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Primeiro Encontro

Embora as janelas estivessem um tanto embaçadas, eu ainda conseguia ver a lua se erguendo bem alto no céu, irradiando sua luz sobre a cidade silenciosa. Frequentar aquele lugar já havia se tornado um hábito.

Era uma loja de conveniências, daquelas que existem em quase todos os postos de gasolina. Eu a havia descoberto ocasionalmente e aprendera a gostar daquele lugar porque o rapaz (Miguel, segundo seu crachá) que cuidava do caixa durante a noite costumava ouvir músicas que me agradavam. A invisibilidade espiritual me permitia dançar por todo estabelecimento sem ser percebida e, normalmente, essa era a coisa mais divertida do meu dia.

Eu também apreciava a tranquilidade de Miguel. Não sei se era por causa do horário, mas ele não costumava ser barulhento ou irritante como as outras pessoas vivas. A maior parte do tempo, ele simplesmente cochilava ou jogava em seu celular, cantarolando baixinho ou comendo salgadinhos. Vez ou outra, ele pegava um par de óculos escuros do mostruário e imitava o John Travolta naquele filme antigo, enquanto dançava agarrado a um esfregão.

Essa era uma das noites em que ele estava dormindo. Sendo assim, quando o grupo de adolescentes adentrou a loja, eles pareciam estar fazendo muito mais barulho do que realmente faziam. Miguel despertou com um salto e tentou fingir que não tinha pegado no sono, abrindo um sorriso. Os adolescentes passaram por ele sem lhe dar muita atenção e se dirigiram para o fundo da loja, indo abastecer algumas cestas de compras com salgadinhos e bebidas.

Normalmente, eu os teria ignorado. Mas não daquela vez. Um garoto havia me chamado atenção.

Possuía olhos azulados e lábios perfeitos. Era esguio, tinha cabelos negros e encaracolados e usava uma jaqueta de couro. Devia ter cerca de vinte anos, aparentava ser o mais velho do grupo e se divertia bem menos do que os demais. Eu franzi o cenho. Ele era uma figura familiar e lembrava alguém que eu conhecia, embora eu não soubesse exatamente quem fosse. Talvez eu o tivesse conhecido em vida, talvez tivesse esbarrado com ele na morte. Em todo caso, eu o conhecia e isso tornava a sensação que o cercava ainda mais angustiante. Havia algo errado, algo tenebrosamente errado.

Eu o segui de perto. Cruzei as estantes com meu corpo imaterial e fiquei bem próxima. Ele exalava um odor estranho e forte. Eu não costuma sentir cheiros, exceto em uma ocasião.

Aquele garoto ia morrer.

Uma sensação estranha atravessou minha espinha e eu senti como se uma mão invisível e forte tivesse me agarrado pela garganta. A morte também incomodava aqueles que já partiram.

Eu não tive muito tempo para pensar a respeito, pois logo em seguida um homem alto e estranho adentrou a loja. Tinha o maxilar quadrado e o nariz adunco. Andava como se algo incomodasse sua cintura e eu engoli em seco quando percebi que havia uma arma enfiada em sua calça.

Ele a sacou e deu um tiro de aviso para o alto, assustando a Miguel, assustando aos adolescentes, assustando a mim. Ele apontou a arma para nós, depois para Miguel e para nós outra vez.

— Todo mundo para o chão! Isso é um assalto! — ordenou. Apontou a arma para Miguel antes que ele pudesse se abaixar. — Você não. Me passa o dinheiro do caixa, anda!

Com os dedos trêmulos, Miguel abriu a gaveta da caixa registradora e colocou todo o dinheiro sobre o balcão. Não havia muito mais que umas notas miúdas e algumas moedas. O ladrão não pareceu muito satisfeito. Mandou que Miguel deitasse no chão e exigiu a carteira e os celulares de todos que estavam ali. Tremendo em um canto, eu observei o bandido abaixar e recolher seus espólios, enfiando-os no bolso interno da jaqueta. Com o canto do olho, eu vi a mão de Miguel se erguendo e pressionando o botão embaixo do caixa. A polícia logo chegaria.

Foi então que tudo deu errado. Uma garota soltou um gemido baixo. Era a única mulher entre seus amigos e, de repente, o ladrão se deu conta de que havia uma presença feminina naquele recinto. Tomado por um instinto animal e burro, ele a agarrou com o braço forte e a obrigou a se levantar. Empurrou-a com força contra uma estante e, com terror, eu o vi abaixando o zíper da calça e suspendendo a saia que ela usava.

O punho cruzou o ar mais rápido que meu raciocínio. Espantada, eu reconheci o garoto de olhos azuis. Ele estava de pé, a mão que usara para socar o ladrão ainda estava meio levantada. O sujeito largou a garota, que saiu correndo para atrás do balcão, e saltou sobre seu agressor. Os dois começaram a se engalfinhar, trocando pancadas. O garoto agarrou fortemente a arma do homem com as duas mãos e este lhe desferiu violentos golpes nas costas. Eles se empurraram, bateram na estante e caíram em uma confusão de mãos e braços se agitando com fúria.

Então, eu ouvi o som do tiro. Em choque, eu percebi que o ladrão se preparava para levantar enquanto o garoto permanecia imóvel. Precipitadamente, eu tentei agarrar a estante, mesmo sabendo que eu não podia interferir nos objetos materiais ou tocar neles. Eu já havia tentando antes e nunca havia dado certo.

Dessa vez, no entanto, deu.

A estante se inclinou para frente e caiu pesadamente sobre o homem, derrubando todos os produtos que nela estavam e emitindo um som alto. Eu podia ouvir o som do carro de polícia lá fora e as luzes da viatura iluminaram toda loja. Eu estava surpresa demais para pensar.

Me aproximei do homem e percebi que não era só ele que eu havia prendido. O garoto estava tombado de lado e uma poça de sangue se formava ao seu redor. Os olhos azuis estavam vidrados em mim.

Eu abri a boca, estarrecida, quando percebi que seus olhos não estavam vazios. Ele me olhava. Ele sabia que eu existia. Ele sabia que eu estava ali.

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