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Capítulo 16


"Querida, adorável Elizabeth, quanto lhe devo!
Ensinou-me uma lição, muito dura, a princípio, mas muito vantajosa.
Por suas mãos recebi a humilhação que devia.
Aproximei-me de você sem duvidar de que seria aceito.
Sua recusa me mostrou como eram insuficientes minhas pretensões de agradar uma mulher digna de ser agradada"

Abril de 2017 – Décima terceira consulta

Miguel

Clarissa deixou escapar um suspiro logo que terminei um dos trechos do livro. Tentou esconder, mas algumas lágrimas ainda insistiam em tomar conta de seu rosto. Acredito que nem ela mesma tenha notado.

Depois de nossa conversa, achei que uma forma de ela relaxar seria eu lendo um pouco para ela. A princípio, acreditei que dormiria, mas ela prestou atenção em cada detalhe. Meus olhos se intercalavam ora nas páginas e nas palavras devidamente alinhada, ora em seus olhos. Um verde tão profundo e tão atento, brilhavam intensamente. Esse era o poder de Jane Austen.

Assim que fechei o livro, Clarissa desaprovou. Fez uma careta e logo indagou.

- Mas já? Por que? Quero saber o que acontecerá no final. Meu coração não aguentará tamanho sofrimento por saber se ficarão juntos ou não.

- Deixarei para você terminar o restante.

- Mas é que... É que... você lendo as falas de Darcy parecem tão mais interessantes. – corou com comentário, provavelmente com receio de que eu entendesse por um outro ângulo.

- Fico lisonjeado. Mas está ficando tarde e precisamos dar continuidade a nossa consulta. Prometo que, se for o caso, lerei novamente para você.

- Tudo bem. – concordou sem esconder sua frustração, o que me arrancou um sorriso, já que eu havia conseguido liberar, mais uma vez, suas emoções.

- Bem, eu conversei com sua irmã e sua mãe enquanto você dormia. A partir de agora, o tratamento será intensivo.

- Intensivo? Em que sentido? Como assim?

- Ora, eu passarei mais tempo com você do que você realmente gostaria. Irei te acompanhar em cada passo.

- Isso não vai te comprometer? Por que se interessa tanto por isso?

- Estou recebendo, lembra. – doeu-me dizer aquilo, mas era melhor ela pensar isso de mim, do que saber a verdadeira identidade dos fatos.

Seu rosto fez uma expressão magoada, eu diria. Tentei ser indiferente aquilo, mas foi quase inevitável.

- Mas, não só por isso. Tenho muito apreço pelos meus pacientes. - Ela soltou um sorriso de lado, mas não foi convincente. - Enfim. Agora eu tenho que ir, certo? Amanhã eu volto. Até logo.

A conversa com a família de Clarissa não foi nem de longe agradável. Expliquei toda a situação e até informei que gostaria de conversar mais vezes com a família, porém, para todas as minhas sugestões, eu era banhando com uma enxurrada de negativas. Por fim, eles me pediram um valor total para que eu me dedicasse exclusivamente ao tratamento de Clarissa, e eu dei. Não conseguiria nada além de dinheiro por parte da família Hoffman.

Seria um longo tempo de tratamento e pedi para que a família ficasse ausente até que eu estivesse convicto que Clarissa conseguiria, ao máximo, controlar suas emoções. Intimei Dafne a convidá-la para o noivado de forma tão solene quanto os demais convidados, mas ainda mais calorosa como quando era antes de descobrirem a doença da borboleta.

No dia seguinte, completaríamos nossa décima terceira consulta. Eu havia planejado tudo do começo ao fim. Seria um dia longo, mas acredito que suficiente.

Entrei no quarto e senti o mesmo perfumado. Clarissa provavelmente havia acabado de sair do banho. Confirmei isso quando a enfermeira veio com uma toalha em mãos, secando os poucos cabelos de minha paciente. Ela me olhou, e soltou um sorriso. Não parecia a mesma Clarissa agressiva de antes, mas eu sabia que ela ainda não estava cem por cento bem.

A enfermeira retirou-se deixando-nos a sós. Aproximei-me sentando-me junto a ela na cama e tirei de dentro de minha pasta, um tabuleiro.

- Veio cedo hoje, Doutor Miguel.

- Desde quando me chama por Doutor?

Ela deu de ombros e sorriu.

- O que é isso?

- Um tabuleiro de damas.

- Certo. Nós não vamos jogar isso.

- Oh, vamos sim.

- Por que acha que eu aceitaria?

- Porque eu sou seu médico e porque eu tenho várias armas contra você.

- Sem chance. Damas é muito chato.

- Tudo bem, podemos improvisar e jogaremos xadrez.

- E por que acha que dessa vez eu aceitaria?

- Porque teremos apostas. – disse com um sorriso malicioso e Clarissa ergue uma sobrancelha.

- Me convença – ela cruzou os braços.

- Se eu ganhar – começo preparando o jogo, pois sabia que a convenceria – Você dará uma volta comigo fora desse hospital – seus braços se soltaram e uma ruga apareceu em sua testa. – Mas... se você ganhar, você decide o que quer fazer, inclusive... Cancelar os meus serviços.

Borboleta ficou em silêncio. Apenas me encarava com uma expressão que, pela primeira vez, não consegui decifrar.

- Você vai... embora?

- Achei que fosse isso que você queria, embora acho que superamos essa fase – falo sem encará-la, arrumando o jogo que já estava arrumado, mas, devido ao seu silêncio, volto meu olhar para ela que ainda parecia confusa.

- Não se anima não – ela se recompõe devido ao meu sorriso irônico. – Ainda quero que vá embora. Já te disse hoje que você é o pior psiquiatra do mundo?

- Faz tempo que não diz isso, portanto, acredito que seus conceitos diante da minha pessoa, mudaram.

- Eu não teria tanta certeza. Vamos jogar?

Sorri de sua atitude. Era essa a Clarissa que eu gostaria de trazer à tona. Forte e determinada, sem deixar que nada a intimidasse.

Estávamos totalmente concentrados em cada partida. Clarissa era uma ótima jogadora e parecia se divertir a cada peça pulada. Eu não consegui evitar demonstrar o quanto eu estava me divertindo também, principalmente, quando acabei vencendo.

- Droga! – deixou escapar e, diante do meu espanto, ela tomou logo de acomodar. – Desculpa.

- Há quanto tempo não fala um palavrão? – ri.

- Não costumo a dizer tal coisa.

- Já era de se imaginar – ela corou – Agora vou chamar a enfermeira para trocá-la.

- Onde vai me levar? – perguntou afobada.

- No caminho eu te explico.

- Mas...

Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, saí.

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O sol estava agradável e o clima estava fresco. Clarissa parecia estar incomodada com alguma coisa. Provavelmente fazia um bom tempo que não saía. Ou simplesmente procurava por qual pergunta deveria fazer primeiro.

- E então, vai me dizer aonde vamos?

- Tomar café? Não está com fome? – ela parou de caminhar me obrigando a parar também.

- Tomar café? Como assim?

Olhei para o relógio.

- São nove horas. Normalmente as pessoas tomam café esse horário. Vai me dizer que é daquelas que não conseguem se alimentar de manhã?

- Não, eu adoro café, mas... Por que está me levando para tomar um?

- Porque você não tomou o seu ainda.

- Mas...

- Qual é? Muita mordomia de sua parte depender das enfermeiras para preparem seu café. Já pensou em ir atrás dele qualquer dia?

- Ora, você sabe muito bem que elas preparam o meu café porque... – ela parecia irritada.

- Não ouse terminar ou contarei uma reclamação para a caixinha de reclamação da borboleta.

- Miguel, dará na mesma. A garçonete irá me servir de todo o jeito.

- Sim, mas com a diferença de que você irá pedir exatamente do jeito como preferir.

Ela não disse mais nada, porém, ainda estava indecisa.

- Vamos logo, ou ele vai esfriar. – sorri e ela me olhou com uma expressão como se dissesse para eu não ser tão patético.

Enquanto dirigia, Clarissa parecia uma criança observando a paisagem. Ela estava grudada na janela do carro prestando atenção nos mínimos detalhes. Não me admirava sua atitude, já que naquela clínica era parecia estar em uma verdadeira prisão.

- Havia me esquecido do quanto a cidade é bonita. Uma saudade acabou de me preencher. – disse com a voz um pouco frágil.

- Ei! Nosso passeio é pra ser divertido. – Ela não respondeu, apenas continuou a contemplar a paisagem.

Assim que chegamos, escolhi uma mesa perto da janela. Achei que Clarissa gostaria de ir acompanhando o vai e vem e a rotina das pessoas. Algo que a fizesse a se lembrar da vida por trás de paredes e grades. Ela estava com vergonha e isso era nítido, embora eu não soubesse de fato o motivo. Ela olhava as pessoas na cafeteria com um semblante fechado e acuado.

- O que houve? – perguntei evidentemente preocupado – Está se sentindo bem?

- Estou só que... Olha essas pessoas, estão todas muito bem vestidas.

- Você não está diferente delas, Clarissa.

- Por Deus Miguel, olhe para mim.

- Estou olhando.

- E então? – Clarissa queria uma resposta convincente.

- E então o que? – fingi-me desentendido.

- Não percebe a diferença? Olha meus cabelos e o daquela mulher. Ela é muito mais elegante com todo aqueles fios que chegam a cintura. E aquela ali – ela apontou discretamente – Certamente está indo para o trabalho, devidamente elegante com seu salto quinze. Sem falar na maquiagem, discreta, mas muito refinada. E eu, bem, estou com uma calça jeans um número a mais do que eu, uma blusa preta três quartos, com uma alpargata semi desbotada, sem cabelo e parecendo um urso panda. Tamanha devem ser minhas olheiras.

Não consegui me conter e comecei a rir. Clarissa, como já era de se esperar, desaprovou minha atitude e cruzou os braços um pouco irritada.

- Já parou para pensar que por trás de toda essa rebocada, fineza e elegância, pode haver algo horrível? Pode ser, que boa parte deles estejam doentes, e nem fazem ideia disso. Pode ser que recentemente, qualquer uma dessas pessoas tenha perdido entes queridos, recentemente. Pode ser que essa mulher de cabelos longos esteja sendo traída, ou aquela mulher ali – apontei para a mesma mulher que Clarissa havia mencionado minutos atrás – Tenha penhorado todos os seus bens.

- Miguel, não seja ridículo. Se essas pessoas estivessem tão ruim assim quanto você julga, acha mesmo que estariam tomando um café com um sorriso desses no rosto?

- Olha, um bom café é capaz de fazer milagres, porém, sim, elas só não deixaram o tempo para elas. Apenas procuraram por alguma coisa que as façam ter ânimo para sair, ou simplesmente estão tentando lutar contra as suas dificuldades.

- Duvido que pensariam assim se tivesse fibromialgia.

- E quem garante que algumas dessas pessoas aqui presente também não possam ter? E mesmo que não tivessem, não podemos julgar as pessoas por suas atitudes em relação ao seus problemas e dificuldades, cada um sabe onde o seu calo aperta. Pensar assim é ser egoísta demais, não acha? – dessa vez os olhos verdes de Clarissa penderam para um castanho, mas ainda com o seu fundo esverdeado. Ela pressionou os lábios e se encolheu na cadeira como uma garotinha que havia acabado de levar uma bronca.

- E então o que vai pedir?

Fiz sinal para a garçonete trazer o cardápio e entreguei a ela.

Clarissa olhava aquilo tudo com desejo nos olhos. Diria que a mesma estava salivando diante das imagens a sua frente.

- Um cappuccino gelado com chantilly. E.. Caramba, com certeza esse pedaço de bolo com creme de avelã e morango. Mas... – demonstrou frustração – Desculpa, eu me empolguei. Vou tomar só um café preto.

Estranhei sua atitude, embora entendesse perfeitamente. Fiz sinal novamente para a garçonete e soltei o meu melhor sorriso.

- Um cappuccino gelado com bastante chantilly e um pedaço de bolo com creme de avelã e morango para a senhorita. E pra mim pode ser o mesmo. – A garçonete se retirou. Aproximei-me de Clarissa ainda sorrindo. – Sobre o que conversávamos mesmo?

- Miguel, eu... Você... Não é justo...

- Que foi? Acha que eu não tenho como pagar? Apesar de ser recém formado não sou tão quebrado quando imagina.

- Não foi isso que eu quis dizer, só acho que não precisava fazer isso.

- Tudo bem, não se preocupe. Fingiremos que somos apenas bons amigos que estão tomando um café junto. O que me diz?

- Diria que me convidou para sair. – fez uma careta confusa.

- Na verdade não foi bem um convite, foi mais um acordo, mas podemos imaginar que tenha sido um convite.

- Então você queria me chamar para sair? – franziu o cenho.

- Não exatamente. – ela pareceu decepcionada e eu comecei a gaguejar – Só quero deixar nossa relação mais agradável daqui pra frente.

- De bons amigos ou de paciente e médico?

- Que tal as duas coisas?

- E o que você quer com isso? Algo me diz que está tentando me agradar pra conseguir alguma coisa. – desconfiou.

- Então admite que estou te agradando?

- Talvez. – sorri em resposta.

- Borboleta, borboleta, o que está querendo?

- Apenas saber o porque me trouxe aqui. Eu te conheço, sei que vai me pedir alguma coisa.

Respirei fundo.

- Certo. Disse a você que daremos início ao tratamento, então, achei melhor conversarmos num lugar que não fosse a clínica, e... sair de lá, já é o primeiro passo.

- E qual seria os outros passos?

- Em seguida, nós iremos a um neurologista, ele irá avaliar as reações que cada medicamento provoca em seu organismo e receitará o que melhor atender suas necessidades, sem que haja efeitos colaterais, e depois, partiremos para as atividades fora do ambiente teatral, clássico e romântico. Conheceremos outras atividades que sejam tão agradáveis quanto o violino é pra você, e, por fim, te darei uma recompensa.

- E qual seria essa recompensa?

- Surpresa. Não conto nem sob tortura.

- Miguel, por favor. Isso não vale. Não é justo me chantagear desse jeito.

- É sim, já que está funcionando.

Ela soltou um soluço em protesto, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, nosso pedido chegou.

- Certo, já que está me chantageando, posso pedir pelo menos uma coisa para o fim desse dia?

- O dia mal começou e já está pensando no fim?

- Por favor – implorou com o canto da boca sujo de chocolate.

- Diga.

- Que leia o final de Orgulho e Preconceito pra mim.

- Conquanto que leia o restante, sozinha, eu aceito - Peguei um pedaço de guardanapo e levei até sua boca para limpá-la. Percebendo minha atitude, recuei, trazendo um clima estranho ao ambiente.

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