Capítulo 1
Duas semanas depois...
Aterrissei no Rio de Janeiro por volta das 4h da tarde, Alencar me aguardava no aeroporto e ao me avistar caminhou na minha direção para me cumprimentar.
— Bom dia, Enrico, como foi de viagem?
— Bom dia, Alencar. Muito bem, obrigado.
— Bem-vindo ao Rio de Janeiro.
— Grato.
Caminhamos em direção ao estacionamento, ele me levaria ao meu hotel. Durante o trajeto, até rápido por sinal, tratou de me atualizar das investigações sobre a Alícia Lins. A cada novo relatório que Alencar me enviava, estava mais convicto de que ela era a candidata ideal.
— Pronto, chegamos. — Alencar disse ao estacionar em frente ao hotel.
— Obrigado, Alencar, por hora você está dispensado e já pode retornar para São Paulo, assumirei pessoalmente daqui.
— Certo, Enrico. — Alencar pegou uma pasta do porta-luvas do carro e me entregou. — Aqui estão todas as informações que coletei, fotos, extratos bancários, endereços e tudo que pesquisei sobre a Alícia.
— Perfeito.
Agradeci e nos despedimos. Fiz o check-in e subi para minha suíte, ainda era cedo, aproveitei para tomar um banho, estava precisando relaxar um pouco.
Depois do banho, folheei a pasta que Alencar me entregou, já conhecia o teor das informações, ele sempre me enviava por e-mail a cada nova descoberta. Nos relatórios tinha uma espécie de dossiê, escrito a mão por Alencar, constava os hábitos diários da Alícia. Ela era reservada, pouco saía, tinha poucos amigos e morava sozinha, seus parentes mais próximos estavam fora do país.
Continuei a leitura:
"Alícia corre praticamente todas as manhãs no calçadão de Copacabana, depois toma suco sempre no mesmo quiosque e segue para o seu apartamento.
Aos sábados, ela joga vôlei na praia e almoça em um restaurante na orla de Copacabana. À tarde, costuma ir à academia de balé, ensaia e retorna para casa no início da noite."
Parece bom, a candidata perfeita, ela é totalmente reservada, solteira, tem a reputação ilibada, não tem envolvimento com escândalos, está perfeito. Olhei mais uma vez as fotos dela, a que constavam na ficha que o RH me forneceu, e duas que o Alencar tinha feito, ela não era muito bonita, apesar de ser uma foto antiga e as do Alencar não era possível ver seu rosto com clareza, eram fotos de longe para não levantar suspeitas.
Seguramente ela não era o meu tipo de mulher, bem melhor assim, para que não houvesse envolvimento amoroso de ambas as partes.
Nas últimas páginas do relatório continham o endereço da galeria do pintor, foi o último namorado de Alícia. Pedi que Alencar investigasse-o, queria saber com quem ela já tinha se relacionado, não posso me envolver com alguém que já tenha se envolvido com pessoas de reputação duvidosa. O único que Alencar descobriu foi o tal pintor e felizmente não encontrou nada de comprometedor na vida dele.
Troquei de roupas e decidi visitar a galeria, queria ver a cara do tal pintor pessoalmente. Meu carro esportivo, o meu motorista e boa parte das minhas coisas já estavam no Rio, eu estava concluindo minha mudança oficialmente para cá, pelo menos até concluirmos a fusão do grupo que compramos com a Millani Hotels & Resorts. Eu já estava negociando um apartamento em Ipanema e ficaria em dos nossos hotéis até concluir a compra dele.
Saí em direção à galeria, coloquei o endereço no GPS e rapidamente cheguei ao local indicado, estava aberta, apesar de ser feriado de Carnaval.
Era uma galeria imponente, com uma arquitetura bonita e atrativa, estacionei e entrei, rapidamente uma mulher veio ao meu encontro, com um sorriso radiante.
— Bom dia, senhor, sou a Paola, posso ajudar em alguma coisa?
— Aqui é a galeria do Isaac Santos?
— Isso, você procura alguma obra dele em especial?
— Não, quero conhecer o talentoso pintor, ele foi muito bem recomendado pelo meu decorador. Ele se encontra? Gostaria de conhecê-lo pessoalmente.
— É uma pena, ele está expondo no exterior, mas temos excelentes quadros dele aqui, acompanhe-me por gentileza.
A mulher era muito elegante e estava bem vestida, mostrou-me diversas pinturas dele com bastante empenho. O rapaz era promissor, tinha bom gosto e devo confessar que é talentoso. Olhei indiferente algumas obras, mas minha atenção foi totalmente tomada por dois quadros que estavam na lateral da galeria. Eram quadros com poses diferentes de uma mesma bailarina. Caminhei até eles e os admirei atônito, a bailarina era lindíssima, rosto delicado, traços finos e leves, com um sorriso hipnotizante. Sem falar no corpo cheio de curvas, realmente era uma linda mulher e dois belíssimos quadros.
— São lindos, não são? — a atendente perguntou ao se aproximar e perceber minha admiração.
— Sim, são perfeitos, Isaac os pintou? — perguntei.
— Sim, e a musa que o inspirou é real, foi uma namorada dele.
— Namorada? Era bailarina?
— Sim, na verdade, são três quadros, eu cheguei a ver a coleção completa quando ele ainda trabalhava neles, mas para galeria só vieram esses dois, eu conheci a bailarina pessoalmente e posso afirmar que são totalmente fiéis, foram os únicos quadros que ele fez baseado em uma pessoa real.
— Eu quero os três.
— Desculpe, mas só temos esses dois, o terceiro só o Isaac saberia informar o destino, mas temos outras opções, não interessa em vê-los?
— Não, quero somente esses dois e quando encontrar o terceiro da coleção, ligue-me imediatamente, pagarei o dobro.
Os olhos dela brilharam, entreguei meu cartão de crédito e logo ela tratou de pedir para embrulhar e em seguida anotou o endereço de entrega. Ainda insistiu em me mostrar outros trabalhos dele, mas eu só queria os quadros da Alícia, fiquei um pouco confuso, a mulher que estava nos quadros era lindíssima, bem mais do que as fotos que recebi do RH.
Retornei para o hotel no início da noite, a cidade estava agitada, afinal, hoje era terça-feira de Carnaval, não consegui esquecer a bailarina dos quadros, precisava esclarecer essa dúvida. Tomei um novo banho, vesti uma roupa esportiva, jantei no hotel mesmo, depois respondi alguns e-mails e saí para tentar sanar a minha dúvida, queria ver a tal Alícia pessoalmente.
Eu já sabia o endereço dela, na minha visita anterior ao Rio, eu procurei a Fátima, empregada da Alícia, a mesma que me passava informações privilegiadas sobre ela, inclusive, sobre a tal dívida do apartamento, amigas que frequentavam a residência dela e quaisquer informações que julgasse necessária. Resolvi ir a pés, queria fazer uma caminhada, já que estava a poucas quadras do endereço dela.
Cheguei em frente ao edifício dela, sentei-me do outro lado da rua em um quiosque, tomei uma água de coco, enquanto olhava atentamente para a portaria, quem sabe não tenho a sorte de vê-la. Cerca de um uns 20 minutos depois, um carro parou em frente ao seu edifício e logo vi uma mulher ruiva entrando nele. Só poderia ser ela! Peguei o primeiro táxi que vi e orientei para seguir o veículo que ela entrou.
Foi um trajeto relativamente lento, devido à multidão de pessoas comemorando o Carnaval nas ruas. Não conhecia o lugar, aliás, não conhecia quase nada no Rio, apenas alguns bairros em que tínhamos empreendimentos e o iate clube onde o meu iate estava.
— Onde estamos? — perguntei ao taxista depois de alguns minutos de viagem.
— Na Lapa, um dos mais tradicionais carnavais de ruas do Rio de Janeiro, senhor.
— Certo.
O carro dela parou e desceram Alícia e mais duas mulheres vestidas com fantasias iguais, saias curtas e camisetas mostrando um pouco o corpo e que lembravam colegiais.
Paguei o taxista e desci rapidamente. Elas pareciam bem íntimas e alegres, continuei seguindo-as, porém mantive uma distância segura para não chamar atenção. Comprei uma máscara de ogro, eu não queria ser visto, preferi manter a discrição.
As ruas estavam cheias e a música muito alta, não sou muito fã de ambientes desse tipo, gosto de ambientes mais seletivos. Mas a minha curiosidade era maior. Esbarrei em diversas pessoas, suadas e com odor totalmente desagradável. Por um instante me arrependi de ter vindo, mas eu finalmente consegui meu intento e cheguei bem perto dela, queria vê-a de frente, e a vi como eu gostaria e valeu todo o esforço.
Realmente o pintor foi muito fiel à realidade que acabei de confirmar. Alícia era uma mulher lindíssima, até mais bonita que nos quadros. Fiquei impressionado olhando-a totalmente fascinado, eu precisava me aproximar, eu queria falar com ela e dar início ao meu plano.
Tentei curtir a festa, mas a distância, observando-a atentamente, ela bebeu algumas cervejas, dançou com alguns caras, mas não a vi beijar ninguém. As amigas já estavam acompanhadas, continuei por perto, mas sem chamar atenção. Vi uma das amigas dela se afastar e falar com um cara fantasiado de cupido, ela apontou para Alícia e depois para outro homem, que estava próximo de nós. Eu já tinha visto ele em ação, ele algemava duas pessoas até os dois se beijarem para serem liberados. Vi ele caminhar na direção da Alícia, naturalmente ela seria o seu próximo alvo, mas antes que ele tomasse distância para enfim cumprir o feito, caminhei apressadamente e segurei o seu braço, detendo-o.
— Com licença, seu cupido — gritei para ser ouvido.
Ele virou-se rapidamente e me encarou desdenhoso.
— Pois não, o que posso fazer por você?
— Quero que me algeme com aquela mulher ruiva que está ali do outro lado da rua — apontei para Alícia.
— Desculpe, bonitão, ela já está reservada.
Peguei minha carteira e tirei algumas notas de dentro, não sei quantas, coloquei em sua mão e fechei.
— Agora! — disse firmemente.
— Ótimo, você quem manda, volto num piscar de olhos.
Ele saiu alegremente, primeiro rendeu a Alícia e depois veio ao meu encontro, conforme combinamos, fingi surpresa, óbvio, ele nos prendeu e partiu.
Percebi que ela ficou visivelmente incomodada, aproximei-me um pouco para inalar o seu cheiro e constatei o que eu receava: Alícia era bem mais interessante do que eu havia imaginado.
Deu saudade, né? Vamos retomar essa linda história, só que agora sobre a visão do nosso bonitão. E aí? Estão gostando? Comeeeenteeemmm, lembre, que estou o escrevendo atendendo os vossos pedidos!!! Rsrsrs! E aí? Gostaram?
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