Capítulo 6
Maio de 2015
O tão esperado sábado havia chegado. Minha cabeça latejava e meu pescoço queimava. As dores no braço ainda não haviam cessado e isso me desesperava, já que com o braço ruim eu não poderia ensaiar. Prometi que assim que voltasse de Viena iria ao médico o quanto antes.
Minha família foi muito bem recebida pelos pais de Richard e eu tentava aparentar o mais afetuosa possível. Estava exausta pelo voo e sentia-me tão tensa a ponto de um único abraço latejar cada centímetro do meu corpo. Aquela altura, eu queria tomar um bom analgésico e dormir. Afinal, remédios para dormir tornaram-se rotina durante aquela semana, apesar de não terem sido suficientes.
Minha sogra, Anelise, nos recepcionou com um lindo jantar, com a louça muito fina e o ambiente muito bem decorado. Dafne olhava estupefata cada canto da casa sem disfarçar sua admiração.
– Clarissa, você tirou mesmo a sorte grande. É nesse palácio que você vai morar?
– Dafne, por favor, isso são modos?
Ela soltou um soluço caindo em si e deu um sorriso tímido murmurando um pedido de desculpas.
Richard, cavalheiro como sempre, puxou a cadeira para que eu me sentasse, sentando-se ao meu lado. Logo que todos estavam dispostos, Anelise pediu para que os empregados nos servissem e esboçou um sorriso radiante logo em seguida.
– Não vejo a hora de esse casamento acontecer.
– Minha esposa está mais empolgada que você Clarissa. Nada muito além do que se esperar de uma mãe coruja.
– Bom eu acho que é impossível, mas entendo o quanto deve ser difícil para a senhora ver seu único filho se casando.
– Oh sim! Mas o fato de você ter aceitado a morar perto de nós já é de grande alívio. Ganharei uma filha e em breve muitos netos. – ela apertou uma de minhas mãos.
– E eu perderei minha caçulinha – mamãe lamentou.
– Oh Clara, você ainda tem Dafne. — constatou a mãe de Richard.
– Mas não por muito tempo – Dafne se manifestou dando uma golada em seu champanhe. – Caramba, isso é bom – sussurrou. – Estou namorando um francês. E se ele me chamar para morar na França, não pensarei duas vezes. Tudo muito fino, impecável.
– Namorando? Dafne você o conheceu semana passada. – a repreendi em voz baixa.
– Ué irmãzinha, a química bateu. – diz ela levando um pedaço de carne à boca.
Dei de ombros para evitar entrar em uma discussão desnecessária com minha irmã. Por mais que eu soubesse que ela já era uma mulher adulta, eu me preocupava com o seu comportamento, muitas vezes, infantil. Confesso que vez ou outra eu queria ser como ela, espontânea, sem ver o lado ruim da vida, apenas me divertir. Porém eu encarava e ainda encaro a vida com muitas responsabilidades e vivia feliz assim. A companhia das pessoas, a tranquilidade me fazia bem e isso me bastava.
Meu pai estava conversando com meu sogro a respeito da competição que eles fariam mais tarde em um jogo de tênis. Papai era vidrado em futebol, mas quando o assunto era jogar tênis, não existia outro esporte no mundo além desse.
Lembro-me quando papai me levava aos treinos. Ele dizia que meu condicionamento físico melhoraria muito. Eu sempre fui uma pessoa preguiçosa, mas tentava dar o meu melhor para deixar papai orgulhoso.
— Bem meninas, nós deixaremos os garotos aqui jogando a partida deles de tênis e nós iremos atrás dos vestidos. Já disse que estou ansiosa?
Tentei evitar um desconforto já que minha única vontade era a de me deitar.
— Só umas mil vezes hoje, querida. — informou meu sogro.
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A loja de vestidos era magnífica. A decoração era esplêndida. Os vestidos eram um mais lindo que o outro. Anelise nos acompanhou para que olhássemos tudo. Cada detalhe. Minha amiga tinha o queixo caído e eu ri do seu espanto. Estava me sentindo maravilhada com todos aqueles vestidos. A empolgação e a animação tomaram conta de mim novamente e eu não via a hora de me casar. Eu amava Richard. Ele era compreensivo, cavalheiro e dedicado. Pelo menos em até certo ponto ele foi assim, mas não o culpo pelo nosso destino.
Eu podia me enxergar em cada um daqueles vestidos. Pedi para que a entrada fosse diferente da marcha tradicional. Queria um violino de fundo para que eu pudesse sentir com mais precisão de que minha vida mudaria daquele momento. Seria uma cena que eu levaria para a minha vida. Por um momento percebi que meus olhos estavam molhados e decidi focar no presente.
— Mozart, esta é a minha nora, quero que você nos mostre os melhores modelos. Quero Clarissa deslumbrante. E estas aqui são suas madrinhas.
— Pode deixar, é comigo mesmo.
Mozart me cumprimentou e pelo que eu notei ele era um estilista muito querido pela minha sogra. Minha irmã tirava os vestidos das araras e colocava sobre o corpo para ver como ficava, mas a loja era fina e elegante demais para minha querida irmã se contentar com um vestido que lhe agradasse.
— Clarissa, o que imaginou para o seu vestido e o vestido de suas madrinhas?
Suspirei. Eu havia pensado em tanta coisa que estava na dúvida.
— Eu queria algo não muito decotado. Um vestido simples, mas com uma pitada mais romântica e elegante. E para as madrinhas, eu pensei em um lilás suave, que não fosse rodado. Acho que é isso. — suspirei novamente ainda meio perdida.
— Os vestidos das madrinhas podem ser mais curtos, mais decotados, né irmãzinha?
— Dafne, por Deus — minha mãe a repreendeu.
— Qual é? Vou parecer uma freira usando todo esse monte de pano. — cruzou os braços e revirou os olhos.
— Dafne, será em uma ocasião apenas, e por pouco tempo. Lembre-se, é só para o casamento de sua irmã. — minha amiga tentou convencê-la.
— Clarissa, irmãzinha querida, por favor, não vai me fazer passar vergonha no dia do seu casamento com um vestido longo. — Dafne me segurou pelo braço e sussurrou.
— E se eu convidar meu futuro cunhado francês? Você faria esse favor para sua irmãzinha?
— Não... — Dafne se surpreendeu com a minha proposta — Você vai mesmo convidar Philip para ser seu padrinho? Mesmo com todas aquelas regras de: "você conhece ele a pouco tempo", " onde já se viu ir pra cama com um rapaz na mesma noite em que o conheceu"? — Dafne tenta me imitar.
— Eu continuo discordando, mas se for pra você fazer bonito em meu casamento, eu reconsidero. Mas, por favor, não me apronte uma das suas e nem dê aquelas fugidinhas das quais você está acostumada.
— Não sei do que você está falando, Clarissa — minha irmã finge de desentendida.
— Pensa que eu não sei que você e o primo Joaquim não deram uma fugida para o sótão no dia do aniversário da vovó?
— Quem te contou isso?
— Eu vi.
— Isso é segredo hein. Bico fechado.
— Certo, mais uma arma que eu tenho contra você — sorri vitoriosa.
Dafne cruzou os braços e bufou.
— OK, você venceu.
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Mozart me mostrou dezenas de vestidos, um mais lindo que o outro, no entanto, em todos eles eu não me encontrava. Uns tinha renda demais, outros eram rodados demais. Aquilo estava me deixando irritada e eu já estava perdendo a paciência. Consequentemente, as pessoas a minha volta também.
— Clarissa, deveria experimentar algumas das nossas peças, assim você tem uma visão mais ampla sobre como irá ficar em você. No corpo o vestido muda completamente. — Luana resolveu se manifestar.
Contra a minha vontade, analisei com mais cautela cada uma dos vestidos que Mozart segurava com dificuldade em suas mãos. Optei por um com um decote em coração. As alças eram médias e rendadas, mas a composição do busto não era grosseira, pelo contrário, era totalmente delicada e com certeza combinava mais com a minha personalidade. O restante do vestido era liso, com alguns detalhes espalhados pela calda.
Pedi para que minha mãe me acompanhasse e me ajudasse a se vestir, juntamente com uma das costureiras da loja que Mozart fez questão de chamar.
Trocar de roupa sempre fora uma tarefa fácil de fazer, mas não naquele momento. Quando fui passar a camiseta pela minha cabeça, uma dor terrível tomou conta dos meus braços e eu não resisti um grunhido.
Havia uma semana que eu estava sentindo dores. Cada momento era em uma parte diferente do meu corpo. E aquilo me incomodava a cada dia. Mas com tanta coisa relacionada ao casamento e por achar que era apenas tensão, decidi que não era conveniente procurar um médico.
— O que houve Clarissa? — mamãe pergunta aflita.
— Estou com dores terríveis no braço.
— Tem andando muito estressada, minha filha. Richard me contou que não anda dormindo e nem se alimentando direito. Eu sei o quanto você é exigente e quer que tudo saia perfeito no seu casamento. Ainda tem os ensaios e a apresentação está chegando, mas você precisa se acalmar, tirar um tempo para você.
— Eu sei mamãe. Prometo que vou tentar.
— Tive uma ideia. Marcaremos semana que vem de irmos a uma spa. Você está precisando de um momento seu, e claro, como sou sua mãe, também estou muito tensa.
— A senhora cheia de segundas intenções, não é mesmo, Dona Clara?
— A mãe da noiva também fica tensa e merece um dia de beleza.
— Tudo bem. Sem falar que companhia é sempre mais agradável.
— Agora deixa eu te ajudar ou sua sogra e suas madrinhas enfartarão.
Minha mãe com todo o cuidado do mundo me ajudou a retirar as peças. Em alguns momentos eu fazia caretas por sentir alguns incômodos, desta vez, não tão intensos, devido à ajuda de mamãe.
Mas o terror veio em seguida – vestir o vestido.
Coloquei o tule que ia por baixo do vestido apoiando as mãos no ombro da costureira que pareceu não se importar. Logo depois, ela abriu o vestido e pediu para que eu o vestisse de cima para baixo que pra mim foi alívio. Mas minhas pernas tremiam descompassadamente e eu acabei a apertando com mais força do que eu queria.
— Desculpa.
— Algum problema? — perguntou.
— Minhas pernas estão dormentes, apenas isso. Logo passará. — pelo menos era o que eu esperava.
Tentei movimentá-las e a cena da costureira segurando o vestido e esperando pela minha reação, assim como a cara de preocupação de mamãe, deixaram-me totalmente constrangida e no fundo eu agradeci por minha sogra não ter entrado junto. Minha vontade era de chorar, mas permaneci firme.
Estiquei levemente as pernas e respirei fundo, de forma um tanto pesada, mas o suficiente para dar uma aliviada em todo aquele estresse que eu havia acumulado. Balancei a cabeça a costureira e fiz sinal para que tentássemos de novo.
A dor me consumia e eu tentava ao máximo disfarçar. Mordi as mandíbulas inúmeras vezes para que eu tivesse controle da situação e fiz o melhor que pude. Depois de tanto esforço e sacrifício minha única vontade era sair de lá e procurar por cama. Meu corpo inteiro pedia por cama.
Então eu me virei e olhei para o espelho. Eu estava bonita e me sentia bonita e até podia me imaginar com um leve encaracolado nos cabelos em um penteado semipreso. Por um instante eu quase chorei. Estava emocionada e até havia me esquecido que estava com dores. Sorri e mamãe segurou meus ombros me olhando pelo espelho.
— Ótima escolha, querida. Está uma verdadeira princesa.
— É exatamente assim que estou me sentindo. Será que Richard vai gostar?
— Seria um bobo se não gostasse. — notei os olhos de mamãe molhados.
Assim que saí do provador, novamente, mais emoções tomaram conta da loja. Minha sogra tinha o queixo caído e minha amiga um sorriso radiante no rosto. Anelise veio me abraçar. Seu carinho e seus sentimentos eram tantos que ela não mediu esforços a fazer isso. Era como se meu corpo estivesse se partilhando e novamente tentei ter o controle da situação. Mamãe tinha razão, eu precisava relaxar e até pediria aos médicos uns analgésicos e quem sabe um calmante.
— Você está maravilhosa. A família Earl tem muita sorte de ter você como nora.
— Imagina, eu é que tenho a sorte de ter encontrado vocês.
— Realmente é esse. Você está magnífica, minha amiga. — Luana sorriu.
Respirei fundo. O vestido escolhido, faltava pouco para tudo estar resolvido.
— Dafne, não vai dizer nada? — mamãe a cutucou.
— Sinceramente? Careta demais, por isso está a sua cara irmãzinha.
— Certo, eu também te amo, Dafne.
Ela sorriu e me abraçou. Dafne adorava brincadeirinhas, claro, a maioria tinha uma pontada de verdade, a verdade do mundinho em que Dafne vivia.
— Está linda.
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Eu havia chegado totalmente exausta. Minha mãe e minha sogra tagarelavam, assim como Dafne e Luana. A vista me pareceu mais agradável e ficar quieta era a melhor coisa se fazer. Não havia o que dizer, não havia empolgação, apenas a vontade louca de descansar.
A casa estava vazia, exceto pelos empregados, o que nos fez deduzir que os homens ainda estavam jogando.
— O que me dizem de ir jogar junto com os meninos? Podíamos fazer uma competição com os rapazes. — Dafne arregalou os olhos totalmente empolgada.
— Por que não? Temos pouco tempo aqui, acho legal se aproveitássemos um tempinho para nos divertirmos também. Clarissa, você deveria ir, vai ser divertido é será bom para descarregar o estresse.
— Sinto muito, mamãe, mas eu prefiro descansar. Ultimamente não estou conseguindo dormir direito e vou aproveitar que estou exausta para tentar fazer isso. Mas vocês podem ir sem mim, sem problema nenhum.
— Se você quiser eu fico, filha.
— Eu também, se for preciso.
— Mamãe, Luana — olhei para as duas — Sinceramente, não precisam se preocupar. Imagina que vou privá-las de se divertirem. Podem ir, eu ficarei bem.
— Sendo assim...Nós estamos indo. Qualquer coisa no chame. — mamãe me deu um beijo no rosto e todas saíram.
Os quartos ficavam no segundo andar. Encarar trinta degraus a minha frente não me pareceu animador, mas totalmente entediante. O que eu levaria apenas alguns segundos para realizar tornou-se uma eternidade. Eu me apoiava no corrimão e dava um paço de cada vez. Tudo em mim doía e aquilo me cansava de forma extrema.
Quando eu finalmente consegui chegar até o meu quarto, parecia que tinha corrido uma maratona. Deitei-me na cama e senti o alívio percorrer cada parte do meu corpo. Nem me preocupei em tirar os sapatos. Do mesmo jeito em que deitei, eu adormeci. Ou pelo menos tentei.
Tudo em mim pesava. Em minha cabeça, turbilhões de coisas se passavam. A mistura de desespero e sono brigava em minha alma. O ensaio seria segunda feira e minhas dores não cessaram. Os analgésicos que tinha em casa aliviavam na hora, mas depois, pareciam vir mil vezes pior. Com que coragem eu chegaria ao coral para dizer que não iria tocar, pois não havia sarado? O medo de ser rejeitada e deles resmungarem começou a martelar e eu abri os olhos subitamente.
Respirei fundo e tentei não pensar. Olhei para o relógio e já era cinco da tarde. Se eu tivesse sucesso eu não desceria nem para jantar. Tentei me concentrar em qualquer coisa, e até a patética contagem de carneirinhos, eu me submeti. Por estar com sono, não foi difícil que ele viesse novamente.
Abri os olhos e evitei me espreguiçar, temendo a dor. Apenas cocei os olhos sentindo minhas pálpebras ainda pesadas. Olhei para o relógio – cinco e dez. Aquilo me gerou uma enorme frustração e tive vontade de chorar. Dizia a mim mesma que era somente estresse, que logo tudo se resolveria, porém a intensidade de tudo o que eu estava vivendo era tanta, que me deixava debilitada e aflita.
Desisti de tentar dormir na quinta tentativa. Os cochilos a cada dez minutos, pareciam piorar, e o melhor a fazer era se levantar. Novamente o drama de descer as escadas. Senti meus olhos arderem, mas novamente me permaneci forte, e o mesmo ritual na subida fora feito na descida.
Quando cheguei ao último degrau, tudo se apagou.
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Acordei com o cheiro terrível de álcool em minhas narinas. Abri os olhos um pouco zonza enxergando tudo embaçado. Aos poucos, as coisas foram ficando claras e pude ver várias pessoas praticamente em cima de mim. A testa franzida demonstrava preocupação. Tentei me ajeitar na cama, mas tudo em mim doía, o que me fez resmungar.
— O que aconteceu? — pergunto totalmente desnorteada.
— Nós é que perguntamos. Chegamos do jogo e a encontramos deitada em frente à escada. Você caiu? — minha mãe pergunta aflita.
— Não que eu me lembre. E quem é o senhor? — refiro-me ao homem de cabelos grisalhos com um pouco mais de cinquenta anos.
— Este é Jordan, o médico da família. — informou-me Anelise. — Então Doutor, o que provocou o desmaio de minha nora?
— É necessário um exame com mais precisão, porém ela não teve lesões e, portanto, descartaremos a hipótese de que ela tenha caído da escada.
— Doutor, ela não tem dormido direito já faz uma semana. E queixa-se de fortes dores, principalmente nos braços e nos pescoço. — Richard acrescenta.
— É bem provável que o motivo do desmaio tenha se dado a estes fatores. Sugiro que faça um exame de sangue. Mas, ao que tudo indica é apenas um estresse passageiro que poderá ser contido com alguns remédios. Receitarei alguns para dormir e aliviar as dores, mas adianto que, o melhor é fazer um exame mais apropriado.
— Irmãzinha, você não está grávida, está?
Assim que Dafne fez tal pergunta, novamente aqueles pares de olhos se dirigem a mim com diversas expressões das quais sinto-me completamente confusa.
— O que? Claro que não, eu tomo remédio.
— Sabe que os remédios podem falhar, não pode? — Dafne insistiu;
— Eu não estou grávida. Minha menstruação veio semana passada.
— É melhor nos certificarmos com um exame de sangue, não é mesmo? — pude notar certo brilho nos olhos de minha sogra.
— Gente, por favor. Eu não estou grávida. Não vamos nos precipitar — disse num tom desesperado e até um pouco rude eu diria.
— Pessoal, acho que Clarissa precisa descansar. Como o Doutor disse, um provável motivo para o desmaio de Clarissa foi justamente o estresse. E acredito que agora ela precise de repouso.
— Certo. Luana tem razão. A deixaremos a sós e mandaremos servir a comida no quarto, tudo bem? — disse Anelise.
— Se quiser a mamãe pode ficar aqui com você.
—Tudo bem mãe, não se preocupe. Quero apenas descansar.
— Clara, faço questão de trazer a comida até o quarto de minha noiva. Acredito que uma boa alimentação e uma noite de muitos cuidados a deixará mais disposta.
— Tudo bem. Se assim deseja. — mamãe se retira e o restante das pessoas também.
Richard foi um verdadeiro cavalheiro. Deu-me os remédios para tomar, e ajudou-me com a comida, assim como nas vestimentas. Todo o seu amor e cuidado, fazia com que eu me sentisse a mulher mais sortuda, desejada e amada do mundo. E era tão bom me sentir assim que a cada dia eu tinha certeza de que Richard era o homem da minha vida.
— Ah Clarissa! Vê-la assim tão frágil em meus braços me despedaça por dentro.
— Eu ficarei bem, meu amor. Tudo vai dar certo. — acarinhei seu rosto.
— Posso lhe confessar uma coisa? — assenti com a cabeça. — Se você não estivesse tão sensível, eu estrearia a nossa futura cama antes da lua de mel. — ele riu e me deu um beijo na testa.
— Richard! — repreendi-o soltando um sorriso.
— Eu não tenho culpa se estou prestes a me casar com a mulher mais maravilhosa deste mundo, mas sei que como toda dama, a minha precisa descansar e eu ficar aqui, fazendo um carinho em seus cabelos até você pegar no sono.
— Eu é que tenho sorte de ter você. Obrigada. — aconcheguei-me em seu colo e adormeci.
Senti uma leve brisa tocar minha pele e a claridade atingiu meu rosto, fazendo-me eu acordar. Dei uma leve bocejada e espreguicei-me como de costume. Foi então que eu percebi que finalmente havia conseguido dormir e não havia sentido dores ao esticar os braços. Sorri. Liberdade para se movimentar era a melhor sensação e eu já estava sentindo saudades.
Richard não estava mais ao meu lado e provavelmente havia descido para tomar o café. Não ousei em levantar de imediato. Quis aproveitar o meu momento preguiça e enrolar um pouco na cama.
— Bom dia, princesa! — meu noivo aparece com uma bandeja em mãos recheada de coisas gostosas.
— Bom dia, meu amor.
Ele se senta ao meu lado e deposita um beijo casto em meus lábios, ajeitando a bandeja.
— Espero que tenha conseguido dormir.
Suspirei de leve enquanto pegava um pãozinho com manteiga.
— Dormi sim. Melhor impossível.
— Que bom. Mamãe me disse que você ficou radiante no vestido. Mal posso esperar para vê-la.
— Espero que tenha ficado bem mesmo.
— Por que a dúvida?
— Senti dores terríveis enquanto me vestia. Eu estava exausta, então um esforço muito grande foi necessário ser feito.
— Clarissa, sei o quanto é exigente, mas, por favor, quando for fazer a segunda prova do vestido, fique tranquila. Todos o elogiaram, até a maluquinha da sua irmã disse que havia gostado.
— Isso é porque não é ela que vai usar — sorri.
— Como é nosso último dia aqui, quero te levar a um lugar em especial.
— Onde?
— É uma surpresa. Mas garanto que você vai gostar.
— Fiquei curiosa.
— Mas antes, mamãe quer te levar para ver as joias do casamento e fazer a degustação dos pratos.
— Ainda faltam seis meses e estamos nessa correria. Mal posso imaginar como será quando estiver quase chegando.
— Será tão agitado quanto. Talvez até mais. Mas pense que ao final da noite será somente eu e você. Ele toca a ponta do meu nariz e leva uma uva a minha boca.
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Richard e eu namoramos por quatro meses. Foi um período curto, mas tínhamos tantas coisas em comum e nos apaixonamos tão rápido. Ele foi meu primeiro namorado. Sabia como ninguém, agradar uma mulher. Sempre prestativo e carinhoso. Nós dois já éramos adultos e maduros o suficiente para avançar a este paço. E como ele morava sozinho no Brasil, passava mais tempo em meu apartamento do que no dele. Praticamente, nós já estávamos casados.
Devido a isso, nossas visitas a Viena era coisa rápida. De dois a três dias, o que dificultava conhecer os belos lugares que aquela cidade possuía. Ela era encantadora de fato, embora eu acreditava que demoraria para me acostumar com o rigoroso inverno.
Eu fui muito bem aceita pela família de Richard. Pensei que pelo fato dele ser filho único, as coisas dificultaria um pouco, como se eu fosse a garota que roubou o filho de uma mãe. Mas o fato de eu ter aceitado o convite de morar em Viena, acredito que em muito contribuiu.
Com o casamento se aproximando, eu iria mais vezes a Áustria. Minha sogra até perguntou se eu não queria adiantar minha estadia, mas eu precisava terminar a minha última apresentação no Brasil, para então poder me mudar.
Por hora era a escolha do vestido, depois das joias, em seguida os pratos a serem servidos, a lista de convidados e a disponibilidade de cada um de fazer uma viagem. Sem falar das outras provas de vestido. Seria cansativo, mas como Richard disse, no final, seríamos ele e eu.
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Notas especiais:
As causas da fibromialgia ainda são desconhecidas, mas existem vários fatores que estão frequentemente associados a esta síndrome, como a genética, infecções por vírus e doenças autoimunes, distúrbios do sono, sedentarismo, ansiedade, depressão, dentre outros.
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Olá amores, mais um capítulo para hoje como prometido.
Ah! Clarissa tem consulta com Miguel na segunda-feira. Então fiquem preparados.
Milhões de borboletas.
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