O Salvador
Em silêncio ela assentiu novamente.
— Não faz sentido — Simon murmurou confuso. Pierre conheceu Paulina, e passou a ir a casa dos Salvatore, depois de se casar com Tamara. — Quando isso aconteceu?
— Na festa de bodas de prata dos seus pais... — Só de olha-lo rapidamente, soube que Simon a condenava por se envolver com um homem casado. — Eu não queria... Juro que não...
Simon soltou um palavrão quando Paulina começou a chorar.
— Calma! — Levou as mãos ao rosto dela, recebendo um tapa tão forte quanto o que recebera horas antes.
Paulina arregalou os olhos, chocada por bater nele de novo.
— Desculpe-me...
— Venha comigo. — Simon segurou sua mão e a conduziu até o sofá. — Sente-se e conte como exatamente aconteceu.
— Por quê? — Paulina questionou ao sentarem lado a lado.
A pergunta pegou Simon desprevenido. Estava se envolvendo demais naquela história quando o que planejara era retirar sua proposta absurda. Porém, era óbvio que Pierre apavorara Paulina de alguma forma, e, conhecendo o histórico do casamento dele com Tamara, sua imaginação criava cenários nada agradáveis.
— Porque falar de um problema é meio passo para resolvê-lo — respondeu por fim.
Paulina secou o rosto e respirou fundo.
— Mirela chamou minha mãe, Paola e eu para a festa como convidadas. Até nos presenteou com os vestidos. Meu pai não queria que fôssemos, mas mamãe o convenceu. — Engoliu a seco, sentindo a garganta doer. — Tentei passar despercebida, não perturbar e nem me intrometer como o papai mandou...
Inconscientemente apertou a mão de Simon ao relembrar a noite que tinha tudo para ser maravilhosa e terminara um pesadelo.
— Fale — incentivou Simon.
— Fiquei irritada com algo que você falou e fui para o jardim dos fundos. Queria ficar sozinha. Só percebi o Pierre quando segurou o meu braço. Ele cheirava a álcool e sorria de um jeito estranho... Quando ele acariciou o meu cabelo e disse que era desperdício me deixarem sozinha tentei me afastar... — contou com voz quebrada. — Falei que precisava voltar para a festa, mas ele não deixou... Ele me abraçou e beijou... Eu não queria... Tentei me livrar dele, mas ele era mais forte, ficava me tocando... Foi horrível... Só conseguia rezar por um milagre...
— Ele te violentou? — perguntou entredentes.
— Não! — respondeu rápido, surpreendendo Simon ao inclinar os lábios em um sorriso vacilante. — Nathaniel o afastou de mim. Ele me protegeu.
Simon compreendeu que fora assim que Nathaniel conquistara o coração da Perez, sendo o salvador dela.
— Porque não o denunciou?
— Nathaniel ameaçou o Pierre, e ele disse que eu o atrai para o jardim e agarrei, que eu era uma empregadinha oferecida. Fiquei com medo que acreditassem nele e pedi para o Nathaniel não contar a ninguém.
— Ele tinha que ignorar esse pedido absurdo.
— Nathaniel ignorou. Ele falou para os meus pais. — Paulina desviou o olhar. — Meu pai ficou tão irado que brigou com a mamãe. Disse que nossa insistência fora à culpada. Que, embora Mirela dissesse o contrario, sempre seriamos simples empregados. Fiquei de castigo por um mês — revelou envergonhada.
— Seu pai é louco — zangou-se. — Pierre tem o dobro da sua idade e você era pouco mais que uma criança
— Tinha quinze anos... já sabia que era errado deixar um homem casado me beijar — argumentou.
— Paulina, a culpa não foi sua — disse, acrescentando enojado. — Pierre é um crápula. Nada justifica o que ele fez.
— Nathaniel disse o mesmo... E brigou com o meu pai quando soube do meu castigo.
— Às vezes Nathaniel faz algo que presta, essa foi uma dessas. — Deslizou o torso da mão no rosto dela. — É por isso que o ama?
— Ele foi o único a ficar do meu lado quando precisei. Ele me compreendeu e cuidou de mim — respondeu, voltando a implorar: — Preciso da sua ajuda para reconquista-lo. Por favor, Simon! Juro que farei tudo que mandar e nunca mais... baterei em você. Amarro as minhas mãos se for preciso — prometeu.
Simon respirou fundo e deu-se por vencido. Assim que se moveu para mais perto de Paulina, ela o encarou em suspense.
— Se quer mesmo que te ensine algo, teremos que começar pelo beijo. Compreende?
Mesmo insegura, Paulina concordou e fechou os olhos com força. Mentalmente exigiu que mantivesse a calma.
Suas mãos foram envolvidas pelas de Simon, os dedos entrelaçados nos dele, e pousadas no peito dele. Deduziu que Simon temia outro tapa. Pela palma conseguia sentir o pulsar de seu coração.
— Relaxe!
Paulina fungou. Era fácil falar, mas só em toca-lo seus braços arrepiavam e um frio girava em sua barriga.
— Faça o que eu disser, ok? — Assentiu e ele comandou — Inspire fundo.
Fez como ele falou. Prendeu a respiração quando sentiu algo roçar sua orelha e o lóbulo ser mordiscado.
— Expire devagar.
Obedeceu, vacilando ao sentir a ponta do nariz dele se mover por seu pescoço e depositar um beijo breve no local. Os arrepios subiram até sua nuca. A respiração dele chegou aos seus lábios. O coração de Paulina palpitava nos ouvidos quando recebeu um beijo próximo a boca.
— Copie meus movimentos — sussurrou contra seus lábios.
A ansiedade a tinha à flor da pele quando ele capturou seus lábios nos dele, movendo-os devagar sobre os seus, provocando, seduzindo, parando por alguns segundos para que ela repetisse cada movimento. Hesitante e com lábios trêmulos fazia exatamente o que ele fazia. A tensão se dissolvendo com o calor dos beijos dele, sendo substituída pela expectativa do que viria a seguir. Quando ele por fim deslizou a língua pelos seus lábios, o medo foi absorvido pelo prazer, e ela correspondeu sem inibição, entregue ao estímulo sensual do Salvatore.
— Continua a não gostar? — ele perguntou entre beijos.
— Posso... me acostumar...
Simon soltou suas mãos e a segurou pela nuca. Os lábios dominando os seus em um beijo passional, a língua movendo-se pela sua. Não era desagradável como fora seu primeiro beijo, era cálido, envolvente e visceral.
O cheiro de Simon, as mãos másculas que se moviam por sua nuca, os lábios apaixonados nos seus, o calor dele, despertaram algo que Paulina não sabia existir, algo que não conseguia nominar e nem controlar. Com o coração disparado, ergueu os braços e o enlaçou pelo pescoço, ansiando por mais contato, correspondendo aos avanços dele com a mesma intensidade. Quando Simon encerrou o beijo o encarou aérea. Os olhos dele estavam fixos nos seus, quentes como seus beijos. Por um segundo imaginou que ele a beijaria novamente, desejava que beijasse. Então, para sua surpresa, ele se afastou.
— Você tem muito a aprender. E o primeiro passo é confiar em mim — declarou levantando. Ajeitando nervosamente a roupa e os cabelos, Paulina obrigou-se a fazer o mesmo, assustando-se quando ele sentenciou: — O que significa que dormiremos juntos.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro