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Capítulo 5


Meu celular toca bem cedo, antes de eu sair de casa.

— Bom dia, professora.

— Bom dia, prefeito.

— Podemos almoçar juntos?

— Posso saber por qual motivo? — pergunto, sem pensar o quanto isso possa parecer grosseiro.

Era sexta-feira e tínhamos uma tendência de marcarmos nossa diversão para esses dias, mesmo que nunca programássemos isso antes. Mas, hoje eu não poderia.

— Não pode ser apenas por gostar da sua companhia? Eu tenho sentimentos, Mari, não é só sexo.

— É só sexo, sim, Vini — sussurro, encostando a porta do meu quarto. — Quantas vezes terei que repetir? Agora para de encheção de linguiça! O que está acontecendo?

Ele gargalha. Eu entendia cada sarcasmo e brincadeira. Porém, tudo era retribuído na mesma moeda.

Não existia isso de marcar um almoço sem motivo.

Quase pergunto sobre a noite de ontem, mas me controlo. Como foi o jantar com o Miguel em sua casa?

Mamãe ficou feliz em saber que ele havia aceitado o meu convite para jantar, e mais ainda porque iria alimentar o doutor corretamente. Ela se preocupava muito com isso. E eu só pensava em como me portar à mesa com aquele homem. Por várias vezes me arrependi do convite.

— É só um almoço, Mari. Vai aceitar ou não? — pergunta.

— Tudo bem.

— Que tal aqui no meu gabinete? Peço à minha assistente o almoço especial para a gente.

— Especial? — Ele só poderia estar de brincadeira.

— É difícil te agradar, não é?

Não, não era difícil, mas eu conhecia muito bem o Vinícius. Não havia almoço no meio da semana, não havia jantar em família, não havia essa aproximação repentina.

Aceito o convite por curiosidade.

— Não faça com que eu me arrependa.

— Oh, claro que não. Quer que eu te pegue na escola?

— Não precisa. Vou andando. Agora me deixe ir, estou atrasada para o trabalho — digo, indo para a cozinha.

— Até mais tarde, professora.

— Até, prefeito.

Desligo o celular e o coloco na bolsa.

— O Albuquerque já está atrás de você a essa hora? — pergunta meu pai, assim que entro na sala.

— Pai, já disse para parar com isso.

Ele faz uma careta.

Dou um beijo nele e pego apenas uma maçã em cima da mesa.

— Não vai tomar seu café, minha filha? — questiona mamãe.

— Não, mãe, estou muito atrasada — falo, já em direção à porta. — Ah, chegarei cedo e irei ajudar a preparar o jantar, ok?

Mamãe sorri.

— Não se esqueça de que o jantar deverá ser tarde. Eu e o doutor temos compromisso na escola. — Lembra meu pai.

— Eu sei, pai. Não se preocupe.

Sorrio, ajeitando minha saia rosa bebê listrada de tecido, e aceno um tchauzinho antes de sair.

Eu estava ansiosa.

Encontro Dona Rosângela e Seu Dário, pais de Marcos, entrando em casa com os semblantes sérios.

Tranco o cadeado no portão de madeira e, assim que eles me veem, param.

Dou alguns passos e chego bem próximo.

— Aconteceu alguma coisa com os senhores?

— Não, não, querida. Foi só o Dário que se sentiu mal durante a madrugada, mas o doutor já passou um remédio para a pressão — explica Rosângela, com a expressão cansada, ajudando o marido a subir o primeiro dos cinco degraus para entrar em casa.

Eu tinha tanta pena deles dois! Eu não queria ter esse sentimento, mas era impossível.

— A senhora precisa de alguma coisa? Eu... eu posso avisar na escola e...

— Ah, se puder me ajudar com ele para subir esses degraus já seria de grande auxílio.

— Claro!

Por alguns segundos penso em pedir ajuda aos meus pais, mas, diante daquela cena, percebo que o homem não aguentaria muito tempo de pé.

Coloco minha bolsa em cima do muro baixo e minha pasta por cima. Vou até eles e seguro o outro braço do Seu Dario. As rugas em seu rosto demonstram o quanto envelheceu esses anos. Bombeiro aposentado, ele ainda era um homem forte, por mais que já estivesse com seus setenta e poucos anos.

Dario não diz nada, apenas sorri ao me ver.

Erguendo-o, conseguimos levá-lo até a porta. Dona Rosângela abre com dificuldade a porta e a escancara para o colocarmos sentado no sofá da sala.

Eu sabia que eles estavam com uma idade avançada, mas não lembrava da última vez que eu havia visto o Seu Dário. Porém, desde então, ele envelheceu ainda mais.

Paro e respiro fundo. Ele era pesado.

Dona Rosângela senta ao lado do marido e acaricia seu rosto.

— Já estamos em casa, meu velho.

Ele não diz nada. Apenas acena com a cabeça.

Olho de um lado e paro o outro. Fazia dois anos que eu não entrava ali, desde que eu e Marcos terminamos. Tudo estava no mesmo lugar, a única mudança era o cheiro de mofo e a camada de poeira em cima da estante de madeira.

— Muito obrigada, querida. Você é uma menina muito boa.

— Vocês sabem que podem contar comigo, não sabem?

Ele sorri. Um sorriso murcho, de olhar caído. Meu coração aperta.

Sento ao seu lado e pego sua mão.

— A senhora devia ligar para o Marcos.

— Eu liguei. Liguei mês passado — hesita.

— E?

— Ele está bem. Trabalhando muito.

Arfo. Essa era a primeira notícia que eu tinha dele depois de tudo o que aconteceu.

— Mas a senhora falou do estado do Seu Dário? Que precisam de ajuda?

— Ah, não, não, querida. Não quis preocupá-lo. Você sabe como o Marcos é. Iria largar o trabalho, e isso certamente iria prejudicá-lo.

Não. Eu não sabia como ele era, não mais. E ainda me surpreendia com a sua frieza. Foram dois anos sem uma visita, sem um abraço em seus pais. Vila Rica não ficava tão longe assim do Rio. Duas horas de carro bastariam para vir saber sobre seus pais idosos.

— Será que eu posso abrir um pouco essa janela? — pergunto, querendo mudar de assunto, observando o quanto o velho homem está arfando.

O cheiro de mofo estava sufocando a mim, imagina a ele!

— Ah, Dario não gosta muito, mas... mas...

Ela acaba aceitando com a cabeça.

Abro as janelas e a brisa levanta uma nuvem de poeira.

Tusso algumas vezes, abanando com a mão.

A luz do sol entra e deixa ainda mais claro o estado empoeirado que estava a casa. Dona Rosângela não tinha mais condições de cuidar de uma casa daquele tamanho sozinha, ainda mais com um marido doente.

— Não pode ficar tão abafado assim aqui, Dona Rosângela — digo, e ela concorda. — Isso faz mal. Tanto para você quanto para o seu esposo.

Abaixo-me até o senhor Dario, que olha para a parede em frente.

— O senhor está melhor? — pergunto e vejo sua respiração regularizar.

Ele me olha. Enruga a testa e arregala os olhos.

— Menina Mariana...

Sorrio.

— Sim, senhor Dario, sou eu.

Aperto meus olhos. Ele não tinha me reconhecido.

— Marcos chegou da escola também? Diga a ele que eu estou esperando já faz uma hora para acabarmos de pintar a cozinha.

Ergo o olhar até Dona Rosângela.

— Mas, mas...

Ela clama com o olhar e começa a chorar sem emitir nenhum som.

Volto a olhar o Senhor Dario.

— Não, senhor. Marcos ainda não chegou... — Pego sua mão e a aperto cuidado. — Mas ele chegará logo.

Ele fica feliz com a resposta e volta a recostar no sofá, aliviado. Essa era uma lembrança antiga, muito antiga.

Levanto, abraço Dona Rosângela e recomendo-lhe que descanse um pouco, pois mais tarde eu voltaria para vê-los.

Ela enxuga as lágrimas e agradece baixinho.

Antes de ir a chamo em um canto e ela revela que já faz algum tempo que o marido havia se perdido no tempo das memórias. Lembra-se de coisas antigas, inclusive de quando Marcos ainda era criança. Ela pensa que talvez seja apenas saudade do filho.

Não, não era.

Saio da casa com um nó na garganta. Há quanto tempo o Senhor Dario está assim e ninguém sabe?

Pego minha bolsa e minha pasta e retorno à minha casa.

— O que houve? Esqueceu alguma coisa? —Meu pai se surpreende ao me ver.

Conto-lhes tudo e, assim como eu, eles são pegos de surpresa. Papai se prontifica na hora a ir até a casa deles ajudá-los com alguns afazeres, enquanto mamãe já pega alguns legumes dentro da geladeira para preparar uma sopa.

— Quantas vezes eu perguntei para a Rosângela se estava tudo bem! Por que ela não disse nada? — A voz de minha mãe está magoada.

— Eu não sei, mãe. Talvez não quisessem dar trabalho. Assim como fazem com o Marcos.

—Vá dar sua aula, Mari. Cuidaremos disso — tranquiliza-me papai, bastante sentido.

— Eu vou, mas antes preciso fazer mais uma coisa.

Já na rua, pego meu celular e ligo para a escola. Explico por alto o problema e aviso que chegarei atrasada. Por mensagem, peço a Márcia para cuidar da minha turma.

Aperto o passo e chego ao posto de saúde.

Algumas pessoas estão sentadas nas cadeiras de plástico azuis e imediatamente vou até o balcão de informações.

A atendente ainda é a mesma.

— Bom dia, Mariana. Precisando de atendimento?

Nesse momento, sou atraída por uma voz fina e conhecida. Uma das portas do consultório é aberta e viro-me um pouco.

Miguel está de pé e Priscila Albuquerque sorri animada, colocando sua mão no ombro do doutor. A impressão inicial é de que os dois são bastante íntimos, porém a cena é deturpada pela fisionomia do doutor, visivelmente sem graça.

— Muito obrigada pela ajuda, Miguel — ela diz, e antes que ela me veja, eu viro.

Por mais que Priscila tivesse a mesma idade que eu, éramos pessoas muito diferentes. Ela era a típica patricinha de cidade pequena, que morava aqui na região mas que dificilmente era vista perambulando por aqui. Vivia em viagens ao Rio e nos Estados Unidos, como seu irmão, Vini, me contava.

— Olha só quem está aqui! Olá, professora. — Ouço a voz da Priscila às minhas costas.

Reviro meus olhos. A atendente à minha frente repara e dá um sorriso apertado.

Por alguns segundos penso em ignorar, mas vejo que não tem escapatória.

Assim que me viro recebo um olhar de cima a baixo. Cerro meus olhos.

Loira, de cabelos devidamente escovados, óculos escuros na cabeça, vestido cru de linho, sapato e bolsa que tenho certeza de que custam meses do meu salário. Mesmo com todos esses apetrechos, Priscila ainda passava para mim todo aquele estilo falso e superficial.

Por muitas vezes eu me repreendi por ter esse preconceito. Ora, ela só teve uma vida diferente da minha! Nasceu em berço de ouro. Eu nem a conheço direito! Porém, depois de observar a cara de nojo que faz ao olhar o povo daqui, o modo como exibe tanto luxo no meio de gente tão humilde e toda a sua extravagância, fui percebendo que eu não estava exagerando tanto assim - na verdade acho que estava pegando leve.

Miguel está ao seu lado e a conclusão rápida que tenho dessa visão é que os dois faziam um belo par.

— Oi, Priscila. Bom dia.

— Quanto tempo não te vejo, professora.

— Pois é, muito tempo.

Menos do que eu gostaria!

— Bom dia, Mariana — diz Miguel com um sorriso casto.

— Bom dia, doutor.

— Como andam as coisas na escola, professorinha?

Sua pergunta é carregada de deboche.

— A escola? Ah, sim, está ótima, no mesmo lugar de sempre. Agora, se me der licença. Não estou com tempo para papo furado agora. — Ela arregala os olhos e volto a olhar Miguel. — Eu preciso falar com o doutor.

Ela se vira para o médico e sorri encabulada diante da réplica.

Aqui é assim: bateu, levou!

— Algum problema sério? Quer se sentar?

— Sim, é um problema, mas não, não é comigo.

Priscila volta a me olhar de cima a baixo e eu começo a ficar com raiva.

— Será que podemos falar à sós?

— Bom, eu já estava mesmo de saída — diz ela, percebendo que eu iria mesmo colocá-la para correr. Ela beija o rosto do Miguel, que apenas sorri. — Até mais, Miguel.

— Até, Priscila.

Ela coloca os óculos de sol no rosto e apenas acena com a cabeça para mim, antes de sair do posto.

Como um gesto involuntário, eu reviro os meus olhos novamente.

Miguel vê e sorri. Era um sorriso espontâneo, simples, porém divertido.

Abaixo o olhar, rindo com a minha atitude infantil.

— Você é bastante transparente, Mariana. — Sua afirmação me faz olhar para ele novamente.

Respiro fundo.

— Não sei se isso é uma crítica ou um elogio, doutor.

Ele cruza os braços.

— Um elogio, pode acreditar.

— Às vezes é mais fácil do que parece.

— Eu imagino que sim.

Quase me perco na profundidade dos seus olhos.

— Será que podemos... — Ele aponta para o consultório.

— Ah, sim, claro.

Ele me conduz e entramos no consultório. Miguel senta em sua cadeira e eu, no outro lado da mesa.

— Algum problema com os seus pais?

— Ah, não, graças a Deus não. O problema é com os meus vizinhos. Inclusive, parece que eles estiveram aqui mais cedo.

— Quais os nomes? — pergunta, pegando uma pilha de papel em cima da mesa.

— A dona Rosângela trouxe o senhor Dário.

Ele remexe nos papéis, um por um, e encontra o que procura.

— Aqui! — Miguel passa os olhos rapidamente.

— Eles são meus vizinhos. Nossos vizinhos — retifico. — Eu só quero ajudar.

Miguel balança a cabeça. Eu imaginava que existia algum tipo de ética que o impedia de falar sobre um paciente.

— Tudo bem, Mariana. Confio em você.

Agradeço com o olhar.

— Dário estava com a pressão um pouco alta — conta. — Mas a esposa não quis que eu pedisse uma ambulância para levá-lo para o hospital mais próximo para alguns exames. Disse que iria fazê-lo repousar e, se não melhorasse, ligaria aqui para o posto.

Sua voz é calma.

— Então, doutor, encontrei-os chegando em casa.

— Eles não chegaram bem? Eu posso ir até lá...

— Eu a ajudei a colocá-lo em casa.

— O que te aflige? — pergunta, colocando as mãos em cima da mesa.

Unhas cortadas e limpas, mãos grandes, sem aliança. Sem aliança!

Que percepção estúpida! Me repreendo.

— Dário a princípio não me reconheceu. Depois comentou como se estivéssemos em algum dia há vinte anos.

Ele enruga a testa.

— Dona Rosângela não me contou nada disso... — diz, relendo o prontuário.

— Não, ela... ela...

— Eles são bastante idosos.

— Isso. E moram sozinhos.

— Hum. Pela idade avançada, talvez seja Alzheimer, mas infelizmente não posso dar esse diagnóstico. Dário precisaria fazer exames mais detalhados com um neurologista especializado.

— Foi o que havia imaginado. O que eu posso fazer para ajudá-los?

— Acho que a maior ajuda foi me contar o caso. Posso solicitar um acompanhamento. Hoje estamos com um ortopedista de plantão, que veio de outra cidade. Eles têm filhos ou algum parente próximo? Temos que ter autorização deles para dar qualquer prosseguimento, já que a Dona Rosângela foi relutante quando tentei encaminhá-lo.

— Eles têm somente um filho, mas mora no Rio e não os vê faz tempo.

— Você tem o telefone para que eu possa falar com ele?

Eu rio, um riso nervoso. Seria engraçado, se não fosse pelo inconveniente momento.

— Não... — Limpo a garganta. — Não tenho.

Ele me observa atentamente. Qualquer um notaria o meu desconforto.

— Eu posso fazer uma visita e conversar com a Dona Rosângela.

— Seria ótimo. — Respiro fundo. — Eles são pessoas boas e estou muito sentida com isso.

— Fique tranquila, Mariana. Vamos fazer o que for melhor para eles, ok?

— Tenho certeza de que sim. Eu também confio em você.

Uma das melhores sensações é a de poder confiar em alguém. Isso é capaz de acalmar seu coração.

Fazia apenas algumas semanas que Miguel estava na cidade, porém o seu carisma e seu excelente profissionalismo são como se fossem um patrimônio da saúde, que já marcou grande parte da população de Vila Rica. Como não confiar nele?

Como não desgrudar os olhos desse homem, meu Deus?

Caramba!

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