Capítulo 7
Olhei primeiro para o cara que a acompanhava, ele era franzino, seria fácil de quebrar na porrada, caso fosse necessário.
— Srta. Lins, pelo visto esteve muito ocupada, pode me acompanhar agora? — disse sarcástico.
Ela se virou rapidamente, não parecia nenhum pouco intimidada ou surpresa pela minha presença, pelo contrário, estava furiosa. Desviei o olhar para o seu acompanhante, ele parecia tranquilo e não se intimidou com a minha presença.
— Estive sim, depois de atividades intensas sinto muita fome. Como me achou aqui?
— Pensei que soubesse que todos os celulares da diretoria são rastreados.
— Bem, acho que já está no meu horário, tenho que ir, Lili — O cara se levantou, abraçou e beijou o rosto dela em despedida, muito demoradamente para o meu gosto.
— Obrigada pela tarde prazerosa, estava necessitando.
Aquilo soou como uma alfinetada, tive vontade de esganar os dois até que me dissessem o que estavam fazendo de tão prazeroso. Ele se afastou e partiu sob uma troca de olhares bem hostil da minha parte, e ela se virou pra mim.
— E então, o que é tão urgente que não pode esperar até amanhã?
— Me acompanhe, Lili — disse soletrando ironicamente o apelido íntimo dela.
— Lili, não, para o senhor é Alícia Lins. Não permito intimidades com meus colegas de trabalho e principalmente com meu chefe.
Só pode ser uma piada mesmo. Ela pegou a bolsa da cadeira e saiu, deixou-me a ver navios dentro do bar. Bufei irado, eu odiava quando ela me deixava falando só. Respirei longamente e a segui até o seu carro, vi ela tirando a chave da bolsa para entrar em seu carro, mas me antecipei e as tomei de suas mãos.
— Pensei que você como representante da lei seguisse fielmente a todas elas.
Ela abriu a boca para falar algo, mas desistiu, afinal, eu tinha razão, apesar de ela estar consciente havia ingerido álcool.
— Não vou deixar meu carro aqui de jeito nenhum — ela protestou.
— Me acompanhe, por favor.
Atravessei a rua e entreguei as chaves do seu carro ao meu motorista, orientei que o levasse até o apartamento da Alícia. Abri a porta do passageiro e apontei para que ela entrasse, depois fiz o mesmo e partimos. Ela não disse uma só palavra, estava com os braços cruzados contra o peito, irada, levemente corada, pelas roupas informais, parecia estar se divertindo com aquele babaca franzino.
Balancei a cabeça negativamente lembrando das palavras dela ao se despedir do amigo raquítico, agradeceu ao prazer que ele a proporcionou. Olhei-a novamente, ela estava distraída olhando pela janela, tive vontade de arrancar respostas dela, tomado de ira, mas eu não posso cobrar nada, mas tenho quase certeza de que ela prefere caras mais fortes e viris como eu, além disso, isso foi mais uma provocação do que uma confissão.
Cheguei em frente à sede do grupo Cristo Redentor, estacionei o carro e o desliguei.
— Vamos?
— Por que aqui?
— Relaxa, viemos trabalhar — Tentei sustentar a ira de ainda pouco, mas a cara dela de surpresa era impagável, ao ponto de me arrancar risos.
Entramos na minha sala, senti sua respiração bufando, ela estava irritada. Sentei-me e apontei para cadeira de frente pra mim, ela se sentou, cruzou os braços, parecia uma criança mimada zangada. Mantive o olhar fixo ao dela, enquanto tirava o paletó seguido da gravata, bem devagar, sem pressa, a verdade, é que eu estava louco para vê-la explodir de raiva e calá-la com a minha boca.
Alícia desviou o olhar algumas vezes, parecia impaciente. Encarou-me mais uma vez e disparou:
— Vai me explicar agora por que fez isso?
Eu sabia do que ela se referia, mas tentei provocá-la ainda mais.
— O que eu fiz?
Desfiz o coque dos meus cabelos, retirei os óculos. Sem parar de olhá-la, percebi que ela entreabriu a boca, parecia que diria algo, mas desistiu. Continuamos nos encarando, sorri maliciosamente, e deslizei o polegar pelos meus lábios, olhando-a com desejo, mas por pura diversão, interessando em deixá-la ainda mais irritada, eu gostava de vê-la ruborizada, ficava ainda mais bonita.
— O que pretende? Você só pode ser maluco, não estou entendendo suas intenções. Por acaso está querendo me tirar do sério, é isso? Se for, já conseguiu.
Ganhei a noite! Ela levantou rapidamente e pegou a bolsa, corri em sua direção e segurei o seu braço impedindo-a de sair, direcionei-a para o sofá branco na lateral da minha sala.
— Calma, você está muito nervosa. Sente-se aqui.
Sentamo-nos frente a frente, continuei intimidando-a com o meu olhar, mas ela não desviou dessa vez, encarou-me, ela gostava de medir forças comigo. Levantei-me e finalmente peguei a pasta com os meus documentos para a entregar, eu já sabia o veredito, mas eu queria que ela avaliasse e me apresentasse a única solução viável para o meu caso.
— Aqui está — entreguei-lhe a pasta e me sentei novamente.
— O que é isso, Sr. Millani?
— Esse processo é agora de sua responsabilidade. É de extrema urgência, analise todos os documentos e me informe o que podemos fazer. Fique em casa amanhã e avalie tudo com o máximo cuidado. No final da tarde passarei em sua casa para ouvir suas colocações e decidirmos o que poderá ser feito.
— Ok! Iniciarei a leitura agora mesmo. Estou liberada, Sr. Millani?
Apesar de ser a forma mais adequada de tratamento, óbvio que ela estava fazendo isso para me irritar e estava conseguindo.
— Sim, é claro. Mas achei que tivesse um milhão de perguntas para me fazer.
— Não estou interessada em discutir assuntos pessoais com o senhor, eu já tirei minhas próprias conclusões. Você sabia quem eu era, em sua posição têm acesso a todos os meus dados pessoais, inclusive, endereço e foto. E se envolveu comigo achando que eu ficaria caidinha pelo seu corpinho e dinheiro. Mas lamento, querido, eu não sou dessas e, acima de tudo, eu te disse que sou muito, muito bem resolvida. E graças a você comecei a rever os meus conceitos de me envolver com colega de trabalho, sabe que talvez eu esteja perdendo incríveis noites de muito prazer e incontáveis orgasmos? Passar bem, senhor. Tenha uma boa noite.
Era notório que ela era uma excelente advogada, afinal, ela tinha argumentos convincentes pra tudo.
— E para que tanta raiva na sala de reunião?
— Preciso me desculpar, realmente, foi uma atitude infantil e impensada. Perdoe-me, isso não irá se repetir.
Ela se levantou tranquilamente, acenou com a cabeça e saiu em um torturante silêncio, achei que eu a deixaria perturbada, mas foi o contrário, ela saiu aparentemente alegre e tão triunfante que me deixou ainda mais puto.
Tomei um gole de uísque e peguei o celular para olhar o rastreador do celular dela, parecia estar indo pra casa, liguei para o Alencar, lembro-me de ter lido algo sobre um suposto amigo, mas não recordo se vi fotos, talvez fosse o mesmo com quem ela estava hoje no bar.
— Alencar, eu li em algum relatório um suposto amigo da Alícia, você por uma acaso tem alguma foto dele?
— Sim, eu fiz uma busca completa sobre ele também, mas você disse que não era relevante no momento.
— Agora é o momento, envie para o meu e-mail e as fotos mande agora para o meu celular, quero só ter certeza de uma questão.
— Tudo bem, envio agora mesmo.
Aguardei alguns minutos e finalmente a foto chegou, era ele mesmo, chamava Mike, corri para frente do notebook para ler o relatório completo sobre ele. Li ávido por respostas, eu queria encontrar alguma evidência de que eles nunca tiveram nenhum envolvimento amoroso. Mas por quê? Eu não fazia ideia e continuei procurando.
Ele era bailarino, talvez a atividades que fizeram à tarde estivesse relacionada ao balé. Não encontrei nada satisfatório, olhei novamente o aplicativo de rastreamento e vi que ela tinha chegado em casa, melhor assim, pelo menos não encontrará outro.
No dia seguinte, acordei cedo, fui à academia, visitei o meu novo apartamento, a decoração era muito excêntrica, alegre demais para o meu gosto, mas eu tinha pressa, pedi para trocar somente alguns móveis e algumas peças de decoração muito extravagantes. Depois da visita ao meu futuro apartamento fui trabalhar.
Ainda era cedo, estacionei o carro e a Renata estava aguardando perto do elevador, ao me perceber, esperou-me.
Saco! Odeio mulher oferecida.
Ela me encarava descaradamente e ria tão oferecida que tive de fingir que falava ao celular para ignorá-la. Ainda não queria dispensá-la totalmente, poderia ser útil em algo.
Entramos juntos, ela ficou bem perto de mim, com um sorriso mal-intencionado, olhava-me dos pés à cabeça, com total malícia. Ignorei e continuei fingindo ter um conversa interessante.
Quando as portas do elevador se abriram e ela saiu primeiro, virou-se antes de partir e piscou pra mim. Não retribuí e fui direto para minha sala.
Tive um dia tenso, extremamente ocupado, tomei decisões estratégicas muito boas, foi melhor assim, porque não tive tempo pra pensar na Alícia. Após algumas reuniões bem cansativas deixei o edifício da empresa no início da noite.
Havia dispensado o meu motorista, passei no hotel, tomei um banho e vesti uma roupa mais informal, depois parti para casa da Alícia. O porteiro já me conhecia e me permitiu entrar sem ser anunciado.
Antes de bater na porta, respirei longamente e passei as mãos pelos cabelos para organizá-los. Bati levemente e logo ela abriu.
— Boa noite, Srta. Lins — disse amigavelmente.
— Boa noite, senhor. Entre, por gentileza.
Entrei e me sentei, ela também, mas distante de mim, pegou os documentos da mesa e começou a me explicar suas pesquisas. Eu confesso que não estava atento a nada do que ela falava, a sua boca delineada com um resquício de batom vermelha tirava a minha concentração.
— Se importa se conversarmos em outro lugar? — interrompi.
— Não, aqui está ótimo. Conheço sua estratégia, mas não vai rolar — ela me advertiu.
Ri debochadamente e ela permaneceu séria.
— Não é o que você está pensando, tinha pensado em um restaurante. E além do mais, você não é o meu tipo de mulher.
Ela riu debochadamente, fechei o semblante, não que estivesse mentindo, mas porque ela estava se divertindo com a minha verdade e tripudiando das minhas palavras. De fato, ela não é o tipo de mulher que costumeiramente me interessa, prefiro mulheres mais dóceis e fáceis de lidar, e seguramente Alícia não era nenhuma coisa nem outra.
Ele vestia um vestido levemente transparente no busto, marcando o sutiã claro, não pode deixar de olhá-lo, ela tinha um colo bonito, com algumas sardas e sinais que o embelezavam ainda mais. Ela recuperou-se da gargalhada e voltou a me olhar.
— É recíproco, Sr. Millani. Você também não faz o meu tipo. Mas para satisfazer minhas necessidades sexuais está de bom tamanho, no entanto, já não me serve mais. Já tenho alguém que supre muito bem todas elas — ela se levantou e saiu em direção ao corredor. — Tenho que me vestir. Me aguarde um instante.
— Não precisa se arrumar, vá como está. Não é um encontro, é somente um jantar de negócios.
— Entendo perfeitamente, um instante, por favor.
Ô mulher teimosa! Ela estava bonita e vestida adequadamente, mas eu não quis dar o braço a torcer e dizer isso pra ela. Respirei longamente tentando manter a calma e o controle. Olhei para a varanda e me aproximei para apreciar a vista. Era realmente muito linda, hipnótica e de uma certa forma acolhedora.
Peguei o celular e mandei mensagem para o dono do restaurante que eu costumava frequentar em Ipanema, eu já era cliente antigo, então, sempre que pedia algo era prontamente atendido. Pedi uma mesa para dois, por sorte ele conseguiu uma.
Distraí-me lendo algumas mensagens quando a ouço se aproximando, seguida de uma tosse para chamar minha atenção.
— Estou pronta, vamos?
Virei-me e a destinei alguns segundos apenas para devorá-la com os olhos, era estava lindíssima, aposto que usou a roupa mais sexy que tinha em seu guarda-roupa só para me provocar. E a diaba acertou, meu pau se animou nas calças ao ver a porra do decote transparente entre os seios. Acenei e partimos.
Ela não disse uma só palavra até chegarmos ao restaurante, mas cruzou e descruzou as pernas incontáveis vezes na porra do vestido minúsculo que usava, ela estava me provocando, seguramente me provocando, mas eu pouco me importei, não a tocarei mais.
Reduzi a velocidade, estacionei o carro e desliguei os motores, saí e ela fez o mesmo. Tinha um sorriso sedutor diabólico evidenciado pelo batom que tão bem combinava com os lábios delineados dela.
Aguenta firme, Enrico! É provocação.
Continuamos andando lado a lado, entramos no restaurante e fomos recepcionados e direcionados para a nossa mesa. Eu já era bem familiarizado do restaurante e conhecia boa parte da equipe, inclusive, a recepcionista, que já tinha me dado umas cantadas. Hoje, em especial, tentei retribuir, mesmo que minimamente, só para provocar a Alícia, mas parece que o meu alvo não se importou muito. Fizemos os pedidos, o garçom trouxe o vinho primeiro e nos serviu duas taças.
— E então? A qual conclusão chegou? — Perguntei e bebi um gole do vinho.
— Bom, você estava com visto de trabalho e quando fizeram a fusão da empresa não informaram ao Ministério do Trabalho a nova razão social. Segundo o Ministério, esse foi o motivo da recusa da prorrogação do seu visto de trabalho. O que inviabiliza um processo pedindo a revisão dele. Desta forma, não teria outra saída a não ser um visto definitivo — ela bebeu um gole do vinho e continuou: — Como o Brasil não tem acordo com a Itália para facilitar um visto de permanência, só tem uma solução imediata, já que seu visto atual vencerá em 2 meses, seria casando-se com uma brasileira.
— Exatamente, Srta. Lins. Quero que providencie tudo, a pasta que lhe entreguei contém meus documentos pessoais originais, providencie isso o mais breve possível.
— Providenciar o seu casamento? Para isso necessito dos documentos da noiva, peça a ela que me procure no escritório na segunda pela manhã.
Aguardei o garçom servir nossos pedidos e se retirar para dizer-lhe que ela seria a minha noiva.
— Não precisa aguardar até segunda-feira, ela está bem aqui na minha frente.
Ela olhou para trás, ri da sua inocência em não ter percebido que me referia a ela.
— Bom, acho que ela tem bastante seios e bunda, opa! Eu quis dizer qualidades. Combina perfeitamente com você.
Eu gostava do seu tom irônico e estava louco para descobrir como ela responderia a minha próxima pergunta. Contive o riso e disse serenamente:
— É você, Alícia, você é a minha noiva.
Oiê, meu povo, e então? Estão gostando do nosso Tarzan Lenhador? Acho que o bichinho do ciúme já picou alguém kkkkkkk. Beijos, beijos e até logo.
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