Capítulo 9
Acordei cedo, como de costume, mas um pouco mais tarde do que o habitual, tivemos uma noite bem quente e ao meu modo. O sexo com ela era bom, confesso, tínhamos química, mas o meu interesse era apenas na obtenção do meu visto.
Apesar da noite interessante, eu ainda precisava mostrar que não estava pra brincadeira, sem contar que eu não tinha engolido o tapa recebido dela, mas tinha planos para me vingar à altura.
Fiz algumas ligações, precisava preparar a minha vingança. Saí bem cedo do apartamento dela, deixei um lírio branco em seu travesseiro antes, e parti sem me despedir.
Passei em uma joalheria escolhi uma anel de noivado bem caro, depois fui em uma empresa especialista em pedidos de casamento, contratei um pacote mais caro que ofereciam com direito a rosas, coreografia de bailarinos, trio elétrico e um monte de bobagens que toda e qualquer mulher adoraria, mas não ela, não a Alícia, eu sabia que ela não ia gostar nada de toda essa exposição. Nesse ponto temos total afinidade, eu também odiava exposições públicas, principalmente quanto estavam relacionadas à minha vida pessoal.
Eu sabia que ela corria aos sábados pela orla de Copacabana e jogava vôlei de praia com as amigas, era o palco ideal para o teatro que planejei. Combinei o trajeto e como aconteceriam as coisas, mostrei uma foto dela e acertamos todos os detalhes. Depois fui para orla para apreciar de camarote o espetáculo.
Ela demorou mais do que o previsto para aparecer, resolvi intervir, atravessei o calçadão e vi o grupo jogando vôlei de praia, reconheci uma das amigas que estavam com ela no Carnaval, aproximei-me dela.
— Com licença, você é amiga da Alícia, certo?
— Oi, sim — ela me olhou surpresa. — Sou a Adriana, mas pode me chamar de Drika.
— Certo, Drika, eu sou o Enrico, eu e a Alícia estamos nos relacionando, e eu gostaria muito de fazer uma surpresa pra ela, você pode me ajudar com isso? Eu sei que ela habitualmente corre pela orla e joga vôlei com vocês hoje, mas não a vi ainda.
— Ela ainda não apareceu, é estranho, ela é sempre pontual.
— Não é estranho, dormimos muito pouco ontem à noite — ri, ela me encarou um pouco surpresa. — Eu quero pedi-la em casamento, pode me ajudar?
— O quê? É lógico! Conte comigo. O que preciso fazer?
— Agradeceria muito se pudesse ligar pra ela, apenas para se certificar que ela virá aqui.
Ela se afastou por alguns instantes e ligou para Alícia, trocaram algumas palavras breves, e logo desligou e voltou animada.
— Pronto, ela estava dormindo e já está vindo.
— Obrigado, Drika, voltarei para o meu lugar, contratei uma empresa pra fazer essa surpresa, será lindo, espero que ela goste.
— Eu também, espero que ela goste e aceite. Boa sorte, Enrico.
— Obrigado.
Afastei-me e continuei esperando, conforme o combinado com a empresa, ficaria observando de longe. Avisei-os que ela já estava a caminho ao organizador, todos estavam posicionados.
Poucos minutos depois ela surgiu, acompanhei de longe, a cada novo passo da equipe, rindo feito criança da insatisfação notória dela, era perceptível que estava incomodada e envergonhada. E eu estava adorando tudo isso, ganhei o dia só por vê-la irritada, o tapa recebido dela estava sendo vingado com juros e correções monetárias.
Quando finalmente o trio elétrico se posicionou, era a minha vez de encenar o papel de homem apaixonado, continuei encostado no meu carro, com os braços cruzados até o trio se afastar, era a deixa para eu entrar em cena. Como um ator hollywoodiano, caminhei a passos lentos com um sorriso apaixonado, ajoelhei-me em sua frente, retirei a embalagem do anel do bolso e a abri, estava tão alegre por vê-la brava, que eu realmente parecia um homem apaixonado.
— Alícia, casa comigo?
Retirei o anel da embalagem, peguei sua mão e coloquei o anel em seu dedo depois a beijei. Levantei-me e a abracei, finalmente sentindo-me vingado.
— Você queria ir para os jornais, aí está sua matéria perfeita.
— Desgraçado, filho da mãe! — ela murmurou ao meu ouvido.
— Todos estão esperando sua reposta, esse é só o primeiro pedido, e se não aceitar farei outros assim todos os dias. Vamos diga sua resposta, todos estão aguardando.
— Desgraçado eu te odeio — ela bradou baixinho.
Eu sorri e a beijei, sob os aplausos de todos os expectadores. Eu sabia que ela estava me odiando por isso, mas não me deu o gostinho de vê-la brava por muito tempo, encarnou o papel de mulher apaixonada e o encenou muito bem, fingiu-se surpresa e feliz com o pedido, até o aceitou eufórica na frente de todos.
Desgraçada!
Alícia queria me desestabilizar, mas continuei agindo como um homem apaixonado, nós parecíamos dois atores duelando por uma estatueta do Óscar, trocamos mais alguns beijos e eu a puxei para meus braços, giramos no meio do calçadão, como um casal verdadeiramente apaixonado. Não larguei sua mão e logo as suas amigas vieram nos cumprimentar.
Elas se abraçaram e vibraram histéricas com o pedido de casamento e o anel da Alícia. Eu só observava de perto, deleitando-me com ela agradecendo as felicitações, um pouco incomodada, acho que estava louca para contar a verdade. Depois de alguns cochichos e conversas fúteis, a Adriana se virou para mim e perguntou:
— Enrico, você não tem uns irmãos ou primos para nos apresentar. A genética da sua família é boa — disse descontraída.
— Sou filho único, Adriana. Mas tenho alguns primos.
— Ótimo, nos apresente por favor!
— Claro, quem sabe em breve. Vamos almoçar juntos? São minhas convidadas — convidei.
— Claro, mas está cedo ainda. Que tal um programinha de turista antes? — Beatriz, a outra amiga de Alícia, sugeriu.
— Já foi ao Cristo Redentor, Enrico? — A Adriana inquiriu.
— Não, seria uma ótima ideia. Não acha, bella mia? — voltei-me para Alícia com intuito de provocá-la.
— Ownt! Quero um italiano para mim! — Beatriz disse.
— Claro! Excelente ideia — ela forçou um sorriso e respondeu.
Partimos juntos e passamos uma manhã agradável, realizamos passeios turísticos como um verdadeiro casal, de mãos dadas e abraçados, de vez em quando eu a beijava, ela não me evitou, pelo contrário, estava até colaborativa demais, tão afrontosa que retribuía alegremente, tenho certeza de que não era apenas por gosta do meu beijo, mas para mostrar que a minha provocação não está surtindo o efeito esperado.
Quando finalmente ficamos sozinhos e retornamos para o apartamento dela, achei que ela me xingaria ou me acertaria outro tapa, mas não, ela continuou fingindo estar feliz, não falou nada sobre o pedido, muito menos tirou o anel do dedo, admito que até fiquei confuso, estava fácil demais para o meu gosto.
Chegamos ao apartamento dela, eu tinha planos de passar mais uma noite com ela, seria incoerente que após um pedido de casamento dormíssemos em casas separadas. Ela foi direto para o banho, aproveitei para dar uma lida em alguns papéis que necessitavam da minha atenção enquanto ela estava ocupada.
Distraí-me focado nas minhas análises, sentado na cama de Alícia mesmo. Eu tinha em mãos dois contratos importantes e um balancete de uma das filiais do grupo, que não apresentou bons resultados financeiros nos últimos meses.
Fiz uma leitura atenta, estava realmente concentrado, prestes a finalizar a análise do primeiro contrato, mas Alícia saiu do banho de roupão e roubou minha atenção de imediato. Ignorei e continuei a leitura, não satisfeita, ela tirou as vestes e decidiu perfumar seu corpo nu, acariciou-o bem diante da minha cara, parecia uma tortura, meu pau reagiu de imediato, bem como o meu olhar que eu não consegui desviar.
Eu não queria tocá-la, o nosso acordo estava indo bem, pelo menos para mim, faltava apenas definir alguns termos práticos, mas ela já tinha compreendido a natureza da nossa relação: estritamente limitada e sem envolvimento amoroso. Ainda assim, ela me provocava descaradamente e me fazia desejar tocá-la de uma maneira tão natural que isso me deixou em alerta.
Meu olhar a seguia em cada movimento, ainda embasbacado pela cena e desejando ser as mãos que acariciam o seu corpo naquele instante. Cruzei os braços contra o peito, abandonei de vez os papéis que tinha em mãos, afinal, desde que ela entrou no quarto que a minha atenção era só dela. Ela procurou algo no guarda-roupa, vestiu uma calcinha bem devagar, provocando-me ainda mais, colou o sutiã e na sequência para afetar de vez o meu autocontrole, sentou-se bem perto de mim, de costas, entregou-me o hidratante e pediu gentilmente:
— Passe em minhas costas, por favor, Enri.
— Enri? — questionei surpreso.
— Sim, minha forma amorosa de chamá-lo, não gostou?
— Sim, pode me chamar como quiser.
Porra! A pele dele tinha uma maciez tão gostosa, fechei os olhos e me concentrei somente na ação inocente que deveria fazer, mas meu pau dizia o contrário, latejava nas calças, louco para estar dentro dela. Era uma provocação velada, eu sei, mas continuei apenas passando o hidratante. Percebi que a sua pele estava ouriçada, ela também estava excitada, continuei deslizando as mãos firmemente, reuni todo o resquício de sanidade que ainda tinha, fechei o sutiã e devolvi o hidratante.
Desviei o olhar e até tentei olhar para os documentos sobre a cama, mas ela se levantou e em um rápido movimento, sentou-se montada em mim, surpreendendo-me. Tentei não retribuir à altura da minha ereção, tentei não a tocar. Ela acariciou meus cabelos devagar, ao mesmo tempo que esfregava sua boceta na minha ereção, tentei manter o controle das minhas ações, mas era difícil me conter.
— Acho que devemos definir os termos antes de assinar os papéis. O que me diz? — ela murmurou ao meu ouvido.
— Concordo, mas vamos para mesa de jantar.
Tentei me mover, mas ela não saiu, ficou imóvel ainda sobre mim.
— Aqui está ótimo, melhor impossível — sorriu maliciosamente.
Caralho! Onde ela queria chegar com isso?
Eu tentei resistir, evitar a sua provocação, não sabia qual objetivo dela, mas era notório que estava jogando comigo. Continuou me encarando com desejo, esfregando-se sobre a minha ereção pronta pra ela, eu recuei, evitei tocá-la, tive medo do desejo que ela despertava em mim, eu não me permito viver esse tipo de envolvimento.
Ela retirou o sutiã, esfregou a porra dos seios lindos dela na minha cara. Caralho! Eu lutei comigo mesmo para resistir, mas ela estava obstinada a quebrar o meu autocontrole, não satisfeita, roçou seus seios no meu peito e sussurrou ao meu ouvido, fodendo de vez a minha razão.
— Sabe o que estou com vontades de fazer? De foder com você loucamente, até não conseguir mais andar.
Caralho!
Retirei os óculos e fechei os olhos, eu não sou de recusar uma boa foda, mesmo que isso gere consequências desastrosa, mas mesmo que eu quisesse recusar, o desejo por ela era mais forte que a minha vontade de permanecer longe. E isso estava me deixando confuso, não sei se ela estava jogando comigo ou estava realmente entregue ao desejo mútuo que temos.
Resisti, porque eu precisava evitar envolvimento com ela, estava ficando perigoso demais, precisávamos separar o nosso acordo do desejo sexual que emanava dos nossos corpos. Essa era a parte mais difícil, ainda mais quando ela me provocava, eu não conseguia resistir, como agora, vê-la praticamente nua sobre mim, esfregando seu desejo na minha cara, era impossível ignorar. Segurei firme em sua cintura, olhei-a mais uma vez, seu olhar continha o desejo intenso e avassalador, que era impossível não retribuir à altura, nem tirei as roupas, apenas abri as calças, afastei sua calcinha e a penetrei com ferocidade.
Porra! Ela era muito gostosa, senti seu calor enquanto ela se movia para me receber todo dentro dela, moveu-se devagar, aumentado a intensidade à medida que os meus gemidos escapavam da minha garganta, abocanhei um de seus seios, mordi levemente o bico de um deles alternando com lambidas e sugadas. Finquei as mãos em sua cintura e a ajudei realizar movimentos mais intensos.
Nossos corpos se preenchiam de uma forma especial, era palpável a química avassaladora que tínhamos, não recordo ter sentido algo assim com outra mulher, isso era preocupante, estava me deixando confuso, eu precisava assumir o controle das minhas emoções, principalmente quando estou perto dela.
Entrelacei as mãos em seus cabelos, depois segurei firme o seu queixo com uma das mãos, abri os olhos e a encarei tão logo senti seu clitóris pulsar com mais intensidade, ela cavalgou mais forte até se entregar em um orgasmo longo, mesmo com tanta experiência e domínio do meu prazer, com ela eu não conseguia resistir, olhá-la ardendo de prazer despertava o meu de uma forma única, gozei logo em seguida, preso no seu olhar, perdido em meus pensamentos, preocupado e confuso, como nunca estive antes.
Ela continuou nos meus braços, ofegante, imóvel, pele com pele, acariciando meus cabelos e me beijando o rosto devagar, antes dela sair, olhei-a mais uma vez nos olhos, serenos e tão verdadeiros, fui tomado por um medo do que eu poderia sentir por aquela mulher, fiquei inerte, preso no seu olhar, mas isso não poderia mais acontecer, eu precisava me afastar e não mais me envolver além do que já estou.
Alícia se levantou e foi para o banho, recolhi meus óculos e os documentos que analisava, coloquei-os de volta na minha mala, vesti-me e voltei para sala. Organizei alguns relatórios e registros importantes para deixar com ela, pouco depois ela retornou para sala, não permiti que se aproximasse muito.
— Você vai sair? — perguntei ao vê-la arrumada.
— Sim, vou à academia de balé, tenho ensaio daqui a pouco.
O Balé não era uma ideia que me agradava muito, mas eu não podia interferir nas escolhas pessoais dela, ou melhor, eu até poderia, mas quanto mais ela me desagradar melhor, maior será a decepção e o desejo de vê-la longe de mim.
— Esse é um dossiê sobre minha vida. Contém as informações mais relevantes que serão necessárias na entrevista. O acordo pré-nupcial também está aí, leia e conversaremos na segunda-feira, agende um horário antes do final do expediente do cartório.
— Ok. Até segunda-feira.
Sem mais uma palavras caminhei em direção à porta, ela me acompanhou e sorriu desconcertada, eu evitei qualquer cumprimento afetuoso e parti.
Concluí a mudança para o meu apartamento naquela noite, o Erick me ajudou com alguns objetos pessoais, mas em troca disso me fez prometer que sairia para aproveitar a noite de sábado com ele.
Depois que a equipe de limpeza deixou o apartamento, tomei um banho e combinei por mensagem com o Erick o local do nosso encontro. Já se passava das dez da noite, só por curiosidade resolvi olhar o aplicativo de rastreamento, Alícia estava em casa. Respirei mais aliviado, não sei por que, mas isso me tranquilizou por alguns instantes.
Mas e se ela estiver acompanhada? E se estiver na cama com outro?
Porca miseria, Enrico!
Esquece a Alícia e foca no acordo.
Prontinho, Amoras, com saudades do nosso Enrico? Ele voltou \o/
Comentem, comentem muito, quero saber o que estão achando. Beijos, Beijos
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