalhe e conhecê-lo em totalidade.

Imagino o que se esconde atrás de cada uma dessas portas, se tratando de uma mansão, deve haver quartos e mais quartos, ou salas de diversões de ricos.

Seria tudo muito mais bonito, se não fosse tão estranho.

Viramos e seguimos por mais outro corredor idêntico ao primeiro. Descemos por uma escada, e enfim parando ao lado de uma porta dupla, me fazendo imaginar ser de algum salão de festas, ou talvez uma sala de jantar. Percebo a luz passando por debaixo da porta, finalmente um lugar iluminado. Ele não disse nada, e finalmente consigo ver seu rosto, é um homem mais velho, com um sorriso tranquilo e amigável.

Ele abre a porta para mim, dando espaço para que eu entre. Guiada pela minha curiosidade eu entro, e ofuscada pela luz, vou me adaptando a luminosidade deste cômodo. Era uma sala de jantar imensa, com uma pessoa de costas para mim, sem a camisa e apenas vestindo uma calça.

Estávamos separados apenas pela imensa mesa bem arrumada com uma toalha branca, parecendo que foi toda rendada a mão, diversos pratos e talheres alinhados nas extremidades da mesa, e diversas cadeiras de madeira moldada.

- Ei... Você ai... Onde nós estamos? – pergunto, me aproximando devagar.

A pessoa não responde. Percebo que é um rapaz. Ele continua de costas para mim.

- Você não está me ouvindo? Onde nós estamos? – Pergunto de novo, agora já estou mais impaciente, um defeito meu é ser estourada em alguns momentos.

Ele ainda não me responde.

Percebo algo, uma estranha nevoa começa a surgir pela sala. Olho em volta algumas vezes, enquanto lentamente a névoa se torna mais densa e tornando tudo mais difícil de enxergar. – O que está acontecendo aqui? – Consigo dizer, ficando assustada.

Meu olhar se crava na pessoa parada a minha frente, agora que presto mais atenção, ele está usando uma calça que parece ser um jeans escuro esfarrapado, está sem camisa e descalço, e tem um cabelo na altura do pescoço. Acabo recuando um passo.

Praguejo a mim mesma por não ter prestado atenção nele antes. Se fizesse isso, teria dado meia volta antes.

- Você não tem chances... – Olho para esse esquisito novamente, que parece liberar uma fumaça negra de seu corpo. Eu estou delirando? – Não tem como fugir... – Escuto ele novamente. Tento recuar ainda mais, mas meu corpo não me responde, eu estou paralisada – E você... Será minha!!! – em um único e intenso movimento, ele se vira e avança sobre mim com um salto, erguendo a ponta da mesa a ponto de ela sair do chão e a arremessando sobre mim.

Olho rapidamente de um lado ao outro, as cadeiras estão sendo arremessadas contra as paredes se estilhaçando como se não fossem nada. Outras são lançadas contra as janelas, atravessando com facilidade as cortinas e estilhaçando as janelas lançando vidro em várias direções, me protejo com os braços por instinto.

Os pratos voavam e se quebravam violentamente contra a primeira coisa que encontravam. Sinto a maçã do meu rosto esquentar, e parece estar ficando úmida, e percebo algo escorrendo, ao mesmo tempo que um calafrio me percorre.

Antes que pudesse tocar meu rosto, sou atingida no estomago por algo que veio voando para cima de mim com muita força, me tirando do chão de uma vez e me arremessando para trás. Sinto o impacto do meu corpo se chocando com a parede, e então meu corpo se encontra com o chão em um baque que escuto na minha cabeça.

Sem ar pelo impacto, tento desesperadamente respirar, recuperar o folego de algum jeito. Meus olhos percorrem pelo chão, mas minha visão está embaçada. Pisco algumas vezes até minha visão voltar, vejo os restos da mesa e das cadeiras destroçados a minha volta, as cortinas rasgadas, pedaços de vidro no chão, pedaços da parede em volta de onde estou.

Ver tudo isso me faz tentar erguer meu corpo, me apoiando na parede para conseguir me sentar no mínimo, e diante de mim vejo um borrão negro se arremessando para cima de mim, uma mão aberta e esticada para agarrar seu pescoço, e em seu rosto tem um distorcido sorriso. Meu corpo é erguido do chão e preso contra a parede, meu pescoço é apertado com força. Um rugido pode ser ouvido e não enxergo mais nada.

Eu grito.

Grito fechando os olhos com força, desesperada pelo que pode me acontecer. Me protejo como posso, levando os braços a minha frente, e espero o inevitável ataque.

Nada acontece. Minha respiração está descompassada, e hesitante, abro os olhos lentamente, percebendo o ambiente que estou ser diferente do anterior. Pisco algumas vezes, olhando em volta repetidas vezes, sem entender absolutamente nada do que está acontecendo.

Quando dou por mim estou deitada novamente na minha cama, meu quarto.

Me ergo em um pulo e olho em volta, a luz está ligada, o ventilador de teto está ligado na velocidade mais alta resultando no meu quarto estar um verdadeiro gelo, e minha televisão está muda em um canal que eu não sei qual é.

Estou ofegante, assustada. Minhas mãos estão apoiadas na cama, não sei como tenho forças para me manter erguida. Passo uma mão pelo rosto, percebendo como estou suando frio por todo o corpo. Olho para suas mãos, que não param de tremer.

- Isso... Foi só um sonho? – Me pergunto em voz baixa

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro