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Cinco

— O que veio fazer aqui? — questionou assim que acomodou Paulina.

— Queria confronta-la... Dizer que ela... não presta... — balbuciar, secando o rosto com mãos aflitas.

— Você confrontando alguém? — Simon suspirou e puxou uma cadeira, sentando de frente para a Perez. — De que adiantaria fazer isso?

— Não sei... Talvez ela me deixasse o Nathaniel... — murmurou, zangando-se ao declarar: — Ela é uma sem vergonha, falsa... Que tipo de mulher se envolve com um homem comprometido? Até você respeita o relacionamento dos outros.

Simon massageou a têmpora.

— Cherry não sabia que Nathaniel estava noivo — contou na esperança de apaziguar Paulina.

— Ah, por favor!

— Ele não disse. Convenhamos, vocês não saem muito juntos e só você usa aliança. — Diante da descrença de Paulina revelou: — Nathaniel a pediu em casamento hoje e ela recusou por se sentir traída. Diria que ela foi tão vítima quanto você.

— Ele a pediu em casamento... e ela recusou?

Assentiu.

— Então... — Levantou agitada. — Tenho que falar com ele. Ele vai voltar pra mim... Ela não o quer, mas eu quero.

— Calma. — Simon a segurou pelos ombros e a forçou a sentar novamente. — Ele não desistiu, e vai insistir no casamento por causa do filho deles.

Era a última coisa que Paulina queria lembrar. O bebê de Cherry e Nathaniel. O bebê que devia ser seu. As lágrimas amargas, suas companheiras nas últimas horas retornaram.

— Mas não precisa... Podem acabar como Alessandro e a primeira esposa, divorciados após um ano — mencionou. O primeiro casamento do primogênito Salvatore ocorrera por causa de uma gravidez acidental, o que só trouxera sofrimento para ele e sua família. — Nathaniel me ama e só quer casar com ela por causa dessa... gravidez.

— É diferente.

— Não é.

— Se divorciarem após pouco tempo não quer dizer que ele voltará para você — comentou sem piedade. — Chorar também não adianta.

— Não consigo parar... — zangou-se, esfregando as palmas das mãos no rosto. — Você não sabe o que é perder a pessoa que se ama... — Simon a encarou com expressão vazia e olhar amargo. — Oh, me desculpe. Eu não queria lembra-lo da mulher que te largou.

— Não fui largado por ninguém

— Você disse...

— Lembro-me de tudo que não deveria ter dito e, em momento algum, disse que fui largado.

— Mas ela escolheu outro, não é?

— Não houve escolha. Não era necessário — respondeu dando de ombros. — Ela estava completamente apaixonada.

— Você disse que a amava.

Simon tamborilou os dedos nos braços da cadeira.

— Ao contrário de você, não entro em batalhas que não posso vencer.

— Meu caso é diferente. Nathaniel me ama — retrucou.

— Como a uma irmã — Simon cantarolou com um sorriso de desdém.

— Irmã? — questionou encurvando-se.

— Foi o que ele me disse. Que vocês eram como irmãos — Paulina o encarou boquiaberta e Simon não poupou as palavras. — Disse que você é fria, distante e faltava calor na relação de vocês.

Paulina corou, de vergonha raiva e humilhação.

— Ele disse isso?

Simon assentiu, acrescentando mordaz:

— No fim das contas, Nathaniel não é diferente da maioria dos homens. Ele queria algo em troca do anel de noivado e Cherry se adiantou, fornecendo o calor que ele desejava.

— Não é verdade. Nathaniel não é assim... Ele...

— Ele é perfeito aos seus olhos. Sei muito bem disso — completou com sarcasmo. — Vocês estão juntos há anos, creio que ele esperava que, mesmo sem o sexo, houvesse algum avanço de intimidade. — Torceu a boca com desprezo. — Do jeito que reagiam quando próximos, podiam mesmo passar por irmãos.

— Não entendo... Ele me respeitava... Entendia minha opção de esperar...

— Ser puritana demais só afasta os homens — argumentou Simon para depois justificar com a voz carregada de cinismo: — Não condeno seu sonho de encontrar o príncipe encantado em cima do cavalo branco, que vai te amar e te dar um "viveram felizes para sempre". Mas devo avisá-la de que, mesmo que esse tipo existisse, não ficaria com uma mulher que foge como um rato assustado diante do menor toque.

— O que devo fazer então? — perguntou Paulina se sentindo uma fracassada. — Não sei ser e nem agir diferente.

— Posso ensiná-la — propôs quebrando mais uma de suas regras, certo de que ainda se arrependeria dessa iniciativa. — É só pedir.

Por um instante, Paulina encarou-o espantada e Simon pensou em dizer que fora uma brincadeira. Mas antes que retirasse a oferta Paulina respirou fundo, juntou coragem e pediu vacilando somente no final:

— Simon, por favor, me ensine a ser uma mulher diferente, mais... s-sensual.

Paulina tremia de ansiedade, medo e confusão. Seu pedido era de socorro, precisava de ajuda para reaver Nathaniel, muito, e não havia pessoa melhor que Simon para ajuda-la. Ele era um notório conquistador e colecionador de mulheres. Se alguém podia transforma-la esse alguém era ele.

Simon estava surpreso por ela aceitar. Tinha feito à proposta em um impulso.

— Farei tudo o que mandar para reconquistar o Nathaniel — Paulina prometeu com ansiedade.

Simon cruzou os braços. Então era disso que se tratava? Apoiando as mãos nos braços da cadeira que ela ocupava, inclinou-se para frente.

— Nathaniel vale o esforço de fazer tudo o que eu mandar?

Paulina engoliu em seco. Simon fazia parecer que pediu um favor ao diabo. O hálito dele contra seu rosto e a mão que inesperadamente tocou sua nuca aumentaram seu temor. Arrepios subiam e desciam por todo o seu corpo e uma sensação gelada revirava em seu estômago.

— Sim, vale — respondeu com firmeza, mesmo desconfortável com a aproximação e o olhar predador do Salvatore.

Simon sorriu de canto, daquele jeito que fazia soar alarmes na cabeça da Perez.

— Então precisamos selar nosso acordo.

Intimidada, encolheu-se contra o estofado, a respiração presa na garganta conforme o rosto de Simon se aproximava. Dominada pelo pânico, fechou os olhos com força. Quando a boca dele tocou a sua o terror cresceu em um vértice em sua barriga, subindo como um relâmpago por seu braço. O estalo assustou Paulina, mas foi pior quando abriu os olhos e viu a marca de cinco dedos na face incrédula do Salvatore.

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