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Capítulo 1



"A dor da fibromialgia contagia a alma e tudo fica cinza. É assustador se dar conta de que sua vida não pode seguir os traços desenhados por você. Complicado refazer as metas e sonhos quando seu vigor sumiu, evaporou-se e você sequer sabe o porquê. Sente-se impotente e humilhado perante seu trágico destino". (Diane BErgher)

Março de 2017 — Primeira consulta

Eu não sabia dizer por quanto tempo eu estava ali. Meu passatempo preferido era os ensaios das borboletas. Cada hora de um jeito, cada hora de uma forma. Em alguns momentos eu escorei na cortina porque ficar de pé durante um bom tempo, causava-me dores terríveis e um cansaço extremo. Eu só parei para tomar os remédios, pois comer era raridade no meu dia a dia. Não era algo que me dava prazer.

Três batidas na porta invadiram o ambiente. Ignorei a fim de que a pessoa fosse embora e eu pudesse voltar a contemplar a única coisa bela daquele lugar. Mais três batidas e eu controlei meu nervosismo tentando não perder a concentração. Então ela rangeu. Fechei os olhos, pois aquilo me arrepiava. O incômodo havia se instalado assim como a vontade de gritar para que a pessoa fosse embora e parasse de interromper o meu momento. Mas eu sabia. Sabia que não teria forças para isso.

Não olhei a figura atrás de mim de imediato. Virei meu rosto sem encará-lo, pensando que iria embora logo em seguida. Não. Ela estava ali. Parada, esperando por alguma reação minha e eu apenas me virei por completo. Era um rapaz. Vestia um jaleco branco e tinha as calças como combinação. Alguns botões abertos evidenciavam uma camisa preta. Os cabelos curtos, quase raspados, e uma barba por fazer.

Era um rosto novo. Jamais tinha visto aquele homem antes e estranhei a sua presença. Meu corpo se arrepiou e eu engoli seco, pois não tinha reação. Talvez vergonha ou até mesmo indisposição.

Tentei correr até minha cama, mas não tive sucesso. Minhas pernas fraquejaram e eu caí. Senti vontade de chorar. Fugir e sumir dali num passe de mágica, porém fui firme o bastante para não piorar o meu estado.

– Ei! Ei! Deixe que eu te ajude – aproximou-se de mim e me tomou em seus braços com a maior naturalidade. Ele tinha um cheiro amadeirado, forte e eu franzi o cenho diante daquela atitude. – Está confortável? – perguntou logo que me colocou na cama e eu apenas acenei a cabeça em concordância.

Sentou-se ao sofá ao lado da minha cama cruzando levemente suas pernas. Seu olhar era intimidador e aquilo me deixava ainda mais receosa. Eu não conseguia olhar para ele, enquanto o mesmo fazia esse papel maravilhosamente bem.

– Vai ficar aí me olhando ou vai embora? – prestando atenção na maneira como eu massageava as mãos.

– Achei que gostaria de saber mais sobre mim.

– E por que eu faria isso?

– Ora, sou um desconhecido que invadiu o seu quarto.

– Pela sua roupa deve ser mais um psiquiatra, então eu vou logo dizendo que não preciso de seus serviços – tentei ser o mais rude possível para afastá-lo.

– É por isso que está em casa então?

Fuzilei-o com os olhos.

– Escuta. Eu sou novo aqui e me encarregaram de cuidar do seu caso. Disseram que seria um desafio, e eu tenho alguns minutos para conhecer você. Podemos ficar em silêncio ou fazer o tempo passar mais rápido, conversando.

– Então ficaremos em silêncio. É menos cansativo.

– Já que insiste – suspirou e se encostou ao sofá de forma a ficar mais confortável. – Eu sou Miguel, tenho vinte e oito anos, formado em psiquiatria recentemente...

O tal psiquiatra simplesmente me ignorou. Olhei para ele com a expressão mais incrédula que eu pudesse ter, e mesmo assim, ele não se abateu. – Nasci no Rio de Janeiro, mas decidi estudar medicina aqui em Curitiba, fiz uma especialização em psiquiatria, agora estou em um projeto para o mestrado. Gostaria de fazer fora do país, mas minhas aventuras nas alturas terá que ser em outro momento.

Arrepiei-me instantaneamente e revirei os olhos pedindo aos céus para que ele fosse embora. Pelo menos ele não havia feito perguntas. Não até o momento. – Que foi? Não gosta de altura?

– Não. Quanto mais alto maior a queda.

– Gênio! – ironizou – Mas, maior ainda, é a sensação de liberdade.

– E de que adianta? Se você morrer, o que tem de liberdade nisso?

– Isso depende de sua crença. Se você achar que a vida termina por aí, aí sim, não terá sentido nenhum. Mas, se formos pensar que a qualquer momento poderemos morrer, por que e pra que nascemos então? No que você acredita senhorita...? – quis saber meu nome.

– Não começa. O combinado era ficar em silêncio.

Ele sorriu de lado.

– Se não me disser seu nome te chamarei de borboleta.

Bufei. Com toda certeza ele era o pior psiquiatra que já havia visto. Seu sorriso de lado só evidenciava ainda mais o quanto ele estava adorando minha reação.

– Que coisa mais patética – revirei os olhos.

– Não gosta de borboletas? E que tal abelhas? Elas se parecem mais com você. Atacam quando se sentem ameaçadas.

Seu comentário me fez pensar. Mas eu sabia que no fundo era uma jogada e por mais que eu tentasse, eu não conseguia ficar calada.

– Nem um e nem o outro.

Ele escorou o cotovelo no sofá e colocou o indicador nos lábios. Estava pensativo e eu sabia que o mesmo não se contentaria. Parecia ser hiperativo, pois até calado sua pernas balançavam freneticamente.

– Que tal casulo?

– Tá de brincadeira, né? – ri debochada.

– É perfeito. Uma pessoa que se esconde do mundo. Que tem medo de se machucar.

Fiquei sem reação. Não conseguia dizer uma palavra sequer diante do que ele havia acabado de dizer, pelo contrário, meus olhos arderam e eu abaixei a cabeça para segurar as lágrimas e para que ele não percebesse minha fragilidade.

– Mas, assim como toda borboleta dentro de um casulo, em algum momento ela terá que sair. Algumas demoram meses porque são mais teimosas, e quer saber de uma curiosidade?

– Não. – respondi secamente e de imediato.

– Ninguém pode ajudá-la a sair do casulo, sabe por quê? – balancei a cabeça em negativo novamente. – Elas vivem menos.

– Você está querendo dizer que eu permanecerei num casulo para sempre? Que meu caso não tem solução. É isso? Que ninguém nunca irá conseguir me ajudar quando o seu papel deveria ser exatamente este? Agora eu tenho certeza que você é o pior psiquiatra do mundo. – sinto minha voz embargar. Eu estava com raiva e magoada ao mesmo tempo.

– Não pense que isso me atinge. Já tive xingamentos piores. – sua tranquilidade aumentava ainda mais a minha raiva. – Até porque, o meu papel não é ajudar as pessoas, mas mostrar o caminho para que elas ajudem a si própria. Você precisa aprender a ser forte para ser forte, do contrário, enquanto a sua força depender dos outros, a partir do momento que o outro não existir você cai. Volta a ser frágil novamente, e então percebe que foi fraco esse tempo todo.

Pela primeira vez eu demorei meu olhar a ele, tentando descobrir em que momento ele conseguiu enxergar minha alma. Porém, a ideia de que ele ainda era ruim não me abandonava e acho que não me abandonaria. Fiquei constrangida pelo jeito com o qual eu estava olhando-o e voltei a me encolher em minha cama.

Ele não ousou dizer nada por um instante e eu o agradeci por isso.

– Será borboleta. Ainda tenho esperança que você saia do seu casulo. Mas, me diga, por que está aqui?

— Não é dá sua conta. — soltei irritada.

— Eu sou seu médico e você é minha paciente. Então eu acho que seja sim, da minha conta.

— Eu já lhe falei que não quero conversar. Por favor, vai embora.

Ele se levantou, colocou as mãos no bolso da calça e ficou olhando a janela. Eu o observava, prestando atenção em seus movimentos e atitudes. Aquele médico não me parecia muito normal, e acabei ficando desconfiada.

— Entendi o porquê de você gostar de ficar aqui. A vista é muito bonita. E olha só, há várias borboletas, com toda certeza esse é o melhor apelido que eu possa dar a você.

Dei de ombros, ainda o encarando. Todo o seu jeito me incomodava. Ele era um rapaz novo e, aparentemente, um completo insensível. Apesar de eu estar acostumada com a rejeição, ele me intimidava de uma forma absurda. Como se eu fosse uma tola, e ele a perfeição em pessoa. E na minha condição, eu detestava não ter o controle disso tudo.

Ele respirou fundo. Talvez exausto pelo clima, o qual eu estava criando. Eu, por outro lado, ainda não conseguia encará-lo.

— Vejo que o silêncio é o seu diálogo favorito. Estou certo? — ele esperou por uma resposta, e no fundo, sabia que não a obteria — Sim eu estou. Sabe, o silêncio é importante, mas o excesso faz mal — voltou a se sentar e a falar comigo como se eu realmente estivesse interessada em ouvir o que ele tinha a dizer. — Ficar mudo às vezes sufoca. Precisamos colocar pra fora, algumas vezes, aquilo que tem nos incomodado. Compartilhar, dividir. Ainda que sozinha. Ainda que para as próprias borboletas das quais gosta tanto de contemplar.

— Eu não estou aqui porque sou louca. Falar sozinho é pra gente louca.

— Bom. Respondeu uma de minhas perguntas. Porém, engana-se se pensa dessa forma. Conversar sozinho faz bem. É característica de pessoas inteligentes, que questiona as coisas ao seu redor sem precisar de outra pessoa para isso. O vazio e o silêncio em excesso, é o que deixa as pessoas loucas. Nós somos seres sociáveis.

— Eu sou a exceção, então. Eu prefiro o silêncio.

— É por isso que continua aqui. — concluiu na maior naturalidade. Ele não media as palavras. Não existia um filtro sobre o que ele pensava e o que ele falava. Miguel era sincero. Sincero até demais, eu diria. Minha vontade era de gritar com ele. De discutir até ele fazer como os outros, desistir e ir embora. Mas a sua expressão parecia adorar essa briga interna da qual eu estava tendo. Ergui uma sobrancelha direcionando minha atenção a ele, engolindo a minha vontade de explodir. — Sua sorte é que hoje eu só estou aqui apenas para conhecer um pouco sobre você. Mas já vou avisando que para dar certo, você precisa se abrir comigo, ou teremos um trabalho mais extenso pela frente.

— Então eu aviso a você, que não precisa perder seu tempo vindo aqui. Não tenho nada para conversar com você. E isso é uma sorte mútua.

— Se enganou mais uma vez. Eu estou recebendo por cuidar de você. O que você está ganhando me ignorando? Se abrir vai ser mais útil a você do que para mim. Você pode contemplar o silêncio tendo alguém a observando sem poder contestar, ou conversar para o tempo passar mais rápido. Mas como eu disse — ele se levanta — Hoje eu só vim conhecer um pouco sobre quem é a borboleta. Até mais. — sorriu e saiu pela porta.

Ele não foi irônico em seu tom de voz, muito menos rude. A sua tranquilidade, a sua calmaria se confundia no meio de tais palavras. Qualquer pessoa alteraria o tom diante delas, mas ele talvez não fosse realmente normal. Pelo contrário, parecia até que estava se divertindo com toda aquela situação. Enterrei minha cabeça no travesseiro e soltei um grunhido abafado. Minha paz havia acabado de ser corrompida.

tch.adsP

Olá amores. Finalmente o dia chegou. Contem-me o que acharam, estou curiosa. 

Amanhã tem mais, espero vocês.

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